METODOS QUANTITATIVOS DE PREVISÃO PARA ANÁLISE DE VIABILIDADE FINANCEIRA.

 

                                                                                                          Arthur de Brito Mota

 

RESUMO

 

Com o intuito de instalar uma empresa, será feito um estudo de análise de viabilidade econômico-financeira com métodos quantitativos de previsão para que o investimento seja aprovado. A análise econômica foi feita com base no método fluxo de caixa, TIR, VPL e payback.

 

PALAVRAS-CHAVE: Análise de Viabilidade. Fluxo de Caixa. Previsão.

 

INTRODUÇÃO

 

Os investidores questionam a respeito da viabilidade econômico-financeira da implantação do projeto. A resposta a este questionamento é a base desta monografia, que busca a tomada de decisão do projeto através dos indicadores de viabilidade.

O presente estudo tem como base a utilização dos principais métodos quantitativos/qualitativos de previsão, fluxo de caixa, payback, taxa interna de retorno (TIR), valor presente líquido (VPL), como indicadores financeiros para a análise de viabilidade econômico-financeira do empreendimento.

Os resultados obtidos com os métodos citados anteriormente, demostram se os investimentos podem ser viáveis ou não. O estudo realizado pode ser aplicado em quase todos os tipos de organizações, pois faz projeções das vendas e dos custos e despesas das operações, confrontando com o montante investido.

1 MÉTODOS QUANTITATIVOS DE PREVISÃO COMO FERRAMENTA DE VIABILIDADE FINANCEIRA ECONÔMICA

 

 

Neste capítulo serão demonstrados os conceitos de métodos quantitativos de previsão e também conceitos dos métodos de Fluxo de Caixa, TIR, VPL e Payback.

Os métodos estudados servem de base para comprovar a viabilidade financeira e econômica de uma empresa e indicam qual a capacidade financeira que a mesma possui para gerar retorno e de quanto tempo ela precisa para pagar os financiamentos.

Partindo do fluxo de caixa, que vai proporcionar ao administrador verificar como está a saúde financeira da empresa, serão aplicados os outros métodos, cada um com um propósito específico.

1.1 Conceitos de métodos quantitativos de previsão

 

 

Os métodos quantitativos de previsão servem para colocar dados e realizar uma mensuração numérica. Essa análise ajudará a empresa a ter uma aferição de sua rentabilidade, e proporcionar informações que são importantes na tomada de decisão.

Lemes Júnior, Cherobim e Rigo (2010, p.162) explicam que, “para as decisões de investimento a longo prazo, é necessário que se tenha adoção de métodos sofisticados para analisar os projetos”.

Gitman (2010, p.326) também concorda com “a importância da empresa contar com procedimentos para fazer a análise e seleção dos investimentos a longo prazo”.

Usando métodos que têm como finalidade colocar valores, o administrador terá uma visão melhor do negócio que está analisando, e também poderá comparar as alternativas de investimento e a engenharia financeira. Segundo Lemes Júnior, Cherobim e Rigo (2010, p.162): “Para tomar decisões de investimento de longo prazo, devem ser avaliadas outras propostas de investimentos, selecionando-se a melhor delas.”.

Os métodos quantitativos de previsão utilizam procedimentos estatísticos, com a adoção de planilhas, gráficos, tabelas, dentre outros instrumentos que proporcionam a análise quantitativa e qualitativa.

Essas ferramentas têm mais validade e aceitação com análises, pois viabiliza a maior precisão no resultado. O método quantitativo de previsão tem uma particularidade pois ele trabalha com a regularidade de algum fenômeno, não trabalha com as exceções.

Por tratar com projeções, os dados imputados retratam os dias atuais, portanto, não é possível prever com certeza o futuro, visto que vários fatores exógenos podem influenciar no resultado, como por exemplo, uma baixa no setor em que a empresa trabalha ou uma crise econômica no país.

Segundo Souza Neto ([200-?], p.47):

O método quantitativo é normalmente considerado o único válido e aceitável sem restrições. Procura garantir a precisão dos resultados, evitar distorções de análises e interpretação, possibilitando uma margem considerável de segurança quanto às conclusões.

Na coleta de dados para os métodos quantitativos de previsão são utilizados questionários com respostas padronizadas, não permitindo resposta aberta, mas sim opções para que se decida entre elas.

Fato bastante característico nos estudos quantitativos refere-se a forma como se coletam os dados. Utiliza-se instrumentos de pesquisa, questionários, teste padrão, visando a possibilidade de se obter respostas que sejam passíveis de serem quantificadas.

A obtenção de dados permite a avaliação de modelos estatísticos, que futuramente servirão como embasamento para verificar a consistência da hipótese que se pretende confirmar.

Os métodos quantitativos são modelos matemáticos e, na administração, vem sendo são bastante usados no desenvolvimento da tomada de decisão.

Chiavenato (2000, p.523), explica que “esses modelos matemáticos são utilizados para fazer simulações do futuro. Assim, o administrador pode utilizar esses métodos com valores futuros ou projetados”.

Com a quantificação dos dados coletados, o administrador financeiro pode entender os fatos, de uma forma melhor, comparando com uma descrição qualitativa. Esses dados também fornecem uma meta que a empresa deve atingir para alcançar seus objetivos, a partir daí devem ser feitos planos de melhorias.

1.2 Tipos de métodos quantitativos

 

 

Tanto na Administração, quanto na Contabilidade, existem vários modos de se quantificar dados, dentre estes, Fluxo de Caixa, VPL, TIR e Payback. Esses métodos citados irão ser utilizados como ferramentas para a análise de viabilidade financeira no estudo de caso da empresa.

1.2.1 Fluxo de caixa

A demonstração do fluxo de caixa detalha a entrada ou saída no caixa da empresa, ou seja, reflete todas as alterações contábeis ocorridas, podendo ser: investimento, atividades operacionais e financeiras (HAYES, 2006).

O fluxo de caixa constitui uma ferramenta que permite a demonstração de todas as operações financeiras que a empresa realiza. Essa ferramenta facilita a análise e o processo de tomada de decisão, quando se trata de comprometer futuros investimentos. É uma ferramenta fundamental para os administradores, pois permite uma visualização geral da saúde financeira da empresa.

1.2.1.1 Conceitos e utilização do fluxo de caixa

Sá (2009, p.11), apresenta a seguinte definição:

Chamamos de fluxo de caixa ao método de captura e registro dos fatos e valores que provoquem alterações no saldo de caixa e sua apresentação em relatórios estruturados, de forma a permitir sua compreensão e análise[...] a expressão “caixa” significa “moeda” e todos os valores que possam ser prontamente convertidos em moeda, tais como depósitos bancários, cheques que possam ser depositados irrestrita e imediatamente, e aplicações de curtíssimo prazo.

Lemes Júnior, Cherobim e Rigo (2010, p.167) apontam que o fluxo de caixa é visto como fundamental para avaliar a condição econômico-financeira do projeto. Além disso, também permite que o administrador financeiro tenha uma melhor ideia de como está a capacidade de pagamento da empresa, tanto para dividendos quanto para financiamentos.

O fluxo de caixa permite aos avaliadores e credores analisarem a capacidade da empresa de geração de fluxos de caixa líquidos, ou seja, de lucros ou dividendos para os seus acionistas, e também com os dados fornecidos por essa demonstração do fluxo de caixa, podendo ser feita uma avaliação da capacidade que a empresa deve pagar pelos financiamentos (COSTA et al., 2008, p.43).

A demonstração do fluxo de caixa permite que o investidor avalie a capacidade que a empresa tem para a geração de recursos, que consigam suprir a sua necessidade de capital de giro, dos investimentos, dos pagamentos de dividendos, de juros, de imposto de renda, e a capacidade que a empresa possui para pagar parcelas de financiamentos a longo prazo (COSTA et al., 2008, p.43).

Para Ribeiro (2012, p.433), a demonstração do fluxo de caixa tem por objetivo “evidenciar as transações financeiras ocorridas em determinado período de tempo, que causam alterações no saldo final do caixa.” Em resumo, essa demonstração registra o movimento de entradas e saídas de dinheiro do caixa da empresa.

Costa et al. (2008) explica que, no Brasil, por não existir uma obrigatoriedade legal de divulgação, muitas empresas ainda não utilizam essa informação na demonstração de seus relatórios financeiros.

A demonstração do fluxo de caixa fornece informações sobre os recebimentos e pagamentos que a empresa efetua, por exemplo, se essa informação for utilizada junto com as outras demonstrações financeiras (balanço patrimonial) possibilita que os credores, fornecedores e investidores ou acionistas, fiquem cientes de como a empresa está conduzindo o negócio.

Zdanowicz (1986, p.38) cita como principais objetivos do fluxo de caixa:

  • Facilitar a análise e o cálculo na seleção das linhas de crédito a serem obtidas junto às instituições financeiras;
  • Programar os ingressos e os desembolsos de caixa, de forma criteriosa, permitindo determinar o período em que deverá ocorrer carência de recursos e o montante, havendo tempo suficiente para as medidas necessárias;
  • Permitir o planejamento dos desembolsos de acordo com as possibilidades de caixa, evitando-se o acúmulo de compromissos vultosos em época de pouco encaixe;
  • Determinar quanto de recursos próprios a empresa dispõe em dado período, e aplicá-los de forma rentável possível, bem como analisar os recursos de terceiros que satisfaçam as necessidades da empresa;
  • Proporcionar o intercâmbio dos diversos departamentos da empresa com a área financeira;
  • Desenvolver o uso eficiente e racional do disponível;
  • Financiar as necessidades sazonais ou cíclicas da empresa;
  • Providenciar os recursos para atender aos projetos de implantação, expansão, modernização ou relocalização industrial e/ou comercial;
  • Fixar o nível de caixa, em termos de capital de giro;
  • Auxiliar na análise dos valores a receber e estoques, para que se possa julgar a conveniência em aplicar nesses itens ou não;
    • Verificar a possibilidade de aplicar possíveis excedentes de caixa;
    • Estudar um programa saudável de empréstimos ou financiamentos;
    • Projetar um plano efetivo de pagamento de débitos;
    • Analisar a viabilidade de serem comprometidos os recursos pela empresa;
    • Participar e integrar todas as atividades da empresa, facilitando assim os controles financeiros.

Com o fluxo de caixa, o administrador da empresa poderá traçar novos objetivos para a organização, novas metas, e ver de que forma é passível cortar custos, observando as entradas e saídas do caixa.

A análise do fluxo de caixa pode ajudar o administrador financeiro a verificar se a empresa está progredindo rumo a metas projetadas, ou até mesmo permite que seja visualizado se na organização tem surgido algum acontecimento contrário a política financeira da empresa (GITMAN, 2010).

Costa Marques (2004 apud COSTA et al., 2008, p.43) ressalta que as informações do fluxo de caixa relacionadas com as outras informações financeiras permite avaliar: “a capacidade do negócio de gerar fluxos de caixa líquidos; a capacidade de o empreendimento pagar dividendos e financiamentos; as razões das diferenças entre fluxo de caixa e resultado líquido”.

1.2.1.2 Como elaborar o fluxo de caixa

A demonstração do fluxo de caixa pode ser feita a partir das informações financeiras da empresa, a demonstração de resultado do período associada com o balanço patrimonial do início e do fim do período estudado Os fluxos de caixa da empresa são divididos em: fluxos de caixa operacionais, fluxos de caixa de investimento, fluxos de caixa de financiamento (GITMAN, 2010)

Fluxos operacionais constituem as entradas e saídas do caixa que correspondem a atividade principal da empresa, sendo de venda ou produção de algum bem ou serviço (RIBEIRO, 2012).

Fluxos de investimento: estão relacionados com a compra e venda de ativos imobilizados e de participação societária em outras empresas. Vale ressaltar que a compra de ativos com o objetivo de revenda não é caracterizada como uma atividade de investimento (GITMAN, 2010; RIBEIRO, 2012).

Fluxos de financiamento: consistem nas transições financeiras relacionadas ao financiamento seja de capital de terceiros ou de capital próprio, destacam-se: obtenção e devolução de capital de terceiros, vendas de ações e pagamento de dividendos (RIBEIRO, 2012).

Essa divisão do fluxo de caixa da empresa é demonstrada na Figura 1 a seguir.

Figura 1 – Fluxos de Caixa, Operacional, Investimento e Financiamento.

Fonte: Gitman (2004, p.87).

Como exemplo para demonstrar o fluxo de caixa em caso real utilizou-se a Empresa Telecomunicações do Sul do Brasil, que está retratado na Tabela 3 a seguir.

Tabela 3 – Telecomunicações do Sul do Brasil – TSB – Projeção de Caixa Livre – ano 0-5 – R$1,00

Fonte: Lemes Júnior, Cherobim e Rigo (2010, p.172).

No fluxo de caixa dessa empresa pode-se verificar que no ano 0 os investimentos totalizaram R$ 1.309.000,00 (um milhão e trezentos e nove mil reais). Este valor é o fluxo de caixa final no ano 0, pois ainda não tem receita nem outros custos. Como é investimento, ou seja, uma saída de caixa, o valor fica em negativo.

Já no ano 1, a empresa começa a ter receita de R$ 765.000,00 (setecentos e sessenta e cinco mil reais). Deduzindo os custos e as demais entradas da empresa o fluxo de caixa desse ano chega a R$ 269.000,00 (duzentos e sessenta e nove mil reais).

Nos anos 2, 3 e 4, a organização tem uma receita líquida estável de R$ 880.000,00 (oitocentos e oitenta mil reais) e o fluxo de caixa nesses anos também se mantém-se estável em R$ 316.899,00 (trezentos e dezesseis mil, oitocentos e noventa e nove reais).

No ano 5 a empresa apresenta uma receita líquida semelhante aos anos 2, 3 e 4, mas no final recebe um valor residual, uma vez que o projeto tem vida útil de 5 anos, esse valor deve considerar o valor de mercado dos equipamentos restantes (LEMES JÚNIOR; CHEROBIM; RIGO, 2010).

Com o fluxo de caixa passa a ser possível ver todas as entradas e saídas de dinheiro da empresa. Isso contribui para um melhor gerenciamento da empresa ou projeto, sabendo em que ponto os custos devem ser reduzidos ou qual receita deve ser obtida para que seja alcançado o resultado esperado.

1.2.1.3 Fluxo de caixa direto e indireto

Para a elaboração do fluxo de caixa existem dois métodos: direto e indireto. Esses métodos se diferenciam no começo da elaboração da demonstração, ou seja, o método direto parte das vendas brutas e o indireto do lucro líquido.

O método direto começa a partir dos recebimentos gerados pelas operações normais da organização, ou seja, dos ganhos que a organização teve com as vendas, como também venda bruta, da qual, são deduzidos os custos das operações (COSTA et al., 2008; RIBEIRO, 2012).Pode-se ver como ele ocorre no quadro 2

Quadro 2 – Fluxo de caixa método direto

Fonte: Costa et al. (2008, p.45).

O método indireto se diferencia porque as deduções de fluxos de caixa são feitas partindo do lucro líquido. Nessa demonstração, há o retorno não só da depreciação e da amortização, mas também das despesas que não geram um impacto no caixa da organização (COSTA et al, 2008; RIBEIRO, 2012). O quadro 3 a seguir demonstra o método indireto.

Quadro 3 – Fluxo de caixa método indireto

Fonte: Costa et al. (2008, p.49).

1.2.2 Payback

O Payback consiste um método muito utilizado pelas organizações na hora de tomar decisões de investimento, pois permite que o administrador financeiro calcule quanto tempo vai demorar para sinalizar o retorno de investimento.

Lemes Júnior, Cherobim e Rigo (2010, p.173), definem payback como: “o período de tempo necessário para que o fluxo de caixa operacional do projeto recupere o valor a ser investido no projeto”

O modelo de payback é calculado da seguinte forma: do investimento inicial, são subtraídos os fluxos de caixa dos anos seguintes. Quando o investimento já for pago tem-se o período que se procura, haja vista que se trata do período em que a empresa gerou lucro suficiente para recuperar o investimento inicial.

Quando se usa o modelo de payback para decisão de investimentos pode ocorrer aceitação ou rejeição do investimento. Conforme afirma Gitman (2010, p.366): “Se o período de payback for menor do que o período máximo aceitável de payback, aceitar o projeto; Se o período de payback for maior do que o período máximo aceitável de payback, rejeitar o projeto”.

Isso quer dizer que, se uma empresa tem um período de aceitação de um projeto de 5 anos, quando o resultado do período de payback for menor do que 5 anos, o projeto deve ser aceito, se for maior que esse período o projeto deve ser descartado.

Ao se analisar o fluxo de caixa da empresa anteriormente mencionado na tabela 3, pode-se analisar o payback da organização.

O valor que a organização investiu foi de R$ 1.309.000,00 (um milhão, trezentos e nove mil reais). No primeiro ano, supõe-se um rendimento positivo de R$ 269.000,00 (duzentos e sessenta e nove mil reais); já nos anos 2, 3 e 4, a empresa tem um fluxo de caixa positivo de R$ 316.899,00 (trezentos e dezesseis mil, oitocentos e noventa e nove reais); no ano 5 o resultado final será de R$ 1.200.499,00 (um milhão, duzentos mil, quatrocentos e noventa e nove reais), conforme observa-se na tabela 4.

Tabela 4: Payback simples

Fonte: Elaborado pelo próprio autor (2015)

Nota-se que no ano 5 o saldo devedor já vira positivo, significando que a empresa já quitou a sua dívida e já passa a ter um resultado positivo.

Faz-se o cálculo do payback do seguinte modo: R$ (1.309.000,00) + R$ 269.000,00 (ano 1) + R$ 316.899,00 (ano 2) + R$ 316.899,00 (ano 3) + R$ 316.899,00 (ano 4) =  R$ (89.002,00) de saldo no ano 5. Divide-se esse valor pelo fluxo de caixa do quinto ano, o resultado a obter será 0,07 anos. Fazendo a soma obtém-se 4,07 anos, que é o período que a empresa irá conseguir o retorno do investimento segundo o cálculo de payback (LEMES JÚNIOR; CHEROBIM; RIGO, 2010).

Como a organização tem um projeto de 5 anos e o payback foi de 4,07, o projeto deve ser aceito, pois se tem um período menor que o padrão da empresa (LEMES JÚNIOR; CHEROBIM; CHEROBIM, 2010).

1.2.2.1 Payback Descontado

 

 

Esse método tem como objetivo corrigir uma das principais falhas do payback simples, que é não considerar o valor do dinheiro no tempo. Para fazer isso, o método utiliza o custo de capital da empresa, ou seja, a taxa de atratividade mínima que um projeto tem que ter (LEMES JÚNIOR; CHEROBIM; CHEROBIM, 2010).

Para calcular o payback descontado se utiliza o mesmo método do payback simples porém, se aplica o valor do custo de capital no valor do fluxo de caixa para descontar o valor do dinheiro no tempo.

Utilizando os valores do fluxo de caixa da empresa TSB, mencionada na tabela 5, obtém-se os valores:

Tabela 5: Payback descontado

Fonte: Elaborado pelo próprio autor (2015)

Nota-se uma diferença nos valores do fluxo de caixa para o fluxo de caixa descontado, essa diferença se dá ao fato de considerar o valor do dinheiro no tempo, com base no custo de capital da empresa que é de 17%. O payback descontado é feito a partir do investimento que a empresa faz no projeto.

O cálculo do payback descontado é executado do seguinte modo: R$ (1.309.000,00) + R$ 230.172,00 (ano 1) + R$ 231.499,00 (ano 2) + R$ 197.862,00 (ano 3) + R$ 169.113,00 (ano 4) =  R$ (547.561,00) de saldo no ano 5. Divide-se esse valor pelo fluxo de caixa do quinto ano, o resultado a obter será 0,88 anos. Fazendo a soma obtém-se 4,88 ano, que é o período que a empresa irá conseguir o retorno do investimento segundo o cálculo de payback descontado (LEMES JÚNIOR; CHEROBIM; RIGO, 2010).

A regra de payback descontado é similar a regra do payback simples, afirmando que quando o retorno de capital for menor que o padrão da empresa o projeto deverá ser aceito (LEMES JÚNIOR; CHEROBIM; RIGO, 2010).

1.2.3 Valor Presente Líquido (VPL)

Segundo Lemes Júnior, Cherobim e Rigo (2010, p.176) “valor presente líquido é o valor presente do fluxo de caixa operacional do projeto, descontado ao custo de capital da empresa”.

De acordo com Gitman (2010, p.432), o custo de capital corresponde, “[...] é a taxa de retorno que uma empresa precisa obter nos projetos em que investe, para manter o valor de mercado de sua ação”.

O valor presente líquido considera o fluxo de caixa descontado, com o valor do custo de capital, que consiste no retorno mínimo que a empresa tem que obter para não perder valor de mercado. Com essa taxa, o administrador leva em consideração o valor do dinheiro com o passar do tempo.

A lógica do valor presente líquido (VPL), consiste em verificar se o projeto está remunerando a empresa de acordo com o seu custo de capital, ou seja, se a organização estará gerando caixa de maneira suficiente para efetuar o pagamento dos juros e a remuneração dos seus acionistas, de acordo com a exigência deles (GITMAN, 2010).

O VPL analisa a viabilidade da empresa, trazendo o fluxo de pagamentos ao longo da vida útil da organização, para o presente. E esse cálculo é feito aplicando-se a taxa mínima de atratividade ou o custo de capital. O cálculo do VPL é feito pela fórmula demonstrada a seguir:

Onde: na fórmula FCo é fluxo de caixa operacional (em negativo), FC é fluxo de caixa do ano correspondente e k é o valor do custo médio ponderado de capital.

Aplicando essa fórmula no fluxo de caixa da Empresa Telecomunicações do Sul (Tabela 3), teremos um resultado de VPL = R$ 67.207,00 (sessenta e sete mil, duzentos e sete reais), levando em consideração que o custo de capital da empresa chega a 17%.

Segundo as regras do Valor Presente Líquido, o projeto deve ser aceito caso o VPL seja maior que 0, e deve ser descartado caso o VPL seja menor que 0 (GITMAN, 2010).

Já que o VPL dessa organização o valor obtido foi maior que 0, o projeto deve ser aceito, pois irá remunerar os acionistas da empresa, além do custo de capital, num valor de R$ 67.207,00 (LEMES JÚNIOR; CHEROBIM; RIGO, 2010).

Uma das vantagens desse método refere-se ao fato de que ele é capaz de considerar o valor do dinheiro no tempo. Mas, em contrapartida, é uma técnica de difícil assimilação para os empresários, que necessitam de uma taxa de custo de capital (LEMES JÚNIOR; CHEROBIM; RIGO, 2010).

1.2.4 Taxa interna de retorno (TIR)

A Taxa Interna de Retorno (TIR), de acordo com Lemes Júnior, Cherobim e Rigo (2010, p.179) conceitua como: “a taxa que iguala o fluxo de caixa operacional ao valor a ser investido no projeto”.

A taxa interna de retorno é uma taxa de desconto que se obtém, igualando o VPL a 0. A TIR corresponde à taxa de lucratividade do projeto, e, a partir dela, o administrador deve analisar comparando com o custo de capital da empresa.

A lógica em que a TIR é baseada em um projeto que está oferecendo essa taxa maior ou igual ao custo de capital da empresa, ela será capaz de pagar os seus juros e acionistas. Se o projeto tiver a TIR maior que o custo de capital, a empresa irá aumentar a sua riqueza ao aceitar esse projeto (LEMES JÚNIOR; CHEROBIM; RIGO, 2010).

A fórmula para o cálculo da TIR está demonstrada a seguir:

Onde: na fórmula FCo é fluxo de caixa operacional (em negativo) e FC é fluxo de caixa do ano correspondente.

Os dados da Empresa Telecomunicações do Sul, a partir do seu fluxo de caixa (tabela 3) serão utilizados para se efetuar o cálculo da TIR. Aplicando os valores do fluxo de caixa da empresa, tem-se um resultado de TIR num valor de 18,7365% (vale lembrar que o valor de TIR é dado em %).

Seguindo as regras de critérios de decisão do TIR, o projeto deve ser aceito quando o valor de TIR for maior que o custo de capital da organização e deve ser recusado quando o valor de TIR for menor que o custo de capital da empresa (GITMAN, 2010).

Já que o custo de capital da Empresa Telecomunicações do Sul é de 17% e o valor da TIR é de 18,7365%, o projeto deve ser aceito, pois está aumentando a riqueza dos acionistas além do custo de capital da empresa (LEMES JÚNIOR; CHEROBIM; RIGO, 2010).

Essa taxa tem certas vantagens, pois, assim como o VPL, ela leva em consideração o valor do dinheiro no tempo, portanto, tem-se uma taxa de fácil entendimento e de transmissão. Por outro lado ela tem um defeito que pode apresentar respostas múltiplas, se os fluxos de caixa da organização não forem convencionais, ou seja, apresentarem variações muito grandes (LEMES JÚNIOR; CHEROBIM; RIGO, 2010).

REFERÊNCIAS

COSTA, et al. Análise econômico-financeira de empresas. Rio de Janeiro. Editora FGV, 2008.

GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12 ed. São Paulo: Pearson, 2010.

______, Lawrence J. Princípios de administração financeira: Fluxo de caixa e planejamento financeiro. 10 ed. São Paulo: Pearson, 2004.

HAYES, S. L. Finanças para gerentes. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2006.

KASSAI. J.R et al. Retorno de Investimento. Abordagens Matemática e Contábil do Lucro Empresarial. 3 ed. São Paulo. Atlas, 2014.

LEMES JÚNIOR, A. B.; CHEROBIM, A. P.; RIGO, C. M. Administração Financeira: Princípios, Fundamentos e Praticas Brasileiras. 3.ed. São Paulo. Editora Campos. 2010

RIBEIRO, O. M. Contabilidade geral fácil. 8. ed.São Paulo: Saraiva, 2012.

SÁ, C. A. Fluxo de Caixa: a visão da tesouraria e da controladoria. 3 ed. São Paul: Atlas, 2009.

 

ZDANOWICZ, J. E. Fluxo de caixa: uma decisão de planejamento e controle financeiros. Porto Alegre: Editora Sagra Luzzato, 1986.