FACULDADE NOSSA CIDADE

Bacharelado Administração de Empresas

Professor orientador Lawton Benatti

Glenda Gibb Barbosa Soares

RA 2481

Gestão de mudanças e seus impactos

 A gestão de mudanças é dos temas com que as organizações devem conviver harmoniosamente. Não há processos que não necessitem de mudanças eventuais. Essas podem ser decorrentes do aprimoramento dos equipamentos e máquinas, adoção de novas tecnologias que possam ser incorporadas aos equipamentos e ou aos processos, inclusive de tecnologias “mais limpas”, alterações de metodologias de construção e montagem, enfim, mudanças que possam ser fruto do acréscimo ou incorporação de avanços tecnológicos.

As atuais questões ambientais relacionadas ao desenvolvimento sustentável têm provocado mudanças nos processos de maneira que esses sejam menos poluentes, tanto no que diz respeito ao descarte de efluentes, sejam esses sólidos, líquidos ou gasosos e mesmo quanto ao desperdício de matérias primas.

Por exemplo, na área de construção civil, onde será necessária a escavação do terreno para a cravação de estacas e construção de uma edificação, torna-se necessário o levantamento topográfico e estratigráfico do terreno, incluindo sondagens. Se o projeto original for o de uma construção em concreto armado com fundações em tubulões escavados, e na hora de acrescentar-se mais sondagens descobre-se a presença de blocos rochosos de grandes dimensões, certamente irá se pensar em alterar o projeto de fundações. Outro exemplo pode ser a da substituição de equipamentos de processo, onde o equipamento substituído era menor do que o equipamento novo. Várias outras situações podem ser postas aqui para exemplificar que as mudanças, quando não adequadamente avaliadas, podem apresentar uma série de transtornos, envolvendo desde a adaptação das instalações existentes aos novos equipamentos, até a capacitação de pessoal para operá-los.

A mudança organizacional pode significar desde uma alteração de posição no mercado, mudança na sua função social, modificação no seu direcionamento estratégico com possível alteração na sua missão e visão e reavaliação das suas práticas nos diferentes níveis de autoridade e responsabilidade. A mudança é tida como processo natural ao longo da existência das organizações. Para que um processo de mudança tenha sucesso, deve existir liderança, confiança dos acionistas e tempo. Todo o processo industrial deve ser exaustivamente planejado, incluindo no planejamento a capacitação de pessoal.3

Nestas palavras percebe-se que “mudar-se” em uma atividade industrial é algo bem distinto do que em uma residência. Não se trata apenas de mudar posições de equipamentos, mas sim de processos, instalações, pressões e vazões, operações, carga e descarga de insumos, interligação com outras unidades, em outras palavras, pode significar uma nova atividade ou processo, exigindo para isso novas análises e estratégias de conhecimento, de maneira que as mudanças não venham a causar impactos negativos.

As formas de mudanças podem ser:

Incrementais, não provocando maiores impactos no empreendimento e nem na forma de gestão operacional do mesmo, como por exemplo, o acréscimo de uma bomba no processo ou a instalação de uma válvula de controle adicional. Assim, por não haver grandes impactos na organização, a intervenção efetua-se através de ajustes nos procedimentos da organização.

Planejada, quando o empreendimento tem que reformular suas estratégias operacionais, de modo abrangente, vislumbrando o aumento da produção ou da qualidade final do produto ou mesmo o aumento dos resultados operacionais-financeiros. Assim, o vislumbre passa a ser de claras melhorias com a indicada reformulação.

Uma mudança passa a ser enquadrada como emergente, quando em um processo habitualmente complexo, não planejado, o empreendimento vai respondendo às demandas que passam a existir de forma a superar as ameaças ou os desafios com que se vai deparando, seguindo os conceitos de uma Matriz SWOT.

Estatísticas internacionais apontam que esses acidentes têm sua maior severidade em países em desenvolvimento e de economia semiperiférica, como Índia, México e Brasil, e envolvem indústrias multinacionais e nacionais. Além do acidente de Bhopal, que teve como protagonista uma indústria multinacional, citam-se, como exemplos de acidentes envolvendo indústrias químicas nacionais, os de San Juan Ixhuatepec, no México, e o de Vila Socó, no Brasil, ambos em 1984, e que resultaram em 500 óbitos imediatos cada um. Esses acidentes, não por acaso, ocorreram em áreas periféricas aos grandes centros urbanos, onde havia a combinação de largo contingente populacional pobre e marginalizado, com fontes de riscos de acidentes químicos ampliados, resultando numa grande vulnerabilidade social e, conseqüentemente, na morte de centenas ou mesmo milhares de pessoas num único evento (FREITAS; PORTO; MACHADO, 2000).

Segundo Gomez (2000), a investigação de vários acidentes mostrou a presença simultânea de problemas ambientais internos e externos às instalações fabris envolvendo matrizes técnicas semelhantes e que, a partir daí, passaram a requerer políticas preventivas integradas tanto na questão da saúde do trabalhador como na questão ambiental. Ampliou-se o raio de ação da análise epidemiológica e sociopolítica. Percebeu-se que uma série de variáveis formava o cenário e que muitas delas fugiam ao âmbito do acidente de trabalho clássico, pois era tênue a linha que subdividia o mundo da produção em ambiente de trabalho e ambiente geral. Essa linha desmoronou com a velocidade, a gravidade e as conseqüências desses desastres.

A partir da constatação da necessidade de implementação de políticas preventivas integradas e de ampliação das análises epidemiológicas e sociopolíticas, houve a premência da incorporação e da discussão de outros referenciais teóricos, que propiciassem nova abordagem, possibilitando a integração das políticas Ambiental, de Desenvolvimento e de Saúde do Trabalhador. Assim, surge a perspectiva interdisciplinar e participativa na análise dos acidentes ampliados. Para Machado, Porto e Freitas (2000, p. 57), “tal abrangência faz com que a interdisciplinaridade solitária realizada por um grupo de indivíduos com a mesma formação seja sempre limitada, tornando indispensável a formação de uma equipe multiprofissional”.

Segundo Freitas, Porto e Gomez (1995), os acidentes químicos ampliados produzem múltiplos danos em um único evento e têm o potencial de provocar efeitos que vão além do local e do momento de sua ocorrência. De acordo com Vasconcellos e Gomez (1997, p. 13): “O ‘choque do evento’ é responsável por conseqüências físicas ou psíquicas, com efeito imediato ou retardado”. Assim, por um lado, encontra-se a dificuldade de avaliação das várias conseqüências dos acidentes, que são de alta complexidade, e, por outro lado, depara-se com o grande desafio da formulação de estratégias para sua prevenção e controle, pois esses acidentes, em sua maioria, possuem características muito diversificadas.

Por fim, deve-se salientar que as indústrias são muito importantes para a

Sociedade, geradoras de emprego e renda para as populações residentes nas proximidades. Também são importantes no desenvolvimento de novas tecnologias. Todavia, não se deve por de lado as questões relacionadas não só à segurança das pessoas, trabalhadores e moradores nas vizinhanças, como também ao Meio Ambiente.

Muitos dos acidentes ambientais são progressivos, distintos daqueles provocados por um acidente no mar, são provocados por infiltrações não percebidas no primeiro momento, ou pelos depósitos clandestinos ou não de produtos perigosos. Esses podem afetar a fauna e flora e prejudicar os lençóis freáticos, rios, canais, mares. Os riscos não se extinguem com o encerramento das atividades. Ema indústria que trabalhe com produtos perigosos trás o perigo não só com os produtos como também com os equipamentos e instalações contaminadas.

Acidentes industriais ampliados: desafios e perspectivas para o controle e a prevenção. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2000. ANTUNES, Celso. Uma aldeia em perigo: os grandes problemas geográficos do século 20. Petrópolis: Vozes, 1977. BLACKBURN, Robin (Org.).