Como a influência das temperaturas elevadas em São Paulo contribuiu para inovar o consumo de produtos tradicionais em redes de franquia 

Atualmente, muitas modelos de negócios são desenvolvidos enfatizando a inovação no seu carro chefe, seja um negócio, uma empresa, um, serviço, um produto ou até mesmo um estilo, palavra que gera curiosidade e desperta interesse. É importante ressaltar que a palavra inovação pode ser classificada e entendida de diversas maneiras. 

De acordo com o dicionário de língua portuguesa, podemos definir inovar da seguinte forma:

(lat innovarevtd 1 Fazer inovações, introduzir novidades em (leis, costumes, artes etc.). 2 Produzir algo novo, encontrar novo processo, renovar: Inovar a execução de um trabalho. 3 Introduzir (palavras) pela primeira vez em uma língua.

Mudanças corriqueiras das tendências no mercado de consumo exigem que o timing de inovação seja rápido, assertivo e bem aceito, o que gera alta demanda e procura por novidades, estamos sempre em busca de novidades de inovação.

No Brasil, muitas tendências são recriadas a partir de modismos advindos da Europa e dos Estados Unidos. Sendo um deles os modelos de negócios em redes de franquias de diversos segmentos, conforme podemos ver em diversos lugares shoppings, ruas, supermercados dentre outros estabelecimentos. 

A franquia, que é uma modalidade de negócio comercial, tem como propósito um sistema de venda licenciada no qual o franqueador (dono do negócio) cede ao franqueado (autorizado a comprar a marca e gerenciar) o direito de uso de sua marca, produtos, patente, infraestrutura, know how e distribuição de acordo com o tipo de produto/serviço a ser vendido para o consumidor final, o franqueado tem sempre o apoio do franqueador presente em todas as etapas do processo, desde a escolha do ponto comercial, até o gerenciamento de sua unidade independente do que seja o segmento da franquia. E o franqueado também sofre visitas periódicas de supervisionamento.

Devido ao alto índice de lojas franqueadas em São Paulo e com uma gama infindável de segmentos, nova idéias para atender os consumidores são desenvolvidas, bem como a inovação em criar e atender um novo nicho de mercado, como por exemplo, o sorvete, um produto tradicional que foi transformado numa nova e criativa forma de consumo. 

Com as altas temperaturas nas cidades de São Paulo, incluindo a grande capital nos últimos anos acarretaram em novos modelos de negócios para sorveteria, sendo uma delas a febre das “paletas“ – sorvete em espanhol – mexicanas, um novo e diferenciado estilo de produção de sorvetes que vem conquistando cada vez mais o gosto dos paulistanos. 

As famosas paletas são sorvetes quadrados, maiores em tamanho que os tradicionais picolés já conhecidos, feitos com frutas frescas, combinações exóticas e inusitadas. 

Famosas na cidade do México e encontradas em praticamente em cada esquina, sendo vendidas por ambulantes ou em pequenas lojas de conveniência, as paletas são diferentes comparadas ao tradicional sorvete brasileiro, apesar de serem ambos vendidos no palito. 

“Uma oportunidade de marketing existe quando a empresa pode lucrar ao atender às necessidades dos consumidores de um determinado segmento” (Kotler, 2006. P.138) 

No Brasil, principalmente em São Paulo os sorvetes diferenciados tem feito a alegria do público com lojas franqueadas e lojas de fabricação própria se especializando no produto. 

As maiorias das lojas estabelecidas no estado e em algumas cidades fora de São Paulo utilizam seu modelo de negócio por meio de franquias. 

Algumas lojas já conhecidas do público paulistano, como a Los Ticos Paleteros, Los Hermanos e a Me Gusta, sendo elas localizadas em bairros de classe média alta na capital paulista, recebem em média cerca de até 5 mil pessoas por final de semana, mesmo quando a temperatuda da capital fica em torno dos 16 a 20 graus, as lojas mantem o fluxo alto de clientes. Quando em altas temperaturas devido ao tempo seco da capital, o consumo de paletas pode chegar até 20 mil unidades em um único final de semana.  Em contrário aos valores praticados por grandes marcas de sorvetes como Kibon, Nestlé, os preços dos sorvetes geralmente são fixos, variandos apenas de acordo com o tipo do sorvete: polpas de frutas custam em torno de R$7-9 reais, mix de combinações custam em torno de R$9-11 reais, especiais com chocolates como Kit Kat e frutas mais exóticas, como o pistache, ficam em torno e R$11-14 reais. Um preço relativamente caro, comparado aos tradicionais, mesmo em formato de massa. 

O formato das lojas, que vai a sentido contrário das famosas gelaterias – e de suas massas cremosas – oferecem sorvetes no palito, disponibilizando combinações de aproximadamente 30 opções de sabores ou mais. Algumas delas já mimam seus clientes com guarda-sóis espalhados pelas calçadas, oferecem a opção de delivery (compra de caixas de isopor para  transportar) e a maioria optou por ser Pet Friendly (animais permitidos no interior da loja), o que facilita muito, pois nos finais de semana é onde o Paulistano está com o seu animal de estimação, e poder leva-lo a uma loja sem ser barrado é o máximo. 

O diferencial desse novo modelo de negócio, segundo Albrecht (1994) é:

Um nível de qualidade de serviço, comparado ao de seus concorrentes; que é suficientemente elevado, do ponto de vista de seus clientes, para lhe permitir cobrar um preço mais alto pelo serviço oferecido, conquistar uma participação de mercado acima do que seria considerado natural, e/a obter uma margem de lucro maior do que a de seus concorrentes. 

Uma ressalva para o consumidor que está muito mais exigente e fazem comparativos a todo instante dos serviços e produtos oferecidos pelos estabelecimentos os quais utilizam. 

O modelo de inovação para o tipo de negócio (atrelado a redes de franquias) conquista cada vez mais empreendedores que querem diversificar a renda, com a contribuição gratuita do clima na cidade e principalmente em alguma cidade onde as altas temperaturas mesmo no inverno e no outono são propícias para a venda do produto: Rio de Janeiro, Minas Gerais, etc. 

O novo formato de consumo para as paletas geram uma fidelização alta para quem já tinha o hábito de consumir sorvetes em sorveterias tradicionais. Além de oferecerem um produto extremamente saboroso, as lojas investem em relacionamento com o cliente para que sintam a diferença já no ato de entrar na loja, algumas possuem ambientação diferenciada com decoração mexicana (caveiras customizadas, cactos, sombreiros, etc.), outra com serviços adicionais (compra de isopor para transportar as paletas compradas em grandes quantidades), pequenos detalhes que cativam os clientes, principalmente crianças e jovens que sempre estão em busca de ambientes confortáveis e descolados. 

Ao que tudo indica, conforme Rosseto (1995, p.67) transformar o consumo de um produto tradicional de uma forma diferenciada e customizada está atraindo cada vez mais. Sendo uma nova modalidade de negócios para o ramo de franquias, o que muitas vezes ocorrem reclamações devido atendimento, rapidez, é importante evidenciar que clientes que fazem determinada reclamação no local do consumo/serviço e obtem um retorono sobre a condução de sua queixa e fica satisfeito com seu retorno conclusivo, tem um índice de fidelidade de 92%. 

De acordo com KOTLER (2006, 12 Ed, p.141), “uma proposta de valor consiste em todo o conjunto de benefícios que a empresa promete entregar pra o consumidor, é mais que o posicionamento central da oferta, é gerar identificação com a empresa”. 

Referências Bibliográficas

KOTLER, Philip. Administração de Marketing. 12. ed. São Paulo: Pearson Education, 2006.

ALBRECHT, Karl. Revolução nos Serviços: Como as Empresas podem Revolucionar a Maneira de Tratar os seus Clientes. 4. ed. São Paulo: Pioneira, 1994. 

ROSSETO, Roberta. Atenda o Cliente sem pisar na bola. São Paulo, EXAME, v. 27, p. 68-69, quinzenal, 1995. 

AULETE, Caldas. Dicionário contemporâneo da Língua Portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Delta, v. 5, 1980.