AUMENTO DA LUCRATIVIDADE E DA COMPETITIVIDADE COM REDUÇÃO DE DESPERDÍCIO RESIDUAL 

Analisando-se a escassa bibliografia que trata de resíduo como algo existente, real e inevitável em qualquer processo produtivo e o tabu que cerca o desperdício, como se o mesmo fosse algo totalmente desabonador as organizações, vimo-nos forçados a buscar uma contextualização bibliográfica para o desperdício residual. A forma encontrada para comprovar a veracidade do aumento da lucratividade e da competitividade com a redução do desperdício residual dar-se-á através da analogia da reciclagem e utilização de matéria primas secundárias.

Conforme Leite (2003, p.112), “a substituição de matérias-primas virgens por recicladas permite, além da economia obtida pelo diferencial dos preços entre elas, a obtenção de uma série de outras economias”, que serão analisadas a seguir.

- Economia na quantidade de energia elétrica, energia térmica e outras modalidades de energia utilizadas na fabricação, pelo fato de essas energias já terem sido gastas na primeira fabricação do material. Por exemplo, no alumínio a reciclagem permite uma economia de 95% da energia elétrica gasta na produção, já o material plástico uma economia de 80% sendo esta economia na ordem de 70% na produção de papel.

- Economia de componentes que entram na composição da matéria-prima virgem, neste caso chegamos a uma economia de 100% em diversos produtos, como por exemplo a liga de chumbo utilizada nas baterias de veículos.

- Economias obtidas pela diferença entre os investimentos em fábricas de matérias-primas primárias e de matérias primas secundárias, de maneira geral, as fábricas de materiais reciclados possuem um custo bem menor, observando o caso do alumínio, o investimento numa fábrica de material novo é na ordem de 5 mil dólares por tonelada produzida, já na de material reciclado o custo reduz para 350 dólares por tonelada produzida.

Para ter-se uma noção da contribuição do ciclo reverso na economia, Leite (2003, p. 28), informa que em 1998, 17 % da matéria prima de aço bruto foi de origem secundária, representando no valor de venda 2 bilhões de dólares, em 1997, 13 % do alumínio negociado foi proveniente de origem secundária, representando 1 bilhão de dólares, para resinas plásticas a reciclagem representou 15% dos 4 milhões de toneladas produzidas perfazendo 1 bilhão de dólares, já nas baterias de veículos o índice de recuperação foi de 80%, perfazendo 500 milhões de dólares ao preço de venda.

Buscando demonstrar o quão novo é dar atenção a destinação e reciclagem de resíduos, segundo Leite (2003) entre os anos de 1988 e 1991 foram promulgadas cerca de 400 novas leis e regulamentações sobre resíduos sólidos e reciclagem nos EUA.

Informações extraídas da imprensa geral dão conta que no Brasil, foi criado, em 1998, o Programa Brasileiro de Reciclagem pelo Ministério da Indústria, Comércio e Turismo, sendo encaminhado ao Congresso o Projeto Política sobre os Resíduos Sólidos, retirado da pauta, a pedido do próprio executivo em 2005.

Tomando-se por base o exposto, sabendo que a competitividade está diretamente relacionada a existência de uma vantagem competitiva e a lucratividade não pode ser dissociada dos custos, pode-se afirmar, com serenidade, que a redução do desperdício residual, acompanhada de uma diferenciação nos processos, além do aumento da lucratividade, permite também um significativo aumento da competitividade, ao menos até que o referido processo seja copiado pela concorrência.

Destarte tem-se a convicção que os estudos sobre desperdício residual encontram-se ainda em sua fase embrionária, necessitando de muito aprofundamento para possibilitar a criação de regramentos e padrões.

Conforme Sardinha (1995, p.8) “a decisão do preço terá sempre a dicotomia: desejo do mercado consumidor versus demanda dos investidores”, somando-se a afirmação “o sucesso empresarial ocorre quando a dicotomia é reduzida”, por conseguinte, com a redução de custos e aumento da competitividade e lucratividade, a empresa tem maior possibilidade de reduzir tal dicotomia permitindo assim uma maior proximidade dos anseios do mercado.