No Brasil vivemos um cenário um tanto quanto conturbado no primeiro semestre de 2016, muitas empresas exportadoras “traders” do mercado físico brasileiro aproveitaram o patamar histórico de fechamento do dólar (4,1655 em 20/01/2016) para apresentar uma vantagem competitiva a seus clientes em relação ao mercado global. Muitas empresas usaram da alta no dólar para oferecer produtos a preços menores no mercado, trazendo o interesse dos compradores para o mercado brasileiro em detrimento de nossos concorrentes globais, ou seja, muitas empresas reduziram suas margens de lucro direta do produto para obter seu retorno na variação cambial. Isso fez com que neste período as empresas tivessem bons volumes de exportação, seus clientes tivessem bons preços de compra e tudo caminhasse em direção ao crescimento, não fosse pela queda também histórica nos meses sucessivos.

Sabemos que o mercado internacional de matéria-prima necessita de preços relativamente constantes para se manter e crescer, devido ao tempo de trânsito “transit-time” e do mercado propriamente dito. O que ocorre é que devido à queda acentuada do segundo e terceiro bimestre as empresas que reduziram suas margens para ganhar novos clientes acabaram por entrar em uma “cilada” pois o lucro esperado proveniente da variação cambial praticamente deixou de existir, obrigando o exportador a aumentar seu preço em quase 20% em apenas alguns meses, falando de mercado internacional de matéria-prima isso é praticamente inadmissível, fazendo com que os compradores migrem naturalmente para outros fornecedores/países.

Abaixo podemos ver em percentuais tal variação*:

30/12/2015         3,9480

29/01/2016         4,0243

29/02/2016         4,0035 1º Bimestre = + 1,40%

31/03/2016         3,5963

29/04/2016         3,4401 2º Bimestre = - 14,07%

31/05/2016         3,6123

30/06/2016         3,2133 3º Bimestre = - 6,59%

 % acumulado no semestre = - 19,26%

* Fonte: Banco Central do Brasil.

Isso ocasionou uma má impressão dos compradores em relação aos vendedores/exportadores brasileiros, que iniciaram novos projetos visando um relacionamento de longo prazo e não conseguiram manter regularidade nos preços devido a problemas político-econômicos alavancados pela crise no Brasil.

Em contrapartida, o mercado local de produtos destinados com fins específicos de exportação (muitas vezes agricultores) acabam por não seguir de forma dinâmica as variações cambiais e econômicas das exportações, muitos deles ainda buscam vender seus produtos a um preço mais alto devido a vendas concretizadas nos primeiros meses do ano, fazendo com que inviabilize de vez as exportações de determinados produtos.

Resta saber quanto tempo ainda irá levar para o mercado se estabilizar e estar apto para retomar o crescimento e assim poder ajudar a “puxar” a economia brasileira.