A IMPORTÂNCIA DA MODELAGEM MATEMÁTICA COMO ESTUDO DA VIABILIDADE ECONÔMICA E AMBIENTAL, TENDO COMO INSTRUMENTO DE APOIO A VALORAÇÃO AMBIENTAL

O presente artigo busca destacar a importância do desenvolvimento de um modelo matemático que concilie a eficácia empresarial e ambiental levando em conta a valoração de recursos naturais e da poluição causada pelas organizações, de forma a introduzir os custos ambientais nas atividades de produção e consumo, fazendo com que haja o equilíbrio das trocas entre economia e meio ambiente.

Os recursos naturais, usados nos processos produtivos das organizações e a poluição gerada nestes processos, devem ser valorados para que possam oferecer subsídios na tomada de decisões onde as organizações consigam contabilizar estes custos e encontrar um equilíbrio entre o desenvolvimento tecnológico de seus processos produtivos que geram ganhos econômicos e o desenvolvimento sustentável de suma importância não só para o setor privado, mas para sociedade como um todo, inclusive as gerações futuras.

Prioritariamente, pode-se afirmar que, em busca de uma solução que se mostre eficiente e atinja os objetivos econômicos, a valoração dos recursos naturais apresenta grande destaque, especialmente porque através dela pode ser gerenciada a capacidade suporte do recurso, e a imposição dos limites dessas atividades o que é essencial para a organização do ponto de vista econômico e para a sociedade como um todo.

A empreitada de valorar bens naturais não é simples, mas nem por isso menos necessária. Uma boa norma de conduta em modelagem é começar estabelecendo modelos simples que, embora não sejam tão abrangentes ou realistas quanto seria desejável, podem ser derivados de início para

Considerar minimamente a avaliação de impactos. Modelos assim podem avaliar apenas os danos mais visíveis e óbvios, resultando em valorações subdimensionadas, ou seja, a valoresmonetáriosmenores do que aqueles instintivamente percebidos. (Lima e Silva, 1999).

O desenvolvimento e aprimoramento de modelos que explorem as relações ecológico-econômicas na perspectiva da ecologia de sistemas e da economia ecológica tem sido alvo de estudos de muitos pesquisadores, na literatura científica são encontrados vários métodos de valoração econômica dos recursos naturais como, por exemplo, os importantes trabalhos como o de May, P. (2000) e o de Seroa da Mota 1998, este último diz que:

Estes estudos abordam a importância da valoração econômica dos recursos ambientais, afirmando que determinar o valor econômico de um recurso ambiental é estimar o valor monetário deste em relação aos outros bens e serviços disponíveis na economia. Qualquer que seja a forma de gestão a serem desenvolvidas por governos, organizações não-governamentais, empresas ou mesmo famílias, o gestor terá que equacionar o problema de alocar um orçamento financeiro limitado perante numerosas opções de gastos que visam diferentes opções de investimentos ou de consumo. (Seroa da mota, 1998).

Em função dos argumentos apresentados, podemos inferir que a modelagem econômico-ecológica, vai contribuir significativamente com as organizações, auxiliando-as na tomada de decisão, avaliando as magnitudes das relações ambientais e econômicas considerando o seu grau de acuracidade e incerteza, identificando políticas e instrumentos que poderiam auxiliar a relação meio ambiente e crescimento econômico buscando o desenvolvimento de um modelo que apresente uma eficácia onde o interesse público possa ser atendido em plena concordância com aquele particular e que o modelo sirva de ferramenta para gestores públicos e privados, trazendo informações de grande potencial de uso para a tomada de decisões em torno da sustentabilidade ambiental.

De acordo com Tinoco e Kraemer, (2004), "a modelagem econômico-ecológica pode oferecer condições para a criação de um "Plano de Contas Específico" ou "Analítico" dedicado exclusivamente a fenômenos da atividade ambiental".

  A modelagem deve dar suporte a modelos teóricos e empíricos, permitindo rápidas adaptações e inserção de novos modelos, com mínimas modificações no restante do ambiente computacional, além de ter um ambiente amigável de interação entre o usuário e o ambiente de modelagem.

É evidente a dificuldade das organizações em se desenvolverem de maneira sustentável e ainda assim, manter a saúde econômica da organização. Do ponto de vista econômico e ambiental, o foco repousa sobre a produção de um modelo que direcione ações de decisões que visem à preservação e conservação dos recursos naturais através da sua valoração, bem como o controle dos rejeitos produzidos nos processos produtivos e ainda assim assegurem ganhos econômicos, inclusive através das atividades ambientais. Há grandes dificuldades em equacionar os problemas ambientais e sua relação com as atividades econômicas, mas é necessário identificar quais os níveis mínimos de segurança ou a capacidade suporte dos recursos naturais que estão sendo apropriados na geração de renda. Também precisa introduzir os custos ambientais nas atividades de produção e consumo, identificando as falhas que caracterizam um conflito entre economia e ecologia que poderá limitar ou mesmo inviabilizar a continuidade do próprio crescimento econômico. Os produtos de consumo devem ser analisados e conter preços que incorporem os custos ambientais, para que o mercado promova gradualmente, o equilíbrio das trocas entre economia e ecologia.

O equilíbrio está em analisar a estrutura e a dinâmica de ecossistemas, visando sua conservação, manejo e recuperação, caracterizando a estrutura e a funcionalidade de ecossistemas, para fins de avaliação, auditoria e controle de impactos ambientais, incluindo a valoração econômica, além de subsidiar propostas de conservação, analisar impactos ambientais e seu potencial gerador de problemas de saúde, investigar processos de acumulação de materiais e suas implicações sócio-ambientais, analisarem as mudanças climáticas globais e seus impactos em suas diversas escalas, avaliar e desenvolvendo modelos sócio-ambientais, discutindo modelos de gestão ambiental em empresas levando em conta todos esses fatores. (Callado, 2000).

Para garantir um modelo adequado e eficiente para as organizações que levem em conta os aspectos citados acima, diversas variáveis, devem ser levadas em consideração entre elas a ótica e o senso de observação do modelador são muito importantes, bem como a confiabilidade dos dados levantados. De acordo com (Aguiar et al, 2004) "A qualidade do modelo matemático construído depende de vários fatores, entre os quais se destacam a confiabilidade dos dados levantados e a sua interpretação".

O desafio enfrentado hoje pelas organizações de conciliar os aspectos e impactos econômicos e ambientais pode ser resolvido a partir de estudos e pesquisas na área econômico-ecológica conforme bem ressalta (Callado, 2000): "Conciliar a eficácia empresarial com aquela ambiental, passa a ser um desafio que só a ciência pode resolver."

O que levar em consideração para que a modelagem seja eficaz

Deve haver observações e pesquisa de campo, visitando organizações e levantando dados, mas, sobretudo deve ser levantado dados bibliográficos, buscando a classificação dos custos ambientais através de estudos empíricos. Para isso, contudo, é necessário compreender a fundamentação teórica e as limitações metodológicas que cercam tal abordagem.

Estudos empíricos de valoração podem colaborar na análise das motivações econômicas que levam à decisão de identificação dos principais requisitos de uma ferramenta computacional de suporte à modelagem. (OTÁVIO R. 2000).

Depois disso, deve focar na escolha do software e construção do modelo. O programa a ser selecionado fará uso das necessidades e dos dados existentes, após isso o modelo conceitual deverá ser traduzido para a linguagem matemática, construindo-se os diversos bancos de dados para a entrada das informações no programa selecionado.

A modelagem matemática consiste na representação matemática do que acontece na natureza a partir de um modelo conceitual, idealizado com base no levantamento e interpretação de dados e observações do sistema real, tendo como objetivo uma melhor compreensão do sistema atual,  possibilitando prever situações futuras, algumas vezes passadas, porém sempre buscando direcionar ações de decisão. (IRITANI, 1998).

 É nesta etapa que as variáveis do modelo são elencadas e selecionadas e seus resultados são dependentes da qualidade dos dados obtidos através das pesquisas realizadas e da compreensão do modelo conceitual do sistema em estudo. (Pessoa et al, 2003) e (Gomes et al, 2002), dizem que: "a qualidade do modelo matemático depende de vários fatores, entre os quais se destacam a confiabilidade dos dados levantados e a sua interpretação".

A modelagem matemática apresenta vantagens em relação às demais metodologias de avaliação e consiste na possibilidade de permitir simulações de cenários futuros, possibilitando uma constante atualização de dados utilizada na definição das entidades que participarão do modelo e das regras que regem a sua dinâmica. Esta fase é severamente restringida pela teoria escolhida para ser aplicada, a teoria especifica que tipos de objetos e propriedades podem ser modelados. O principal resultado desta fase é um conjunto completo de nomes e variáveis descritivas para o modelo, com uma interpretação associada a cada variável, não importando se o modelo é empíricoou não. Há também  a necessidade da escolha de uma representação adequada para o tempo e para o espaço. Quando o modelo conceitual baseia-se em uma teoria, esta necessidade também se estende aos comportamentos. Então, ainda nessa fase, asleis científicas devem ser aplicadas para determinar as equações que regem o comportamento do fenômeno modelado e qualquer equação de restrição. O modelador também precisa definir quais modelos de demanda e de locação de mudanças serão utilizados e implementá-los em seu modelo.

Atualmente, a questão ambiental, tem sido vista como um problema de todos, e não apenas de ecologistas, isto se deu principalmente depois das conferências mundiais do século passado. A partir desse momento as empresas começaram a perceber que elas fazem parte de um sistema aberto que interage com o meio ambiente e que em todas as etapas de um processo econômico há geração de impactos ambientais.

Entenderam que os problemas causados pelos seus detritos industriais (águas, poluição, expansão dos negócios em detrimento de rios e florestas), a insatisfação e a repulsa da sociedade por seus produtos, obrigava-os a incorporarem aos seus objetivos o fator "meio ambiente". (RIBEIRO, 1998).

Por ser uma fonte de recurso "ilimitado"  e de "livre acesso", o meio ambientetem sido cada vez mais utilizado pelas empresas

Os recursos são materiais do meio ambiente, pois em um dado momento da história os conhecimentos técnicos permitiram uma utilização socialmente útil, ou seja, "é recurso hoje o que não foi recurso ontem, podendo ser recurso amanhã o que não é percebido hoje enquanto recurso. (DONAIRE, 1995).

Devido a isso, as empresas precisam adotar políticas econômicas com fins de proteção ambiental, porém as questões empresariais ligadas ao meio ambiente requerem uma análise econômica de viabilidade para garantir a eficácia da área financeira e competitividade da empresa

A gestão dos custos ambientais somente pode ser realizada com sucesso conseguindo-se que três áreas da empresa (sobretudo estas) tenham uma boa compreensão comum das variáveis envolvidas no processo, motivação para realizar um bom trabalho no assunto e apoio da direção. Estas áreas englobam o pessoal de gestão ambiental (são especialistas no assunto e servem de interface com todas as outras áreas da empresa no tocante ao meio ambiente), a área financeira (que provê os recursos para investimentos e para o caixa) e a área contábil (processa os dados dos custos ambientais fornecendo elementos para análise e decisão. (.MOURA, 2000, p.33).

Callado, (2000) recomenda, antes de qualquer decisão, que seja elaborado um trabalho de identificação dos custos ambientais, definindo uma metodologia que possibilite sua identificação e mensuração, separando os gastos por categorias, o que evidenciará onde deveremos atuar para gerar mais eficiência, bem como fornecer subsídio ao planejamento estratégico da empresa.

As empresas vêm incorporando em seu planejamento estratégico instrumentos econômicos para mensurar estes custos e garantir melhor eficácia da gestão ambiental, Moura, 2000, p.48, declara que: "as empresas apresentam tendências cada vez maior, de instrumentos econômicos como forma de reduzir a poluição".Segundo Porter e Linde 1995 "as empresas não conhecem o custo da poluição em termos de desperdícios de recursos, de esforços e diminuição de valor para o consumidor".

Dessa forma, a empresa pode, inicialmente, estar avaliando o seu processo através de uma auditoria ambiental, por exemplo, visando identificar os custos desnecessários como gastos excessivos com energia e água. A partir de então, o controle de custos pode ser usado como ferramenta para prevenir futuros impactos ambientais.

Mensurar os custos ambientais dentro de uma empresa não é uma tarefa simples, pois a maioria das empresas não os conhece, tendo em vista que eles estão difusos, mascarados por outros custos. Moura, (2000, p.35), afirma que a tarefa de enquadrar os custos ambientais nos sistemas contábeis normais da empresa, não é fácil. Callado, (2000) ressalta que é importante que a empresa conheça bem seus custos ambientais, para que possa redirecionar suas estratégias de negócios e investimentos, para ele a existência de um sistema de custos ambientais possibilita a empresa demonstrar as despesas envolvidas e as vantagens financeiras resultantes, criando um acompanhamento sistemático dos custos ambientais, dentro de um sistema de gestão. De acordo com Moura (2000, p.74), "medir os custos ambientais é essencial nos sistemas contábeis de uma empresa".

A gestão de custos ambientais na empresa deve ser avaliada dentro de uma esfera econômica abrangente, onde não se leve em consideração apenas seus interesses, mas também os interesses da coletividade, a idéia de Balanço Social deverá ser levada em consideração, buscando o ótimo de Pareto onde o empreendedor maximize seus lucros, e atinja o nível de satisfação dos demais agentes.

O desenvolvimento não deve ser entendido apenas pela eficiência econômica e proteção ambiental, mas também pela melhoria do bem estar social Portanto, um desenvolvimento visando a esses objetivos inclui, necessariamente, o futuro da sociedade em suas preocupações. (LIMA e SILVA, 1999).

As empresas participam atualmente de um modelo de desenvolvimento como um sistema aberto que em uma extremidade entram insumos (input), como matérias primas, água e energia, que provocam impactos ambientais significativos e da outra extremidade saem produtos (output), bens, serviços e rejeitos, estes que por sua vez, causam impactos negativos no meio ambiente. Os produtos são levados ao mercado consumidor e os rejeitos são tratados em sistema fim -de - tubo e, em seguida, dispostos no meio ambiente. Um sistema aberto como esse só pode funcionar indefinidamente se não houver limitações nas entradas e saídas e/ou se a produção for estacionária. (kraemer e Tinoco, 2004).

Sob esse aspecto a avaliação econômica pode interferir valorando os recursos naturais (input). Segundo Yang e Fausto, (1997), "Entre outros motivos, a valoração permite identificar e ponderar os diferentes incentivos econômicos que interferem na decisão dos agentes em relação ao uso dos recursos naturais." Já Schweitzer, (1990), explica que "a valoração ambiental é essencial, se pretende que a degradação da grande maioria dos recursos naturais seja interrompida antes que ultrapasse o limite da irreversibilidade".

Alguns recursos naturais que não apresentam preço de mercado utilizam em sua maioria uma técnica de valoração associada à teoria microeconômica do bem-estar, onde busca captar a preferência das pessoas pelos bens ambientais.

Neste sentido, o esforço de atribuir valores econômicos para os benefícios ambientais não valorados no mercado deve ser entendido como a busca de parâmetros monetários que expressem o desejo das pessoas pelo usufruto de um benefício ou pela eliminação de um mal associado a modificações no meio ambiente. (YANG e FAUSTO, 1997).

. Tomando como base essa afirmação pode-se dizer que valoração correlaciona o desejo de conservação do meio ambiente com valores monetários.Mark Sagoff, (1998), diz respeito à existência de uma "distinção categórica" entre as preferências dos indivíduos e os valores destes. Holland,(1995). Define as preferências como: "um assunto essencialmente pessoal, relacionado com o ato de ir ao mercado no papel de consumidor e consultar apenas os interesses próprios" Sagoff, (1988). fala que" Neste sentido, os métodos de valoração dos recursos naturais baseados nas preferências dos indivíduos induziriam as pessoas a pensar o meio ambiente apenas como um objeto de consumo".

A importância dada a este tema é  explicada por Ferreira (2000) apud Gonçalves (2006, p. 31)"a necessidade de se valorar os impactos ambientais independente da técnica utilizada visa garantir recursos naturais para as gerações futuras". Fato este, denominado desenvolvimento sustentável, que se tornou uma das prioridades mundiais, ou seja, o nível de produção deve ser definido de acordo com a capacidade de suporte dos ecossistemas.

Hufschmidt, (1983) apud Nogueira et. al. (1998), afirma que a valoração econômica é o último passo da análise, antes deve ser realizado uma medição dos efeitos físicos, químicos e biológicos das atividades e das perdas.

Esse sistema aberto input-output, é  cíclico, onde os recursos naturais quando sofrem perdas ou degradações e são explorados indiscriminadamente podem condenar o processo produtivo de uma organização a médio e longo prazo, ocorrendo assim, da mesma forma com o lançamento de rejeitos no meio ambiente, que podem comprometer os recursos naturais levando-os a degradação o que impacta diretamente a economia privada e social.

Para valoração de um sistema aberto (input-output), podem ser levados em consideração modelos baseados em balanços ambientais.

Balanços ambientais são particularizações dos chamados balanços de massa e energia, realizando o mesmo tipo de cálculo de entradas e saídas em um sistema pré determinado, porém, com ênfase nos aspectos ambientais associados àquelas atividades. (Frank e Mondardo, 1999).

Torna-se obrigatória a construção de um sistema do tipo mostrado na figura 1:

RAMOS, (1999), indica que é freqüente o não conhecimento dos verdadeiros impactos causados por determinadas atividades, ou por falta de conhecimento técnico especializado ou por variadas dificuldades nos estágios de coleta de dados. As inter-relações entre as variáveis de processos produtivos complexos, muitas vezes, dificultam a elaboração de um fluxo coerente, com a contabilização de todos os consumos de matéria prima, todos os resíduos sólidos gerados, todas as emissões atmosféricas e todos os efluentes que surgem como subprodutos.

Para efetuar uma valoração eficiente dos inputs e outputs é necessária uma análise detalhada de todo o processo industrial e o estabelecimento de comparações entre os cenários deste processo. O processo produtivo tem um papel fundamental na valoração dos inputs e outputs, especialmente porque a produção é a peça chave da economia. "Isso ocorre pelo fato de que o consumo e, principalmente, o processo produtivo causam impactos denominados externalidades negativas e os mercados falham em não mensurá-las", (CHEN, 2007, p. 1).

De acordo com Motta (2000, p. 182), "na presença de externalidades, os cálculos privados de custos ou benefícios diferem dos custos ou benefícios da sociedade".

Uma técnica bastante usada na valoração de recursos ambientais é o Método de Valoração Contingente (MVC) que é capaz, do ponto de vista teórico, de mensurar valores de uso e não-uso.Diante desse contexto, Bateman e Turner, (1992), colocam como questionável a utilidade de se comparar os resultados obtidos com diferentes métodos. "O fato de os métodos de valoração abordar diferentes construtos teóricos e a possível inconsistência na comparação dos distintos valores criam dúvidas quanto à existência de um valor único absoluto".

A compreensão do significado dos resultados obtidos a partir de exercícios de valoração é muito importante, pois qualquer prática das técnicas de valoração ambiental não será  capaz de encontrar um único número que represente o valor de um ecossistema como um todo. Para Yang e Fausto. (1997), "Os estudos empíricos de valoração devem ser interpretados como esforços importantes no sentido de atribuir um valor monetário a um determinado conjunto de serviços ecossistêmicos".

A valoração ambiental apresenta muita subjetividade, por isso o processo de valoração deve ser claro, ou seja, o valor encontrado tem que ser interpretado em função do objetivo do exercício de valoração.

No caso da valoração econômica dos recursos naturais, conforme a escala é ampliada ou reduzida, certos benefícios ou custos se mostrarão relevantes, a pergunta fundamental da valoração segundo Yang e Fausto, (1997), é o que éimportante mensurar, e porque mensurar.

O fator recursos naturais quando sofre perdas e degradações diminui sua disponibilidade e consequentemente seu potencial no processo produtivo também irá  diminuir, não apenas de maneira direta, mas também de maneira indireta. (Portugal e Santos, 2008).

"Quando a disponibilidade de um bem ou serviço ambiental derivado de um recurso ambiental é alterada, a valoração dessa variação deverá, então, mensurar as variações de bem-estar em que esta alteração de disponibilidade resultou". (Motta,2006, p.186)

Entende-se por variações de bem-estar o benefício que a sociedade recebe deste processo de produção. Nesta colocação fica muito claro que os custos e benefícios sociais devem ser levados em consideração na gestão ambiental e não apenas os valores privados.

É muito interessante através de instrumentos econômicos desenvolverem um modelo que equacione os inputs e outputs ambientais, que vise à provisão de matérias-primas, capacidade de assimilação de resíduos, amenidade, estética e recreação, biodiversidade e capacidade suporte às diversas formas de vida na terra.

Existe a necessidade de procurar integrar estes valores apropriadamente para tomada de decisões sobre a política econômica e ambiental, para que sirva de instrumento auxiliar na tomada de decisão nas organizações visando viabilidade econômica e ambiental. (Marques e COMUNE, 1997).

Segundo Kalikoski e Asmus, (1999), os modelos buscam levantar informações de caráter relevante para o melhor entendimento de processos ecológicos para definir diretrizes para um melhor gerenciamento ambiental. O modelo deve buscar correlacionar às variáveis ambientais e ecológicas, já que elas estão intimamente ligadas.

Não é mais possível dissociarmos os avanços econômicos dos efeitos [positivos e negativos] que estes produzem nos segmentos ecológicos e sociais do planeta, o "sucesso" de um de seus componentes [por exemplo, econômico] em detrimento de outros [por exemplo, ecológicos], tende a não ser sustentável numa escala temporal, já que compromete as relações interativas da totalidade do sistema ambiental. (Kalikoski e ASMUS, 1999)

Os modelos ambientais devem permitir avaliações integradas que combinem fatores econômicos, ecológicos, demográficos, modelando a realidade dos sistemas complexos através de princípios matemáticos. Segundo (Odum, 1983), a modelagem ambiental que lida com a representação de fenômenos complexos, deve levar em consideração os fatores econômicos, sociais, climáticos e ecológicos entre outros. Odilon, (1983) ainda define modelo como: uma formulação simplificada que imita um fenômeno ou um sistema do mundo real, de tal maneira que situações complexas podem ser compreendidas e, eventualmente, previstas. Os modelos simulam várias relações de causas e efeitos e são muito importantes, porque auxiliam na tomada de decisões e no gerenciamento ambiental e econômico.

A modelagem a ser aplicada para gerir um sistema econômico ambiental, deve ser dinâmica com controle ótimo.

A teoria do controle ótimo é uma generalização moderna do cálculo das variações, e que esta tem uma importância fundamental para economia, pois permitiu que vários resultados, teóricos e práticos, que antes não poderiam ser formulados, o fossem. (CHIANG, 1992).

A teoria do Capital, então tratada pelo cálculo das variações, transformou-se tão profundamente, com a nova roupagem, que se convencionou chamá-la de teoria do crescimento, sendo o princípio do máximo o teorema fundamental da teoria do controle ótimo e, por conseguinte da teoria do crescimento. (DORFMAN, 1969).

Ainda com respeito à modelagem Stéphenne e Lambin, (2001), enfatizam que é importante elencar tudo que diz respeito ao fluxo de entrada como ao de saída (input e output), ainda segundo eles esse método facilita a mensuração e a tomada de decisões.

Diante dessas colocações fica evidente que o modelo deve procurar mensurar os valores dos recursos naturais de entrada do sistema e os dejetos de saída que serão depositados no meio ambiente, deve confrontar esses dois aspectos sob o ponto de vista privado, e, sobretudo o social conforme é explicitado por Hamley e Spash, (1993): "A análise microeconômica, ainda no âmbito da questão dos custos sociais e privados, confronta os custos relativos de emissão e redução das poluições". A teoria desta confrontação torna-se básica nos processos decisórios das empresas para aplicação de projetos de controle ambiental e verificação da viabilidade dos mesmos. Para a realização desta análise devem-se valorar dois tipos de custos: Custo Marginal Social da Emissão de Poluentes ou Custo Marginal da Poluição (CMgP) e o Custo Marginal do Controle da Poluição (CMgC). Pindyck e Rubinfeld, (2007) afirmam que o CMgP indica o aumento dos prejuízos sociais das emissões de poluentes, ou seja, seus impactos na saúde da sociedade e danos econômicos aos recursos naturais. Enquanto que o CMgC é aquele custo adicional que a empresa tem para instalar equipamentos de controle de poluição, como por exemplo, a instalação de um depurador de fumaça nas chaminés da empresa. Além disso, sua aplicação consiste em verificar em qual ponto de utilização dos recursos naturais ocorreria o nível ótimo sob o ponto de visto social e não apenas privado, interligando esta análise com o benefício total recebido pela sociedade.  
 

Conclusão

Os modelos matemáticos constituem excelentes ferramentas, quando a compreensão do sistema real se torna necessária para a previsão e comparação de alternativas de cenários futuros possibilitando uma constante atualização de dados. Devido a isso a modelagem vem ganhando espaço na área ambiental, pois permite que as organizações privadas ou públicas possam gerenciar melhor seus custos com as atividades ambientais e a capacidade suporte dos recursos naturais usados nos variados processos produtivos.BONGANHA, (2005). Diz que: "A aplicação da técnica da modelagem e a interpretação dos resultados qualitativos e quantitativos em estudos de prevenção de possíveis impactos ambientais vêm ganhando destaque na literatura".

As organizações estão enfrentando problemas na correlação entre o desenvolvimento tecnológico e econômico e a preservação e conservação do meio ambiente, pois geralmente suas atividades geram impactos significativos para o meio ambiente, estes impactos refletem os aspectos econômicos e sociais e remetem as organizações a um grande desafio que é o desenvolvimento de uma economia em equilíbrio com o meio ambiente. A modelagem veio oferecer subsídios para correlacionar as relações ecológicas e econômicas, levando em conta os interesses privados e, sobretudo o social, portanto é indispensável para qualquer sistema de gestão ambiental levar em consideração determinadas variáveis e relacioná-las através de modelagem para auxiliar gestores em tomadas de decisões.

Uma das variáveis mais importantes a ser levada em consideração na modelagem é o custo, que proporcionará determinados benefícios tais como:

- Otimização da adoção de recursos; através da mensuração

- Identificação de oportunidades de melhoria para a redução dos custos

diretos e indiretos;

- Identificação ao longo do tempo dos custos e benefícios intangíveis;

- Possibilidade de comparação entre custos ambientais decorrentes da

Implementação da modelagem no Sistema de Gestão Ambiental (SGA) e os custos com os quais a empresa teria que arcar sem a implementação desse sistema;

- Otimização da elaboração do plano de ação nas rodadas subseqüentes do

SGA, pelo maior conhecimento pela empresa dos custos envolvidos. (Calado,2000).

O modelo, sobretudo, deve atender as necessidades sociais no que diz respeito ao desenvolvimento sustentável, entretanto, tem que atentar para as variáveis mais relevantes que possam definir as características essenciais que promovam respostas mais consistentes. Os modelos mais precisos, segundo Straskraba (1973, 1982, 1985) "são aqueles baseados em relações determinísticas entre as variáveis e que são derivadas de estudos sistemáticos."

O uso da modelagem matemática para promover políticas de controle ótimo em questões econômico-ecológica é muito importante, pois irá auxiliar na eliminação de incertezas produzindo cenários com as melhores alternativas que auxiliarão na gestão de custos ecológicos e econômicos para empresas dos mais diversos segmentos.

Diante de promover através do processo de modelagem matemática e ecológica as melhores alternativas e soluções e possibilitar predições de condições futuras que demandem ações preventivas. a modelagem matemática e ecológica é uma importante ferramenta de aplicação para o suporte à tomada de decisões. (Jorgensen et al, 2005).

Para que a gestão desses custos seja eficaz é necessário que se mensure tudo que entra e o que sai do processo produtivo, isso inclui os recursos naturais e a poluição gerada, a organização capaz de mensurar esses componentes, terá maior chance de garantir o equilíbrio das trocas entre economia e meio ambiente. Otávio et al. (2000, p.3) diz que: "A gestão de custos ambientais, enfim, tornou-se um importante instrumento gerencial para a capacitação e criação de condições para as organizações, qualquer que seja o seu segmento econômico".

O controle de todas as atividades dentro de uma organização deve ser planejado à luz da gestão econômica e ecológica em um planejamento adequado, este que por sua vez necessitará ter como subsídio a mensuração de insumos e matérias-primas, bem como dos rejeitos gerado no sistema fim de tubo. (CALLADO,2000).

Como auxiliar deste planejamento, as técnicas de modelagem matemática funcionará como base em função de respostas.

O que se fará necessário, portanto, na elaboração de modelos de eficácia empresarial, será a adaptação de tal fenômeno particular da célula social, com aquele de uma eficácia ambiental e que passaria a ser um parâmetro. Tal conciliação, das duas eficácias, é uma nova ótica que a doutrina contábil não havia ainda considerado até há pouco tempo, mas, imprescindível para o desenvolvimento de uma contabilidade aplicada ao meio ambiente.A satisfação das necessidades sociais deve ser coerente com a satisfação do meio ambiente e nisto reside à eficácia patrimonial ambiental. (SÁ,2000).

Diante de todo o exposto, espera-se que a modelagem matemática promova uma harmonia, praticamente obrigatória entre o capital e o planeta, entre o capital e o social. O importante, é que a satisfação da necessidade da empresa não venha a provocar a insatisfação comunitária, nem lesar a natureza.

A modelagem deve ajudar a superar as dificuldades e limitações de objetivação dos custos específicos de interesse social com aqueles de interesse empresarial, através da mensuração, auxiliando a tomada de decisões que promova eficácia empresarial e também ambiental.

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