Por:


CONCI, Marcelo; FERREIRA, Antônio Carlos; MOURA, Jaime de


RESUMO ? Neste estudo, o objetivo foi levantar os custos de produção e os resultados financeiros das culturas de milho doce e comercial e comparar os resultados observados. A metodologia utilizada para a realização deste estudo foi o método qualitativo e quantitativo com característica exploratória e descritiva, por meio de pesquisa bibliográfica e documental, com entrevistas ao produtor e visitas a propriedade. A pesquisa foi realizada na propriedade do Sr. Amantino Luis Donini, localizada na Linha Santa Inês, no município de Itaipulândia ? PR, tendo como base o cultivo de milho doce e comercial. O estudo refere-se à produção da última safra, o qual foi utilizado como instrumento de pesquisa para se levantar e procurar responder questões básicas como: o levantamento dos custos de produção e resultados financeiros das culturas estudadas. A partir dos estudos verificou-se que o milho doce apresenta grande vantagem em relação ao milho comercial, apesar do seu custo e produção ser maior, assim mesmo o milho doce é aproximadamente 1,85 vezes mais rentável que o milho comercial. Neste caso é importante salientar que a Cooperativa Agroindustrial Lar faz toda a parte de assistência técnica e demais orientações ao produtor rural e também industrializa toda a produção. A Cooperativa Lar está ligada aos processos de diversificação das propriedades, principalmente as menores. Conclui-se que, o milho doce é mais rentável ao produtor rural, devido ao bom preço pago pela Cooperativa Lar, que industrializa o produto.

PALAVRAS-CHAVE: resultados financeiros; diversificação; milho doce e comercial.

1 INTRODUÇÃO

O cultivo de milho no Brasil demonstra uma significativa evolução tecnológica, onde empresas de pesquisa de sementes desenvolvem constantemente novas variedades, que são adaptadas às condições climáticas de cada região brasileira. Isso significa rendimentos superiores, que produzem resultados financeiros satisfatórios. Com isso, nos últimos anos, a produção interna garante o abastecimento da agroindústria e ainda torna possível a exportação do volume excedente. (ZARDO, 2003, p. 1)
As condições climáticas existentes no Brasil proporcionam aos produtores até duas safras ao ano em praticamente todas as regiões agrícolas (ZARDO, 2003, p. 1). Os rendimentos de milho doce de alta tecnologia estão por volta de 15.000 kg de espiga por hectare, e para o milho comercial, cerca de 8.900 kg de grãos por hectare (aproximadamente 144 sacas de 60 Kg).
O milho doce (verde) apresenta muitas formas de uso. Pode ser utilizado em conserva (enlatado), congelado na forma de espigas ou grãos, desidratados, consumido in natura colhido antes da polinização e usado como baby corn ou minimilho e, ainda, após a colheita, a palhada da cultura pode ser utilizada para ensilagem (MARIN, 2007, p.18).
Na região extremo Oeste do Paraná, mais precisamente nos municípios de Cascavel, Itaipulândia, Missal, Santa Helena e São Miguel do Iguaçu, mais de 60 agricultores cultivam o milho doce (verde) em suas propriedades. A variedade utilizada é Tropical Plus (cultivar da Syngenta), que é um híbrido superprecoce (MARIN, 2007, p.18). A produção da região é toda consumida pela Unidade Industrial de Vegetais da Cooperativa Agroindustrial Lar, localizada em Itaipulândia - Pr.
Neste sentido percebe-se que a importância do milho não está apenas na produção de uma cultura, mas em todo o relacionamento que essa cultura tem na produção agropecuária brasileira, tanto no que diz respeito a fatores econômicos quanto a fatores sociais (ZARDO, 2003, p.3). Sendo assim, foram buscadas maiores informações sobre o retorno financeiro proveniente da cultura do milho doce (verde) e comercial. Para isso, foi realizado este estudo na propriedade rural do Senhor Amantino Luiz Donini, no município de Itaipulândia ? Pr, onde comparamos os resultados financeiros destas culturas, para verificar qual é mais lucrativo.
Pesquisa é uma atividade voltada para a solução de problemas teóricos ou práticos com o emprego de processos científicos. Neste sentido a pesquisa parte de uma dúvida ou problema, e através do uso do método científico, busca a resposta ou solução (CERVO; BERVIAN, 2002, p. 63). Para a pesquisa, foi utilizado o método qualitativo e quantitativo com característica exploratória e descritiva.

1.1 PROBLEMA

Dentre as culturas de milho doce (verde) e milho comercial, qual das culturas apresenta melhor resultado financeiro?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Apurar os custos de produção e os resultados financeiros de milho doce (verde) e milho comercial, para verificar qual cultura apresenta melhor lucratividade ao produtor Amatino Luiz Donini.

1.2.2 Objetivos Específicos

a) levantamento do custo de produção do milho doce (verde) e do milho comercial;
b) levantamento dos resultados financeiros do milho doce (verde) e do milho comercial;
c) comparar os resultados observados.

1.3 JUSTIFICATIVA

A busca por atividades que diversifiquem a propriedade, para gerar mais renda e garantir a permanência no campo, é constante. Entretanto, nota-se uma dificuldade em manter uma propriedade rural, devido aos seus altos custos operacionais, neste sentido a escolha de uma cultura mais adequada, torna a propriedade mais rentável (ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000).
A produção agrícola pode ser caracterizada como uma atividade de crescente complexidade, levando o produtor rural a lidar com aspectos técnicos, mercadológicos, de recursos humanos e ambientais. Essa complexidade faz mudar o perfil deste produtor com muita rapidez em todo o mundo. Hoje o produtor rural brasileiro, das regiões mais tecnificadas e voltados para o mercado é um agente produtivo que toma decisões e obtém informações, de modo similar aos empresários urbanos (ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000, p. 19).
Com as constantes mudanças na economia brasileira observada nas últimas décadas, os produtores rurais buscam cada vez mais, alternativas para aumentar sua renda. Quando uma cultura não produz bem é preciso ter outra para cobrir as despesas. Neste caso, identificar qual a melhor cultura para a propriedade rural é fundamental para agregar mais renda, e amparar os produtores rurais em possíveis frustrações de safras.
No Brasil, o milho comercial é cultivado em grande escala. Mas nos últimos anos, vem crescendo também o interesse pela produção do milho doce (verde), uma variedade muito utilizada para a produção de conservas e enlatados. Diante disso o milho doce (verde) apresenta-se como uma alternativa de renda. É uma planta originária da América Central, que apresenta uma grande capacidade para se adaptar a diversos climas, sendo cultivada em praticamente todas as regiões agrícolas do mundo (MARIN, 2007, p.18).
Desta forma, justifica-se a realização deste estudo, para fornecer dados ao produtor rural para que saiba avaliar qual é a melhor cultura, milho doce (verde) ou comercial, a ser cultivada em sua propriedade. Percebe-se ainda, que muitos agricultores desconhecem os custos de produção destas culturas e acabam negociando com margens de lucro menores. Diante disso, é fundamental um estudo do desempenho econômico destas culturas que fazem parte de suas atividades.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo estão abordadas questões teóricas consideradas relevantes para o estudo dos resultados financeiros do milho-doce (verde) e comercial.

2.1 ADMINISTRAÇÃO RURAL

As constantes mudanças no cenário mundial trazem conseqüências importantes para os setores produtivos, principalmente para a agricultura. É importante saber produzir, mas antes disso, é fundamental conhecer as técnicas de negociação para a compra e venda de insumos e produtos, as relações trabalhistas, os problemas fiscais e tributários, enfim todos os pontos que envolvem a gestão administrativa e financeira da propriedade rural, melhorando a capacidade gerencial do produtor (DEBÉRTOLIS, 2005).
A partir desta realidade, as mudanças são significativas e atingem a todos, portanto é essencial que o produtor rural tenha comportamento adequado para gerenciar suas atividades e sua propriedade de forma a permanecer e se fortalecer num mercado cada vez mais competitivo e onde a eficiência, eficácia são palavras fundamentais para a sobrevivência (DEBÉRTOLIS, 2005).
Para Crepaldi (2005, p. 24), a administração rural é "um conjunto de atividades que são desenvolvidas para propiciar ao produtor maior facilidade nas tomadas de decisões".
Crepaldi (1998) comenta que é muito importante o produtor rural ter noções das condições do mercado atual e futuro e também dos recursos naturais necessários para desenvolver suas atividades no campo, para que desta forma saiba o que e como plantar. Após a colheita, devera saber a melhor hora de comercializar seu produto, e ao final deste ciclo, avaliar os resultados obtidos, e comparar com os previstos. O conjunto dessas ações de decidir o que, quanto e como produzir, controlando o andamento do trabalho, e avaliar os resultados alcançados se constitui o campo de ação da administração rural.
O conceito geral de administração rural está ligado à necessidade de controlar e gerenciar um número cada vez maior de atividades desenvolvidas dentro de uma propriedade rural. Qualquer tipo de ação desenvolvida pelo proprietário ou administrador de uma propriedade no sentido de controlar alguma coisa, é considerada administração rural. (ANTUNES; ENGEL 1999).
Neste sentido o administrador rural precisa ter uma formação básica, que envolve não apenas a administração e os custos de produção, mas também que seja capaz de moldar e adaptar sua propriedade à realidade que o mundo atual apresenta (ANTUNES; ENGEL, 1999).

2.2 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO

"A administração da produção trata da maneira pela qual as organizações produzem bens e serviços" (SLACK, et al, 1999, p.25). Os autores comentam que tudo que nos vestimos, comemos, e usamos, chegou até nós graças a um gerente de produção.
A função da produção é central para a organização, porque produz bens e serviços que são a razão de sua existência, mas não é a única, e nem a mais importante (SLACK, et al, 1999, p.29). As organizações possuem outras funções, cada uma com a sua responsabilidade específica, mas todas estão ligadas a produção, através dos objetivos organizacionais comuns.
"Administração da produção trata da maneira pela qual as organizações produzem bens e serviços" (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2002, p. 29).
A função produção pode ser entendida como um conjunto de atividades que levam à transformação de um bem tangível em outro, porém com maior valor agregado (MARTINS; LAUGENI, 2002, p. 1). Os autores ainda dizem que todas as atividades desenvolvidas por uma empresa visando atender seus objetivos de curto, médio e longo prazo, se inter-relacionam de forma complexa, pois dependem uns dos outros. Estas atividades tentam transformar insumos (matérias-primas) em produtos acabados, e para isso acabam consumindo recursos e nem sempre agregam valor ao produto final. Os autores concluem que o gerenciamento eficaz destas atividades é o objetivo da administração da produção.

2.3 LUCRATIVIDADE

O lucro de uma empresa pode ser visto como o resultado econômico dela, sendo assim, é a diferença entre o que a empresa vendeu, ou seja, suas receitas, e todos os gastos que teve (GROPPELLI; NIKBAKHT, 2002). A lucratividade indica o percentual de ganho obtido sobre as vendas realizadas em determinado período. A taxa de lucratividade é calculada da seguinte forma: lucro líquido, dividido pelo investimento.
Para Caíres (2007), ao analisarmos o fator lucratividade, podemos consideram principalmente o aumento do preço pago pela indústria ou empresas do agronegócio, ou diminuição do custo de produção. Se o preço pago ao produtor aumentar, com certeza a rentabilidade do produtor também aumentará. E também o mesmo se aplica se o custo de produção diminuir. Entretanto estes fatores na maioria das vezes não estão em poder do produtor rural. E os produtores acabam se sujeitando aos preços praticados pelo mercado.
No decorrer das atividades da propriedade poderá haver a existência de lucro ou prejuízo, tudo dependerá das ações tomadas pelo produtor. Tudo é decorrente de atitudes apropriadas nos momentos apropriados (BATALHA, 2001).
O produtor deve estar constantemente monitorando os seus gastos, nas mínimas coisas, em especial os custos fixos, pois "escondidos" dentro deles é que está o perigo dos gastos desnecessários. Todos estes gastos vão reduzindo paulatinamente a lucratividade da propriedade (BATALHA, 2001).

2.4 DIVERSIFICAÇÃO AGRÍCOLA

A realidade da agricultura no Brasil faz com que os produtores rurais elaborem estratégias que aumentem suas rendas e melhorem a condição de vida. A diversificação é vista como uma destas estratégias (BATALHA, 2001).
A diversificação já é uma estratégia freqüente entre agricultores brasileiros. O esforço da diversificação destina-se a ampliar o leque de produtos comercializados pelos produtores rurais (BATALHA, 2001).
"Diversificação agrícola é o exercício simultâneo e sucessivo, de várias atividades" (PERES et al, 2003). Estas atividades tornam a propriedade mais competitiva e flexível a possíveis alterações de mercado, como queda dos preços por exemplo.
Em pequenas propriedades a diversificação das atividades é importante, pois há falta de áreas para expansão. Também promove o mercado de trabalho fazendo com que a população fique no meio rural e cria oportunidades de negócio e desenvolve a localidade (PERES et al, 2003). Contudo os autores ressaltam que este processo deverá acontecer de forma gradativa, para que, no caso de uma atividade não corresponder às expectativas, os impactos não sejam significativos.
Batalha (2001) comenta que os grandes produtores rurais, em geral, utilizam quase toda a sua área para o cultivo ou criação de uma única atividade. Quando há outras atividades, são em pequena escala. Esta produção exclusiva de uma única atividade acaba submetendo a propriedade a um risco maior, seja pelas variações econômicas, pelo risco climático ou ainda por problemas fitossanitários.
Batalha (2001) ainda diz que a dedicação exclusiva a um único produto não apresenta somente aspectos negativos, pois oferece também vantagens na especialização e pela produtividade em escala. Mas o autor recomenda que a propriedade não se submeta a um único produto, é importante que tenha uma segunda atividade com produção acima da escala mínima, para reduzir os riscos da atividade e garantir a propriedade rural maior base financeira.
Para Caíres (2007) a diversificação de culturas possibilita bons resultados para o produtor, pois, possui uma propriedade pequena e também conta com pouco capital. Utilizar pequenas áreas para cultivar várias culturas diferentes diminui o risco de insucessos, gerando aumento da produção, da lucratividade, além de proteger o solo.
Caíres (2007) ressalta que antes de iniciar estes cultivos, os produtores precisam identificar quais as culturas mais apropriadas para sua realidade, considerando o tipo de solo, a realidade agrícola local, a disponibilidade de água e as condições climáticas.
Outro importante ponto da diversificação é o fato do produtor não depender exclusivamente dos rendimentos de uma única cultura, pois, ele pode comprometer sua renda se esta cultura não produzir bem (CAÍRES, 2007, p. 1).

2.5 CUSTOS

O custo é uma parcela do gasto que se aplica a produção ou em qualquer outra função de custo, pode ser desembolso ou não. O custo também pode ser entendido como o somatório de todos os valores agregados ao bem desde sua aquisição até ele estar pronto para a comercialização (DUTRA, 2003, p. 33).
Custo é um "gasto relativo a um bem ou serviço utilizado na produção rural" (CREPALDI, 1998). Para o autor "são todos os gastos relativos a atividade de produção".
"Custo é o gasto relativo a bens ou serviços utilizados na produção de outros bens ou serviços" (MARTINS, 2006 p. 25).

2.5.1 Custo de Produção

Os custos de produção ocorrem nos setores produtivos, e estão literalmente ligados a produção (DUTRA, 2003). Por exemplo: matérias-primas, mão-de-obra, e demais custos indispensáveis a elaboração dos produtos.
Todos os gastos incorridos no processo de produção de bens e serviços são custos de produção (MARTINS, 2006), ou seja, é a soma dos custos primários com os custos indiretos de fabricação. Mas é importante ressaltar que após o produto pronto, os demais gastos incorridos, não são custos de produção.

2.6 CARACTERISTICAS DO MILHO COMERCIAL

O milho é uma cultura anual, estival (que nasce ou produz no verão), ereta, com baixo afilhamento (não perfilha), monóico-monoclina (planta de flores unissexuadas), classificada no grupo das plantas C-4, possui ampla adaptação a diferentes condições de ambiente. Para obter o máximo potencial produtivo, o milho requer temperatura alta, ao redor de 24 e 30°C, radiação solar elevada e boa disponibilidade hídrica do solo (FORNASIERI, 1992).
As espiguetas masculinas são reunidas em espigas verticiladas terminais. O grão do milho é um fruto, denominado cariopse, em que o pericarpo está fundido com o tegumento da semente propriamente dito. As espiguetas femininas se soldam num eixo comum em que várias ráquis estão reunidas (sabugo) protegidas por brácteas (espiga de milho). A flor feminina apresenta um único estigma (barba-do-milho) (FORNASIERI, 1992).
O grão de milho é utilizado principalmente para consumo humano e animal, sendo um alimento essencialmente energético, pois seu principal componente é o amido. O teor de proteína normalmente encontrado no grão está na faixa de 9 a 11%. Além de apresentar baixo teor, a qualidade da proteína é inferior a dos demais cereais, já que maior parte é constituída pela zeína, que é pobre nos aminoácidos lisina e triptofano (MORETTI; HENZ, 2003).

2.7 CARACTERÍSTICAS DO MILHO DOCE

O milho doce apresenta em média de 1,30 a 2,50 m de altura, o caule é: ereto, cilíndrico, fibroso, separado em porções por gomos, e, geralmente, recoberto por uma parte da folha, denominada bainha. Já as folhas possuem um tamanho variado de médio a grande, cor verde-escura a verde-clara, são flexíveis e tem uma nervura central branca, lisa e bem visível. O milho produz flor masculina (flecha ou pendão) em sua parte mais alta, onde são produzidos os grãos de pólen e a flor feminina (espiga) localizada na região mediana da planta. Cada fio (cabelo) que sai da espiga, após ser fecundado produz um grão de milho (MORETTI; HENZ, 2003).
O milho doce (verde) produz bem em épocas do ano onde a temperatura varia de média a alta com boa disponibilidade de água no solo durante todo o ciclo da planta. A colheita de espigas é feita, quando os grãos estão em estado leitoso, ou seja, ainda verde. Os grãos maduros e secos ficam totalmente enrugados, devido ao seu baixo teor de amido na sua composição (MORETTI; HENZ, 2003).
A variedade mais cultivada de milho doce (verde) no Brasil é o híbrido Tropical Plus desenvolvido e comercializado pela Syngenta. Além do Tropical Plus, a Syngenta também possui o híbrido RB6324 e o híbrido Explendor que está em fase de introdução no mercado. A empresa Dow Agroscience possui o híbrido SWB551, porém com pouca expressão de plantio no Brasil (PEREIRA; CRUZ, 2003).
A principal diferença entre o milho doce (verde) e o milho comercial é a presença de alelos mutantes que impedem os açúcares de se converterem em amido, no endosperma, conferindo o caráter doce, isso torna o milho doce enrugado e translúcido quando seco (MORETTI; HENZ, 2003). As características exigidas pelo mercado consumidor de milho doce (verde) também são diferentes das do milho verde comum. As indústrias preferem cultivares que possui maior teor de açúcar e menor teor de amido, e também exigem uniformidade na maturação, tamanho e formato das espigas. Os autores, dizem, ainda que "a textura e a espessura do pericarpo do grão também são fatores de qualidade do milho verde" (MORETTI; HENZ, 2003).
O milho doce (verde) (Zea mays L.) classifica-se como especial e destina-se exclusivamente ao consumo humano. É utilizado principalmente como milho verde, tanto in natura como para o processamento pelas indústrias de produtos vegetais em conserva e congelados, é uma das principais culturas utilizadas para processamento industrial no Brasil (EMBRAPA, 1996d).
Moretti e Henz (2003) dizem que um dos fatores que impediu um maior aumento do consumo do milho doce foi a falta de cultivares adaptadas às nossas condições ambientais. Atualmente, devido ao crescente interesse por este mercado, algumas empresas do setor sementeiro mantêm programas de melhoramento genético, resultando em maior número de híbridos comerciais. Assim, torna-se fundamental estudar práticas de manejo mais adequadas a nossa região permitindo aos produtores ter informações técnicas suficientes para obter sucesso no cultivo desta cultura.

2.8 PROPRIEDADES E USOS DO MILHO DOCE (VERDE)

O milho doce pode ser utilizado de várias maneiras: em conserva, congelado, na forma de espigas ou grãos, desidratado, colhido antes da polinização e usado como baby corn ou minimilho e, ainda, após a colheita, a palhada da cultura pode ser utilizada para ensilagem (PEREIRA; CRUZ, 2003).
Para os produtores rurais pode ser uma fonte de renda compensadora tanto para processamento industrial, quanto para venda in natura, em virtude do alto preço unitário das espigas e do aproveitamento da parte vegetativa que pode ser usada como feno ou silagem de alta qualidade (PEREIRA; CRUZ, 2003).
O milho doce é um alimento muito saudável, rico em fósforo e ferro e com poucas calorias (EMBRAPA, 1996d). Existem muitas receitas feitas com este tipo de alimento. Este cereal pode ser incorporado tanto em receitas salgadas como em doces e sobremesas. O milho doce ajuda a ter uma digestão fácil e é muito fortificante, pois possui uma maior quantidade de óleo vegetal poli-insaturado do que o milho comum e outros cereais, Embrapa (1996d). Também possui boas qualidades nutricionais, contendo vários aminoácidos. Contém um alto teor de carboidratos, além de ser energético (cada 100 gramas de milho possuem cerca de 100 calorias).

2.9 MERCADO MUNDIAL DO MILHO DOCE

A importância econômica do milho está nas diversas formas de sua utilização, que vai desde a alimentação animal até a indústria de alta tecnologia. O uso do milho em grão como alimentação animal representa a maior parte do consumo desse cereal, isto é, cerca de 70% no mundo (SANTO, 2001).
O milho doce é muito popular nos Estados Unidos e no Canadá. Nesses países, ele é tradicionalmente consumido in natura (SANTO, 2001). Atualmente, a área mundial cultivada é de 1.080.000 hectares, sendo 385.000 ha para processamento industrial e 695.000 ha para consumo in natura. Existem 343 fábricas de processamento, sendo 202 para enlatados e 141 para congelamento.

2.10 MERCADO NACIONAL DO MILHO

No Brasil o milho doce (verde) é uma hortaliça voltada principalmente para o processamento industrial, e ainda pouco utilizado para o consumo in natura pelo pouco número de cultivares adaptadas ao clima tropical (MORETTI; HENZ, 2003).
Em nosso país a produção concentra-se nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, e principalmente Goiás e Distrito Federal onde está concentrado o maior plantio (FORNASIERI, 1992). Já na região nordeste, o produto é consumido principalmente na forma de espiga, e possui muita importância econômica devido ao grande consumo regional e a utilização como matéria prima de muitos pratos da culinária local.
A área nacional cultivada é de aproximadamente 33 mil ha, possuindo 19 indústrias de processamento. O milho doce no Brasil movimenta em torno de 550 milhões de reais por ano (SANTO, 2001).
O milho doce é cultivado durante todo o ano utilizando-se irrigação e o escalonamento da produção, permitindo assim um fluxo constante do produto para a comercialização e industrialização (EMBRAPA, 1996d). Este seguimento tem crescido nos últimos anos e a tendência é continuar em ascensão, visando principalmente o mercado para exportação. O Brasil é um grande produtor de milho comum, e apresenta grande potencial para a produção de milho doce. Porém, em virtude do pouco conhecimento por parte dos consumidores e dos produtores e da pequena disponibilidade de sementes, seu cultivo tem sido restrito. O milho doce vem se tornando uma importante cultura no país, podendo ser uma alternativa agronômica rentável, segundo a Embrapa (1996d).
No Brasil, com a expansão do mercado de milho doce para a indústria de enlatados, algumas empresas vêm desenvolvendo programas de melhoramento para produção de cultivares de milho doce adaptadas ao clima de cada região (FORNASIERI, 1992).

2.11 MILHO NO PARANÁ

O milho doce passou a ter uma importância econômica não somente a nível nacional, mas também a nível regional, pois algumas indústrias que aqui se instalaram fomentam o seu cultivo e beneficiam a produção (SANTO, 2001). Com o crescente aumento do consumo regional e a utilização como matéria-prima em muitos pratos da culinária, muitas empresas viram nessa cultura um nicho de mercado, aproveitando esta aceitação que o produto possui.
No estado do Paraná são plantados 1.600 ha de milho doce e existe uma indústria de processamento no segmento de congelado e enlatado (SANTO, 2001).

2.12 UNIDADE INDUSTRIAL DE VEGETAIS

A Unidade Industrial de Vegetais (UIV) é uma indústria que opera com hortifruticultura (abrange produtos da horticultura e da fruticultura) e vegetais, destacando-se, milho doce, batata inglesa, couve-flor, brócolis e cenoura congelamento e conservas. Ocupando uma área de 7.120 m² em terrenos de 288 mil m², esta unidade industrial oferece 180 empregos diretos, e envolve produtores associados. Operara simultâneamente nas linhas de congelados e conservas, características inéditas no país (LAR, 2005).
Construída em parceria com o município de Itaipulândia e inaugurada no dia 14 de novembro de 1998, a indústria tem por objetivo viabilizar as pequenas propriedades rurais lindeiras ao lago da Hidrelétrica de Itaipu, a mão-de-obra da família associada e agregar valor à produção de hortifruticultura da região (LAR, 2005).
Os vegetais produzidos pela Unidade Industrial de Vegetais, com certificação ISO 9001:2000, em cadeia integral, oferece ao consumidor produtos 100% naturais, sem conservantes o ano inteiro, como milho doce, cenoura, couve-flor, brócolis, batata, ervilha, mandioca, vagem e seletas em portfólio de congelados e conservas de qualidade internacional e sabor natural, também rastreáveis (LAR, 2005).

3 ANÁLISE E DESCRIÇÃO DA PESQUISA

O objetivo desta pesquisa foi estudar a rentabilidade das culturas de milho doce e comercial, para verificar qual apresenta melhor resultado financeiro ao produtor rural.
A pesquisa foi desenvolvida na propriedade do Sr. Amantino Luiz Donini, localizada na Linha Santa Inês, município de Itaipulândia (PR). Na coleta dos dados utilizou-se as informações de um ciclo da cultura, a safra 2010. Ressalta-se que o mesmo é integrado a Cooperativa Agroindustrial Lar.
Os dados apresentados a seguir, levam em consideração que o produtor já possui um sistema de irrigação, modelo pivô central, que adquiriu com recursos próprios.
No cálculo do custo de produção não foi considerado a mão de obra familiar, somente a mão de obra de fora da propriedade, (terceirizada).
Para a elaboração das tabelas, na parte das receitas, foram consideradas as receitas brutas obtidas em cada atividade. E para as despesas, foram consideradas as que participam de forma direta, nas culturas estudadas.
A seguir serão apresentados os resultados da pesquisa.

3.1 RECEITAS E DESPESAS DO MILHO COMERCIAL

A tabela 1 mostra o custo de produção do milho comercial, descrevendo todos os insumos necessários para o cultivo, do plantio até a colheita:
 
CUSTO DE PRODUÇÃO DE MILHO COMERCIAL/ ha

INSUMOS
DESCRIÇÃO QUANTIDADE VALOR UNITÁRIO EM (R$) VALOR TOTAL EM (R$)
SEMENTE TRATADA (SC) 1,0 421,90 421,90
ADUBO 8-20-15 (SC) 7,0 43,00 301,00
SULFATO DE AMÔNIA (SC) 5,0 32,30 161,50
DISSECANTE GLIFOSATO (L) 4,0 7,50 30,00
ÓLEO MINERAL (L) 1,0 6,00 6,00
HERBICIDA PÓS EMERGENTE (L) 7,2 16,30 117,36
INSETICIDAS INICIAIS (L) 0,5 53,66 53,66
INSETICIDA FISIOLÓGICO (L) 0,1 44,63 44,63
SUBTOTAL 1.196,05

OPERAÇÕES
TRANSPORTE INTERNO (insumos) 1,0 15,00 15,00
DISSECAÇÃO 1,0 20,00 20,00
PLANTIO 1,0 50,00 50,00
APLICAÇÃO DE SULFATO 2,0 40,00 80,00
APLICAÇAO DE HERBICIDA 1,0 20,00 20,00
APLICAÇÃO DE INSETICIDA 1,0 20,00 20,00
COLHEITA (7%) SC 10,0 17,00 170,00
TRANSPORTE (2%) SC 2,9 17,00 49,30
IRRIGAÇÃO (R$) 150,00 150,00 15 150,00
ESTERCO DE FRANGO (toneladas) 5,0 50,00 250,00
SUBTOTAL 824,30
CUSTO TOTAL R$ 2.020,35
FONTE: Pesquisa Direta ? 2010.
TABELA 1?CUSTO DE PRODUÇÃO DO MILHO COMERCIAL.

A tabela 1 mostra claramente todos os gastos do plantio até a colheita do milho comercial, os dados foram obtidos com base na safra 2010. O total dos custos para a produção do milho comercial é de R$ 2.020,35 por hectare.
A tabela 2 mostra a receita bruta do milho comercial:
 

RECEITA BRUTA DE MILHO COMERCIAL/ha
DESCRIÇÃO QUANTIDADE VALOR UNITÁRIO (R$) VALOR TOTAL (R$)
PRODUÇÃO EM SACAS (60 kg) 160 17,10 2.458,20
(-) FUNRURAL 2,30% 62,93 62,93
RECEITA BRUTA 2.673,07
FONTE: Pesquisa Direta ? 2010.
TABELA 2 ? RECEITA MILHO COMERCIAL.

A tabela 2 demonstra a receita bruta obtida com a venda do milho comercial, onde observa-se um resultado de 160 sacas (60 kg) por hectare, com um preço médio de comercialização em torno de R$ 17,10, obtemos R$ 2.673,07 de receita bruta, já descontado o funrural.
Para calcular a receita líquida do milho comercial foi utilizada a seguinte fórmula:
RECEITA LÍQUIDA = TOTAL DAS RECEITAS ? TOTAL DAS DESPESAS.
Então:
RECEITA LÍQUIDA = 2.673,07 ? 2.020,35 = 652,72.
Pode-se observar que o resultado líquido da cultura do milho comercial é de R$ 652,72 por hectare.

3.2 RECEITAS E DESPESAS DO MILHO DOCE

A tabela 3 apresenta o custo de produção do milho doce, descrevendo todos os insumos necessários para o cultivo do milho doce, do plantio até a colheita.

CUSTO DE PRODUÇÃO DE MILHO DOCE/ ha
INSUMOS
DESCRIÇÃO QUANTIDADE VALOR UNITÁRIO EM (R$) VALOR TOTAL EM (R$)
SEMENTE (SC) 1,2 324,00 388,80
ADUBO 8-20-15 (SC) 7,0 43,00 301,00
SULFATO DE AMÔNIA (SC) 5,0 32,30 161,50
DISSECANTE GLIFOSATO (L) 4,0 7,50 30,00
ÓLEO MINERAL (L) 1,0 6,00 6,00
HERBICIDA PÓS EMERGENTE (L) 7,2 16,30 117,36
INSETICIDAS INICIAIS (L) 1,0 107,26 107,26
INSETICIDA FISIOLÓGICO (L) 1,0 133,65 133,65
SUBTOTAL 1.305,57

OPERAÇÕES
TRANSPORTE INTERNO (insumos) 1,0 15,00 15,00
DISSECAÇÃO 1,0 20,00 20,00
PLANTIO 1,0 50,00 50,00
APLICAÇÃO DE SULFATO 2,0 40,00 80,00
CONTÍNUA
CONTINUAÇÃO
APLICAÇAO DE HERBICIDA 1,0 20,00 20,00
APLICAÇÃO DE INSETICIDA 7,0 20,00 140,00
COLHEITA (toneladas) 15,0 20,00 300,00
TRANSPORTE (T) 15,0 15,00 225,00
IRRIGAÇÃO (R$) 150,00 150,00 150,00
ESTERCO DE FRANGO (toneladas) 5,0 50,00 250,00
SUBTOTAL 1.250,00
CUSTO TOTAL R$ 2.555,57
FONTE: Pesquisa Direta ? 2010.
TABELA 3 ? CUSTO DE PRODUÇÃO DO MILHO DOCE.

A tabela 3 apresenta todos os gastos do plantio até a colheita do milho doce, os dados foram obtidos com base na safra 2010. O total dos custos para a produção do milho doce é de R$ 2.555,57 por hectare.
A tabela 4 demonstra a receita bruta do milho doce:

RECEITA BRUTA DE MILHO DOCE/ha
DESCRIÇÃO QUANTIDADE VALOR UNITÁRIO (R$) VALOR TOTAL (R$)
PRODUÇÃO EM TONELADAS (T) 14,0 275,00 3.850,00
(-) FUNRURAL 2,30% 88,55 88,55
RECEITA BRUTA 3.761,45
FONTE: Pesquisa Direta ? 2010.
TABELA 4 ? RECEITA MILHO DOCE.

A tabela 4 demonstra a receita bruta obtida com a venda do milho doce, onde observa-se um resultado de 14 toneladas por hectare, com um preço médio de comercialização em torno de R$ 275,00 por tonelada, obtemos R$ 3.761,45 de receita bruta, já descontado o funrural.
Calculando a receita líquida do milho doce, tem-se o seguinte resultado:
RECEITA LÍQUIDA = TOTAL DAS RECEITAS ? TOTAL DAS DESPESAS.
Então:
RECEITA LÍQUIDA = 3.761,45 ? 2.555.57 = 1.205,88.
Pode-se observar que o resultado líquido da cultura do milho doce é de R$ 1.205,88 por hectare.

3.3 COMPARATIVO ENTRE O MILHO DOCE E O MILHO COMERCIAL

A tabela 5 apresenta um comparativo entre as duas culturas estudas:

MILHO COMERCIAL MILHO DOCE
CUSTO DE PRODUÇÃO R$ 2.140,35 R$ 2.555.57

RECEITA BRUTA R$ 2.673,07 R$ 3.761,45

RECEITA LÍQUIDA R$ 532,72 R$ 1.205,88

FONTE: Pesquisa Direta ? 2010.
TABELA 5 ? COMPARATIVO ENTRE O MILHO DOCE E O MILHO COMERCIAL.

A tabela 5 mostra as receitas e as despesas das duas culturas estudadas. A partir disso, identifica-se que o milho doce apresenta grande vantagem em relação ao milho comercial, sendo que sua receita líquida supera em 1,85 vezes o milho comercial.
Esta diferença de receitas é pelo fato do milho doce apresentar maior valor agregado em ralação ao milho comercial, devido as suas características próprias para o consumo, e sua produção ser destinada totalmente para industrialização.
Porém para se chegar neste resultado o produtor fez investimentos em irrigação e também cuidados com o solo.

4 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

4.1 CONCLUSÃO

O objetivo deste trabalho foi verificar, dentre as culturas do milho doce e do milho comercial, qual apresenta melhor resultado financeiro ao produtor rural, no período de 2010.
A diversificação de atividades econômicas para as pequenas propriedades é importante, pois, constitui-se em uma opção estratégica na política do desenvolvimento rural.
A dedicação exclusiva a um produto principal submete o empreendimento a um risco maior, seja pelas variações econômicas dos negócios agrícolas, seja pelo risco climático, ou ainda em razão de problemas fitossanitários.
A metodologia utilizada para a efetivação deste estudo foi o método qualitativo e quantitativo com característica exploratória e descritiva exploratória, pesquisa bibliográfica e documental. Além disso, realizaram-se visitas à propriedade rural e a Cooperativa Agroindustrial Lar.
Os pequenos produtores devem estar atentos às várias alternativas para agregação de valor aos seus produtos. Isto normalmente é difícil individualmente, por isso, é importante a organização destes pequenos produtores, seja em associações ou cooperativas, que se encarregarão em processar ou industrializar e padronizar a produção, agregando desta forma valores aos produtos e facilitando a comercialização, já que com volumes maiores, aumenta o poder de barganha de forma indireta dos produtores.
Quanto ao objetivo específico a): levantamento do custo de produção do milho doce e do milho comercial. Após a realização da pesquisa o resultado obtido foi o seguinte: tem-se um custo de produção de R$ 2.020,35 por hectare para o milho comercial, e de R$ 2.555.57 por hectare para o milho doce.
Percebe-se que o milho doce apresenta um custo maior de produção. Isso ocorre por que o milho doce por ser considerado uma hortaliça, é mais exigente que o milho comercial em alguns tratos culturais, como controle e manejo de pragas, onde exige um número maior de aplicação de inseticidas. Também o custo com colheita e transporte do milho doce é maior que do milho comercial por ser colhido em espigas dando assim maior volume. O milho comercial em estudo é geneticamente modificado, (transgênico, BT [bacilus turigiensis], resistente a lagarta do cartucho, considerada como uma das principais pragas do milho), isto evita fazer aplicações de inseticidas diminuindo o custo de produção.
Quanto ao objetivo específico b): levantamento dos resultados financeiros do milho doce e do milho comercial. Para o milho comercial, observa-se um resultado de 160 sacas (60 kg) por hectare, com um preço médio de comercialização em torno de R$ 17,10, obtemos R$ 2.673,07 de receita bruta. Já para o milho doce, observa-se um resultado de 14 toneladas por hectare, com um preço médio de comercialização em torno de R$ 275,00 por tonelada, obtemos R$ 3.761,45 de receita bruta, é importante destacar que nestes resultados já está descontado a taxa de 2,30% referente ao funrural.
Diante desse resultado, observa-se que a receita do milho doce é superior ao milho comercial. Isso ocorre porque o milho doce é um produto com maior valor agregado, e não sofre oscilações de preços por influência do comportamento do mercado. As exigências maiores com manejo de pragas e alguns tratos culturais do milho doce em relação ao milho comercial fazem com que seja mais difícil de produzir o milho doce, porém com este cuidado e dedicação maior do produtor resulta em maior retorno financeiro. O mercado consumidor de milho doce enlatado, congelado bem como in natura, suporta preços mais elevados o que permite remunerar melhor o produtor, isto, devido à lei de oferta e demanda, o que não ocorre com o milho comercial.
Quanto ao objetivo específico c): comparar os resultados observados. A receita líquida do milho comercial é de R$ 652,72 e do milho doce de R$ 1.205,88. Neste caso identifica-se que o milho doce apresenta grande vantagem em relação ao milho comercial. Sendo que a diferença do milho doce chega a R$ 553,16 sendo 2,26 vezes maior.
Em relação ao objetivo geral, foram levantados os custos de produção e os resultados financeiros do milho doce e do milho comercial, e o resultado foi que o milho doce dentro das condições apresentadas apresenta melhores resultados ao produtor rural.
A importância da diversificação das pequenas propriedades se confirma, analisando-se o faturamento que a propriedade do senhor Amantino Luiz Donini com o milho doce em relação ao milho comercial.
Nos últimos anos, muitas propriedades pequenas implementaram a diversificação, diante da necessidade de terem mais alternativas de receitas. Pode-se verificar a implantação e seu reflexo positivo à economia da propriedade do Sr. Amantino Luiz Donini, alvo desta pesquisa, e a participação da Cooperativa Agroindustrial Lar, colocando à disposição dos produtores, sua estrutura para a segurança e sucesso das atividades dos produtores associados.
Diante de todos os dados apresentados conclui-se que o milho doce é mais rentável ao produtor rural. Isso se concretizou devido ao fato da Cooperativa Agroindustrial Lar industrializar toda a produção de milho doce, tornando assim o preço superior ao milho comercial.

4.2 RECOMENDAÇÕES

4.2.1 Recomendações para a Empresa

Recomenda-se ao produtor que faça melhor controle da irrigação nas culturas. A instalação de um equipamento de monitoração permite que se irrigue no momento certo e sem desperdício de água e energia elétrica, bem como evita que seja irrigado abaixo da exigência da cultura.
Recomenda-se também, em conjunto com os agrônomos da Cooperativa Lar, que seja dividida a área irrigada em 3 talhões, para melhorar a rotação de culturas e de áreas, alternando plantios de milho, soja e feijão no verão, e brócolis trigo e aveia no inverno.
Também recomenda-se que seja melhorada a sistemática de controle de despesas e receitas de todas as atividades da propriedade, para ter um bom acompanhamento e análise de viabilidade de cada uma delas.

4.2.2 Recomendações para Trabalhos Futuros

Como sugestão, recomenda-se que outros estudos sejam realizados em diferentes propriedades, tanto para acompanhar as oscilações das margens de lucro de cada safra como também para verificar se a relação encontrada entre preço do milho comercial e do milho doce se aplica em outras propriedades e safras.
Recomenda-se também; realizar um estudo sobre a Unidade Industrial de Vegetais (UIV), da Cooperativa Lar, em Itaipulândia, mostrando a importância da indústria para as produtores rurais na agregação de renda para suas propriedades.
Também recomenda-se realizar um estudo sobre o milho doce, mostrando toda a cadeia de produção e suas diversas utilidades.

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