Muitas organizações acreditam na capacidade de aprendizagem através do erro. Como parte de uma “cultura que aprende”, os líderes dessas organizações reconhecem que após uma solução mal aplicada, as pessoas sentem-se motivadas a não praticá-la novamente mesmo que o erro cometido tenha sido por uma ação ou por omissão. Esta situação não elimina a ação corretiva de um líder, mas conscientiza o liderado a evitar errar dessa mesma forma no futuro.

Muita gente errou no passado e errará no futuro. A experiência mostra que como seres humanos não estamos fadados ao fracasso, mas estamos destinados a errar. Só não erra quem não decide, e mesmo quem não decide pode errar por não ter decidido. Talvez as palavras de E. Hubrard ilustrem perfeitamente o sentido do fracasso em função de um erro quando disse que “um fracassado é um homem que cometeu um erro e não é capaz de o transformar em experiência”.

No mundo empresarial vemos constantemente estes dois tipos de erro. É possível que o erro mais tolerável seja aquele causado por uma ação não muito bem planejada. Após a análise detalhada de todas as informações relevantes para a tomada de decisão (tendências de vendas/receita, lucro, investimento) e após a descrição apurada dos riscos mais importantes do projeto, é possível errar, não por causa de nossa incompetência, mas devido aos fatores do macro-ambiente organizacional que não controlamos como a política econômica, legislação, clima etc. Nesse sentido, a área de suprimentos é uma escola para a tomada de decisões. Com a negociação constante com fornecedores para atender a demanda adequada do estoque da empresa, o ambiente transforma qualquer funcionário em um líder decidido. Aliás, atualmente as empresas valorizam este tipo de profissionais.

Por outro lado, o erro por omissão não é bem visto no mundo empresarial. O fato de uma pessoa se omitir revela medo e insegurança na função exercida ou em si próprio. Esta atitude é tolerável quando reconhecemos a inexperiência de um estagiário ou trainee, mas é condenada quando acontece com funcionários experientes, com muito tempo de casa ou em nível gerencial ou estratégico.

Se omitir não esta simplesmente relacionado com não decidir, mas também com a demora na decisão, mesmo com as informações necessárias, quando outros dependem dela para a conclusão de suas entregas. A lentidão na decisão também pode ser causada por depender da decisão dos líderes de nossos líderes ou simplesmente por falta de conhecimento. O problema da omissão acontece quando a indecisão e a falta de comunicação se juntam, criando dúvidas na equipe e em todos os interessados, os chamados stakeholders. Pensar em comunicação é pensar em relacionamentos, e é com relacionamentos (trabalho em equipe, relação líder-liderado, negociação interna etc.) que conseguimos ser produtivos em benefício da organização.   

Todas as empresas tem práticas estabelecidas de como tratar os erros e os problemas decorrentes deles segundo sua intensidade e/ou conseqüências. Em todas as situações, é possível aprender com todos eles. Talvez este seja o motivo pelo qual um autor até hoje desconhecido escreveu que “o maior erro que você pode cometer, é o de ficar o tempo todo com medo de cometer algum”. Errar ou não errar? Por ação ou omissão? Eis a questão.