A necessidade do uso da geografia para o desenvolvimento de Pólos Econômicos: o caso do Pólo de Moda do Guará-DF.
Aluno de graduação do curso de Estudos Sociais - habilitação em Geografia da UPIS
Sob a orientação da professora
Edila Ferri ,Mestre em Gestão, Planejamento e Administração da Educação. Universidade de Brasília. Professora da UPIS




Resumo: Este artigo foi realizado com o objetivo de evidenciar a importância da geografia para o desenvolvimento de Pólos Econômicos e destacar a contribuição do geógrafo para o sucesso de empreendimentos econômicos e seu auxílio nos diagnósticos das áreas a serem modificadas para instalação de Pólos Econômicos. Mostra a necessidade de um mapeamento geográfico para a redução de riscos nos investimentos.


Palavras-chave: Geógrafo; Geografia, Espaço Polarizado; Desenvolvimento Econômico


Considerações preliminares

A necessidade do uso da geografia no desenvolvimento de Pólos Econômicos começa no espaço geográfico separado para tal uso. O espaço geográfico, segundo Andrade (1998, p. 32) ao contrário do espaço natural, é um produto da ação do homem. Para Andrade (1998, p.37) o espaço geográfico está sendo organizado de forma diferente nas várias regiões, conforme as circunstâncias, dentro de uma mesma região.

Para Corrêa (1998, p.55) a organização espacial é expressão da produção material do homem, resultado de seu trabalho social. Ainda para Corrêa (1998, p. 60-61) a organização espacial é o resultado humano acumulado ao longo do tempo. No capitalismo, este trabalho realiza-se sob o comando do capital, quer dizer, dos diferentes proprietários dos diversos tipos de capital.

Notadamente, o espaço tem um efeito sobre o processo de crescimento econômico, e como este artigo trata de espaço polarizado, podemos citar a concepção de espaço polarizado formulada por Perroux. Para ele a noção de Pólo é ligada à noção de dependência, de concentração e da existência de um grande centro. Mas todas as cidades ou centros têm papéis específicos no espaço, na divisão social do trabalho como na produção de bens e serviços.

Diante deste contexto, percebemos a organização espacial em conjunto com o capitalismo, formando assim um modo de produção de bens e serviços e a formação econômica de determinadas regiões, no caso deste Projeto a Cidade do Guará - DF.

O desenvolvimento econômico de Pólos instalados em diversas regiões inicia-se com a localização geográfica adequada para o empreendimento. De acordo com Pierre George (1978, p. 62) a localização geográfica das indústrias obedece a imperativos ou reage a solicitações cuja natureza e peso variam com as qualidades específicas das fabricações encaradas e ainda, de modo geral, a localização de um estabelecimento industrial ou de um conjunto de indústrias se explica pela procura dos melhores preços de custo, energia, mão-de-obra, obtenção de créditos, facilidades de acesso aos mercados de venda e transportes.
Para Pierre George (1978, p.65) a observação, e especificamente a observação cartográfica, mostra que a distribuição geográfica das indústrias leves é muito mais difusa do que a das indústrias pesadas. Entre essas indústrias, as de luxo, as sensíveis à moda, procuram a proximidade dos fortes mercados urbanos.

Diante dos exemplos citados percebemos a necessidade de um mapeamento geográfico que irá reduzir os riscos do investimento, determinando uma melhor localização para o empreendimento, a melhor área de influência de uma região.

Segundo Andrade (1998, p.309) uma cidade não é apenas uma área onde existe um aglomerado de habitantes e de pessoas, nem vive apenas em funções de contingentes populacionais que nela habitam, trabalham, estudam e se divertem. Para Andrade, há em cada cidade um relacionamento interno entre os que nela habitam e um relacionamento externo entre os seus habitantes e as pessoas que a procuram para negócios ou utilização de serviços.

De acordo com Vasconcelos (1988, p.293) a cidade do Guará ? DF, foi criada para solucionar o problema de falta de moradia em Brasília, sendo que a atividade industrial é incipiente, quase nula, mas o grande anseio da comunidade, para Vasconcelos (1998, p.321) é a melhoria das condições para uma vida própria, mais independente do Plano Piloto, através de um comércio mais forte, um pouco mais de indústria e serviços. O anseio da comunidade pode estar perto de se concretizar, pois conforme a Secretaria de Coordenação das Administrações Regionais - SUCAR, o setor empresarial da Cidade do Guará foi ampliado em 2000, com a implantação da Área de Desenvolvimento Econômico ? ADE, conhecida também como Pólo de Moda, onde foram assentadas 420 novas empresas, fábricas e pequenas indústrias, introduzindo um comércio mais forte e trazendo indústrias e serviço para a Cidade.


O auxílio da Geografia nos diagnósticos das áreas a serem modificadas para a instalação de Pólos Econômicos: O caso do Pólo de Moda do Guará.

Segundo Ross (2000, p.14) qualquer interferência na natureza, pelo homem, necessita de estudos, que levem ao diagnóstico, ou seja, a um conhecimento do quadro ambiental onde vai atuar. No livro elaborado pelo IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis e o MMA - Ministério do Meio Ambiente (1995, p.45) é da competência legal do OEMA - Órgãos Estaduais de Meio Ambiente ou do IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, licenciar as atividades consideradas modificadoras do meio ambiente.

A área destinada ao Pólo de Moda teve seu início sem esses diagnósticos ou mesmo licença ambiental, o que ocasionou a falta de terraplenagem, provocando desníveis de até 1,5 m e segundo a presidente da Associação do Pólo de Moda, Maria Lourdes Coelho diz em entrevista ao Correio Braziliense (28-01-2001) que um lençol freático raso, aflorou em meio às construções, provocando estragos nos empreendimentos. Também em entrevista ao Correio Braziliense (28-01-2001) o secretário de Desenvolvimento Econômico, Lázaro Marques, disse reconhecer os problemas, mas considerou mais importante entregar os lotes rapidamente aos empresários para que acelerassem o processo de geração de emprego e renda.

Para Ross (2000, p.16) no ambiente, como na questão da saúde, é preciso ter uma postura mais voltada para o preventivo do que para o corretivo.

No Roteiro básico de termo de referência para o EIA/RIMA (Estudo de Impacto Ambiental / Relatório de Impacto Ambiental) e outros documentos técnicos exigidos para o licenciamento ambiental, no livro elaborado pela IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis e o MMA - Ministério do Meio Ambiente, (1995, p. 50) a delimitação da área de influência do empreendimento deverá ser feita para cada fator natural: solos, águas superficiais, águas subterrâneas (lençol freático), atmosfera, vegetação, flora etc.

Devido à forte atração que o DF exerce, sobretudo do ponto de vista político-administrativo, faz com que haja um grande fluxo migratório oriundo das mais diversas regiões do país, acarretando uma conseqüente demanda por geração de emprego e renda.

Dessa forma, o geógrafo deve atentar-se aos inúmeros núcleos urbanos existentes ao redor das grandes metrópoles, dando assim, uma importância a mecanismo que surgem e que através deles se formam os centros regionais.

Tais centros acabam por se tornar fortes áreas de expansão econômica e hegemônica, caracterizadas pela interdependência das influências comerciais e das aglomerações urbanas.

Andrade (1970) sintetiza esta linha de pensamento afirmando que cada região se organiza em torno de um centro, que pode ser chamado de Pólo ou Nó. Centro que não só polariza em torno de si, como domina e orienta a vida econômica da sua área de influência.

Assim, o DF, e toda sua área limítrofe, surge como alternativa para o desenvolvimento econômico, contudo, é necessário se fazer antes, estudos que possibilitem um crescimento sustentável e que venha dar importância às redes de transportes e de moradias, para que o fluxo populacional seja racional e metodológico.

Como afirma Andrade (1970) o aparecimento de um Pólo, cria aglomeração de população que estimulará o crescimento acelerado dessas demandas.

Como base para o artigo destacamos o Pólo de Moda do Guará, que surgiu no ano de 2000, por meio da criação do Programa de Promoção do Desenvolvimento Econômico Integrado e Sustentável do Distrito Federal ? PRÓ-DF, através da Lei nº 2.427, de 14 de julho de 1999 publicadas no DODF ? Diário Oficial do Distrito Federal de 15.07.1999 e republicada no DODF ? Diário Oficial do Distrito Federal de 15.12.1999.

Capítulo V - Disposições Finais - Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput aos empreendimentos instalados ou a se instalar na Quadra 40 do Guará II, Setor de Oficinas da Candangolândia e Região Administrativa de Santa Maria - RA XIII, sem prejuízo dos benefícios previstos na Lei Complementar n° 28, de 1° de setembro de 1997.


A intenção era atrair os empresários locais com um pacote de incentivos para as suas empresas. Entre as facilidades estão as isenções de impostos como IPTU, ISS e ICMS, desconto nos preços de lotes, redução de tarifas de água, luz e lixo e linhas especiais de crédito.

Em um ano e meio o GDF - Governo do Distrito Federal, criou 12 áreas de desenvolvimento econômico, onde as empresas selecionadas pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico ? SDE poderiam se instalar.

Pelo projeto inicial, o Pólo de Modas do Guará abrigava confecções de roupa, o setor de calçados e o comércio e indústria de bijuteria. Um dos requisitos básicos para ter empresa no Pólo de Moda era gerar emprego. O GDF - Governo do Distrito Federal doou os terrenos e em troca exigiu que cada comerciante criasse empregos.

Através de benefícios e da área destinada, o Pólo de Moda do Guará, em princípio, tinha tudo para atrair diversos empresários no segmento de moda e criar na Cidade do Guará uma excelente área de desenvolvimento econômico. Com o passar dos anos, o que se viu não foi o crescimento econômico, mas o crescimento de problemas diversos.

Mostraremos a importância da geografia para o desenvolvimento de Pólos Econômicos na cidade do Guará - DF, destacaremos a contribuição do geógrafo para o sucesso de empreendimentos econômicos e seu auxílio nos diagnósticos das áreas a serem modificadas para instalação de Pólos Econômicos e sua qualificação como o profissional indicado para analisar, diagnosticar e aprovar as áreas destinadas para Pólos Econômicos, no que se refere às questões ambientais, físicas e econômicas. Mostraremos a necessidade de diagnóstico para redução de riscos nos investimentos e a necessidade de documentos exigidos para o licenciamento ambiental, antes de iniciar as atividades consideradas modificadoras do meio ambiente.

Em princípio, podemos dizer que por ignorar ou desconhecer o espaço, muitos empresários fecham as portas ou investem um valor superior ao planejado inicialmente e geralmente por que agem com uma postura mais voltada para o corretivo e não para o preventivo. Caso o Governo e os empresários tivessem adotado uma postura preventiva, teriam contratado os serviços e assessoramento de um geógrafo.

Para Mota (2003) teoricamente, um exame sob o ponto econômico deve ser feito através de uma análise custo-benefício, de forma a determinar um nível ótimo de controle ambiental. Para ele, este nível ocorreria quando a sobra das despesas com o controle e com os custos dos danos resultantes da degradação ambiental atingisse o valor mínimo.

Segundo Mota (2003) o processo de urbanização provoca modificações no meio ambiente, alterando suas características. Para ele as formas de relevo de uma determinada área têm grande influência no seu processo de ocupação, e são, geralmente, bastante alteradas pelo mesmo. A topografia de uma área pode influir no processo de urbanização.

O relevo da área destinada ao empreendimento, segundo especialistas, é suave ondulado, que sofre com subidas e descidas alternadas e consecutivas, o que culminou em desníveis de até 1,5 metros entre as obras de uma mesma quadra, fazendo com que o Pólo não se tornasse atraente ao consumidor.

As obras no Pólo de Moda do Guará iniciaram sem licença ambiental, o que caracteriza um erro gravíssimo, pois isso ocorreu com o consentimento e autorização do Governo local.

Foi descoberto que em boa parte da área que envolve mais de 100 lotes, havia um lençol freático raso, que em alguns casos, a água estava a apenas 40 centímetros da superfície. O lençol freático transformou algumas obras do Pólo em verdadeiras piscinas, paralisado seu andamento por alguns dias. Isso tudo teria sido evitado se um geógrafo tivesse feito um diagnóstico detalhado de toda a área do Pólo, para que as obras iniciassem com licença ambiental e um estudo de impacto ambiental, agindo de maneira preventiva e não corretiva. Locais com lençol freático elevado podem ser considerados como áreas de risco e sua ocupação deve ser evitada. Por sorte, na área do Pólo de Moda do Guará havia um lençol freático raso, evitando o cancelamento do empreendimento.

O planejamento e assessoramento dado por geógrafo deve ser feito com o objetivo de disciplinar o uso-ocupação e não criar empecilhos ao desenvolvimento do empreendimento. O planejamento deve ter um caráter de disciplinamento do uso do solo, permitindo a ocupação de áreas das suas características ambientais.

Segundo Mota (2003) a previsão dos impactos ambientais que poderão resultar dos diversos usos do solo, em uma cidade, deve servir de base para a adoção de medidas de proteção do meio ambiente.

Outro fator determinante para que se conclua que o conhecimento espacial é necessário no desenvolvimento de Pólos Econômicos é o mapeamento geográfico que reduz os riscos de investimentos. A análise da região a ser polarizada exige uma pesquisa minuciosa para determinar a melhor localização para o empreendimento, a melhor área de influência, o que certamente o geógrafo fará, utilizando-se de todos os recursos disponíveis, como: Mapeamento, GPS, Imagem de Satélite, Fotos Aéreas, Levantamento em campo, Banco de dados, Pesquisa em campo, Pesquisa telefônica entre outros.

Para melhor atender um público-alvo, as empresas do Pólo de Moda do Guará, deveriam dispor de informações relevantes sobre seu campo de atuação, seu negócio, sua concorrência e especialmente seus cliente e usuários, no caso do Pólo o segmento de moda. O geógrafo, através de um processo de pesquisa de geomarketing, definiria o problema e os objetivos da pesquisa, desenvolvendo um plano de pesquisa, coleta de informações, análise das informações e apresentação de resultados.

O objetivo final de uma análise de Geomarketing, feita por um geógrafo, baseada no mapeamento geográfico das informações inclusas no banco de dados e outras fontes (IBGE, Administrações, análise em campo, etc.), relaciona-se com a necessidade de explorar os dados de bases tabulares como consumo, clientes, faturamento e transformá-los em informação, para determinar a melhor localização para o empreendimento.

Em pesquisa de campo no Pólo de Moda do Guará, percebeu-se que o local está mais associado a um Centro Comercial de Confecções do que um Pólo comercial ou industrial de Moda. No que se refere a um Pólo Comercial de Moda, o espaço é destinado à intensificação do uso comercial de confecção de artefatos diversos de tecidos, além de sapatos e acessórios de vestuário, ou seja, uma grande variedade de lojas, produtos e serviços.

Em um Pólo Industrial de Moda estão agrupados fábricas e indústrias têxteis de origem vegetal e animal, onde há o beneficiamento de algodão, devendo obrigatoriamente ter em suas instalações locais apropriados para lavagem de lãs, alvejamento e tingimento dos tecidos. Estas indústrias, classificadas geralmente como pesadas, por emissão de determinados poluentes, merecerão maiores cuidados quanto à localização em relação às áreas receptoras sensíveis, como zonas residenciais, escolas, áreas de lazer etc.

No Pólo de Moda do Guará, o que se vê são lojas de confecção de uniformes e revendedoras de roupas. Pelo projeto inicial, o Pólo de Modas do Guará abrigava confecções de roupa, o setor de calçados e o comércio e indústria de bijuteria o que passados seis anos não ocorreu. O principal segmento do Pólo de Moda do Guará, hoje, é de confecção, o que caracteriza o local como um Pólo de Confecção.

Por meio de dados obtidos no questionário, realizado junto aos empresários do Pólo de Moda do Guará, percebemos que a análise das respostas revela que o Pólo de Moda sugere apenas um tipo principal de referência: um centro de indústria e comércio de vestuário. Quanto aos fatores de atração e repulsão, foi considerado pelos entrevistados que o principal atrativo é a quantidade de lojas, pois havendo concorrências, fica mais fácil a negociação da mercadoria, pelo cliente. Em relação aos fatores que provocam repulsão, foi considerado pelos entrevistados que as empresas que não são do ramo de vestuário, estariam atrapalhando o bom andamento do Pólo, pois para eles o nome já sugere que as lojas sejam todas do mesmo segmento.

Quando questionados se o Pólo de Moda, no ponto de vista econômico, tem atendido os seus anseios, 90% dos entrevistados responderam que sim, apesar da faltar, ainda, infra-estrutura no local. Com o objetivo de investigar as relações do Pólo de Moda do Guará, com outros empreendimentos do PRÓ-DF, perguntou se os empresários achavam importante a criação de áreas de desenvolvimento econômico para o crescimento do Distrito Federal? As respostas, sem exceção, foi que 100% dos entrevistados afirmam que sim, achavam importante a criação de áreas de desenvolvimento econômico, porém com mais apoio do Governo local.

A respeito da localização geográfica do Pólo, foi perguntado se o local foi considerado ideal para o empreendimento, 80% responderam que sim, a localização foi considerada ideal, 20% respondeu que "em parte", pois fica um pouco afastado da cidade, o que dificulta o acesso dos clientes ao local.

Quando foi perguntado se o Pólo estava contribuindo para a geração de empregos, 80% responderam que não e apenas 20% responderam que sim.

Foi perguntado aos entrevistados quais eram as maiores dificuldades encontradas pelos empresários para que houvesse crescimento no segmento da moda, 60% responderam que a pouca divulgação do Pólo era uma das principais dificuldades, 20% responderam que faltava incentivo fiscal por parte do Governo do Distrito Federal, 10% respondeu que a falta de segurança era a responsável pela dificuldade, enquanto os outros 10% responderam que a especulação imobiliária era a causa da falta de crescimento do Pólo.

Além dos fatores de localização e crescimento, foi perguntado se o local era propício para investimentos financeiros, 10% responderam que era excelente ou muito bom, 30% responderam que era ótimo e 60% responderam que era bom, pois o local era promissor, desde que o Pólo investisse somente no segmento do vestuário. Foi perguntado aos entrevistados como eles classificavam o apoio da Administração Regional do Guará e do Governo do Distrito Federal, na melhoria da área do Pólo de Moda, 80% responderam que era considerado como bom o apoio dado pela Administração Regional do Guará e o Governo do Distrito Federal, referente à infra-estrutura, pois para eles o local já contava com água encanada, esgoto, asfalto, luz e segurança, apesar de precária, enquanto 20% consideram que o apoio era ruim, pois há bastante insegurança no local e não há diálogo entre os empresários e a Administração Regional do Guará ou o GDF.

Foi questionado se nos últimos meses, com a chegada do asfalto, melhorias das lojas e as infra-estruturas necessárias, o número de clientes havia aumentado, diminuído ou se manteve inalterado. 50% responderam que havia aumentado o número de clientes, 40% responderam que se manteve inalterado e apenas 10% responderam que havia diminuído o número de clientes.

As respostas sugerem que o Pólo de Moda do Guará é uma área de desenvolvimento econômico bem aceita pelos empresários que mantém ali seus negócios, apesar das dificuldades que se sustenta até os dias de hoje. Percebe-se que a falta de divulgação do Pólo é um dos principais fatores que impedem o crescimento deste segmento no Guará, podendo sem dúvida alguma se estender para todo o Distrito Federal. Foi notória também, a insatisfação de alguns entrevistados com a instalação de outros segmentos no Pólo, como lanchonetes e salões de cabeleireiros, para eles o Pólo deve ser exclusivamente para o segmento de vestuário, embora no projeto original as academias, lanchonetes, armarinhos e salões são caracterizados como comércios de apoio e estão autorizados a se instalarem no local.

Considerações finais

Para Andrade (1998), a cidade é um centro de fornecimento de serviços a seus habitantes ou a pessoas que, vivendo em sua área de influência, demandam os serviços nela instalados, é também um centro de produção, de maior ou menor importância, conforme o seu tamanho populacional e funcional e também, ou sobretudo, conforme as funções por ela desempenhadas.

Percebemos, através do texto de Andrade, que uma cidade é um centro de fornecimento de serviços a seus habitantes, a cidade do Guará, poderia ter sido abastecida por produtos e serviços do segmento da moda desde o ano de 2001 se os empresários do Pólo de Moda do Guará tivessem tomado uma postura preventiva em relação ao uso da geografia e a colaboração do geógrafo na implantação do Pólo Econômico na cidade.

Por meio da ação preventiva e com a colaboração do geógrafo as principais dificuldades enfrentadas pelos empresários do Pólo de Moda não teriam acontecido e os investimentos inerentes a novos empreendimentos teriam sido menores.
Para Corrêa (1998) a organização espacial é expressão da produção material do homem, concluindo-se que o desenvolvimento de pólos econômicos requer uma dinâmica de infra-estrutura, sobretudo de saneamento básico, fundamental para o desenvolvimento humano. No caso específico do Pólo de Modas do Guará a questão da falta de infra-estrutura fica notório no descontentamento dos diversos empresários, que já existem no local.
Nesse contexto, torna-se importante e fundamental a presença de um profissional especializado para a revitalização do local, sendo que o geógrafo poderia ajudar nesta tarefa, por possuir conhecimento na área de gestão territorial e desenvolvimento espacial, de acordo com Andrade (1998) o espaço geográfico é um produto da ação do homem e deve ser organizado conforme suas regiões.

A noção do espaço econômico tem elementos geográficos e características particulares que o definem, o GDF ? Governo do Distrito Federal, não podia ter simplesmente separado um terreno sem antes ter feito análises ambientais e um planejamento do uso do solo, e os empresários não deveriam ter recebido os lotes e iniciado as obras para as instalações de suas empresas sem antes disporem de informações relevantes e apresentação de resultados sobre qual o melhor empreendimento a ser instalado no local.

As análises ambientais, o planejamento do uso do solo, os mapeamentos geográficos, as localizações geográficas e áreas de influência, enfim todas as questões ambientais, físicas, sociais e econômicas requerem profissionais especializados em diversas áreas, mas principalmente um que as atenda. Através de estudos e pesquisas realizadas e expostas neste artigo conclui-se que o geógrafo é o profissional indicado.
Por meio de uma ação corretiva, para atrair e receber bem os clientes foram projetados itens como praças, quadras de esporte e até mesmo um pequeno parque ecológico. A idéia é que não só compradores atacadistas recorram ao centro de modas, mas também os consumidores do DF e de outros pontos do país desenvolvam o hábito de comprar roupas produzidas no DF.


PESQUISA DE CAMPO REALIZADO NO PÓLO DE MODA DO GUARÁ
QUESTIONÁRIO

Empresa:
Responsável pelas informações/Função na empresa:
Tempo em que a empresa está no Pólo:
Estilo de roupa que é confeccionada/comercializada:
Nota: As informações serão mantidas em sigilo.

1. Em que você pensa quando ouve falar sobre o Pólo de Moda do Guará?

2. Qual o elemento que prova a maior atração e maior repulsão no Pólo de Moda do Guará?
Atração:

Repulsão:

3. Do ponto de vista econômico, o Pólo de Moda do Guará tem atendido aos anseios dos empresários que acreditaram neste empreendimento?

4. Você acha importante a criação de áreas de desenvolvimento econômico, para o crescimento do Distrito Federal, no contexto regional.

5. A localização geográfica pode ser considerada ideal para a instalação do Pólo de Moda do Guará?

6. Um dos principais objetivos do Governo do Distrito Federal para a implementação do Pólo de Moda do Guará, foi à geração de empregos. Você acha que o Pólo de Moda do Guará tem contribuído para atingir este objetivo?

7. Qual o principal entrave que os empresários do Pólo de Moda do Guará, tem encontrado para que haja um maior crescimento deste segmento no Distrito Federal?

8. O que você acha do Pólo de Moda do Guará, como local para investimentos?

9. Como você classifica o incentivo da Administração Regional do Guará e do Governo do Distrito Federal, para a melhoria da área em que se localiza o Pólo de Moda do Guará, referente à infra-estrutura?
( ) ótimo
( ) bom
( ) ruim
( ) péssimo

10. Nos últimos meses, o número de clientes de sua loja/indústria/confecção:

( ) manteve-se inalterado
( ) aumentou
( ) diminuiu

Referências

ANDRADE, Manuel Correia. Geografia Econômica. 12ª ed. ? São Paulo: Ed. Atlas, 1998.
CORRÊA, Roberto Lobato. Região e Organização Espacial. 6ª ed. ? São Paulo: Ed. Ática, 1998.
GEORGE, Pierre. Geografia Econômica. 2ª ed. ? Rio de Janeiro: DIFEL / DIFUSÃO EDITORIAL S.A., 1978.
IBAMA / MMA. Avaliação de Impacto Ambiental: Agentes Sociais, procedimentos e ferramentas. Brasília: 1995.
ROSS, Jurandyr Luciano Sanches. Geomorfologia: Ambiente e Planejamento. 5ª ed.- São Paulo: Ed. Contexto, 2000.
VASCONCELOS, Adirson. As Cidades Satélites de Brasília. Brasília: 1988.
MOTA, Suetônio. Urbanização e Meio Ambiente. 3ª ed. ? Rio de Janeiro: ABES, 2003.

FONTES ELETRÔNICAS:
http://www.correioweb.com.br
http://www.distritofederal.df.gov.br
http//www.unicesp.edu.br/intercaovirtual/noticia.php?nid=310 ? cidades brasília, 17/09/2005