A EVIDÊNCIA SOBRE O CONHECIMENTO DO CAPITAL INTELECTUAL EM PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS LOCALIZADAS EM PORTO ALEGRE/RS

Aluna: Aline Lindemann da Silva
Orientador: Prof. Flaviano Dalla Porta

Resumo
O objetivo deste trabalho é estudar o conhecimento das empresas em relação ao capital intelectual - CI além de demonstrar alguns métodos que possam ser utilizados para mensuração do mesmo. Utilizou ? se um sistema de coleta de dados para a pesquisa através de um questionário respondido por quinze empresas de pequeno e médio porte localizadas na cidade de Porto Alegre/RS. O estudo verificou que 60% (sessenta por cento) da amostra possuem conhecimento sobre o que é CI, porém, 87% das empresas não mensuram este valor. Além disso, a análise efetuada demonstra a necessidade de um estudo que verifique a aplicabilidade de um modelo de mensuração do capital intelectual em empresas de pequeno e médio porte, com o objetivo de disseminação deste conhecimento em outras organizações.
Palavras-chave: Capital intelectual, Ativo intangível, Mensuração

Abstract:
The aim of this paper is to study the knowledge companies have about intellectual capital - IC; also, to demonstrate some of the methods that may be used to measure it. The method used for this research was the collection of data through a questionnaire answered by fifteen small and medium sized companies located in Porto Alegre/RS. It was verified that 60% of the sample have knowledge about what IC is, though 87% of the companies do not measure this value. Furthermore, the analysis shows the need for further studies in order to verify the applicability of a model of measurement of intellectual capital for small and medium sized companies. The aim of such study would be to spread this knowledge to other organizations.
Keywords: Intellectual Capital; Intangible Assets; Measurement.






1. INTRODUÇÃO

De acordo com DRUCKER (1993) durante a década industrial o sucesso das empresas se determinava pela forma de como elas se beneficiavam das economias de escala e de como incorporavam as novas tecnologias aos ativos fixos.
Porém, na década de 80, as empresas não conseguiram manter as vantagens competitivas sustentáveis apenas por meio de alocações de tecnologias a ativos, isso exigiu que as empresas desenvolvessem novas competências para assegurar o sucesso competitivo (KAPLAN; NORTON, 1997).
Com desenvolvimento do processo de globalização da economia nos deparamos com a transição para uma sociedade sustentada para conhecimento. A aceitação do conhecimento como recurso econômico muitas vezes não é considerado pelos seus gestores e quando é valorizada nos deparamos com a seguinte situação problemática: Já que esse valor é parte integrante da geração de benefícios futuros e que alterará o patrimônio das entidades; é possível efetuar a sua mensuração? Os gestores e empresários possuem conhecimento deste fato e reconhecem o capital intelectual como ativo para empresa?
Logo, o objetivo deste artigo é descobrir quais as modalidades de mensuração de valor do Capital Intelectual visando demonstrar sua importância na geração de riquezas/valores da empresa.
Como objetivos específicos, cito: demonstrar se a existência ou não de conhecimento dos empresários em relação ao capital intelectual? E evidenciar a quantificação do capital intelectual quanto suas formas de mensuração.
BROOKING (1996) relata que as organizações empresariais usando-se do recurso do conhecimento, em conjunto com as novas tecnologias produzem benefícios intangíveis denominados de "Capital Intelectual".
A importância desses ativos é um fator cada vez mais inquestionável, mas o grande desafio das empresas será lidar com essa riqueza, descobrir como administrar o conhecimento dentro das organizações (STEWART, 1998).
Deste modo, o presente estudo é relevante porque apresenta as diversas as formas de mensurar o Capital Intelectual (CI) e evidencia o conhecimento do CI como ativo pelos gestores, contribuindo, dessa forma, com o crescimento acadêmico na área contábil.
Objetivando uma melhor compreensão do artigo, este foi estruturado em: introdução, revisão da literatura, metodologia, análise dos resultados e conclusão.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nós últimos anos vem ocorrendo diferentes mudanças na sociedade, a qual exige um processo de globalização mundial.
A rápida mutação na economia mundial esta sendo observada pelos estudiosos como a ocasião de mudança de uma Sociedade Industrial para uma Sociedade do Conhecimento, pois aos demais recursos existentes que até então eram valorizados e utilizados na produção tais como: terra, capital e trabalho, se juntam ao conhecimento, o que altera, principalmente, a estrutura econômica das nações e, especialmente, a forma de valorizar o capital humano ou capital intelectual.
Para BROOKING (1996) o Capital intelectual é uma combinação de ativos intangíveis, frutos das mudanças nas áreas da tecnologia da informação, mídia e comunicação os quais trazem benefícios intangíveis para que as empresas capacitem seu funcionamento.
O Capital Intelectual é composto de Ativos e para melhor entendermos o conceito e a mensuração do Capital Intelectual será necessário primeiramente conhecer o conceito de Ativo intangível (SCHIMIDT, SANTOS e MARTINS, 2006).

2.1 ATIVO

Para MARTINS (1972) são considerados ativos todo e qualquer elemento com ou sem natureza física, que seja controlado pela empresa e que a ela proporcione a possibilidade de obtenção de fluxos de caixa.
JOHNSON e KAPLAN (1993) afirmam que o ativo de uma entidade se compõe de ativos tangíveis e ativos intangíveis e que o valor da empresa não se restringe à soma dos valores de seus ativos tangíveis.
De acordo com o artigo 179 da lei 604/76 a classificação de intangível é destinado a bens incorpóreos destinados a manutenção da companhia ou exercícios com a mesma finalidade.
Com as alterações na lei 6.404/76, promovida pela lei nº 11.638/07 e 11.941/09, dentro do Balanço Patrimonial, o Grupo de Conta Intangível passou a figurar como Ativo Não Circulante. Com isso, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis ? CPC nº 04 define Ativo Intangível como sendo um ativo não monetário identificável, sem substância física. Podem ser considerados como exemplos: softwares, patentes, direitos autorais, direitos sobre filmes cinematográficos, listas de clientes, franquias, relacionamentos com clientes ou fornecedores, fidelidade de clientes, participação no mercado e direitos de comercialização.

2.2 CAPITAL INTELECTUAL

A primeira matéria abordando o conceito de Capital Intelectual foi editada por Thomas Stewart, na revista Fortune (1994) com o título, "Your Company?s Most Valuable Asset: Intellectual Capital". (ANTUNES, 1999, p. 99).
Após Thomas Stewart, muitos estudiosos começaram a escrever artigos acadêmicos sobre o tema, evidenciando experiências realizadas por algumas Companhias em tentativas de mensuração do Capital Intelectual. Uma delas foi a Skandia AFS, primeira organização a divulgar um relatório suplementar às demonstrações contábeis contendo o Capital Intelectual, tendo como o principal executivo para esse assunto Leif Edvinsson.
Para ANTUNES (1999), a maior parte dos artigos foram desenvolvidos nos elementos que compõem o Capital Intelectual, em específico o Capital Humano. O objetivo com estes estudos era de encontrar uma maneira de mensurar monetariamente o ser humano a fim de estimar as perdas com guerras e migrações de soldados.
Na visão de pesquisadores e economistas, o ser humano é considerado capital por ser possuidor da capacidade de gerar bens e serviços, por meio da sua força de trabalho e do seu conhecimento, constituindo-se, portanto, em importantes fontes de aumento de capital. (KWASNICKA, 1981 apud ANTUNES, 1999)
Conforme MARION (1997) o principal objetivo dos relatórios contábeis têm sido a avaliação objetiva do passado; a idéia de Capital Intelectual é futuro, ou seja, fatores dinâmicos ocultos que afetam o destino da organização, nem sempre possíveis de serem avaliados tais como: inteligência, conhecimento, marcas, patentes, "designs", liderança tecnológica, clientes, lealdade de clientes, tecnologia de informação, treinamento de funcionários, indicadores de qualidade, relacionamento com fornecedores e desenvolvimento de novos produtos.
EDVINSSON & MALONE (1998) utilizam a linguagem metafórica, que compara a empresa à figura de uma árvore, considerando a parte visível (tronco, folhas e galhos) ao que estão registradas nas demonstrações contábeis; e a parte invisível ? abaixo da superfície (as raízes) ? ao Capital Intelectual, que são fatores dinâmicos ocultos, como por exemplo, edifícios e produtos.
Capital Intelectual é como uma árvore a qual os seres humanos são a seiva que a fazem crescer. A seiva que flui da casca de uma árvore produz inovação e crescimento, mas esse crescimento se torna madeira maciça, parte da estrutura da árvore. O que os líderes precisam fazer é conter e reter o conhecimento, para que ele se torne propriedade da empresa. STEWART (1998), citando EDVINSSON.












Figura. 1 ? METÁFORA DA ÁRVORE
Fonte: MARION, José Carlos, Reflexões sobre Ativo Intangível.

Também, se pode dizer que a parte da árvore que fica visível seria o Tangível de uma organização, podendo ser mensurado com facilidade. Ou seja, é o que a contabilidade pratica analisando os bens tangíveis de uma empresa. Contudo, o que não é aparente, é responsável, em grande parte pelo crescimento e fortalecimento dessa organização.
Na teoria de ANTUNES (2000), para o Capital Intelectual existir na organização, é necessário interar três elementos: capital humano, capital estrutural e capital de clientes.
A principal característica do Capital Estrutural é toda estrutura de propriedade da empresa, ou seja, o qual inclui equipamentos de informática, softwares, banco de dados, patentes, marcas registradas e tudo o mais que apóia a produtividade dos funcionários. (ANTUNES, 2000),
STRAIOTO (2000), diz que Capital Humano é um recurso empresarial e deve ser avaliado como um ativo, pois possui capacidade de gerar benefícios para a empresa. É importante que os gestores invistam no empregado com treinamentos, cursos e formações para que o mesmo se motive e se interesse em buscar e ampliar seus conhecimentos e habilidades. Isso faz com que exista uma participação ativa dos empregados, captando clientes e causando bons resultados para a empresa.
Capital de Clientes envolve o relacionamento com clientes, políticas de pós-venda e busca por fidelização de clientes.
STEWART (1998) alega que o Capital de Clientes é muito parecido com o Capital Humano, e relata que "não se pode possuir clientes, assim como não se pode possuir pessoas" da mesma forma como uma organização pode investir em funcionários para aumentar seu valor, a empresa investindo na relação com seus clientes pode também aumentar o capital intelectual.
De acordo com EDVINSSON & MALONE (1998), "O Capital Intelectual é a posse de conhecimento, experiência aplicada, tecnologia organizacional, relacionamentos com clientes e habilidades profissionais que proporcionam à empresa vantagens competitivas no mercado."
Para BARROS (2006) com essa definição, pode-se chegar ao valor de mercado da empresa, representado na seguinte figura:


Figura. 3 - ESQUEMA DE VALOR ADICIONADO DE MERCADO
Fonte: EDVINSSON, Leif; MALONE, Michael S., 1998, p. 47, adaptado BARROS, 2006

EDVINSSON & MALONE (1998) destacam além dos elementos citados por Antunes (2000), outros componentes do Capital Intelectual que são eles: Capital de Inovação, Capital de Processos e Capital Organizacional e Capital Financeiro.
Capital de Inovação representa a competência de renovação e os resultados obtidos na forma de direitos comerciais protegidos por lei, propriedade intelectual e outros ativos e alentos intangíveis usados para criar e pôr rapidamente no mercado novos produtos ou serviços (EDVINSSON & MALONE ,1998).
Já o Capital de Processos é formado por métodos, técnicas (como o ISO 9000) e programas dirigidos aos empregados, que acrescentam e desenvolvem a eficiência da empresa (EDVINSSON & MALONEk ,1998).
Para EDVINSSON & MALONE (1998) o Capital Organizacional compreende-se no investimento que a empresa faz em sistemas, instrumentos e filosofia operacional, que aceleram o fluxo de conhecimento pela organização.
Capital Financeiro representa o portfólio financeiro da empresa.
Capital Intelectual: representa não apenas a soma, mas também a sinergia de todos os fatores o compõe (EDVINSSON & MALONE, 1998).
Para que uma empresa crie bons produtos e serviços, deverá ser composta de um qualificado Capital Humano originado pelo conhecimento adquirido e experiência das pessoas, alcançando seus objetivos e aumentando a sua riqueza. (BARROS, 2006)

2.3 MESURAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL

Um dos principais desafios da Ciência Contábil, hoje se constitui em como atribuir valor ao Capital Intelectual, pois o Ativo Intangível aumenta o valor da empresa e influência o poder de geração de benefícios futuros.
O tratamento dado pela contabilidade para os investimentos em Capital Intelectual ignora o valor desses Ativos, como também a taxa de rentabilidade desses investimentos (LOPO MARTINEZ, 1999).
A mensuração do Capital Intelectual é uma tarefa complexa, pois, envolve muitas variáveis.
A literatura contempla um grupo de quatro metodologias genéricas para auxiliar na mensuração do Capital Intelectual. A primeira metodologia estima o valor monetário dos Ativos Intangíveis pela identificação dos seus vários componentes que, quando estimados, podem ser diretamente avaliados como um coeficiente agregado (LOPO MARTINEZ, 1999).
A segunda é calculada da diferença entre a capitalização de mercado de uma Companhia e os Ativos dos Acionistas como o valor de seus recursos importantes ou Ativos Intangíveis (LOPO MARTINEZ, 1999).
A terceira refere-se à média das Receitas antes dos Impostos de uma empresa, em um determinado período, dividida pela média do valor dos seus Ativos Tangíveis, e o resultado obtido e comparado com a média do seu segmento (STEWART,1998).
A quarta identifica os vários componentes do Capital Intelectual e os indicadores, assim, os deslocamentos predominantes são gerados e relatados nos scorecards ou como gráficos (STEWART ,1998).
Desta forma, a seguir serão apresentados alguns modelos de mensuração do Capital:

2.3.1 Diferença entre o Valor de Mercado e o Valor Contábil (Market-to-book);

Conforme STEWART (1998) este é um método que se fundamenta na aplicação da seguinte equação: CI = VM ? VC
CI = Capital Intelectual,
VM = Valor de Mercado da empresa
VC = Valor contábil da empresa
Segundo GÓIS (2000), este método é muito utilizado pela fácil aplicabilidade de cálculo. O valor de mercado (VM) é o valor das ações negociadas em Bolsas de Valores, o valor contábil (VC) é retirado do valor divulgado no Balanço Patrimonial e o valor do capital intelectual (CI) é a diferença entre estes dois valores.

2.3.2 Razão entre o valor de mercado e o valor contábil (Market-to-book)

De acordo com STEWART (1998), este método baseia-se na aplicação da seguinte equação: CI = VM / VC
CI= capital intelectual
VM = valor de mercado da empresa
VC= valor contábil da empresa.
A equação demonstra que quando VM / VC for maior que um, há capital intelectual, sendo assim, quanto mais à empresa possui conhecimento, maior será a relação (VM / VC).

2.3.3 "Q" de Tobin

O método criado pelo economista, Nobel, James Tobin, se dá através da comparação entre o valor de mercado e o custo de reposição dos Ativos.
STEWART (1998) relata que o método foi desenvolvido com o propósito de prever investimento independente de influências macroeconômicas. Além disso, relata que empresas onde o capital intelectual é abundante, como indústrias de software, apresentam valores de "Q" maiores que empresas de transformação situada no início da cadeia produtiva, onde o capital físico é intensivo. "Q" = (VMA + VMD) / VRA
VMA = Valor de mercado das ações
VMD = Valor de mercado das dividas
VRA = Valor de reposição dos ativos

2.3.4 Navegador do Capital Intelectual ou Navigator;

Tal método parte do principio que nenhuma medida particular pode representar o Capital Intelectual.
Para STEWART (1998) o capital intelectual deve ser visto por perspectivas diferentes e recomenda o uso de um gráfico circular, cortado por várias linhas, em forma de radar, portanto, os modelos apresentados para avaliação dos Ativos Intangíveis são:
Medição do valor geral dos Ativos Intangíveis; Medições do Capital Humano; Medições do Capital Estrutural e Medições do Capital do Cliente.
Logo, para a medição do valor geral dos Ativos Intangíveis são utilizados, os métodos de medida geral do Capital Intelectual, citados anteriormente.
Segundo STEWART (1998), em relação às medições do Capital Humano, vale destacar que o resultado do Capital Humano é a inovação, isto é, a eficiência do Capital Estrutural. As inovações são: participação das Receitas geradas de produtos novos em relação ao total das Receitas da empresa; número de novos produtos e de patentes.


2.3.5 Modelo Skandia

O método demonstra que o Capital Humano e o Capital do Cliente, combinados nos processos internos, junto com capacidade que a empresa tem de inovar-se agregam valor financeiro para a empresa.
EDVINSSON & MALONE (1998) propuseram um esquema que inclui o Capital Humano e o Capital Estrutural, este por sua vez dividido em Capital de Cliente e Capital Organizacional que tem por objetivo determinar que sejam estabelecidos vários índices e indicadores que serão agrupados nas seguintes áreas:
Foco financeiro; foco nos clientes; foco nos processos; foco na renovação e desenvolvimento; e foco humano.
Os autores, EDVINSSON E MALONE (1998) explicam cada foco apresentado através de uma metáfora que se pode fazer com relação à forma de casa do navegador (figura 04).
Onde o triângulo representa o sótão que é o foco financeiro e que representa o passado da empresa através das demonstrações contábeis, o foco no cliente e o foco nos processos representam o presente.
O foco na renovação e desenvolvimento é representado pela base do triângulo está voltada para futuro e o foco humano encontra-se no centro do esquema.


Figura. 04 ? MODELO DE SKANDIA
Fonte: Adaptado de: Edvinsson e Malone (1998:60)
Com base no modelo acima e tendo como objetivo criar uma equação que expressasse o valor do Capital Intelectual, os autores estabeleceram os seguintes passos:
? Identificar o conjunto de índices que possa ser aplicado a toda sociedade com pequenas adaptações;
? Reconhecer que cada organização possa ter um Capital Intelectual adicional que necessite ser avaliado por outros índices;
? Estabelecer uma variável que capte a tão-perfeita previsibilidade do futuro, bem como a dos equipamentos, das organizações e das pessoas que nela trabalham.
Com esse método chega-se a seguinte equação: CIO = I * C
I = Coeficiente de eficiência,
C = Valor monetário do capital intelectual
CIO = Capital intelectual Organizacional.
Vale lembrar que I = n / x, onde, n = somatório dos valores decimais dos nove índices de eficiência propostos pelos autores e x = o número desses índices (no caso nove) EDVINSSON & MALONE (1998).
Assim, tais autores enfatizam que "C" reflete no compromisso de uma empresa em relação ao futuro, e obtido por meio de uma lista que contém os indicadores mais representativos de cada foco, tais como, Receitas resultantes de novos negócios, novos equipamentos de tecnologia da informação, investimentos em novas patentes, investimentos em direitos autorais, programas de treinamento e suporte, treinamento de funcionários, entre outros.
O "I" representa a obrigação da empresa com o presente e se obtém através dos indicadores, em percentagens, que são: participação de mercado, índice de satisfação dos clientes, índice de liderança, índice de motivação, índice de investimento em P&D, índice de horas de treinamento, índice de desempenho, retenção de empregados e eficiência administrativa divida pelas receitas.

2.3.6 Modelo de Sveiby ou Monitor de Ativos Intangíveis

Este método se baseia na idéia de indicadores-chaves, e são distribuídos em três perspectivas que são: estrutura interna, estrutura externa e competências individuais. Os quesitos crescimento, renovação, eficiência e estabilidade são relacionados a cada uma das perspectivas supracitadas. Já a escolha dos quesitos é escolhida em função da estratégia adotada por cada empresa (EDVINSSON & MALONE, 1998).
O esqueleto interno corresponde às patentes, conceitos, modelos, sistemas administrativos e sistemas de computadores. O externo compreende as relações com os clientes e fornecedores, as marcas e a reputação da empresa. As competências individuais envolvem a capacidade dos profissionais de agir em diversas situações para criar Ativos Tangíveis e Intangíveis. (SVEIBY,1998)
SVEIBY (1998) busca melhor esclarecer o método com o quadro abaixo:


Figura 5 - MONITOR DE ATIVOS INTANGÍVEIS
FONTE: Sveiby (1998)

SVEIBY (1998) salienta que muitos gerentes avaliam essas informações como relevantes ou enfrentam as informações pertencentes no método como extremamente reveladoras da estratégia da empresa. E resistem em mensurar aspectos relevantes sobre o Capital Intelectual.
Para o autor SVEIBY o modelo é simples e de fácil entendimento, mas como não utiliza dados financeiros se torna limitado.





3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente capítulo tem por objetivo a caracterização da pesquisa. Trata do método de investigação, instrumento de coleta de dados, a população, a operacionalização das variáveis e as técnicas utilizadas para a coleta e análise de dados.

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

Para, BARROS E LEHFELD (2000) a pesquisa exposta é classificada como aplicada, pois tem como finalidade gerar conhecimentos para a aplicação de seus resultados. APPOLINÁRIO (2004) salienta que pesquisas aplicadas têm o objetivo de resolver problemas ou necessidades concretas e imediatas envolvendo verdade e interesses locais.
A pesquisa é considerada como quali-quantitativa, pois objetiva-se em perceber o porquê de determinada questão e por medir opiniões e atitudes (SILVA e MENEZES, 2001).
Classifica-se como qualitativa, porque tem como proposta coletar e examinar particularidades e interpretações individuais, podendo ser úteis na busca de um novo conceito de mensuração e de avaliação do Capital Intelectual (SILVA e MENEZES, 2001).
A pesquisa também é quantitativa, pois se caracteriza por quantificar, apurar opiniões e atitudes dos entrevistados, pois se utiliza de instrumentos estruturados (questionários) representativos de modo que seus dados gerem medidas precisas (numéricas) e confiáveis que permitam uma análise estatística sendo concretizada em tabelas de percentuais e gráficos (BARROS E LEHFELD, 2000).

3.2 DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Na intenção de cumprir os objetivos propostos neste trabalho foi utilizada uma pesquisa através de questionários para coleta de dados junto à população escolhida.
A pesquisa se desenvolveu da seguinte maneira:
- Revisão da literatura; Escolha da população; Formulação do questionário; Aprovação do instrumento de coleta de dados; Coleta de dados; Apreciação e interpretação dos dados.
Primeiramente a pesquisa foi realizada através de revisões literárias, com o intuito de obter embasamento teórico, pois para SILVA, 2001, a pesquisa bibliográfica busca auxiliar a ciência permitindo encontrar fontes em artigos e livros para a realização do trabalho científico.
Após, foi selecionada a população da pesquisa que se caracterizou por ser composta de 15 gerentes e proprietários e pequenas e médias empresas de diferentes ramos de atividades, localizadas em Porto Alegre.
De acordo com os autores FREITAS, OLIVEIRA, SACCOL e MOSCAROLA, 2000 consideram que a amostra se obteve pelo critério da conveniência, pois, os participantes foram escolhidos por estarem disponíveis.
Logo, foi elaborado o questionário, com o intuito de responder os objetivos específicos do estudo. Enviou-se 50 questionários, retornando 15 preenchidos, portanto, a amostra caracteriza-se como não probabilística, por não ser possível assegurar que seja representativa de toda a população; pois não temos o poder determinar a sua dimensão a fim de evitar erros (REA; PARKER,2002,P.149).
A partir da obtenção dos questionários respondidos, iniciou-se a apreciação e análise dos resultados obtidos.
O objetivo da pesquisa se estabeleceu de acordo com a situação pré-definida do problema em questão.

3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

A técnica para a coleta de dados escolhida se deu por meio de aplicação do questionário respondido, por e-mail ou pessoalmente o qual não havia necessidade de identificação dos entrevistados nem de suas empresas.

3.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

O estudo anunciado buscou averiguar em empresas privadas de pequeno e médio porte em diferentes ramos de atividades, estabelecidas na cidade de Porto Alegre, as quais os acadêmicos e professores do curso de Ciências Contábeis da ESADE fazem parte, onde os mesmo figuram como colaboradores ou sócios.

4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS COLETADOS

A análise e interpretação dos resultados têm por finalidade responder aos objetivos propostos no presente artigo.
Conforme figura demonstrada abaixo a pesquisa inicia-se buscando identificar o ramo de atividade da empresa.

4.1 RAMO DE ATIVIDADE


Figura 6, RAMO DE ATIVIDADE
FONTE: Desenvolvido pela autora,2011

O gráfico acima identifica que a amostra colhida para realização da pesquisa foi bastante diversificada, porém pode-se averiguar que a maioria resultante foi de empresas prestadoras de serviços com o percentual de 27%.

4.2 CARGO NA EMPRESA

O questionamento a respeito do cargo ocupado na empresa procura identificar o comprometimento em relação à lealdade das respostas obtidas.


Figura 7, CARGO NA EMPRESA
FONTE: Desenvolvido pela autora, 2011

Nota-se que o nível de fidelidade das respostas não está comprometido, tendo em vista que as respostas não ficaram restritas em função de possível rescisão do emprego.

4.3 CONHECIMENTO DO CAPITAL INTELECTUAL (CI)

O questionamento sobre o conhecimento do que é Capital Intelectual tem por objetivo identificar quantos entrevistados da amostra sabe o que ele significa.


Figura 8, CONHECIMENTO SOBRE O QUE É CAPITAL INTELECTUAL
FONTE: Desenvolvido pela autora, 2011
Observando o gráfico acima, nota-se que 60% da amostra, possui algum conhecimento sobre o que é Capital Intelectual.

4.4 MENSURAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL (CI)

A questão procurou identificar se as empresas com o conhecimento sobre o que é o Capital Intelectual possuem alguma forma de mensuração deste Ativo Intangível.


Figura 9, MENSURAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL
FONTE: Desenvolvido pela autora, 2011

Verifica-se na figura supracitada, que apesar dos entrevistados saberem o que é o Capital Intelectual, apenas 13% da amostra mensura este Capital, visto que a amostra é de quinze empresas apenas duas mensuram este valor.
Para estas que dizem mensurar o valor do CI, se questionou o que é considerado para empresa Capital Intelectual e como é feita esta mensuração. O resultado foi que para empresa um o que é considerado capital intelectual, é o nível de graduação e o mesmo se mensura pelos custos, e a empresa dois o considerado capital intelectual é experiência profissional e mensura o mesmo é pelos gastos com pesquisa de desenvolvimento.
Quanto à área responsável pela mensuração, em ambas as empresas o resultado foi à gerência mensura o CI.



4.5 MOTIVOS PARA NÃO MENSURAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL (CI)

Para as empresas que não mensuram o CI, buscou-se identificar qual o principal motivo para não mensuração.


Figura 10, MOTIVO PARA NÃO MENSURAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL
FONTE: Desenvolvido pela autora, 2011

Observa-se que 40% da amostra não mensura valor do Capital Intelectual por não possuir conhecimento sobre o tema, e apenas 13% não considera importante à mensuração.

4.6 RECONHECIMENTO DOS ELEMENTOS DO CI COMO ATIVO

Mesmo identificando a ausência de conhecimento sobre o Capital Intelectual se desenvolveu alguns questionamentos que tiveram como objetivo saber se mesmo sem conhecer o conceito do CI, as empresas reconhecem os elementos de formação do Capital Intelectual como bens que agregam valor ao negócio.

Figura 11, CONSIDERAÇÃO QUE COLABORADORES AGREGAM VALOR AO NEGÓCIO
FONTE: Desenvolvido pela autora, 2011

Observa-se, na figura acima, que mesmo grande parte da amostra não possuir conhecimento sobre Capital Intelectual, 93% indentificou seus colaboradores como bens que agregam valor ao negócio, reconhecendo um dos elementos do CI, o Capital Humano.

4.7 CRITÉRIOS CONSIDERADOS IMPORTANTES PARA CONTRATAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS

O questionamento referente aos critérios considerados importantes para contratação de funcionários teve como objetivo identificar se o Capital Intelectual é relevante para a definição da contratação.











Figura 12, CRITÉRIOS CONSIDERADOS IMPORTANTES PARA CONTRATAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS
FONTE: Desenvolvido pela autora, 2011

Para DAVERPORT E PRUSAK, 2003, quando as empresas contratam pessoas com experiência estão contratando insights, ou seja, expertises em fatos já ocorridos e isso são os fatores que geram benefícios para empresa.
Conforme se observa na figura acima 73% das empresas entrevistadas consideram a experiência um fator decisivo na contratação dos seus funcionários.
Podemos afirmar que o capital intelectual é relevante para contratação de funcionários.


























5. CONCLUSÃO

O presente artigo teve como objetivo principal demonstrar quais os métodos de mensuração do CI e evidenciar se há conhecimentos dos "gestores" de pequenas e médias empresas localizadas em Porto Alegre sobre o Capital Intelectual.
Quanto às modelos de mensuração do CI foram apresentados seis métodos o quais tem por objetivo mesurar monetariamente o CI, e concluiu-se que o mesmo deve sim, ser mensurado e analisando e para que possa ser utilizado com propósito de atender as necessidades específicas na tomada de decisões ou como estratégica, por parte da empresa, utilizando algumas das alternativas aqui apresentadas.
No sentido de evidenciar se há conhecimentos dos "gestores" de pequenas e médias empresas sobre o Capital Intelectual, concluiu-se não há conhecimento técnico, sobre o tema, pois a amostra que respondeu a pesquisa, em sua maioria não possui graduação na área contábil e em administração, além de demonstrarem contradições em questões sobre elementos pertencentes ao Capital Intelectual.
Porém, se verificou que as empresas que dizem não saber o que é Capital Intelectual, mostraram-se cientes de alguns dos elementos de formação do Capital Intelectual são importantes para geração de Ativos para organização.
Foi possível verificar que mesmo as empresas que dizem não mensurar o CI de seus colaboradores concordam com o conceito que o funcionário gera ativos para empresa e de alguma maneira investem na qualificação deste capital, geralmente com cursos e auxilio financeiro.
Identificou-se que um dos critérios considerados pelos gestores no momento de contratação de funcionários é o CI, pois consideram importante o conhecimento já adquirido.
Em relação à mensuração do Capital Intelectual nota-se nos resultados da pesquisa que não há mensuração pelos métodos apresentados no referencial teórico, visto que a amostra entrevistada não vê este assunto como indispensável para o funcionamento das empresas. Além de não possuírem conhecimento, considerarem que para mensurarem o CI seria necessário gastar tempo e dinheiro e isso para pequenos empresários não é viável financeiramente.
Este trabalho atingiu o objetivo e respondeu ao seu problema de pesquisa, pois demonstrou os diferentes métodos de mensuração do capital intelectual e evidenciou sobre existência ou não de conhecimento dos empresários em relação ao capital intelectual.
6. RECOMENDAÇÕES

Verificou-se que existe a necessidade de realização de um estudo que demonstre a aplicabilidade de um modelo de mensuração do Capital Intelectual em empresas de pequeno e médio porte, com o objetivo de servir de modelo para aplicação em outras organizações.
Também se faz necessário à divulgação para pequenos e médios empresários sobre o tema, visto que muitos dos entrevistados não possuíam nenhum conhecimento sobre o assunto. Sugere-se a distribuição pelos sindicatos ou por instituições como SEBRAE (Instituição que se preocupa com o desenvolvimento dos "gestores e empresários") cartilhas informando sobre o tema.























REFERÊNCIAS:


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BARROS, Luana Paula de Souza, A Importância do Capital Intelectual nas Organizações e os Desafios da Contabilidade para Demonstrar a Criação de Valor de Natureza Intangível, Disponível em:
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BARROS, A. J. S. e LEHFELD, N. A. S. Fundamentos de Metodologia: Um Guia para a Iniciação Científica. 2 Ed. São Paulo: Makron Books, 2000.

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FREITAS, Henrique; OLIVEIRA, Mirian; SACCOL, Amarolinda Zanela; MOSCAROLA, Jean. O método da pesquisa Survey. Revista de Administração. São Paulo, n. 3, p. 105-112, jul./set. 2000.

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