Neste artigo, podemos perceber, que no ano após ano, entre os meses de junho a meados de setembro, verificamos grandes queimadas provocadas por acidentes, por prática de limpeza de pasto e desmatamentos para formação de lavouras e pastos em nosso ecossistema denominado “Cerrado”. Como se vê o Brasil está entre os países do mundo de maior diversidade biológica e ainda possui a flora mais rica do planeta, então o homem, quando pratica o ato de queimar a pastaria e as matas, não tem consciência que este sistema levou anos para formar todo aquele trinômio harmonioso que conhecemos e que todos os seres vivos precisam para viver como o solo, água e luz, mas para os apreciadores da natureza é um santuário ecológico que, uma vez preservado, poderá ser utilizado como fonte de exploração turística, frente permanente de estudos do poder medicinal de muitas ervas naturais renováveis em um mundo globalizado.

                 É certo que a falta de um direcionamento técnico e de conscientização ecológica na exploração dos nossos recursos florestais vem acarretando prejuízos irreparáveis à flora mais rica do planeta, onde encontramos algumas das principais formações vegetais encontradas no território brasileiro. Portanto, a fauna é a primeira em números de vertebrados terrestres, primatas e peixes de água doce. Espécies de grande valor estão em vias de se extinguirem, assim como representantes da fauna que dependem dessas espécies, estão também condenados a desaparecerem.

                 Em conseqüência disto, percebemos que o Código Florestal estabelece que toda propriedade rural deve ter pelo menos 20% de área coberta por vegetação nativa, denominada Reserva Florestal Legal, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão a qualquer título ou desmatamento da área, mas a maioria das propriedades já não possui mais florestas nativas para serem delimitadas como “Reserva Legal”, foi promulgada uma lei complementar de no 8.171, de 18 de janeiro de 1991, obrigando esses proprietários a reflorestarem uma área equivalente a 1/30 por ano, até completar a área exigida de 20% da propriedade. Para aumentar os prejuízos e piorar ainda mais a situação de estiagem, este ano, com os efeitos provocados pelo fenômeno denominado de “El Niño”, o período seco poderá prolongar-se além do seu ciclo normal, nas regiões centro-oeste e nordeste do país.

                 Os agricultores, antes de realizar queimadas com objetivos de limpeza de pastos ou formação de novas lavouras, procurem os órgãos oficias de assistência técnica agrícola de seu município, prefeitura ou Ibama para orientações, sempre sugiro. É interessante perceber ainda que no Brasil, as autoridades constituídas, os órgãos oficiais ligados ao meio ambiente e os brasileiros precisam saber como e quando estão usando os recursos naturais renováveis para poderem preservar, e é por isso que esta necessidade se baseia no conceito de que muitos recursos naturais podem acabar, mesmo quando são renováveis, caso não sejam utilizados de forma racional. A partir daí a preservação ambiental interessa a todos que mantêm suas atividades empresarias baseadas na exploração dos recursos naturais, como também aos que são empregados por estas empresas, além disto, permitiria que as gerações futuras viessem a ter a oportunidade de conhecer as belezas que a natureza oferece.

                 Constatamos, ainda que a crise ambiental é sintoma de uma crise muito mais profunda do que a mídia nos passa diariamente, mas o que quero dizer com isto é que a crise não envolve apenas estilos de vida, padrões de consumo, projetos de desenvolvimento e pressões sociais. Diante de tudo isso, há um modo de produção econômico, denominado Capitalismo, que é o grande vilão, o principal responsável pela crise atual, que, aliás, não é tão atual assim. No Brasil, por exemplo, a crise tem sua origem concomitantemente com o Descobrimento, pois desde esta época nossas riquezas naturais passaram a ser exploradas, como pode ser evidenciado pelo contrabando do Pau-Brasil e, posteriormente, os inúmeros ciclos de exploração econômica como o ciclo da Cana-de-açúcar, o ciclo do café, do leite e do cacau, etc.

                 Mas não foi somente a exploração ambiental no sentido de enxergar a natureza como dissociada do ser humano, e sim vemos que desde o Descobrimento a nossa sociedade caracteriza-se pelo domínio do mais forte sobre o mais fraco e da exploração do trabalho. Quando os portugueses aqui chegaram, subjugaram os povos indígenas. Os povos considerados mais evoluídos, como Portugal tinham um sentimento de não pertencimento humano em relação à natureza, pois somos a única espécie racional e, portanto, superior. Aliás, diga-se de passagem, que esta é uma constatação questionável, se observarmos os dizeres de Philippe Pomier Layargues, por exemplo "Pelo que se tem notícia, desde que a vida surgiu na face da Terra há cerca de três bilhões e meio de anos, nenhuma outra espécie biológica foi capaz de provocar desequilíbrios ecológicos na proporção e magnitude da atual crise ambiental". (LAYARGUES in SANTOS & SATO, 2006, p. XIII).

                Mas, voltando ao sentimento de superioridade em relação aos índios, que eram considerados pelos portugueses como primitivos, pois dependiam da natureza para viver, enquanto eles, superiores, já não precisavam dela, no sentido de dependência, uma vez que já conseguiam a explorar, a dominavam, fez com que esses povos indígenas fossem, então,subjugados por eles. Mauro Guimarães diz que

 

Cada vez mais a natureza é vista como recurso natural para alimentar um modelo de desenvolvimento espoliador e concentrador de riquezas e que vem, desde essa época, se disseminando e sendo implantado por todo o planeta em um processo hoje denominado de globalização. (GUIMARÃES in LOUREIRO & LEROY, 2006, p. 17).

 

                 Neste fragmento acima, podemos perceber que a Educação Ambiental apresenta-se, hoje, como um modelo de Educação que pode contribuir com as mudanças estruturais necessárias e prementes ao mundo, envolvendo estilos sustentáveis de vida, ética, padrão cultural e equidade compatíveis com a Sustentabilidade. João B. A. Figueiredo diz que segundo o Discurso Oficial sobre Sustentabilidade, o Desenvolvimento Sustentável se propõe a ser uma forma de desenvolvimento que busca compatibilizar objetivos distintos, de modo que nenhum deles seja prejudicado ou prejudique o objetivo do outro, permanecendo nos limites da capacidade de suporte do Planeta, de modo a não comprometer a integridade dos sistemas que mantém a vida na Terra no presente, nem para as gerações futuras. Entretanto, este desenvolvimento é proposto a partir de um modelo civilizatório Capitalista que prioriza o consumo e o lucro, centrando suas atenções no processo acumulador, gerador de pobreza e miséria, em escala mundial. Logo, precisa-se de uma Educação Ambiental que rompa com esta estrutura de exploração, de dominação. Convém mais uma vez destacar que o conceito de desenvolvimento sempre esteve associado à economia. Carlos Walter Porto Gonçalves salienta bem isso em sua obra O Desafio Ambiental:

 

A idéia de progresso – e a sua versão mais atual, desenvolvimento - é, rigorosamente, sinônimo de dominação da natureza! Portanto, aquilo que o ambientalismo apresentará como desafio é, exatamente, o que o projeto civilizatório, nas suas mais diferentes visões hegemônicas, acredita ser a solução: a idéia de dominação da natureza. O ambientalismo coloca-nos diante da questão de que há limites para a dominação da natureza. Assim, além de um desafio técnico, estamos diante de um desafio político e, mesmo, civilizatório (PORTO GONÇALVES, 2004, p. 24).

 

                  É neste sentido que o mesmo autor ainda completa, que o desenvolvimento é o nome-síntese da idéia de dominação da natureza. Afinal, ser desenvolvido é ser urbano, é ser industrializado, enfim, ser tudo aquilo que nos afaste da natureza e que nos coloquediante de constructos humanos, como a cidade, como a indústria. Assim, a critica à idéia de desenvolvimento exigia que se imaginassem outras perspectivas que não as liberais ou socialistas ou, pelo menos, que essas se libertassem do desenvolvimentismo que as atravessa. Por fazerem críticas a essa idéia de desenvolvimento, os ambientalistas, com freqüência são acusados de serem contra o progresso e o desenvolvimento. Assim como Porto Gonçalves acredita que a idéia de progresso é de tal forma parte da hegemonia cultural tecida a partir do Iluminismo, que mesmo aqueles que se consideram os maiores críticos do Capitalismo fazem estas mesmas criticas aos ambientalistas.

                  Ao associarmos Educação Ambiental a Sustentabilidade, percebem-se no debate corrente sobre Educação Ambiental tendências que privilegiam ações locais e outras que discutem modelos de desenvolvimento. A necessidade impõe ações localizadas, pontuais e imediatas, colocando desafios contundentes às práticas sociais. Faz-se, pois, segundo Figueiredo, necessário construir uma crítica da sustentabilidade. "Uma cultura crítica de sustentabilidade nos devolve à pergunta pela participação dos atores fundamentais dessa história. Na verdade nos remete à tarefa de buscar desvelar, no sentido freireano, o trajeto e a percepção popular sobre o assunto" (FIGUEIREDO, 2007, p. 79).

                  Ao pensar em uma crítica da sustentabilidade temos que considerar alguns princípios, dentre os quais a satisfação das necessidades fundamentais; a participação popular; o cuidado com os bens naturais; um sistema social solidário que garanta qualidade de vida. Pensa-se em um conceito de sustentabilidade, desacoplado de um desenvolvimento que não questiona o modelo capitalista. Prioriza-se uma reorientação do termo, observando a relevância do saber popular, sem descuidar dos aspectos sócio-históricos e políticos envolvidos e que devem ser considerados pela Educação Ambiental. O que significa dizer que a Educação Ambiental não pode reconhecer o eixo econômico como excludente de outras dimensões.

                Assim é que se faz importante definir como demarcador a construção das Agendas 21 locais, dos bairros, das universidades, etc. Pensamos que muito há que se percorrer para torná-la exeqüível e, isto se dará quando percebermos que as novas orientações precisam de uma prática social propícia para prosperarem. Figueiredo coloca que:

 

A Educação Ambiental hegemônica, que se insere de modo globalizado, apresenta esta tendência embutida no tecnicismo, na participação das populações em ações pontuais, nos planejamentos e decisões governamentais centralizadas que não afrontam o modelo capitalista de modo conseqüente. (FIGUEIREDO, 2007, p. 79).

 

              Escolher uma concepção de Educação é uma decisão eminentemente política, pois ela referenciará uma práxis educativa. No mesmo sentido de práxis educativa, Moacir Gadotti definia pedagogia da práxis como "a teoria de uma prática pedagógica que procura não esconder o conflito, a contradição, mas, ao contrário, entende-os como inerentes á existência humana, explicita-os e convive com eles. Ela se inspira na dialética" (GADOTTI, 2005, p. 239). Em nosso caso particular, acredita-se que uma forma de se alcançar os objetivos da Sustentabilidade e romper com as mazelas do Capitalismo é optarmos por um novo modelo de Educação, ou seja, uma Educação que não só é Transformadora, mas acima de tudo Popular, ou seja, dos oprimidos, como exprime Paulo Freire. Será a partir da situação presente, existencial, concreta, refletindo o conjunto de aspirações do povo, que poderemos organizar o conteúdo programático da educação ou da ação política.

 

O que temos de fazer, na verdade, é propor ao povo, através decertas contradições básicas, sua situação existencial, concreta, presente, como problema que, por sua vez, o desafia e, assim, lhe exige resposta, não só no nível intelectual, mas nonível da ação (FREIRE, Paulo, 1987, p. 184).

 

 

                  Uma questão que ganha cada vez mais espaço em todos os níveis de discussão é o meio ambiente e os problemas do meio ambiente. A filosofia também se interessa pelo tema, principalmente porque envolve, além de aspectos conceituais, problemas éticos. Podemos dizer que na atualidade a discussão ecológica ganha espaço por que se faz urgente encontrar uma alternativa para fazer o casamento entre progresso e defesa do meio ambiente. Ou, numa linguagem mais atual, potencializar um progresso sustentável. Aqui não vamos nos deter na diferenciação conceitual ente Ecologia e Meio Ambiente, antes, pelo contrário, tomaremos os dois conceitos com sentido unívoco. Usaremos indistintamente Ecologia e Meio ambiente para nos referir à mesma realidade eco-ambiental, pois nosso objetivo, aqui é somente levantar o questionamento a respeito da problemática.

                 As inúmeras entidades Ecológicas e de defesa do Meio Ambiente não negam a oportunidade nem os benefícios e necessidade do progresso. A discussão acontece porque, de modo geral, as empresas ocupam-se em explorar sem preocupação de preservar.  Quando se trata de uma empresa que explora recursos naturais, faz-se necessário, simultaneamente, um trabalho de preservação e recuperação do ambiente. Uma madeireira, por exemplo, pode fazer extração de madeiras, mas, para que seja ecológica e eticamente correta, deve manter áreas de reflorestamento e fazer a exploração de forma a não agredir a fauna e a flora, com derrubadas desordenadas ou queimadas. Além disso, deveria fazer um trabalho de reaproveitamento de todos os resíduos: serragem, restos de madeira, etc. Tudo para evitar o impacto negativo ao meio ambiente. Costuma-se dizer que uma ação ecologicamente correta pode ser mais lucrativa, pois, além do lucro financeiro gera lucro ambiental.

                 Mas essa é só uma face do problema ecológico. A defesa do meio ambiente não se resume aos critérios que devem ser seguidos pelas empresas que exploram recursos naturais. Outras empresas também precisam manter o equilíbrio da natureza. Uma fábrica de farinha, um supermercado, um escritório de contabilidade ou mesmo uma escola, podem ocasionar mais danos ao meio ambiente do que uma serraria que esteja fazendo manejo florestal ou reflorestamento. Um escritório de contabilidade que atira seus resíduos de forma desordenada em um terreno baldio é mais agressivo do que uma eventual mineradora que faz manejo e controle de impacto ambiental, e é neste sentido que Milton Santos coloca: “O meio ambiente construído constitui um patrimônio que não se pode deixar de levar com conta, já que tem um papel na localização dos eventos atuais” (SANTOS, 2006, 141)

                 Muitas pessoas se prendem à idéia de que defesa do meio ambiente e da ecologia é coisa para as entidades que com isso trabalham; ou meio ambiente é defesa das florestas e animais em extinção. Ecologia, também, não se resume à discussão de grandes temas como: buraco na camada de ozônio, derretimento das calotas polares, aquecimento global. Nem a temas regionais como a seca do nordeste ou o impacto da construção de uma hidroelétrica. Também ultrapassa os limites da defesa das baleias, das tartarugas, dos jacarés ou de outras espécies tanto animais como vegetais, em risco de extinção. Vai além dos debates ou campanhas em defesa de um determinado ecossistema ameaçado ou da condenação dos vazamentos de petróleo.

                  Essas questões ambientais e sociais deixaram de ser marginais ao negócio e passaram a ser essenciais, estratégicas. O conceito de sustentabilidade transcendeu a questão ambiental alcançando a social e a educacional. Responsabilidade na utilização dos recursos naturais, no consumo e no trato com a sociedade faz parte da administração moderna. A preocupação com o meio ambiente e com o ser humano que vive em sociedade é conseqüência da estranha modernidade que se observa, com o afastamento entre as pessoas e os povos provocado pela ignorância e por preconceitos de toda a ordem. Essa preocupação poderá se transformar num fator de união de esforços para a melhoria das relações com a natureza e entre os seres humanos.

                  Desenvolvimento sustentável, além de responsabilidade social, crescimento inteligente e cuidado com o meio ambiente, deveria significar desenvolvimento humano, respeito às diferenças e fraternidade. Nenhum país pode ser considerado desenvolvido ao arvorar-se à condição de manipulador de idéias e pensamentos para subjugar os demais. O mesmo acontece com as pessoas; a imposição é sinônima de impostura e presunção. Inteligência pressupõe exposição ao invés de imposição.

                  A crise ecológica que presenciamos é conseqüência de uma grave crise humana e social. O ser humano desentendeu-se consigo mesmo, com os seus semelhantes e com a Terra. As guerras e os graves problemas ambientais são as conseqüências desses desentendimentos. A globalização é uma quimera. Os homens estão divididos social, racial, religiosa e geograficamente. No pequeno planeta criaram-se mundos distantes onde explorados e exploradores convivem numa aparente harmonia. No dizer de Polibus, não existe testemunha tão terrível, nem acusador tão implacável quanto a consciência que mora no coração de cada homem. A essa consciência, que pode ser conhecida e desenvolvida, a parte de Deus que habita em cada coração, é que cada homem haverá de prestar contas um dia, pelo que fez e deixou de fazer; a única, verdadeira e incontestável juíza que todos carregam consigo desde o instante que nascem e que pode ser ampliada no processo da vida através da evolução que implica a aquisição de conhecimentos. A questão do momento é a ampliação da consciência que muito tem a ver com a sede por eternidade e a fonte da eterna juventude que os antigos pressentiam e que nos permitirá projetar um futuro e construir um passado que poderá se converter num infinito presente que chamaríamos eternidade.

                 Quando boa parte da humanidade despertar do sono da indiferença e da inconsciência e aderir ao silencioso e crescente movimento em defesa do meio ambiente e do ser humano como indivíduo, a revolução ecológica – espiritual se fará sentir em muitas partes e será corrigido o rumo equivocado em que se lançou a humanidade pelos obscuros caminhos do materialismo e da ignorância. A nova cultura será o produto de uma grande revolução a ser travada no íntimo das pessoas. Mais do que informativa, ela será formativa, proporcionando a ampliação da consciência e o cultivo de pensamentos e sentimentos que unam as pessoas ao invés de distanciá-las, como têm feito a política, as fronteiras, as religiões e, sobretudo, as ambições desenfreadas que deverão ser substituídas pelo ideal de estudo e de fraternidade. Além de cuidar do meio ambiente que o cerca, aprenderá a cuidar do ambiente mental de onde provêm os pensamentos e as idéias que podem elevá-lo, ao invés de mergulhá-lo na escuridão. O homem tem se afastado de si mesmo, dos seus semelhantes e de Deus por insistir em manter uma fé no que desconhece. Somente através do conhecimento poderá reencontrar-se e descobrir o Deus oculto em seu coração e nos de seus semelhantes Não bastam as leis se não há consciência e entendimento para que elas se cumpram, e homens de iniciativa e vigilantes que colaborem para que o planeta e seus habitantes se recuperem.

                 Meio ambiente, na realidade são todos os espaços humanos ou naturais. Sendo assim, cada plástico jogado no fundo do quintal é uma ação agressiva ao meio ambiente. Plantar árvores numa determinada área não significa, necessariamente, um trabalho ou uma consciência ecológica. As passeatas ecológicas que escolas realizam na semana do meio ambiente ou no dia da árvore podem ser infrutíferas se não vierem acompanhadas de ações concretas no cotidiano ou se ficarem sós no ato de plantar a árvore ou fazer a passeata. Cada ação exige um processo de consciência e conscientização ecológica anterior e posterior. Um trabalho que deve ser constante. Claro que grandes temas e problemas ecológicos são mais destacados do que as pequenas ações do cotidiano. Mas isso não implica em dizer que um seja mais importante que o outro. O que realmente importa é fazer com que todos os seres humanos desenvolvam ações que valorizem a vida. E essas ações não começam com aquelas que merecem destaque nos meios de comunicação, mas com as ações do e no cotidiano.

                 O carinho e o respeito ao meio ambiente começa, portanto com as pequenas ações. Não são sós os outros que precisam respeitar e preservar. Essa é uma ação que deve merecer a atenção de todos a partir de nosso quarto, de nossa cozinha, de nosso ambiente cotidiano. A consciência ecológica só se desenvolve com saúde se receber tratamento carinhoso no dia-a-dia. A questão, do meio ambiente, também está no âmago da reflexão filosófica não só porque é uma questão atual, nem porque diz respeito a todas as pessoas, mas porque é uma questão humana. Podemos dizer que interessam a filosofia todas as questões humanas e não somente aquelas que estão em destaque na mídia.

                 Embora nas últimas décadas os problemas ambientais tenham ganhando importância e grande espaço nas discussões políticas, necessário esclarecer que as primeiras preocupações com a qualidade do ar datam de longe, já na era pré-cristã, sendo tal fato devido ao uso do carvão como combustível, uma vez que as cidades dessa época apresentavam problemas relacionados à baixa qualidade do ar. Face do agravamento da situação nas cidades da era pré-cristã, no final do séc. XIII foram baixados os primeiros atos de controle de emissão de fumaça.

                 Em 1952, um acidente ocorrido durante o inverno na cidade de Londres – um episódio de inversão térmica impediu a dispersão de poluentes causados pelas indústrias e aquecedores domiciliares que usavam carvão como combustível, formou uma nuvem composta de altos teores de enxofre e material particulado, permanecendo por cerca de três dias, fato que ocasionou de inúmeras pessoas.

                 A década de 60 foi palco de grandes mudanças na área ambiental, sendo que nos EUA foi criado um programa federal de poluição atmosférica, sendo que mais tarde estabeleceram-se padrões de qualidade do ar. E foi também nesta década que se descobriu que o uso indiscriminado de pesticidas, estava colocando em risco a saúde das pessoas, bem como contaminando alimentos e águas e ainda que os lixos - urbano e industrial - eram descartados de forma inadequada prejudicando nosso bem estar. Entretanto à medida que os países foram se aprimorando e aperfeiçoando técnicas e formas de controle ambiental, as indústrias começaram a migrar para os países onde as medidas de controle ambiental eram mais amenas ou praticamente inexistentes.

                Nos anos 60 e 70, vários países com baixa economia, incluindo o Brasil, receberam indústrias multinacionais, principalmente na área petroquímica. Muitas delas tinham como sede países onde a legislação ambiental era mais rigorosa e então determinava altos custos com investimentos em tecnologia, principalmente na prevenção de acidentes ambientais. A partir dos anos 80, até os dias atuais, a questão ambiental passou a ser um tema de discussão em todos os segmentos da sociedade, o que vem pressionando indústrias e o empresariado às mudanças de atitudes e medidas ambientalmente mais justas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

 

 

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FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

 

GADOTTI, Moacir. Encontros e Caminhos: Formação de Educadoras(es) ambientais e coletivos educadores. Brasília: MMA, 2005.

 

LOUREIRO, Carlos Frederico B. & LEROY, Jean-Pierre. Pensamento Complexo, Dialética e Educação Ambiental. São Paulo: Cortez, 2006.

 

PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter Porto. O Desafio Ambiental. Rio de Janeiro: Record, 2004.

 

SANTOS, José Eduardo dos & SATO, Michele. A Contribuição da Educação Ambiental à Esperança de Pandora. 3.ed. São Carlos: RiMa, 2006.

 

SANTOS, Milton. A natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. 4. ed. 2. reimpr. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006.