A AUDITORIA INTERNA PRESENTE NAS ORGANIZAÇÕES

Deisi Regiane Werle1

Leiziane Diel Martini2

Luciano Maso (orientador)3

RESUMO

Este artigo apresenta o surgimento da auditoria interna como alternativa para esclarecer as análises financeiras com informações corretas e especificas sobre as organizações. O objetivo deste artigo é abrir um espaço para conceituação e definição de auditoria, dando enfoque para auditoria interna, onde é possível mostrar suas modalidades e a sua importância para apurar resultados e regularizar os registros das empresas, assim possibilitando a seus administradores avaliar seu gerenciamento e tomar atitudes mais eficazes. Abordaremos sobre a Lei Sarbanes Oxley (SOX), que foi instituída para resolver os escândalos contábeis com as grandes empresas, relativos aos controles financeiros. Por esta razão foram inseridas algumas regras contábeis de tal forma que todas as organizações adotassem o mesmo procedimento, para que fosse feita a auditoria em cada uma delas utilizado das normas padrões, para que nenhuma fosse prejudicada em sua lucratividade ou rentabilidade.

Palavras Chaves: Auditoria Interna – Objetivos - Lei Sarbanes

ABSTRACT

This paper presents the development of internal audit as an alternative to financial analysis to clarify and correct information about specific organizations. The aim of this paper is to open a space for the conceptualization and definition of audit, focusing on internal audit, where you can show your procedures and their importance to determine results and regularize the records of firms as well enabling its managers to evaluate their management and take attitudes more effective. We will discuss about the Sarbanes Oxley (SOX), which was established to address the accounting scandals in large corporations, relating to financial controls. For this reason have been included in the accounting rules so that all organizations adopt the same procedure, so that the audit was made ​​in each of the standards used standards, so that none were impaired in their profitability or profitability.


Keywords: Internal Audit - Objectives - Sarbanes

INTRODUÇÃO

A auditoria interna surgiu com a necessidade de garantir aos investidores a exatidão das análises financeiras, é uma das mais importantes ferramentas para o controle administrativo, mantendo o equilíbrio entre a visão do futuro e as ações do presente, para se manter um controle adequado dentro da organização. O objetivo da auditoria não é punir e sim corrigir e melhorar o desempenho, aprimorando o caráter dos colaboradores.

A constante evolução do mercado e dos negócios não permite erros, por isso é fundamental o sistema de controle interno eficiente, que garanta informações seguras e confiáveis. Dessa forma, a auditoria interna vem se tornando um meio muito utilizado nas organizações com a finalidade de avaliar de forma constante tais controles internos.

O auditor assume na empresa a responsabilidade de prestar uma informação ágil, perfeita e de padrão moral elevado de modo que se possa escolher a melhor alternativa, pois zela pelos bens, direitos e obrigações das empresas, que tem por finalidade garantir a sobrevivência desta no mercado.

Diante dessas realidades, no contexto atual do mercado, a Auditoria interna contribui em muitos meios para o alcance da máxima eficiência e bom êxito empresarial, melhorando a interpretação dos fatos contábeis.

1. ORIGEM E CONCEITO DA AUDITORIA

Segundo Basso (2005, p.93), auditoria em latim quer dizer, “alguém que ouve e pensa, quem tem a função de informar a um tribunal sobre a legalidade dos atos”.

O surgimento da Auditoria está ligado diretamente a Contabilidade, que surgiu para controlar o patrimônio das empresas mediante os registros, preparação das demonstrações e interpretação dos fatos ocorridos, com a finalidade de fornecer informações sobre a gestão patrimonial. Segundo Sá (2000, p.15) “a auditoria é uma das aplicações dos princípios da Contabilidade, baseada na verificação dos registros patrimoniais das aziendas, sua importância é reconhecida desde a civilização suméria”.

A auditoria teve inicio na Inglaterra, no início do século XIV, em 1314, orientado para o exame das contas públicas da Coroa. Sua evolução também ocorreu nos países da Grã-Bretanha, com o surgimento das grandes corporações industriais e comerciais, entre os séculos XVIII e XIX. Em 1854 surgem as primeiras associações de contadores ingleses, seguindo-se, em 1894, a criação do Instituto Holandês de Contadores Públicos (BASSO, 2005, p.100).

1.1  ORIGEM E CONCEITO DA AUDITORIA INTERNA

Segundo Schrader (1976), desde o começo do século, as organizações utilizavam os serviços de firma de auditoria pública, para garantir aos seus acionistas e investidores, que os balanços, estavam corretamente de acordo com a escrituração contábil.

Esse sistema já era aplicado na antiguidade, mas não era ainda denominada “auditoria”, era utilizada pelos antigos mercadores para manter os controles adequados sobre os investimentos feitos nas grandes capitais, utilizando aos meios de trocas, como dinheiro, a própria mercadoria ou em outras terras.

Com a modernização e o desenvolvimento dos mercados internacionais, os administradores passaram a compreender a grande importância das perícias anuais, para assegurar e aumentar a confiança dos investidores e acionistas sobre a correção dos balanços. Mas se tornou difícil para as firmas que prestavam esse serviço acompanharem de perto as operações, não podendo dar a segurança de que os controles e sistemas operacionais eram realmente observados.

Aos poucos se observou a necessidade de alguém de confiança dentro da própria organização exercer as funções de “auditor”, e por pertencerem à organização foram denominados “internos”.

Conforme Antonio Lopes de Sá, “a auditoria interna é uma parte da técnica da auditoria” (1978, p.14).

Segundo o mesmo autor, a auditoria interna é o serviço prestado pelos funcionários da própria empresa.

O auditor interno é um empregado da empresa, e dentro de uma organização ele não deve estar subordinado àqueles cujo trabalho examina. Além disso, o auditor interno não deve desenvolver atividades que ele possa vir um dia examinar [como, por exemplo, elaborar lançamentos contábeis], para que não interfira em sua independência (ALMEIDA, 2008, p.29).

Seguindo o mesmo pensamento:

A auditoria interna é aquela exercida por funcionário da própria empresa, em caráter permanente. Apesar de seu vínculo com à empresa, o auditor interno deve exercer sua função com absoluta independência profissional, preenchendo todas as condições necessárias ao auditor externo, mas também exigindo da empresa o cumprimento daquelas que lhe cabem(MARRA, 1982,p.106).

1.1.1 A importância da auditoria interna

A partir da necessidade de que uma pessoa que pertence à organização passe as informações que dêem segurança aos administradores surge à auditoria interna.

 [...] a administração passa a necessitar de alguém que lhes afirme que os controles e as rotinas de trabalho estão sendo habilmente executados e que os dados contábeis, com efetividade, merecem confiança, pois espelham a realidade econômica e financeira da empresa (ATTIE, 1992, p.26).

Segundo Attie (1987), as empresas procuram atingir suas metas proporcionadas por uma política segura e estruturada de melhor aproveitamento de sua potencialidade. As atividades econômicas constituídas através do crescimento asseguram os empresários à construção de um patrimônio e o retorno indispensável das suas expectativas.

Devido a esse fato, o crescimento constante das empresas por diversificação de suas atividades econômicas, por crescimento da produção e do número de funcionários e por causa da descentralização de suas funções tornou difícil a missão de um grupo limitado de pessoas controlar a totalidade dos eventos a elas inerentes. (ATTIE, 1987, p.25).

A auditoria interna nesse momento é uma atividade necessária à organização e desenvolvendo para a gerência ativa, concedendo-lhes alternativas, como ferramentas de trabalho, de controle, assessoria e administração.

De acordo com Attie (1987) cabe a auditoria interna identificar áreas problemáticas e sugerir correção, para obter o apoio necessário ao desenvolvimento de serviços a toda organização.

1.1.1.1Objetivos da auditoria interna

De acordo com Attie (1987) o objetivo da auditoria interna é auxiliar os administradores a desenvolver eficientemente as suas responsabilidades, fornecendo a eles análises, avaliações, recomendações, assessorias e informações relativas às atividades examinadas.

O objetivo geral da auditoria interna é prestar ajuda à Administração, com o fito de possibilitar-lhe o desempenho adequado de suas obrigações, proporcionando análise, apreciações, recomendações e comentários objetivos e/ou convenientes acerca das atividades investigadas. O Auditor Interno deve, portanto, preocupar-se com qualquer fase das atividades da empresa que possa ser de utilidade à administração (UHL, 1976, p.17).

Para Schrader (1976) o auditor interno deve ter preocupação com todos os processos da empresa, que possa ser de utilidade a empresa.

Segundo Attie (1987), em síntese pode-se dizer que a auditoria interna tem por objetivos:

  • Examinar os sistemas estabelecidos que tenham ou possam ter conseqüência sobre as operações e relatórios, e determinar se a organização está de acordo com as normas;
  • Verificar se os recursos são empregados de maneira eficaz;
  • Informar o resultado do trabalho de auditoria e certificar que foram tomadas as providências corretas referente aos problemas identificados.

Para Schrader (1976) há a necessidade de desempenhar as seguintes atividades, tais como:

  • Revisar e avaliar a qualidade e a aplicação dos controles contábeis;

Estabelecer o desenvolvimento do cumprimento das normas, dos planos e procedimentos que vigoram;

  • Avaliar a qualidade alcançada na execução das tarefas.

De acordo com Basso (2005), um sistema de controle interno deve satisfazer alguns objetivos, dentre eles:

  • Comprovação da verdade das informações e relatórios contábeis gerados pela empresa;
  • Localização de erros e desperdícios;
  • Estimular a virtude de produzir das pessoas por meio da precaução que se exerce pelos relatórios.

Conforme Almeida (1996), o auditor executa os seguintes passos em sua avaliação de controle interno:

  • Levanta o sistema de controle interno;
  • Verifica se o sistema levantado é o que está sendo seguido na prática;
  • Avalia a possibilidade de o sistema revelar de imediatos erros e irregularidades;
  • Determina tipo, data e volume dos procedimentos de auditoria.

1.1.1.1.1A auditoria como função

Segundo Attie (1992), a função da auditoria interna repousa em atividades detalhadas da empresa, relacionadas, de maneira intensa, com o andamento de cada função, área, departamento, setor e operação.

A descrição da função fornece, ao pessoal de auditoria, o horizonte e conhecimento de suas funções e responsabilidades. A auditoria interna, como um todo, precisa funcionar a níveis ótimos, com adequado status na empresa, além de capacidade técnica suficiente para o desempenho da função. (ATTIE, 1987, p.38).

Segundo o mesmo autor, a descrição das tarefas para os níveis de hierarquia das pessoas que compõem a auditoria procura o mais alto grau de profissionalismo, onde somente os melhores auditores executam com bom êxito.

O mais alto grau profissional significa que cada auditor deve desenvolver excelência em relação ao cargo que ocupa, e após conquistar a experiência adequada assumir maiores responsabilidades.

À medida do possível, a descrição de função pode enfocar:

a)propósito do cargo indicando o motivo e finalidade que a função requer;

b)estrutura do cargo determinado os superiores hierárquicos e os subordinados que lhe reportem;

c)autoridade do cargo indicando a extensão e/ou limitação requerida pela função;

d)perfil do cargo relacionado os quesitos técnicos e pessoais imprescindíveis para a boa condução da função;

e)atribuições e responsabilidades descrevendo de forma abrangente as atividades pertinentes que cada cargo requer. (ATTIE, 1987, p.39).

De acordo com Sá, “o pessoal deve ser treinado e instruído para aceitar a auditoria interna como algo normal e necessário.” (1978, p.23).

Devem aceitar que a presença do auditor é algo que beneficia as pessoas boas e à organização.

De acordo com Sá (1978) além das funções tradicionais da auditoria, outras lhe podem ser cofiadas:

  • Treinar os diretores qualificados;
  • Participação do planejamento financeiro da empresa.

Segundo Schrader (1976), o auditor interno deve ter autonomia em algumas funções relacionadas aos campos abaixo:

  • Comprovar a eficiência do sistema e controle interno;
  • Controlar os bens da empresas, assim como os seus empregados;
  • Informar o correto desempenho das atividades de cada funcionário;
  • Organizar os departamentos de Auditoria.

2.MODALIDADES DE AUDITORIA INTERNA

Várias modalidades de auditoria interna foram sendo incorporadas ao longo do processo de desenvolvimentos das atividades de auditoria interna. Conforme Gass (2008), as modalidades são as seguintes:

a) Contábil/Financeira – A auditoria Contábil enfoca principalmente as demonstrações financeiras, examinando e avaliando as partes componentes desses demonstrativos, bem como os procedimentos e registros;

b) Operacional - A Auditoria Operacional procura conferir se a organização ou unidade submetida a exame e avaliação opera de forma eficiente. O objetivo geral da Auditoria Operacional é assessorar a administração no desempenho efetivo de suas funções e responsabilidades;

c) Sistemas - É uma área de atuação importante da auditoria, seja na extração de informações dos sistemas, seja na implantação de trilhas de auditoria e, também, no próprio processo de automação interna do órgão de auditoria;

d) Qualidade – A qualidade é um pressuposto básico em todas as atividades da empresa, pois se procura ter produtos com o mais alto padrão de qualidade para satisfação do cliente;

e) Gestão - A auditoria de Gestão se evidencia na avaliação dos resultados obtidos pela unidade sob exame.

2.1 LEI SARBANES-OXLEY

Segundo Peters (2007), em julho de 2002 foi promulgada a lei de Sarbanes-Oxley nos Estados Unidos, que estabeleceu uma das maiores reformas já ocorrida na regulamentação do mercado de capital norte americano. A lei foi uma resposta aos escândalos contábeis que envolveram grandes companhias consideradas umas das melhores para se trabalhar, do qual estabeleceu regras para a padronização e aperfeiçoamento dos controles financeiros das empresas que possuem capital negociado na Bolsa de Nova Iorque (NYSE).

O SOX é uma lei que criou um organismo regulador das empresas de auditoria, determinaram penas e responsabilidades dos executivos, na ênfase de tentar recuperar o equilíbrio no mercado de capitais.

Como exigência da SOX, a SEC (Securities and Exchange Commission) é responsável pela revisão e divulgação dos relatórios e demonstrações financeiras, que avalia se a companhia efetuou reformulações significativas em suas demonstrações.

2.1.1 A estrutura da auditoria interna

Segundo Attie (1987) a estrutura interna varia de acordo com cada organização. As empresas de pequeno porte podem dispor de apenas um elemento, as organizações de porte médio podem montar considerando um gerente e supervisor e, nas grandes organizações, pode tornar-se uma estrutura que engloba níveis variáveis, de diretor a auxiliares de auditoria.

A estrutura da auditoria pode ser considerada de acordo com a seguinte divisão:

  • Diretor: dirige toda a atividade da auditoria;
  • Superintendente: dirige os setores sob sua responsabilidade;
  • Gerente: determina a divisão das tarefas;
  • Supervisor: acompanhamento das atividades exercidas pelos auditores de campo;
  • Sênior: conduz os trabalhos de campo;
  • Assistente: conduz pequenos trabalhos;
  • Auxiliar: iniciante da área de auditoria, que serve de suporte as tarefas.

CONCLUSÃO

 

Nos últimos anos, há uma discussão referente ao papel da auditoria interna principalmente aos fatos relacionados aos escândalos contábeis em grandes empresas de destaque mundial. Situações assim levam a realidade de como os auditores trabalham sob o risco de emitir conclusões sobre os balanços contábeis analisados.

Com a globalização e a necessidade crescente da busca de bons resultados, as empresas estão em busca cada vez mais por meios que minimizam os riscos aos seus negócios, eficiência em suas operações e um nível adequado de gerenciar e retorno aos seus investimentos.

No contexto atual deverão ser uniformizadas às atividades de auditoria interna, novas habilidades que considerem, por exemplo, uma atuação responsável no entendimento e análise das metas das empresas e como os riscos estão inseridos nos respectivos processos de negócios.

A auditoria interna deve, portanto, assumir uma participação imediata no suporte à gestão empresarial sendo responsável não só por assegurar a qualidade da estrutura de controle interno, como, também, propor recomendações às atividades e aos negócios das empresas.

A auditoria interna deve buscar como produto de seu trabalho a veracidade e implantação de soluções alinhadas com as melhores práticas de negócios. A utilização de explicações minuciosas com enfoque abrangente de revisão, considerando aspectos de controle e de estratégias dos negócios, aliada à utilização efetiva dos recursos de tecnologia nas revisões, é fator determinante para o sucesso das atividades e do produto gerado pela auditoria interna.

O cenário mudou e com ele foram estabelecidos novos modelos de sobrevivência para as empresas. Nesse novo cenário as funções de auditoria interna ganham nova dimensão e importância como instrumento de vantagem competitiva.

REFERÊNCIAS


PETERS, Marcos. Implantando e gerenciando a Lei Sarbanes Oxley.São Paulo: Atlas, 2007.

ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria: um Curso Moderno e Completo. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1996.

FRANCO, Hilário. et al. Auditoria Contábil.São Paulo: Atlas, 1982.

 

SÁ, Antonio Lopes de. Auditoria Interna. 2. ed. São Paulo. 1978.

BASSO, Irani Paulo. Iniciação à auditoria. 3. ed. Ijuí:Unijuí, 2005.

ATTIE, Willian. Auditoria interna. São Paulo: Atlas 1987.

UHL, Franz. Auditoria Interna. 2. ed. São Paulo:Atlas,1976.

ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria: um Curso Moderno e Completo. 6.ed. São Paulo: Atlas, 2008.

ATTIE, Willian. Auditoria interna. São Paulo: Atlas, 1992.

SÁ, Antonio Lopes de. Curso de Auditoria. 9. ed.São Paulo: Atlas,2000.

GASS, Armando. Papel da auditoria Interna. Disponível em:<http://www.crcrs.org.br/comissoes/audinterna>. Acesso em: