Pequeno artigo resumido parte da minha monografia sobre o tema, que consta na biblioteca da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, relatando a presença dos Jesuítas no oeste do Paraná tradicional, território conhecido como Província Jesuítica do Guairá, nome de ruas, bairros e cidade no Paraná, e deixa claro que as missões jesuíticas na América Latina tem origem no Paraná.

RESUMO

O Paraná como todo o Brasil e América foi um território dividido entre as potências ibéricas que desde o século XV faziam empreendimentos marítimos propondo descobrir novas terras e garantir a colonização das mesmas. Com o Tratado de Tordesilhas, o Paraná virou uma terra de disputas, pois ambos os países tinham interpretações diferente do tratado. Essa disputa não ocorreu diretamente por muito tempo, por aproximadamente cinquenta anos o Paraná foi um território de passagem para viajantes portugueses e espanhóis, até que em 1554 é fundado o primeiro núcleo povoador no oeste paranaense, a vila espanhola de Ontiveiros, que dois anos depois seria trocada de local por ser um terreno inóspito para a saúde, sendo fundado assim um novo núcleo povoador, chamado Ciudad Real del Guairá, que viria a ser o centro de colonização espanhola em toda região do Guairá. Os espanhóis usavam mão de obra indígena através da servidão por contrato para extrair erva mate e procurarem por pedras e metais preciosos. Em 1570, é fundado o terceiro núcleo de povoação, chamado Villa Rica del Espírito Santo, construído com moldes de uma verdadeira cidade, porém por conta de uma epidemia de varíola também foi transferida de local em 1586. Visto a dificuldade dos colonizadores de utilizarem a mão de obra indígena, em 1588 chegam ao Guairá os primeiros padres jesuítas, que dariam a região um caráter missioneiro, atuando na catequese dos índios e facilitando a utilização da mão de obra dos mesmos pelos espanhóis.  Em 1607, esses padres são chamados de volta a Assunção para fundação da Província Jesuítica do Guairá, onde os jesuítas fundariam as primeiras missões jesuíticas, sendo a primeira delas fundada em 1610, chamada Nuestra Señora de Loreto. Essas missões prosperam, chegando ao total de quinze em todo o território que hoje compõe o Estado do Paraná. Porém passam a ser alvo dos paulistas, que utilizavam a mão de obra do índio, e em 1628, a principal bandeira comandada por Raposo Tavares dizimou o Guairá, destruindo as missões e levando os índios como mão de obra para São Paulo. Em 1631, eles voltam novamente e destroem Villa Rica del Espírito Santo, os espanhóis de Ciudad Real fogem e os jesuítas de duas missões também conseguem escapar dos bandeirantes, fugindo para o território argentino. Deixando no Guairá um grande vazio, sem nenhum tipo de colonização.

Palavras-chave: Colonização, Guairá, Missões, catequese, jesuítas, bandeirantes.

INTRODUÇÃO

Com o Tratado de Tordesilhas, em 1494, as novas terras descobertas a oeste da linha imaginária pertenceriam a Espanha e a leste a Portugal. Lembrando apenas que este tratado foi assinado em seis anos antes das descobertas de terras no Atlântico Sul, algo que provavelmente dá um indício de que os portugueses já tinham conhecimento dessas terras. A linha do Tratado de Tordesilhas dividia o Paraná entre as duas potências marítimas da época, Portugal e Espanha, sendo a que a última ficou com a maioria das terras do Estado, deixando apenas o litoral paranaense sobre a administração portuguesa. Porém, como sabemos a colonização portuguesa no Brasil teve início apenas em 1531, sendo em 1500 apenas a tomada de posse das terras por Portugal, pois neste período os portugueses estavam mais interessados nas suas colônias na Ásia e no Oriente e após suas falências e de diversas “ameaças” de outras potências marítimas como França e Holanda, eles iniciam a colonização de fato em 1531. Neste território que pertencia aos espanhóis não foi um vazio demográfico, pois ali viviam diversos índios do tronco linguístico tupi – guarani e Gê, estima-se que viviam na região em torno de 200 mil índios espalhados em vários agrupamentos, porém suas culturas não estavam em nível de muito conhecimento, pois possuíam uma agricultura e cerâmica muito rudimentar, vivendo da coleta de alimentos silvestres, da caça e da pesca, estavam na idade da pedra polida. O historiador Jaime Cortesão escreveu sobre o habitat e a cultura dos índios tupi-guarani:

Nomadismo, em país tropical rico de cursos de água e de florestas, implicava como modo de subsistência essencial, a pesca, a caça e a colheita de frutos. Não obstante, é certo que esses índios exercitavam uma agricultura de queimada, por meio da qual já tinham selecionado as mais úteis dentre as plantas dessa parte do continente. Assim, cultivavam, para citar apenas as principais, a mandioca, o milho, o algodão e o fumo. Estacionados ainda na Idade da Pedra, utilizavam para confeccionar seus instrumentos apenas a pedra, a madeira e o osso. Nus, tatuados e enfeitados com penas de aves, viviam em pequenas aldeias de malocas, dormindo em redes tecidas de algodão. (CORTESÃO, 1966, p.22).[1]

A presença espanhola

 

A presença colonizadora espanhola no território paraense tem início na segunda metade do século XVI, especificadamente em 1554, quando o território formado pelos rios Paraná, Paranapanema, Tibagi e Iguaçu foram incorporados à coroa espanhola. O governador de Assunção, Martinez de Irala, enviou uma expedição de 80 homens com a intenção de fundar a vila de Ontiveiros. Porém, em 1524 o viajante espanhol Aleixo Garcia e em 1542 o conquistador espanhol Álvar Núñes Cabeza de Vaca já haviam feito expedições partidas do litoral catarinense e descobrindo as Cataratas do Iguaçu, explorando também o curso do Rio Paraguai e submeteu algumas tribos indígenas que mais tarde entraram em conflito com alguns colonos espanhóis chefiados por Irala[2]. Os objetivos da entrada do governador de Assunção no Guairá são três: primeiro, a ocupação era considerada estratégica, pensando em estabelecer um porto em Laguna, no litoral de Santa Catarina, a fim de assegurar está saída para o mar e assim quebrar o isolamento dos colonos de Assunção. Segundo, o povoamento do Guairá permitiria defender a províncias das contínuas entradas que faziam os portugueses e ao mesmo tempo viabilizava as comunicações comerciais com o Brasil, através de São Vicente, sendo vantajoso tanto para os paraguaios como para os lusos-portugueses[3].

A cidade de Ontiveiros chegou a ter grande número de nativos, que viviam sob o regime de encomienda[4], porém a cidade teve uma curtíssima duração de apenas dois anos, de 1554 a 1556. Uma nova cidade foi construída em 1557, próxima à foz do Rio Piquiri, onde hoje se localiza o município de Guaíra e Terra Roxa, pouco acima das extintas Sete Quedas, chamava-se Ciudad Real Del Guairá, fundada por Ruy Dias Malgarejo, onde foram transferidos os poucos habitantes que ainda restavam de Ontiveiros, que desapareceu com isso. Ele mesmo, com 40 homens e 53 cavalos, fundou a 60 léguas de Ciudad Real uma terceira cidade espanhola no Paraná, em fevereiro de 1570, nas margens do Rio Ivaí, a chamada Vila Rica Del Espirito Santo, que recebeu essa nomeação por conta da grande quantidade de pedras com cristais com rochas (ágatas) que possuía na região. Em 1592, houve uma epidemia de varíola forçando a transferência de Vila Rica por ordem do capitão Guzman para a região próxima a foz do Rio Corumbataí, no Ivaí. A principal atividade econômica realizada na região era a extração de erva mate[5].

Essas cidades espanholas tinham como grande objetivo subornar os indígenas e garantir a proteção do caminho do Peabiru, que ia de São Vicente passava na região de Guairá e ia até o Oceano Pacífico, nas proximidades de Lima no Peru, defendendo o acesso a Potosí, com suas minas de prata, alvo da cobiça portuguesa.

Início das reduções

 

Com o tempo, esse regime de encomienda gerara certa resistência nos indígenas, em especial nos índios do tronco Gê, como os kaingangs que eram mais hostis a dominação espanhola.  Para melhor catequizá-los e envolvê-los no mundo ocidental, o governador Hernando Arias de Saavedra com a autorização do Rei Felipe III, que buscava ampliar os domínios da região, criou a Província Del Guairá, também conhecida como República Guarani[6] e chamou a região os padres jesuítas, dando o comando de extensas faixas de terras. Felipe III foi o rei no chamado domínio espanhol, entre 1580 e 1640, onde ocorreu a união entre a coroa portuguesa e espanhola.

Os padres Jesuítas criaram uma nova maneira de ministrar a catequese, criando aldeamentos, onde seria mais fácil de proteger o índio e daria uma maior liberdade maior ao indígena sendo assistido pelos religiosos, que passariam a história como o nome de missão jesuítica. A primeira região que experimentou o sistema de Redução Jesuítica foi a do Guairá, que passou a atrair um grande número de índios que começaram a fugir das encomendas espanholas indo para essa povoação. As primeiras reduções fundadas foram a Nuestra Señora de Loreto e San Ignácio Mini, criadas em 1610. A primeira situava-se na foz do rio Pirapó, e passou a ser a capital da Província, onde passou a residir o superior da Companhia de Jesus da Região. Ao todo foram fundadas 14 missões principais espalhadas pelos Rios Paranapanema, Tibagi, Iguaçu, Piquiri e Ivaí, sendo elas Nuestra Señora de Loreto, San Ignácio Mini, São Francisco Xavier, São José, Nossa Senhora da Encarnação, Santa Maria, São Paulo do Iniaí, Santo Conceição de Nossa Senhora dos Guanhanhos, São Tomé e Jesus Maria, essas reduções chegaram a ter em torno de 100 mil nativos, na maioria guaranis, fazendo prosperar as missões[7]. O sucesso dessas reduções levou a decadência de Ciudad Real e Vila Rica, pois a mão de obra que vivia ali preferiu ficar nas reduções, deixando as encomiendas espanholas sem mão-de-obra para a extração da erva-mate.

Organização de uma redução jesuítica

 

As reduções eram dirigidas por um missionário, que os índios chamavam de pai-tuya (pai-velho) e este era auxiliado por um assistente, o pai-mini (pai-novo).

Os jesuítas procuravam não quebrar a hierarquia com o qual os índios estavam acostumados. Cada indivíduo no dia do casamento recebia um terreno, o qual era obrigado a cultivar. Havia propriedades particulares e coletivas, que eram cuidadas e plantadas em turnos pelos índios, que a chamavam de tupã-bem. (propriedade de Deus). Havia uma criação coletiva de cavalos, bois e galinhas. O produto deste trabalho era armazenado em depósitos públicos, onde cada família recebia o necessário para o seu sustento, sendo limitada a distribuição, para que as donas de casa indígena não se acostumassem a gastar demasiadamente. Destes mesmos depósitos também se retiravam o necessário para o culto e o pagamento de impostos, que eram pagos a coroa espanhola. Os missionários não introduziram a moeda entre os indígenas, para não despertarem a cobiça.

Os temores dos lusos brasileiros

 

Com o sucesso das reduções jesuíticas gerou temores dos lusos brasileiros de São Paulo. Entre os principais interesses dos paulistas estava o temor de uma expansão espanhola para leste, em direção à baia de Paranaguá, a captura de índios para trabalharem em suas lavouras e o desejo de atingir as famosas minas de Potosí.

Os portugueses sempre tiveram a intenção de ter como limite meridional do Brasil, o Rio da Prata, já os espanhóis desejavam este limite em Cananéia ou até a baia de Paranaguá.

Com a expansão das reduções espanholas, que já estavam alcançando o valo do Rio Tibagi, causou uma preocupação entre os paulistas, também chamados de mamelucos paulistas[8], que viram como uma guerra justa, já que ameaçava o Tratado de Tordesilhas. Há tempos que os paulistas organizavam bandeiras onde percorriam o litoral e o interior a procura de índios, que eram geralmente presos e levados a São Paulo, onde eram vendidos.

As expedições bandeirantes e o fim das reduções do Guairá

 

Os ataques dos bandeirantes paulistas se tornaram mais frequentes a partir de 1628, principalmente pela omissão do governador do Paraguai, Luís de Céspedes Xéria, que nesse período procurava romper o bloco hegemônico do sistema colonial paraguaio, entre o Estado e a Igreja, deixando os jesuítas enfrentar sozinhos os bandeirantes paulistas. Os missionários propuseram junto ao provincial do Brasil, D. Diego de Oliveira a liberdade dos índios, porém não obtiveram ajuda. Mesmo sem apoio das autoridades paraguaias, e sem apoio das autoridades brasileiras, os jesuítas mantinham fiéis as ordens vindas de Roma[9].

Os problemas envolvendo os bandeirantes paulistas não era novidade no Guairá, como já citado anteriormente, iniciaram a ter mais força a partir de 1611, quando o governador de São Paulo, Luís de Souza, ordenou que os caciques de aldeias próximas a São Paulo fossem buscar índios parentes nos sertões do Guairá, para trabalharem nas minas portuguesas.

O padre Montoya cita como era a vila de São Paulo e como eram os habitantes dela:

a Vila de São Paulo acha-se fundada ao Sul, no lugar mais avançado terra a dentro de toda aquela costa. Dista 16 léguas do mar e está fortificada com uma serra muito alta, que chamam de “Panamá Picada”: o que quer dizer lugar donde se vê o oceano. Tão empinada é aquela serra, que bastariam quatro homens para impedir a passagem a grandes exércitos. Os moradores daquela vila são castelhanos, portugueses e italianos, e gente de outras nações. Aos quais ali agregou a vontade de viverem com liberdade e desafogo, e sem qualquer aprêmio da justiça. É seu “instituto” (norma sagrada) destruir o gênero, matando a seres humanos, se estes, para fugirem da miserável escravidão em os põem, lhes escapam. Passam dois ou três anos nesta caça de gente, como se fossem besta ou bichos. Por vezes estiveram-no de dez a doze anos e, voltando às suas casas, acharam filhos novos, provenientes daqueles que, pensando já mortos e a eles próprios, tinham se casado com as suas mulheres, mas trazendo eles consigo os que haviam engendrado na selva. (MONTOYA, 1997, p.141-142)

Os moradores de São Paulo eram conhecidos pelos jesuítas e índios da região como mamelucos[10], e a partir de 1628 passaram a atacar as missões dos Guairá com verdadeiros exércitos, principalmente a bandeira liderada por Raposo Tavares, organizada em São Paulo no final de 1628 com 69 paulistas, 900 mamelucos e 3.000 índios. Além do próprio Raposo Tavares na liderança da bandeira, também estavam presentes o seu irmão Pascual e seu sogro, Manuel Pires[11]. 

A primeira missão devastada pelos bandeirantes, ainda em 1628, foi a missão de Encarnación, onde todos os homens foram presos e levados como escravos. As crianças, velhos e os mais fracos foram todos massacrados pelo caminho[12]:

entrou essa gente, pior que “Alarbes” em nossas reduções: cativando, matando e despojando altares. Fomo-nos com pressa três padres rumo a seus ranchos e alojamentos, onde já retinham muita gente presa. Pedimo-lhe que nos devolvessem os que haviam cativado, pois não eram poucos os que possuíam acorrentados. Como loucos frenéticos gritaram de imediato, dizendo: “Prendam-nos! Predam-nos, pois são traidores!” Juntamente dispararam alguns arcabuzes, ferindo oito ou dez dos índios que nos acompanhavam. Morreu um deles, ali mesmo, devido a um balaço, que lhe deram numa das coxas. O Pe. Cristovão de Mendoza saiu ferido de um flechaço. (MONTOYA, 1997, p. 142)

No ano de 1629, atacaram as missões de Santo Antônio, São Miguel, Jesus Maria, São Francisco Xavier e São José, algumas dessas missões eram recém- fundadas, sua destruição é citada por Montoya:

pouco depois entraram a som de caixa e em ordem militar nas duas reduções de Santo Antônio e São Miguel, destroçando índios a machadadas. Os pobres dos índios com isso se refugiaram a igreja, onde os matavam – como no matadouro se metam vacas -, tomaram por despojo a modestas alfaias litúrgicas e chagaram mesmo a derramar os (santos) óleos pelo chão. Entraram no aposento de um dos padres, prometendo-se a sim mesmos encontrar grande tesouro, mas acharam apenas duas camisas, feitas em pedaços, e uma sotaina de algodão, muito velha. Em vez de se edificarem à vista da pobreza daqueles homens apostólicos, fazendo “bandeiras” daqueles panos as mostraram aos índios. Indo ditos dois religiosos acolher-se ao Colégio ali existente e próprio da Companhia de Jesus, anteciparam-se-lhes alguns civis alguns civis, que lhes fecharam as portas com ruído e vozerio estranho e os levaram presos com ordem de juízes, a que ali chamam de “câmara”. Foram fechados na casa de um secular, em que estiveram retidos com guardas, dando-se tudo com evidente desacato da dignidade sacerdotal e esperando eles, os padres, ainda outras e maiores afrontas a serem sofridas por Deus e por suas ovelhas. (MONTOYA, 1997, p. 143-145)

Em seguida, o padre Montoya, narra a entrada dos bandeirantes paulistas na missão de São Francisco Xavier:

fizeram com mão hostil a sua entrada na redução de São Francisco Xavier, povoado de muitos moradores, onde desde muito tempo se achava colocado o Santíssimo Sacramento. Bem informados a propósito das crueldades destes “alarbes”, seus vizinhos se meteram em grande número nos bosques, indo para lá em companhia de suas mulheres e filhos, e dali saindo às suas próprias plantações em busca de alimento. Nisso topavam, para que lhes dissessem onde tinham deixado sua “chusma” ou gente, em cuja procura em seguida iam, levando-a a seus palanques ou paliçadas. Em tais ocasiões não deve opor-se-lhes resistência, porque, usando de um alfanje, coram a todos a cabeça ou lhes abrem as entranhas, a fim de amedrontarem aos demais. Saindo um deles da paliçada, pôs-se a incendiar morosamente uma casa de palha, pegada à igreja. Logo que ela começou a queima, principiou ele gritar: “Sejam-me testemunhas de que padres são incendiários!”. Acorremos logo, para apagar o fogo e defender a igreja das chamas.” (MONTOYA, 1997, p.146 - 147)

Os bandeirantes paulistas eram tropas mercenárias, que agiam por conta própria, não comprometendo assim os portugueses e nem os espanhóis, os quais não aceitavam a existência dessas missões jesuíticas. Para os portugueses, devastar o território do Guairá era um modo indireto de desgastar o domínio espanhol, evitando assim uma guerra direta entre as duas coroas. Por consequência, após destruírem a maioria das missões jesuíticas do território do Guairá, os paulistas olharam para as duas cidades espanholas na região, Ciudad Real del Guairá e Villa Rica del Espiritu Santo, visto que as duas cidades estavam praticamente expostas, começaram a planejar a destruição desses núcleos de povoação.[13] Segundo Parellada[14], o Governador do Paraguai, em 1630, expediu uma ordem proibindo que os espanhóis de Villa Rica e Ciudad Real não auxiliassem com armas de fogo as missões jesuíticas.

Ainda faltavam duas missões jesuíticas não destruídas pelos bandeirantes, sendo elas Nuestra Señora de Loreto e Santo Ignacio Mini, e após a invasão da missão de São Francisco Xavier, os sobreviventes das povoações próximas a essas missões se refugiaram exatamente nas duas primeiras missões. “Todos os daqui nos foi possível fazer fugir, enviamos-los a Loreto e Santos, que eram os únicos de que treze povos não se haviam atingido.” (MONTOYA, 1997, p.148)

O padre Montoya conseguiu juntar 12.000 índios nas duas missões, e com 700 balsas conseguiram transportar esses índios, descendo os rio Paranapanema e Paraná, e se estabeleceram no território da Província de Missiones, no noroeste argentino.  O padre Montoya narra à fuga dos jesuítas da Província do Guairá:

causava espanto verem-se, por toda aquela praia, ocupados os índios em fabricarem balsas, que importam na reunião de duas canoas ou de dois troncos grandes de madeira, cavados a modo de barco, sendo que sobre elas se constrói uma casa bem coberta, e resistente à água e ao sol. O ruído das ferramentas, a pressa e confusão, davam a impressão de aproxima-se o juízo final.  E disso quem poderia duvidar, vendo seis ou sete sacerdotes, os que ali nos achávamos consumir o Santíssimo Sacramento, dependurar imagens, consumir os óleos (sagrados), recolher os ornamentos, desenterrar três corpos de missionários insignes que, ali sepultados, descansavam, para que os que em vida nos haviam acompanhado nos trabalhos, também nos fizessem companhia neste “ultimo” ou mais recente e não ficassem naqueles desertos? Em suma, vendo-os desamparar igrejas tão lindas e suntuosas, que deixamos bem cerradas, para que não convertessem em esconderijo de feras?!.Este espetáculo foi tão horrendo e calamitoso, que o céu não desse sinais ele próprio de sentimentos dolorosos através de cometas, mas na terra, por meio de uma imagem pincelada, do tamanho de duas varas encontradiça numa redução do Paraná e distante das que abandonávamos mais de cem léguas: um lugar, aliás, em que tínhamos posto a mira final der nossa viagem – retirada. Fabricaram-se, em tempo brevíssimo 700 balsas, sem contar canoas soltas em quantidade, embarcando-se nelas mais de 12.000 almas, as quais importavam nas únicas a escaparem deste tão tempestuoso dilúvio. (MONTOYA, 1997, p. 151-152)

 O padre Montoya também narra a chegada dos bandeirantes paulistas e a reação deles ao encontrarem ambas as missões despovoadas:

apenas havíamos viajado dois dias rio abaixo, quando nos alcançaram alguns índios, retardatários em sua partida. Deles soubemos como aquele inimigo tão pernicioso ficou tomado de fúria ao ver-se burlado. É que teria bastado dar-se um pouco mais pressa, para na certa apanhar-nos e conquistar uma presa tão boa ou rica. Chegaram os paulistas ao “pueblo” já despovoado, investiram contra as portas dos templos e, encontrando resistência em abri-las, por estarem bem trancadas, fizeram-nas em pedaços. Diga-se que o lavor e formosura das mesmas podia ter feito tremer a sua mão atrevida, uma vez que não movera a ciência de que se mão atrevida, uma vez que não os movera a ciência de que se tratava de templos, em que por tantos anos Deus tinha sido reverenciado. Entraram eles naqueles templos em tropel e com algazarra, investiram contra os retábulos (dos altares), derrubaram as suas colunas, deram com elas por terra e, aos pedaços, levaram-nas para cozinhar as suas comidas: ação (detestável) essa, porque eles mesmo confessaram a alguns religiosos que, depois de praticada coisa tão bárbara, as carnes lhes temiam face a seu atrevimento. (MONTOYA, 1997, p.152)

Também é narrado por Montoya, uma armadilha feita pelos espanhóis de Ciudad Real del Guairá, no rio Paranapanema, onde haviam construído um forte visando impedir a passagem dos jesuítas, possivelmente para entregá-los aos bandeirantes paulistas e impedirem uma possível destruição de sua cidade:

voltemos agora à nossa frota de balsas que, ao que parece, ia navegando segura de inimigos, deixados para trás. Veio-nos contudo, então o aviso de que os espanhóis, moradores de Guaíra, estavam nos aguardando num espaço estreito e perigoso, próprio do célebre Salto do Paraná, em, cuja ribanceira eles haviam levantado uma fortaleza de troncos, visando, impedir-nos a passagem e cativar. Com isso voltei a meus companheiros, para nos consultarmos sobre o caso, que a todos causou aflição e dor, vendo-se perseguidos e atalhados pela má fortuna, que por todos os lados deles queria fazer a sua presa. (MONTOYA, 1997, p. 154)

Após grande negociação feita pelo Padre Montoya, os espanhóis liberaram os jesuítas para continuarem sua viagem:

julgaram, pois, muito injusto seu modo de agir e assim, enviando-nos mensageiros, pediram-nos que lhes déssemos prazo e segurança, para se retirarem daquele palanque. Com isso tomamos conta daquele posto, em que foi preciso abandonarmos as canoas. Porque dali em diante faz-se inavegável o rio, devido à queda d’ água que forma tais redemoinhos, que a vista se nega de observá-los pelo temor que inspiram. Tendo ultrapassado já aquele empecilho, tratamos de seguir o nosso caminho por terra. Cada alma viva recebia a sua carga, assim os homens, mulheres e crianças, acomodando sobre suas costas as alfaias e provisões alimentares. Picamos daquilo que tinham ouvido, os espanhóis passaram a ter da própria dureza, visto que não se viam seguros no forte e pelo fato de lhes parecer estarem perdidos. E, quando a consciência aperta os cordéis, a verdade se apresenta muito evidente. (MONTOYA, 1997, p.156)

Dos 12.000 índios levados por Antônio Ruiz de Montoya, apenas cerca de 8.000 índios conseguiram chegar à região do noroeste argentino, onde seriam reerguidas as missões[15].

Os espanhóis de Ciudad Real del Guairá e Villa Rica sofriam pela pobreza desde 1628, havendo falta de alimentos e de índios para trabalharem na extração de erva mate. Após os bandeirantes paulistas terem destruído as missões jesuíticas atacaram em 1632 as duas cidades. A primeira delas foi Villa Rica, que foi sitiada por três meses e seus moradores fugiram para a região mais ocidental do Paraná e outros foram para São Paulo. Os espanhóis de Ciudad Real del Guairá abandonaram a cidade temendo os paulistas, deixando o Guairá sem nenhum núcleo de colonização europeia, sendo apenas uma região de trânsito para portugueses vindos de São Paulo[16].

Mesmo o Guairá segundo o Tratado de Tordesilhas sendo de posse da Espanha, os próprios espanhóis foram expulsos de suas terras. O que antes era chamado de “República Guarani” ficou apenas sendo um vazio demográfico, sem nenhum núcleo populacional, uma terra vazia a espera de uma nova colonização. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Partindo de toda abordagem feita neste trabalho sobre a presença jesuítica na Província do Guairá, ficou claro que as bibliografias e documentos pesquisados nos mostraram o quão forte foi a presença da Companhia de Jesus na região que compreende hoje o Estado do Paraná. É importante destacar que a Província Jesuítica do Guairá foi à primeira tentativa de reunir os indígenas catequisados em povoados fixos sob a coordenação dos jesuítas e das lideranças indígenas. Até então o índio era visto pelos portugueses e espanhóis apenas como uma mão-de-obra disponível. Tal o sucesso desse modelo de missão jesuítica, que ficou conhecida como uma República Guarani, onde o cidadão não era o espanhol ou o jesuíta, era índio catequisado, que tinha nesse local o seu novo habitat, a sua nova nação.

Ao longo de todo o trabalho, deixa transparecer a ideia que os jesuítas realizavam um trabalho apenas em benefício do indígena, no entanto se pensarmos que os índios tinham uma cultura própria deles, ritos que eram próprios deles e isso é praticamente extinto pelos jesuítas, que introduzem a cultura católica, tornando – se dominante a esse povo. E os próprios jesuítas também se aproveitavam da mão-de-obra indígena, principalmente na extração de erva – mate. Esse ideal de redução jesuítica não é apenas para dar à Igreja Católica novos fiéis, mas também é uma estratégia de submeter esse selvagem.

É importante ressaltar que esse modelo de redução de índios não se perdeu com a invasão promovida pelos bandeirantes paulistas em 1632, pelo contrário, foi aperfeiçoado, e os padres que sobreviveram, incluindo Antônio Ruiz de Montoya, fundam novas missões na região do Tapes, no atual Estado do Rio Grande do Sul, onde são fundados os Sete Povos das Missões, que também são alvos de bandeirantes vindos de São Paulo e logo são destruídas. Também outra região que recebeu padres jesuítas foi a de Missiones na Argentina, onde esses povoados sobrevivem até o século XVIII.

Podemos perceber pelo conteúdo desse trabalho, que este modelo de redução jesuítica presente no Guairá e depois no Tapes e Missiones, é um ideal de civilização que não condizia com a época em que ocorreu e talvez por isso não tenham prosperado. Enquanto o mundo adentrava cada vez mais em sua época moderna, surgindo os Estados nacionais na Europa, uma revolução burguesa na Inglaterra, surgimento de novas colônias, e exatamente em uma colônia dividida por duas potências, surgem povoados autônomos, sem responder a nenhum rei ou Papa, que transformavam o que era visto como o selvagem, num cidadão. Cabendo então o fardo de pacificador aos portugueses que habitavam São Paulo e pacificar a região, deixando ela condizente com a época, ou seja, um grande vazio demográfico.

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WESTPHALEN, Cecília Maria, BALHANA, Altiva Pilatti. Presença Espanhola no Paraná- Séculos XVI e XVII. In: Un Mazzolino de Fiori. v. 3. Curitiba: Imprensa Oficial: Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, 2003, p. 375-384.

FONTE PRIMÁRIA

 

FRIAS, Manuel. Licença do Governador Manuel de Frias aos padres da Companhia de Jesus para poder entrar na Província dos Taiaobas e reduzir os índios deste nome. In: CORTESÃO, Jaime (org.). Jesuítas e bandeirantes no Guairá.  Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1951.

INFORME sobre a Fundação das Reduções do Guairá: feita a pedido do respectivo superior padre Joseph Cataldino. In: CORTESÃO, Jaime (org.). Jesuítas e bandeirantes no Guairá.  Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1951, p. 152.

 

MONTOYA, Antônio Ruiz de. Conquista Espiritual feita pelos religiosos da Companhia da Jesus nas Províncias do Paraguai, Paraná, Uruguai e Tape. 2. ed. Porto Alegre: Martins Livreiro, 1997.

 

XAVIER, Martins. Carta do P.° Martim Xavier relatando a viagem desde Assunção às reduções do Paranapanema. Pueblo de S. Ignacio. In: CORTESÃO, Jaime (org.). Jesuítas e bandeirantes no Guairá.  Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1951.



[1] CORTESÃO, Jaime. Raposo Tavares e a formação territorial do Brasil. Lisboa: Portugália, 1966. V.1. p.22.

[2] WACHOWICZ, Ruy C., História do Paraná. Curitiba: Imprensa Oficial, 2001.

[3] GADELHA, Regina Maria A.F. Do Guairá à conquista do Paraná (1553-1680): Subsídios para a história da expansão territorial do Brasil, in Anais do Seminário Internacional, Missionários e Espanhóis: o Paraná no Contexto da Bacia do Prata Séculos XVI e XVII. Secretaria do Estado da Cultura. p.22., 2010.

[4]  Encomienda – Sistema de tarefa tratada com um chefe indígena, que se responsabilizavam pelos sues comandados. Esse sistema também responsabilidade pela catequese dos índios, sua proteção e pelo ensino de sua proteção, o que na prática tornava o trabalho compulsório.

[5] PARELLADA. Claudia Inês. Vila Rica del Espirito Santo: Ruínas de uma cidade colonial Espanhola no interior do Paraná. Secretaria do Estado da Cultura, p.6. 1993.

[6] LUGON, Clovis. A república comunista cristã dos Guaranis, 1610 a 1768. 3.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.

[7] PARELLADA. Claudia Inês. Vila Rica del Espirito Santo: Ruínas de uma cidade colonial Espanhola no interior do Paraná. Secretaria do Estado da Cultura, p.7. 1993.

[8] Mameluco – mestiço geralmente filho de pai português e mãe índia, caboclo que dominava a língua portuguesa e o tupi guarani. Era como os padres jesuítas chamavam os paulistas.

[9] SCHALLENBERGER, Erneldo. O Guairá e o espaço missioneiro: índios e jesuítas no tempo das missões rio platenses. Cascavel: Coluna do Saber, 2006, p.82.

[10] Nome dado pelos portugueses, aos mestiços do Brasil.

[11] WESTPHALEN, Cecília Maria, BALHANA, Altiva Pilatti. Presença Espanhola no Paraná- Séculos XVI e XVII. In: Un Mazzolino de Fiori. v. 3. Curitiba: Imprensa Oficial: Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, 2003, p. 381.

[12] LUGON, Clóvis. A república comunista cristã dos guaranis, 1610 a 1768. 3ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977, p. 46.

[13] LUGON, Clóvis. A república comunista cristã dos guaranis, 1610 a 1768. 3ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977, p. 51.

[14] PARELLADA, Claudia. Resistência e Mudança Guarani: A Linguagem Visual nas Missões Jesuíticas do Guairá (1610 – 1631). In... Reunião de Antropologia do MERCOSUL. “Culturas, encontros e desigualdades”. GT48 – Pensando el cambio entre los Guaranies: situaciones, contextos y escalas de análisis, 9, 2011, Curitiba. Anais. Curitiba, 2011, p. 16.

[15] WESTPHALEN, Cecília Maria, BALHANA, Altiva Pilatti. Presença Espanhola no Paraná- Séculos XVI e XVII. In: Un Mazzolino de Fiori. v. 3. Curitiba: Imprensa Oficial: Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, 2003, p. 382.

[16] PARELLADA, Claudia. Resistência e Mudança Guarani: A Linguagem Visual nas Missões Jesuíticas do Guairá (1610 – 1631). In... Reunião de Antropologia do MERCOSUL. “Culturas, encontros e desigualdades”. GT48 – Pensando el cambio entre los Guaranies: situaciones, contextos y escalas de análisis, 9, 2011, Curitiba. Anais... Curitiba, 2011, p. 16.