Revolução cubana e a guerrilha do Araguaia um paralelo “traçado”.

(Flávio Henrique da silva)

IFG – Campus Goiânia 

 

Resumo.

         Em um contexto político-militar, a sociedade brasileira, sofreu com o regime ditatorial por diversos anos, quase que concomitantemente a América latina passava por uma experiência de revolução ideológica, mas precisamente na ilha de Cuba, liderada por jovens que desejavam a igualdade entre as nações e queriam acabar de vez com o imperialismo, a revolução de 1959, foi noticiada por diversos países e diferentes meios de comunicação, o Brasil segui a regra, e a imprensa nacional relatou os fatos em um momento propício, a uma luta armada aqui no território tupiniquim.

 

Palavras- chaves: revolução, imprensa, ditadura, sociedade

 

 

Abstract.

           In a political – military , Brazilian society has suffered from a dictatorial regime for several years , almost concurrently latian America went through an experience of ideological revolution , but precisely on the island of Cuba , led by Young people Who wanted equality between nations and wanted to wipe out imperialism, revolution of 1959 ,was reported by several a countries and different media , Brazil followed the rule, and the national press reported the facts in a favorable moment , the armed struggle here tupiniquim territory.

 

 

Keywords: revolution, press, dictatorship, society

[1]

Introdução:

         A intenção primária neste artigo e apresentar as relações entre a imprensa brasileira e a revolução cubana, porém em nosso recorte histórico a guerrilha do Araguaia figura entre os fatos relevantes em nossa produção, e na nossa concepção, sua proximidade ideológica com a insurreição cubana, proporcionou as influencias que o movimento necessitava para sua realização.

         Buscaremos por meio deste artigo, traçar um paralelo entre a revolução cubana a imprensa brasileira e a guerrilha do Araguaia, fato este considerado por muitos como o ápice do movimento esquerdista no Brasil, traçar este paralelo de fato é um objetivo em nossa produção textual, porém evidenciaremos as proximidades ideológicas entre a revolução cubana e a guerrilha do Araguaia, pois este movimento insurrecional é um tema que persiste, devido à censura que lhe foi imposta durante tanto tempo, o confinamento, a destruição dos arquivos oficiais, sempre voltam a figurar no cenário político brasileiro.

          Entendemos que, os acontecimentos nestes três momentos da história brasileira e da América latina estão correlacionados, mas em medidas diferentes, tanto a revolução cubana como a guerrilha do Araguaia tiveram sua atividades revolucionarias apresentadas pela imprensa brasileira, que até então, era quase que em sua totalidade, exercida por veículos de comunicação, que eram mantidos ou originários do governo vigente. Para que possamos abordar este tema, e conseqüentemente produzir, este artigo requereu uma grande multiplicidade de fontes, e sabemos que nenhuma delas é perfeita nem suficiente em si mesma; todas irão encerrar enigmas, defeitos e lacunas, mesmo aquelas que aparentemente sejam incontestáveis, o presente artigo ira abordar à receptividade da revolução cubana dentre a historiografia brasileira, e as abordagens que foram mostradas para as camadas sociais do país.

      Pretendemos em primeira [2]instância, fazer a análise de aspectos que consideramos centrais, dentro desta temática, um destes pontos são as metodologias empregadas pelos veículos de comunicação (jornais, revistas, livros, artigos, teses...), com o objetivo central de analisar sobre os debates gerados ao redor do mundo sobre essa temática e as possíveis repercussões destes acontecimentos na sociedade e no cotidiano do povo brasileiro.

          Para a produção deste artigo, utilizamos de uma metodologia com objetivos analíticos, e por meio de investigação e observação, deixando evidenciado que o objeto de estudo, e uma abordagem bastante abrangente em vários fatores socioeconômicos e culturais, Quantos aos procedimentos o artigo pode ser caracterizado como bibliográfico documental e estudo de caso. Bibliográfica porque fundamentada em obras de autores que possuem um alto grau de credibilidade dentre a temática; documental posto que amparado em livros, jornais e sites da internet que abordam o assunto.

 

Anticomunismo.

          Como os nossos objetivos permeiam na compreensão do discurso anticomunista, que foi paulatinamente produzido e cultivado na sociedade brasileira, devemos entender que este discurso esteve presente durante todo o século XX, não se restringindo a década de 1960e 1970, entendemos que ao menos duas ondas anticomunistas são identificadas durante a nossa breve História, a primeira se relaciona ao período do Governo Vargas e que antecede o golpe do Estado Novo (1935-37), e outra no início da década de 1960 e que também terá papel de destaque na construção da derrubada de João Goulart em 1964.

          Para nos o “perigo vermelho”2 atuou decisivamente na legitimação desses golpes, colocando-os como ‘necessários’ para a realidade do país. A nossa analise partira da segunda onda anticomunista, A partir de algumas observações feitas em relação à revolução cubana, alguns aspectos foram de extrema relevância para a produção deste artigo, a reação do Brasil e da camada esquerdista diante deste fato, foi um destes pontos relevantes, que causou mudanças estruturais na ilha caribenha que enfrentou o imperialismo mundial e principalmente o norte americano.

        A revolução cubana influenciou teóricos e políticos brasileiros, tendo em vista a possibilidade na mudança do cotidiano social e estrutural do país, em um recorte histórico entre os anos de 1959 a 1975, sabem que neste período a imprensa brasileira enfrentou uma grande censura a liberdade de expressão, a partir das analises sobre recepção jornalística e teórica do processo revolucionário na ilha caribenha, juntamente com uma analise dos estudos e produções de livros e artigos de intelectuais nacionais que trabalharam esta temática, é possível identificar uma serie trabalhos realizados por diversos teóricos e por uma gama de pessoas que trataram o assunto, como teóricos, sociólogos, historiadores, lideres religiosos entre outros, eles relataram não só a revolução cubana, mas as relações entre Cuba, Brasil e toda a América Latina.

          Temos a clara convicção[3], que se o ponto de partida para um estudo sobre a revolução cubana for determinado a partir da recepção brasileira através de analises e abordagens feitas por jornais e outras fontes que demonstre essa dialogação entre essas duas culturas, pode-se atingir um conceito mais amplo das visões que se tinha da ilha cubana, e a perspectivas que temos hoje.    

O Brasil no contexto da Revolução:

           O momento que o Brasil atravessava entre os anos de 1959 á 1975, é de extrema conturbação política e divergências ideológicas, na ala esquerdista nacional, fatos relevantes em nossa história demonstram todo este momento, observemos alguns:

           Como foi dito o nosso recorte histórico é entre o ano de 1959 a1975, mas para iniciarmos as amostragens das principais matérias de jornais que recobrem este período, voltaremos ao ano de 1954, mas precisamente no dia 24 de Agosto, o dia do suicídio do então presidente Getúlio Vargas, posteriormente a este fato, a sua carta testamento foi divulgada em diversos veículos de comunicação, chegando até as mãos do lideres do movimento 26 de julho, por intermédio de dezesseis cubanos que se encontravam no comitê dos exilados cubanos, no estado do Rio de Janeiro.

Este acontecimento, de uma maneira mais ampla, fez com que a futura ilha socialista se aproximasse do Brasil, os jornais deste período noticiaram este fato com bastante ênfase é certo grau de preocupação. Pois alguns jornais e revistas nacionais foram fundados a partir de partidos políticos e pessoas ligadas ao governo, o acervo da Folha de são Paulo, nos mostra uma serie de manchetes políticas, que nos transporta para o período aqui citado, um período de grande instabilidade política e militar, é necessário deixar claro que, seria impossível abordar todas estas manchetes, pois a própria temática não nos permitiria somente neste artigo.

3 de janeiro de 1955- 1954 : O ano mais agitado de toda a história da republica do Brasil

20 de Agosto de 1961 – Jânio condecora Guevara.

A posição adotada pelo Brasil foi sem dúvida, o maior fator para que Cuba fosse tratada na Conferencia de Punta del Este como país americano — afirmou nesta capital o ministro cubano "Che" Guevara, em entrevista que concedeu à imprensa. Acompanhado de uma comitiva de cinqüenta pessoas, Guevara chegou às 23 h 30 de ontem, procedente de Montevidéu e reencenou hoje, às 15 horas, a viagem de regresso a Havana, após ter mantido conferencia com o presidente Janio Quadros, que o condecorou com a "Grã Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul Depois da audiência com o Sr. Janio Quadros o líder revolucionário informou que se tratara de uma visita de cortesia, durante a qual manifestou ao presidente "o testemunho do agradecimento do governo cubano pela posição do Brasil em Punta del Este, alem de apresentar as saudações pessoais do 1º ministro Fidel Castro.

Após a primeira parte de sua conferencia com "Che" Guevara, o Sr. Janio Quadros condecorou o com a "Grã Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul", em cerimônia realizada no Salão Verde do Palácio do Planalto. O presidente, de bom humor, atendeu aos pedidos dos fotógrafos de mudar para dois metros alem o local da entrega da comenda (por causa da luz) e tirou o microfone da Agencia Nacional para um lado, facilitando-lhes o serviço. Ao entregar a comenda, o chefe do governo brasileiro pronunciou as seguintes palavras: 
 Ministro Guevara: v. exa. Manifestou em varias oportunidades o desejo de estreitar relações econômicas e culturais com o governo e povo brasileiros. Esse é o nosso propósito também. E é a deliberação que assumimos no contato com o governo e o povo cubanos. E para manifestar a v. exa, ao governo de Cuba e ao povo cubano, nosso apreço, nosso respeito, entregamos a v. exa. Esta alta condecoração do povo e governo brasileiros. "
Ostentando já a comenda, o ministro cubano agradeceu:
"Sr. presidente: como revolucionário, estou profundamente honrado com esta distinção do governo e do povo brasileiros. Porém, não pode considerá-la nunca como uma condecoração pessoal, mas como uma condecoração ao povo e nossa revolução, e assim a comunicarei com as saudações desse povo que v. exa. Pessoalmente representa. E a transmitirei com todo desejo de estreitar as nossas relações. "
A cerimônia encerrou-se voltando o chefe do governo e o ministro Guevara para o gabinete presidencial.”

"Che Guevara quase foi recebido sem as honras militares de estilo: a oficialidade do Batalhão de Guarda recusou-se a acatar as ordens de formar as tropas defronte ao Palácio do Planalto, para a execução dos hinos nacionais dos dois países e a revista. Durante toda a noite, segundo informações prestadas à Folha de S. Paulo, os oficiais superiores se movimentaram par vencer a resistência de seus subordinados e, finalmente, tiveram êxito. Antes das 7 horas da manhã os soldados estavam em seus postos e tudo correu normalmente’

(Matéria da folha de São Paulo, Janio condecora Guevara 20 de agosto de 1961)

25 de Agosto de 1961 - - Jânio renunciou.

O presidente Janio Quadros renunciou hoje ao cargo de presidente da República.
Às 15 horas, o jornalista Castelo Branco reuniu em sua sala os jornalistas credenciados no Palácio e fez o seguinte relato:
O presidente Janio Quadros renunciou esta manhã à Presidência da Republica, embarcando para São Paulo por volta das 11 horas. O documento de renuncia esta sendo entregue neste momento ao Congresso Nacional pelo ministro da Justiça.
O presidente chegou ao Palácio hoje, como de habito às 6 h 30 e, depois de rápidos despachos com o chefe de a Casa Militar, conversou pelo telefone com o chefe da Casa Civil. Nesses primeiros contatos o presidente revelou a decisão de renunciar ao governo, informando que, após a solenidade do Dia do Soldado, redigiria o documento indispensável. Terminadas as comemorações no Ministério da Guerra, o presidente voltou ao Palácio, chamando imediatamente a seu gabinete o gen. Pedro Geraldo e os Srs. Quintanilha Ribeiro, José Aparecido de Oliveira e Pedroso Horta. Aos quatro disse o Sr. Janio Quadros:
— Chamei para dizer-lhes que renunciarei agora à Presidência. Não sei exercê-la. Já que o insucesso não teve a coragem da renuncia, é mister que o êxito a tenha. Não exercerei a presidência com a autoridade rebaixada perante o mundo, nem ficarei no governo discutindo a confiança no respeito, na dignidade indispensável ao primeiro mandatário. Não se trata de acusação qualquer. Trata-se de denuncia de quem tem como solenes e graves os deveres do mandato majoritário. Não nasci presidente da Republica. Nasci, sim, com a minha consciência. E a esta deve atender e respeitar. Ela me diz que a melhor formula que tenho agora para servir ao povo e à Pátria é a renuncia.

(Folha de são Paulo 25 de agosto de 1961 manchetes da capa do jornal)

Guerrilheiros mortos em Cuba: Jornal Do Brasil [4]

                          Pelo menos 18 pessoas foram mortas durante ataques de guerrilheiros do Movimento Revolucionário 26 de Julio (MR-26) contra unidades do governo cubano. As principais ações dos rebeldes foram realizadas na cidade de Santiago de Cuba. Grupos de seis a oito civis vestidos com uniforme verde-oliva e braçadeiras com a inscrição MR-26, abriram as portas da prisão de Puerto Biniato e libertaram cerca de 200 detentos. Além de atacar os quartéis da polícia nacional e da polícia marítima, os guerrilheiros levaram armas e munição da unidade do Exército em Holguin.
Essa foi à terceira ofensiva revolucionária realizada naquele ano. Um dos líderes da guerrilha, o advogado exilado no México, Fidel Castro, disse que 1956 era um ano decisivo para concretização de sua promessa de conseguir a liberdade de Cuba ou morrer em sua tentativa. Raul Castro, irmão de Fidel, e o médico argentino Ernesto "Che" Guevara organizaram o Movimento 26 de Julio, com o objetivo de voltar a Cuba a derrubar o ditador Fulgêncio Batista, que era apoiado pelos EUA.
Dois dias depois, de madrugada, o iate Granma de 12 metros vindo do México com 82 homens armados, mantimentos e medicamentos, encalhou afastado da praia, em Coloradas, na Província do Oriente. Para chegar em terra firme, o grupo teve de nadar sob disparos das tropas do governo, que estavam em uma lancha da patrulha costeira cubana. Do total, apenas 22 homens sobreviveram e o carregamento foi perdido.
As ações de Santiago de Cuba e Coloradas fracassaram. Fidel, Raul, "Che" e mais alguns rebeldes conseguiram chegar a Sierra Maestra, de onde passaram a organizar os camponeses para a luta armada. Em outubro de 1958 teve início a Marcha sobre Havana, até que em janeiro de 1959, a revolução foi vitoriosa.
Por iniciativa de Ernesto Che Guevara, criou-se em plena selva um sistema rudimentar para a produção de pão e charque para alimentar as tropas, artigos de couro para os soldados, e inclusive uma pequena imprensa com um mimeógrafo antigo de onde eram editados manifestos da guerrilha e até um pequeno jornal. (jornal do Brasil 30/11/1958)

22 de Novembro de 1961- reatamento praticamente realizado, Brasil e URSS assinam documento.

-Fugiu Goulart e a democracia está sendo restaurada. (...) Atendendo aos anseios nacionais de paz, tranqüilidade e progresso, as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-a do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal (02 de abril de 1964 - jornal o globo)

12 de Março de 1965 – Taylor pede tropas do Brasil para o Vietnã.                   

29 de Março de 1965 - Exército prende chefe e 17 guerrilheiros.

        Com uma melhor observação nestes dois fatos, quase que simultâneos, percebemos que, a folha de são Paulo demonstra o sentimento anticomunista por parte dos militares brasileiros, dando indícios do que seria anos mais tarde, o golpe militar, As abordagens relacionadas à revolução cubana e como este fato foi apresentado à sociedade brasileira, toma rumos mais drásticos na edição da revista veja de 13 de agosto de 1969, onde se segue como capa e matéria principal, intitulada como: Os terroristas, a revista dedica grande parte de seus textos, a insubordinação de estudantes e integrantes de movimentos pro revolucionário:

Os terroristas estão muito ativos e sofrendo muitas baixas. Na segunda-feira, no Rio, quatro jovens assaltaram a Kombi de um banco. Levaram cheques sem fundos, um rádio de pilha e uma marmita de macarrão com frango; buscavam dinheiro para a subversão, segundo policiais. No mesmo dia foi preso um técnico eletrônico, membro do MR-8 (Movimento Revolucionário 8 ­ data da morte de Guevara, em outubro de 1967), que tinha uma estação transmissora em sua loja em Ipanema. Seu companheiro Ivens Marchetti, arquiteto, preso na ilha das Flores, confessou que os assaltos eram "feitos para sustentar a preparação de guerrilhas no centro-oeste do Paraná. Terças-feiras foram jogadas no palácio do Cardeal Dom Agnello Rossi, em São Paulo, uma bomba e uma carta com a assinatura de Carlos Marighella, antigo dirigente do Partido Comunista (segundo a polícia a assinatura não foi forjada). E a semana continuou: um assalto em Guaratinguetá, SP, um no Rio e um em São Paulo; três jovens presos no Rio, com planos de assaltos; mais três presos em São Paulo; um coronel baleado por estudantes que distribuíam panfletos no Rio. No assalto ao Banco Nacional de São Paulo, no Rio, dois dos assaltantes foram presos. Eram do MR-26 (Movimento Revolucionário 26 de Julho, data do início da Revolução Cubana). Um dos presos, José Duarte dos Santos, ex-marinheiro expulso em 1964, disse na polícia: "Eu não sou marginal. Vocês recuperam um marginal. “Para mim, só o fuzilamento”. O General Syzeno Sarmento, comandante do I Exército, comentou esse assalto: "Não podemos arriscar a vida de nossos soldados. (...) Minha ordem foi clara: quando os soldados sentirem que alguém os vai atacar, podem atirar para matar, para valer

                 (Revista veja 13 de agosto de 1969  trecho da matéria os terroristas)

  

                Podemos observar que tanto a folha de São Paulo como a revista veja, mostra o lado “sombrio” da revolução cubana, apesar de se passarem quase uma década da conquista revolucionaria, ela influenciava e servia como inspiração a jovens brasileiros, cuja não suportava mais viver em um regime como o do Brasil, no entanto podemos analisar que a imprensa brasileira, neste contexto de censura, e de formações de veículos de comunicação por intermédio do governo, sempre relatou as “rebeliões” dos subversivos brasileiros como tendências adquiridas pela glória da revolução cubana. No que corresponde o ano de 1964, mas precisamente no dia 31 de março, o golpe militar é efetivado, alguns veículos de comunicação de maneira até carnaveslesca celebram a “vitoria da democracia” como o próprio jornal o globo:

 Ressurge a democracia! Vive a nação dias gloriosos. Porque souberam unirem-se todos os patriotas, independentemente das vinculações políticas simpáticas ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é de essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas que, obedientes a seus chefes, demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições. Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ter a garantia da subversão, a ancora dos agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade não seria legítimo admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante da nação horrorizada. (O Globo - RJ - quatro de Abril de1964 - Capa do jornal)

O jornal, o globo, demonstrava claramente sua posição ao anticomunismo, divulgando em suas paginas charges, artigos e reportagens que tinham como objetivo construir uma imagem pejorativa do comunismo,

 

Influencias na Guerrilha do Araguaia.

Depois destas analises podemos constatar que a revolução cubana, influenciou jovens brasileiros que aderiram o movimento conhecido como, a guerrilha do Araguaia, porém este fato não foi um acontecimento único e percussor no Brasil.

A guerrilha do Araguaia teve inicio em um momento que todos os canais de respiração política da sociedade brasileira estavam trancados, a classe operária impedida de reivindicar seus direitos e a imprensa censurada, neste contexto a semelhança com a revolução cubana e inevitável, como Renato Rabelo presidente do partido comunista do Brasil relata:

Embora derrotada militarmente, a guerrilha foi vitoriosa politicamente, a resistência do Araguaia adquiriu uma grande dimensão, primeiro uma luta que durou quase três anos – foi à jornada de resistência de maior duração na época da ditadura militar, segundo, ela contribui efetivamente para debilitar o regime militar e fortalecer o ânimo da oposição democrática, terceiro a guerrilha só consegui esses resultados porque ganhou apoio da população local. (RABELO–Renato entrevista para o livro- Guerrilha do Araguaia uma epopéia pela liberdade 4 edição-  pág15)

O fato de a revolução cubana, ter tido o apoio da comunidade local e de extrema relevância para uma analise da guerrilha do Araguaia, independentemente da vitória dos guerrilheiros brasileiros, a afeição e posteriormente um apoio da comunidade local significa que com um pouco mais de estruturação e até mesmo de uma organização, a guerrilha poderia se estender por mais um período, pois entendemos que a vitória socialista aqui no Brasil, seria quase que impossível, devido a fatores geográficos e de uma organização ideológica pela ala esquerdista do Brasil, sem dúvida alguma, as influencias das ideologias revolucionárias cubanas, na luta armada no Brasil,

 

Conclusão.

      Apesar de milhares de pessoas que não aceitavam a ditadura no país, os grupos esquerdistas não conseguiam entrar em sintonia com seus membros ativos, o radicalismo na defesa dos ideais democráticos colocou como a única opção, a luta armada, mas havia a ala esquerdista com diferenciação nas suas ideologias, para que a vitória ocorresse ,era necessária a unanimidade dos membros organizadores do movimento. Então podemos concluir em relação, a guerrilha do Araguaia, a parte ortodoxa do movimento se espelhou na vitoria da revolução cubana, onde a guerrilha partiu do meio rural para a cidade, e a parte esquerdista que ao concordava com este tipo de ação permaneceu na cidade, executando assaltos e manifestações, diferentemente da vitória cubana, a onde os dois grupos, os guerrilheiros rurais e os urbanos, apesar de terem também algumas diferenças, seus comandes conseguiram fazer a junção perfeita para que conseguisse a vitória.

        No que desrespeita a imprensa nacional, o fato a ser destacado, e a grande publicação sobre acontecimentos que direta ou indiretamente influenciava jovens brasileiros a tomar iniciativas contra o regime vivido naquele contexto histórico nacional, pois na nossa compreensão a momentos que são propícios para uma revolução, seja ela armada ou não, a imprensa brasileira naquele contexto, apresentou os fatos relevantes na conjuntura histórica , porém como este artigo me proporcionou a volta em tempo histórico[5] que não vivencie, posso rever todo o contexto e chegar à conclusão que, aquele momento era propicio e a imprensa e o governo foi falo na divulgação da revolução cubana.

 

         Referencias bibliográficas:

BERTOLINO, Osvaldo. ”Guerrilha do Araguaia, uma história que não acabou”. In princípios37 ano 1995

CABRAL, Pedro Corrêa. Xambioá- Guerrilha no Araguaia. Rio de Janeiro-Record ano 1993

FONTENELES, Paulo. Araguaia: a guerrilha redescoberta. Belém labor editorial ano 2002

AMAZONAS, João. Biografia: perfis parlamentares Brasília 2011

CASTAÑEDA, Jorge. G.Che Guevara a vida em vermelho – companhia das letras ano 1997

WASSERMAN. Claudia –Historiografia sobre a revolução cubana no Brasil história caribe universidade Del atlântico Barranquilia- Colômbia ano 2007

DA COSTA, Emilia Viotti – Revoluções do século XX - UNESP 

TEIXEIRA SADDI. Rafael - o ascetismo revolucionário do movimento 26 de julho: o sacrifício e o corpo na revolução cubana (1952-1958) - tese de doutoramento pela UFG ano 2009

 

Sites:

Banco de dados folha de São Paulo http://bd.folha.uol.com.br/

Arquivo nacional- http://www.arquivonacional.gov.br

Arquivo histórico do exército - http://www.ahex.ensino.eb.br/

Arquivos da imprensa brasileira -http://www.arquivoestado.sp.gov.br/

A nova democracia - http://www.anovademocracia.com.br

Acervo revista veja - http://veja.abril.com.br/acervodigital/

 


[1]  O nosso objetivo, com este trabalho, será uma tentativa de fazer um paralelo entre a imprensa nacional, a revolução cubana e a guerrilha do Araguaia, tendo em vista, que em nossa concepção estes fatos estão correlacionados. Por Flávio Henrique graduando em licenciatura pela em história-IFG- EMAL [email protected]

[2] O perigo vermelho, aqui citado é uma referência, “ao perigo” que os países capitalistas sentiram com o aumento das revoluções comunistas e socialistas que o planeta estava vivenciando, principalmente com a revolução chinesa em 1949 e a revolução cubana de 1959.

[3] A convicção que nos entendemos, pode até ter seu teor ideológico, porém acreditamos que uma nova apresentação de todo fato histórico, poderá atingir indivíduos que até então não se identificado com determinada fato

[4] Todas as matérias de jornais, utilizadas na produção deste artigo, buscaram manter a sua produção textual original incluindo a sua grafia.

[5] Para terminar este artigo, busquei uma referência motivadora para o estudo da disciplina história “a história é uma disciplina acessível a pessoas com diferentes graus de conhecimento , mais do que isso , é uma disciplina vital para a formação da cidadania, não chega a ser cidadão quem não consegue se orientar no mundo em que vive, a partir do conhecimento da vivência das gerações passadas”

Boris fausto