Por que poligamia

Uma reflexão sobre a prática da poligamia 

Autor: Farai Estevão[1] 

Introdução 

Uma vez um amigo meu do curso de História disse-me que “sem liberdade o ser humano se deprime, se asfixia, perde o sentido existencial. Sem liberdade, ou ele se destrói ou destrói os outros”. Foi num dia depois duma investigação na comunidade circunvizinha da faculdade, com o tema “o papel da História de Moçambique na construção dum futuro melhor de e para moçambicanos”. 

As palavras do meu amigo não passaram de despercebidas, afinal tínhamos observado um cenário dum senhor polígamo onde as duas mulheres discutiam o facto de um dos filhos ser o mais frequente com a escala de pastagem do gado bovino e caprino. Uma das mulheres, neste caso, a mais lesada, disse: “o meu filho é empregado nesta casa e o seu é patrão”. Foi um choque para todos nós. Com certeza, nenhum dos meus amigos colegas gostou quando ouviu aquele tipo de troca de palavrões entre as duas mulheres. 

Cada um de nós perguntava-se, se as mães já são assim, qual pode ser o relacionamento dos filhos? E o pai se sente feliz com este cenário? Haverá paz, alegria momentos de felicidades entre os membros de toda a família? Estas são entre várias questões que cada um de nós colocava-se enquanto prosseguia com o trabalho naquela comunidade. 

A partir da observação e conversa, para além da literatura sobre diferentes situações da prática poligâmica, achei por meio deste artigo trazer este tema a vários leitores, autores e amantes das Ciências Sociais em busca duma reflexão profunda. 

Portanto, o presente artigo apresenta duma forma clara os seguintes subtemas:

- Introdução ao debate sobre a Poligamia

- Algumas razões da prática poligâmica

- Poligamia como um dos factores decisivos na proliferação do vírus de VIH/SIDA na África

- Poligamia e o aumento da pobreza e miséria na África

- A poligamia e a violação de direitos humanos

- Algumas teses em volta da prática da poligamia

- Exemplos de acordos dos casais na prática de poligamia

- Abordagens reflexivas sobre a prática encorajadora da Poligamia por algumas religiões

- Conclusão