RESUMO

O presente trabalho tem em vista investigar a infância de Feira de Santana buscando entender que possíveis motivos teriam levado diversas famílias desta cidade a abandonar seus filhos no período que compreende as décadas de 1910 e 1930. Sabe-se que a historiografia da Bahia voltada direta ou indiretamente para investigação desta temática, tem direcionado suas análises sob a capital do Estado, como os trabalhos de Walter Fraga (1996) e Andréa Rodrigues (2003). Portanto, até o presente, nenhuma outra pesquisa com este objeto específico voltou-se para a região de Feira de Santana, permanecendo uma incômoda lacuna na historiografia local. Inicialmente identificamos o abandono de crianças enquanto um fato concreto na cidade, localizando este fenômeno num contexto de urbanização e aumento demográfico na cidade. Aliada a estas características, somam-se as baixas e mal remuneradas ofertas de trabalho, vivendo a maioria da população de rendas informais e incertas. Nesta conjuntura, as décadas de 1912 e 1920 foram marcadas por profundas crises econômicas que levaram a população feirense a conviver com longos períodos de carestia de alimentos, devido o aumento espantoso no preço desses produtos na economia local. Buscar-se-á ilustrar esta realidade com gráficos que pretendem relacionar o crescimento da população, a baixa remuneração e o espantoso aumento dos gêneros alimentícios com o abandono de crianças observados no período que compreende este trabalho.