O Poder da Palavra - Sou Aquilo que Falo?
Publicado em 30 de maio de 2010 por Jorge Afonso
"A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto"1 .
"Porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado ... não é o que entra pela boca o que contamina o homem, mas o que sai da boca, isto, sim, contamina o homem" 2.
Pode-se notar que a descoberta mais notável para a humanidade é a comunicação, seja esta de forma verbal ou não verbal. Sabe-se que mesmo antes de se comunicar verbalmente, nossos ancestrais já deixavam suas marcas por onde quer que passassem para talvez não se comunicar, mas, para registrar, mesmo que de forma inconsciente, os momentos importantes ou marcantes de suas vidas, pois boa parte era caminhante e, através destes desenhos, destas marcas, com toda uma simbologia, de certa forma, começa a escrita.
Segundo historiadores este fato ocorre entre 6.000 a 4.000 a.C. na Mesopotâmia surgindo ai o primeiro alfabeto que se conhece, através de desenhos simplificados, ou seja, pictogramas que eram gravados em tabuletas de argila úmida e secava-se ao sol ou numa espécie de forno e, estas formas de comunicação expressavam suas realidades.
Vê-se hoje nas cidades e, quanto mais desenvolvidas mais "rabiscadas" ficam com os chamados pichadores e, esta forma de comunicação, como no passado, nada mais é para dizer que "estivamos ou passamos por aqui", porém, não é sem consciência.
Mas, o que na atualidade mais chama a atenção é a comunicação que é feita pelos e-mails ou celular onde se simplifica o máximo as palavras, como por exemplo, a forma de tratamento vosmicê, para você e hoje simplesmente usa-se somente o c.
Como é difícil às vezes ler um e-mail ou uma mensagem no celular, mas, isto é porque tem que ser objetivo e simplificado. Tem que ser rápido, tão rápido, que por vezes atropela-se e é atropelado na via da comunicação a qual é mão dupla. Observa-se que tudo é tão passageiro. Inserido em um mundo tão artificial esta o ser humano. Cada um no seu quadrado. Porém perdido, criando um vazio existencial, pois, a cada dia torna-se muito difícil a preservação da identidade.
O canal de comunicação está desconectado. Os laços familiares estão sendo desfeitos e, este acontecimento não está sendo percebido. Entrou-se no senso comum. Vive-se dentro de uma normalidade.
A cada dia, com mais intensidade, noticiários de TV mostram em linguagem verbal e não verbal notícia de forma dramática, comovente, mas depressora. A sensação de insegurança cresce a cada dia e conseqüentemente perde-se a liberdade. Mas existe uma fala de que isso é normal.
"O mundo do caos é feito de superficialidades. Não é preciso pensar para nele sobreviver. Muito pouco é necessário. É só entrar no movimento das transitoriedades e dos condicionamentos. As estruturas sociais em que estamos situados são fortemente marcadas pela transitoriedade. Sobreviver em meio ao caos deste mundo que passa é um desafio constante" 3.
Está se perdendo o significado e significante daquilo que é essencial para o ser humano ? A própria VIDA ? e esse veneno está contido no oculto do poder da palavra. Somos justificados ou condenados a uma morte psíquica pela forma mais simplista que existe que é o falar.
Sempre que se fala será do que está cheio o coração.
Será que o homem, com toda essa tecnologia, tendo esse tipo de comportamento não esteja voltando as suas raízes?
Não se vai aqui mergulhar nesse oceano e ir às profundezas para se pesquisar uma possível resposta, mas, não de forma investigativa e sim reflexiva ater-se no poder da palavra e o que esse poder pode influenciar direta ou indiretamente na vida do ser humano.
Por que o homem fala?
Acredita-se que pela necessidade de se comunicar de forma verbal, e então começa a criar possibilidade de entendimento entre si e os outros, porém, não se tem registro do início da fala.
Quando nasce um bebê, independente de classe social e em uma família que tenha um mínimo de estrutura causa uma grande alegria para toda a família e familiares. Têm-se, por vezes, o choro, mas, choro de alegria. Todos ? quase todos ? querem de certa forma conversar com o recém-nascido e normalmente irão dizer: Que coisinha linda; Que fofura; dentre outras frases.
Se porventura essa família recebesse uma visita de um extraterrestre, nesse momento, ele acreditaria que esta família estaria completamente alucinada, pois, veria um adulto conversando e sorrindo com o bebê e esse não respondendo absolutamente nada e, às vezes sorrindo batesse os pés e as mãos e por outra choraria. Que loucura. Ficaria perplexo.
Passados alguns meses esse mesmo bebê começará a pronunciar as primeiras palavras e, geralmente será MAMÃE, é esta quem fica mais tempo com o bebê, e depois os primeiros passos e daí por diante, ou vice-versa.
Até então somente palavras bem ditas.
Logo, logo vêm os primeiros Nãos, os primeiros Gritos e agora não é mais a coisinha linda, fofa, mas, a criança Danada; Capetinha; Estorvo; Burra que não aprende nada e daí por diante.
Agora somente palavras mal ditas.
Agora, um diálogo pobre, medíocre, de forma truncada, sem afeto.
Muda-se o semblante, ao invés do sorriso, rugas e o choro, mas, carregado de ódio que se tornará em mágoas. Com traumas. Novamente o extraterrestre ficaria mais perplexo, cada vez mais assustado.
Provavelmente os pais justificariam essas ações e diriam que tudo é culpa do estresse, palavra que se tornou ordem do dia. Tornou-se chique usar esse termo mesmo não sabendo o significado.
Esse tipo de comunicação pode trazer algum tipo de trauma para a criança? E quando adulto esse trauma da infância, que se tornou uma mágoa, quanto influenciará?
Então: O que é falar?
"Os sons de nossa fala resultam quase todos da ação de certos órgãos sobre a corrente de ar vinda dos pulmões. Para sua produção, três condições se fazem necessárias: a) a corrente de ar; b) um obstáculo encontrado por essa corrente de ar; c) uma caixa de ressonância. Estas condições são criadas pelos órgãos da fala, denominados, em seu conjunto, aparelho fonador. O aparelho fonador é constituído das seguintes partes: a) os pulmões, os brônquios e a traquéia ? órgãos respiratórios que fornecem a corrente de ar, matéria prima da fonação; b) a laringe, onde se localizam as cordas vocais, que produzem a energia sonora utilizada na fala; c) as cavidades supralaríngeas (faringe, boca e fossas nasais) que funcionam como caixas de ressonância, sendo que a cavidade bucal pode variar profundamente de forma e de volume, graças aos movimentos dos órgãos ativos, sobretudo a língua que, de tão importante na fonação, se tornou sinônimo de "idioma""4 . Essa é a complexidade que existe no ato de falar.
Que mal existe no falar?
Então: Não existe mal algum desde que saiba o que se está falando. O mal só virá quando solicitado e, essa solicitação pode ser feita para mim, o próprio eu, ou para os outros. Em uma centena de vezes, se não por todas estas vêm por palavras que são proferidas de formas Mal Ditas, usando-se não somente uma palavra, pois, "Uma palavra na solidão tem um significado particular. Quando colocada no contexto da frase, porém, ela amplia a sua capacidade de significar. É o abraço das palavras que gera o significado da frase"5. É nesse contexto, nessa trama do encontro das palavras é onde se pronuncia as frases assassinas como: Eu não consigo; Eu não presto pra nada; Eu não posso; Eu sou um fracasso mesmo; Nada dá certo pra mim; Essa minha depressão não me deixa; Essa barriga, esse pneu não acaba; entre outras e, finalmente depois de tanto auto flagelar diz: Tenho Medo. Medo da mudança, pois, "É mais fácil justificar-nos na preguiça existencial que nos aquieta nas expressões que são próprias de quem já perdeu a batalha. "Sou assim mesmo e não quero mudar!""6 .
Normalmente a pessoa fala que tem medo e não sabe o que causou. Só tem medo. Tem medo do medo. "Sempre que estamos paralisados pelo medo, de alguma forma, estamos privados de nós mesmos ... O medo nos faz vítimas, acentua ainda mais o esquecimento do que podemos ... O medo nos priva da inteligência, ainda que temporariamente" 7. Sou um Des-graçado, ou seja, não tenho graça. A paz se foi.
Sou aquilo que falo?
Por vezes esquece-se que "A vida humana é uma constante experiência de travessia. Estamos em êxodos contínuos, em processos de deslocamentos intermináveis, porque, enquanto estivermos vivos, seremos convidados para o movimento que nos proporciona a superação de estágios, condições e atitudes" 8. Atitudes essas de "mudanças e, em especial no falar". Então: Posso me educar, com certeza, quanto ao proferir frases sobre mim mesmo. Posso também estabelecer uma relação de bem querer comigo mesmo, e ser um grande abençoador para mim e os outros ao proferir frases Bem Ditas, pois, "O que guarda a sua boca conserva a sua alma; mas o que muito abre os lábios a si mesmo se arruína" 9. Quando se refere ao outro pode-se pensar naquele bem próximo, ou seja, aquele que faz parte da família ou um familiar.
Tem-se um diálogo pobre, cheio de cobranças e ofensas e usa-se frases, também assassinas, do tipo: Você é um idiota; Você não aprende nada; Você é uma praga; e ai vai, e às vezes de forma carinhosa amaldiçoa quando se fala que o filho é um Danado, pois aprende tudo, mas, a tradução para a palavra Danado é:
da.na.do
adj (part de danar) 1 Condenado, maldito. 2 Furioso, irado, raivoso, zangado. 3 Disposto, esperto, hábil, jeitoso, valente; danisco. 4 Extraordinário, levado da breca. sm 1 Indivíduo atacado de raiva. 2 Alienado. 3 Indivíduo ousado, capaz de vencer quaisquer dificuldades"10 .
Pode-se notar que dependendo da forma de falar, poder-se-á maltratar não somente o outro, mas, a si mesmo. Vê-se que, antes de se expressar qualquer palavra ou frase, a mesma deverá ser expressa a mim mesmo, pois, só assim pode-se perceber se o que vou falar é importante, para quem e se trará alguma conseqüência.
É de grande importância no processo da comunicação o saber ouvir. "Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar"11 .
"Precisamos dilatar as consciências que temos de nós mesmos. É assim que Deus ganha espaço em nós. Quanto mais conscientes do que somos, fazemos e podemos, seremos homens e mulheres mais realizados, prontos para o desafio de transformar o mundo ... Queiramos isso. Sempre. Até o fim. O fim que não tem fim"12.
Sou Aquilo que Falo?
Referências:
1 Bíblia Sagrada. Provérbios, cap. 18. v. 21
2 Bíblia Sagrada. Mateus, cap. 12. v. 37 ? 15. v. 11.
3 Melo, Fabio de. Quem me Roubou de Mim? pag. 51.
4 Cunha, Celso Ferreira da. Gramática da Língua Portuguesa. pag. 37.
5 Melo, Fabio de. Quem me Roubou de Mim? pag. 61.
6 Melo, Fabio de. Quem me Roubou de Mim? pag. 50.
7 Melo, Fabio de. Quem me Roubou de Mim? pag. 24
8 Melo, Fabio de. Quem me Roubou de Mim? pag. 9.
9 Bíblia Sagrada. Provérbios. cap. 13. v. 3.
10 http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=danado
11 Bíblia Sagrada. Tiago. cap. 1. v.19.
12 Melo, Fabio de. Quem me Roubou de Mim? pag. 12.
"Porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado ... não é o que entra pela boca o que contamina o homem, mas o que sai da boca, isto, sim, contamina o homem" 2.
Pode-se notar que a descoberta mais notável para a humanidade é a comunicação, seja esta de forma verbal ou não verbal. Sabe-se que mesmo antes de se comunicar verbalmente, nossos ancestrais já deixavam suas marcas por onde quer que passassem para talvez não se comunicar, mas, para registrar, mesmo que de forma inconsciente, os momentos importantes ou marcantes de suas vidas, pois boa parte era caminhante e, através destes desenhos, destas marcas, com toda uma simbologia, de certa forma, começa a escrita.
Segundo historiadores este fato ocorre entre 6.000 a 4.000 a.C. na Mesopotâmia surgindo ai o primeiro alfabeto que se conhece, através de desenhos simplificados, ou seja, pictogramas que eram gravados em tabuletas de argila úmida e secava-se ao sol ou numa espécie de forno e, estas formas de comunicação expressavam suas realidades.
Vê-se hoje nas cidades e, quanto mais desenvolvidas mais "rabiscadas" ficam com os chamados pichadores e, esta forma de comunicação, como no passado, nada mais é para dizer que "estivamos ou passamos por aqui", porém, não é sem consciência.
Mas, o que na atualidade mais chama a atenção é a comunicação que é feita pelos e-mails ou celular onde se simplifica o máximo as palavras, como por exemplo, a forma de tratamento vosmicê, para você e hoje simplesmente usa-se somente o c.
Como é difícil às vezes ler um e-mail ou uma mensagem no celular, mas, isto é porque tem que ser objetivo e simplificado. Tem que ser rápido, tão rápido, que por vezes atropela-se e é atropelado na via da comunicação a qual é mão dupla. Observa-se que tudo é tão passageiro. Inserido em um mundo tão artificial esta o ser humano. Cada um no seu quadrado. Porém perdido, criando um vazio existencial, pois, a cada dia torna-se muito difícil a preservação da identidade.
O canal de comunicação está desconectado. Os laços familiares estão sendo desfeitos e, este acontecimento não está sendo percebido. Entrou-se no senso comum. Vive-se dentro de uma normalidade.
A cada dia, com mais intensidade, noticiários de TV mostram em linguagem verbal e não verbal notícia de forma dramática, comovente, mas depressora. A sensação de insegurança cresce a cada dia e conseqüentemente perde-se a liberdade. Mas existe uma fala de que isso é normal.
"O mundo do caos é feito de superficialidades. Não é preciso pensar para nele sobreviver. Muito pouco é necessário. É só entrar no movimento das transitoriedades e dos condicionamentos. As estruturas sociais em que estamos situados são fortemente marcadas pela transitoriedade. Sobreviver em meio ao caos deste mundo que passa é um desafio constante" 3.
Está se perdendo o significado e significante daquilo que é essencial para o ser humano ? A própria VIDA ? e esse veneno está contido no oculto do poder da palavra. Somos justificados ou condenados a uma morte psíquica pela forma mais simplista que existe que é o falar.
Sempre que se fala será do que está cheio o coração.
Será que o homem, com toda essa tecnologia, tendo esse tipo de comportamento não esteja voltando as suas raízes?
Não se vai aqui mergulhar nesse oceano e ir às profundezas para se pesquisar uma possível resposta, mas, não de forma investigativa e sim reflexiva ater-se no poder da palavra e o que esse poder pode influenciar direta ou indiretamente na vida do ser humano.
Por que o homem fala?
Acredita-se que pela necessidade de se comunicar de forma verbal, e então começa a criar possibilidade de entendimento entre si e os outros, porém, não se tem registro do início da fala.
Quando nasce um bebê, independente de classe social e em uma família que tenha um mínimo de estrutura causa uma grande alegria para toda a família e familiares. Têm-se, por vezes, o choro, mas, choro de alegria. Todos ? quase todos ? querem de certa forma conversar com o recém-nascido e normalmente irão dizer: Que coisinha linda; Que fofura; dentre outras frases.
Se porventura essa família recebesse uma visita de um extraterrestre, nesse momento, ele acreditaria que esta família estaria completamente alucinada, pois, veria um adulto conversando e sorrindo com o bebê e esse não respondendo absolutamente nada e, às vezes sorrindo batesse os pés e as mãos e por outra choraria. Que loucura. Ficaria perplexo.
Passados alguns meses esse mesmo bebê começará a pronunciar as primeiras palavras e, geralmente será MAMÃE, é esta quem fica mais tempo com o bebê, e depois os primeiros passos e daí por diante, ou vice-versa.
Até então somente palavras bem ditas.
Logo, logo vêm os primeiros Nãos, os primeiros Gritos e agora não é mais a coisinha linda, fofa, mas, a criança Danada; Capetinha; Estorvo; Burra que não aprende nada e daí por diante.
Agora somente palavras mal ditas.
Agora, um diálogo pobre, medíocre, de forma truncada, sem afeto.
Muda-se o semblante, ao invés do sorriso, rugas e o choro, mas, carregado de ódio que se tornará em mágoas. Com traumas. Novamente o extraterrestre ficaria mais perplexo, cada vez mais assustado.
Provavelmente os pais justificariam essas ações e diriam que tudo é culpa do estresse, palavra que se tornou ordem do dia. Tornou-se chique usar esse termo mesmo não sabendo o significado.
Esse tipo de comunicação pode trazer algum tipo de trauma para a criança? E quando adulto esse trauma da infância, que se tornou uma mágoa, quanto influenciará?
Então: O que é falar?
"Os sons de nossa fala resultam quase todos da ação de certos órgãos sobre a corrente de ar vinda dos pulmões. Para sua produção, três condições se fazem necessárias: a) a corrente de ar; b) um obstáculo encontrado por essa corrente de ar; c) uma caixa de ressonância. Estas condições são criadas pelos órgãos da fala, denominados, em seu conjunto, aparelho fonador. O aparelho fonador é constituído das seguintes partes: a) os pulmões, os brônquios e a traquéia ? órgãos respiratórios que fornecem a corrente de ar, matéria prima da fonação; b) a laringe, onde se localizam as cordas vocais, que produzem a energia sonora utilizada na fala; c) as cavidades supralaríngeas (faringe, boca e fossas nasais) que funcionam como caixas de ressonância, sendo que a cavidade bucal pode variar profundamente de forma e de volume, graças aos movimentos dos órgãos ativos, sobretudo a língua que, de tão importante na fonação, se tornou sinônimo de "idioma""4 . Essa é a complexidade que existe no ato de falar.
Que mal existe no falar?
Então: Não existe mal algum desde que saiba o que se está falando. O mal só virá quando solicitado e, essa solicitação pode ser feita para mim, o próprio eu, ou para os outros. Em uma centena de vezes, se não por todas estas vêm por palavras que são proferidas de formas Mal Ditas, usando-se não somente uma palavra, pois, "Uma palavra na solidão tem um significado particular. Quando colocada no contexto da frase, porém, ela amplia a sua capacidade de significar. É o abraço das palavras que gera o significado da frase"5. É nesse contexto, nessa trama do encontro das palavras é onde se pronuncia as frases assassinas como: Eu não consigo; Eu não presto pra nada; Eu não posso; Eu sou um fracasso mesmo; Nada dá certo pra mim; Essa minha depressão não me deixa; Essa barriga, esse pneu não acaba; entre outras e, finalmente depois de tanto auto flagelar diz: Tenho Medo. Medo da mudança, pois, "É mais fácil justificar-nos na preguiça existencial que nos aquieta nas expressões que são próprias de quem já perdeu a batalha. "Sou assim mesmo e não quero mudar!""6 .
Normalmente a pessoa fala que tem medo e não sabe o que causou. Só tem medo. Tem medo do medo. "Sempre que estamos paralisados pelo medo, de alguma forma, estamos privados de nós mesmos ... O medo nos faz vítimas, acentua ainda mais o esquecimento do que podemos ... O medo nos priva da inteligência, ainda que temporariamente" 7. Sou um Des-graçado, ou seja, não tenho graça. A paz se foi.
Sou aquilo que falo?
Por vezes esquece-se que "A vida humana é uma constante experiência de travessia. Estamos em êxodos contínuos, em processos de deslocamentos intermináveis, porque, enquanto estivermos vivos, seremos convidados para o movimento que nos proporciona a superação de estágios, condições e atitudes" 8. Atitudes essas de "mudanças e, em especial no falar". Então: Posso me educar, com certeza, quanto ao proferir frases sobre mim mesmo. Posso também estabelecer uma relação de bem querer comigo mesmo, e ser um grande abençoador para mim e os outros ao proferir frases Bem Ditas, pois, "O que guarda a sua boca conserva a sua alma; mas o que muito abre os lábios a si mesmo se arruína" 9. Quando se refere ao outro pode-se pensar naquele bem próximo, ou seja, aquele que faz parte da família ou um familiar.
Tem-se um diálogo pobre, cheio de cobranças e ofensas e usa-se frases, também assassinas, do tipo: Você é um idiota; Você não aprende nada; Você é uma praga; e ai vai, e às vezes de forma carinhosa amaldiçoa quando se fala que o filho é um Danado, pois aprende tudo, mas, a tradução para a palavra Danado é:
da.na.do
adj (part de danar) 1 Condenado, maldito. 2 Furioso, irado, raivoso, zangado. 3 Disposto, esperto, hábil, jeitoso, valente; danisco. 4 Extraordinário, levado da breca. sm 1 Indivíduo atacado de raiva. 2 Alienado. 3 Indivíduo ousado, capaz de vencer quaisquer dificuldades"10 .
Pode-se notar que dependendo da forma de falar, poder-se-á maltratar não somente o outro, mas, a si mesmo. Vê-se que, antes de se expressar qualquer palavra ou frase, a mesma deverá ser expressa a mim mesmo, pois, só assim pode-se perceber se o que vou falar é importante, para quem e se trará alguma conseqüência.
É de grande importância no processo da comunicação o saber ouvir. "Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar"11 .
"Precisamos dilatar as consciências que temos de nós mesmos. É assim que Deus ganha espaço em nós. Quanto mais conscientes do que somos, fazemos e podemos, seremos homens e mulheres mais realizados, prontos para o desafio de transformar o mundo ... Queiramos isso. Sempre. Até o fim. O fim que não tem fim"12.
Sou Aquilo que Falo?
Referências:
1 Bíblia Sagrada. Provérbios, cap. 18. v. 21
2 Bíblia Sagrada. Mateus, cap. 12. v. 37 ? 15. v. 11.
3 Melo, Fabio de. Quem me Roubou de Mim? pag. 51.
4 Cunha, Celso Ferreira da. Gramática da Língua Portuguesa. pag. 37.
5 Melo, Fabio de. Quem me Roubou de Mim? pag. 61.
6 Melo, Fabio de. Quem me Roubou de Mim? pag. 50.
7 Melo, Fabio de. Quem me Roubou de Mim? pag. 24
8 Melo, Fabio de. Quem me Roubou de Mim? pag. 9.
9 Bíblia Sagrada. Provérbios. cap. 13. v. 3.
10 http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=danado
11 Bíblia Sagrada. Tiago. cap. 1. v.19.
12 Melo, Fabio de. Quem me Roubou de Mim? pag. 12.