O Brasil Sertanejo

Wanderson Vitor Boareto

Graduado em História, Bacharel em Direito, Pós Graduado em História e Construção Social do Brasil, Docência do Ensino Superior e Educação Empreendedora.

Resumo

O Brasil nasce como uma colônia de exploração agrícola e a sua origem rural é uma das marcas do povo brasileiro. Durante toda a história do país a vida do camponês sofre transformações devido às mudanças econômicas, políticas e sociais de nosso povo.

Palavras Chaves

Roça; Agricultura; Fazenda; Produção; Tecnologia.

O Brasil nasce de um povo miscigenado de raças e culturas, tendo a vida nas grandes fazendas exportadoras de riquezas o berço de nossa pátria. A partir de 1555 a mão de obra escrava negra chega em grande escala para suprir as necessidades da produção de açúcar nordestina.

O índio que havia domesticado os sertões é figura fundamental para o desbravamento dos tópicos, já que os europeus se viam no direito de explorar as riquezas das Américas. Esta cultura que nasce da mistura de origem lusitana do colonizador português somado com a vida simples e harmônica do índio foi responsável pelas primeiras entradas das bandeiras pelo interior do Brasil.

O trabalho escravo africano transformou a produção agroexportadora dos engenhos em um negócio lucrativo e fonte de riqueza da colônia nos dois primeiros séculos da colonização. Neste contexto, temos a influência da companhia de Jesus que transforma a vida das aldeias e catequizava os índios. Esta contribuição da igreja é fundamental para o Brasil Caipira se tornar o que é hoje.

O Brasil até final do século XVIII era totalmente rural, as vilas e cidades só eram ocupadas nas festas religiosas isso nos ensina Sérgio Buarque de Holanda, em sua obra Raízes do Brasil, que diz: “São comuns em nossa história colonial às queixas dos comerciantes, habitadores das cidades, contra o monopólio das poderosas camadas municipais pelos lavradores. A pretensão dos mercadores de se ombrearem com os proprietários rurais passava por impertinente, e chegou a ser tachado de absurdo pela própria corte de Lisboa, pois o título de Senhor de Engenho, segundo refere o cronista, podia ser considerado tão alto como os títulos de nobreza dos grandes do reino de Portugal”.

Sendo assim, a vida dos senhores de engenho é uma referência da vida de nobre da colônia. Esta extensa vida rural vai criar a partir de meados do século XVIII, nas Minas Gerais um roceiro diferente do resto do país, com características que mais tarde vai se esparramar pelo interior de Goiás, Paraná, São Paulo e Espírito Santo, a chamada paulistana, que deu origem aos bairros rurais, e tem por princípio o pequeno e médio agricultor.

Este agricultor paulistano tem na religiosidade e no cultivo à terra um mesmo proposito, ou seja, as festas religiosas e as colheitas são em comum é uma forma de agradecimento e de harmonia com a vida dos bairros. O que é um bairro rural? É um conjunto de pequenas propriedades que se ajudam mutuamente.

Nos dias atuais este caipira está extinto devido às mudanças na tecnologia e a transformação da roça em uma continuidade das cidades. Nas regiões mais desenvolvidas do Brasil, a informática, a TV a cabo, o telefone, fazem parte da vida do sertanejo. Outra característica é mecanização da produção agrícola e a criação de animais voltados para as indústrias de alimentos.

A criação de associações e cooperativas é outra novidade nessas últimas décadas para aumentar a competitividade do pequeno e médio produtor, além de aumentar o poder de compra dos produtos necessários para um aumento da produção. Neste caso as exportações dos produtos dos cooperados são fundamentais para o manuseamento e crescimento da agricultura familiar e a produção de baixa escala do pequeno produtor do Brasil.

O surgimento das novas técnicas de manejo da agricultura brasileira, trouxe consigo um progresso em termos tecnológicos e um desenvolvimento nos antigos bairros rurais transformando a ajuda mútua em parcerias, e em muitos casos em concorrência de mercado. No entanto, estas mudanças trouxeram percas na origem e modo de vida do roceiro brasileiro, além do aumento da violência e a insegurança de mercado.

O aumento da segurança é ligado a esta urbanização da roça e da luta de classes que é o maior gerador da violência em todos os setores da humana. Em algumas regiões do Brasil, pode se encontras reptícios do antigo Brasil caipira como foi descrito por Darcy Ribeiro em seu livro o Povo Brasileiro.

Estas mudanças são naturais, é necessário para se criar uma agricultura sustentável e uma melhor relação entre a produção e conservação de nossas fontes naturais. A preservação e a garantia de novas fontes limpas de energias são os grandes desafios das pequenas propriedades, já que os novos códigos florestais e os órgãos ligados a preservação do meio ambiente tem um olhar significativo para as cooperativas e as associações de pequenos produtores.

O Brasil tem potencialidade para tornar o celeiro do mundo, mas para isso se tornar uma realidade é fundamental uma política pública voltada para o agronegócio e um planejamento da produção de todas as regiões brasileiras, garantindo assim, uma uniformidade na produção e uma garantia de preços e a extinção dos atravessadores que são verdadeiros parasitas entre o produtor e o consumidor final. Como dizia Júlio Cesar: “a sorte foi lançada”. O futuro do caipira e a industrialização da lavoura dependem de todos os poderes políticos, econômicos e sociais do Brasil.

 

Bibliografia

FURTADO, Celso, Formação Econômica do Brasil, Ed Companhia Editora Nacional, 2004, São Paulo, SP;

BOFF, Leonardo, Depois de 500 Anos Que Brasil Queremos?, Ed Vozes, 2001, Petrópolis, RJ;

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