MARX E A PEDAGOGIA MODERNA

 – MARIO ALIGHIERO MANACORDA

Para determinar a função de conteúdo do trabalho é preciso considerar uma investigação sobre a pessoa humana e sobre a perspectiva do seu desenvolvimento, sendo definido por Marx como homem “onilateral”. Desta forma, a divisão do trabalho condiciona a divisão humana, apresentada como trabalho manual e mental, sendo duas dimensões unilaterais. Na unilateralidade reúnem todas as determinações negativas da pessoa humana. Considerando também que o trabalho dividido significa a miséria absoluta e a desumanização completa do homem.

A unilateralidade se manifesta não apenas no operário, mas também no capitalista. O autor cita outras obras de Marx a respeitos deste mesmo tema, e cita até que ponte chega às condições do proletário, como por exemplo, nos Manuscritos de 1844, em que fica visível a degradação humana, sendo o trabalhador rebaixado a uma máquina, e quanto mais trabalha mais pobre se torna. A unilateralidade do capitalista se manifesta ao dominar o operário com um poder desumano, sendo uma atitude efêmera, irreal e débil, todo homem que aliena o outro, está alienado em sua própria natureza. O capitalista e o operário são dependentes entre si, tendo um a necessidade do outro para a existência.

A moral é dividida em vários o sentidos, como por exemplo, a moral da economia é o lucro, a economia da moral é a riqueza da consciência. Toda forma particular da atividade alienada é, por sua vez, estranha à própria atividade vital do homem. Cada esfera da atividade humana pressupõe uma moral particular. Karl Marx, em sua obra o Manifesto, fica claro seu desafio à moral, à religião corrente e ao conceito corrente de família, em meio a desagregação do operário e do capitalista, na perspectiva do comunismo.

A divisão do trabalho cria possibilidade, ou antes, a realidade que a atividade espiritual e a atividade material caibam a indivíduos diversos. E, todavia, este privilégio da atividade espiritual, da fruição, do consumo é apenas aparente e parcialmente positivo, sendo esta positividade relativa. O positivo da classe dominante consiste, na realidade, da apropriação do prazer, da cultura, etc. Já o do trabalhador, seu positivo é apenas um prazer abstrato, e na sua direta e consciente oposição ao presente estado das coisas.

“Marx, por seu lado, mesmo quando constata a impossibilidade da existência de um homem inteiro na sociedade dividida, exalta, no entanto, o operário comunista como tipo de homem moral e intelectualmente positivo já na realidade da época.” (p.76).

Justamente entre os proletários é que se desenvolve ao máximo de individualismo. Marx e Eengels exaltam a imagem do operário educado na própria escola associativa, homem verdadeiramente respeitável.

É possível concluir que, a humanidade está dividida, porém com a minoria dela sendo possuidores dos meios de produção, tendo privilégios devido ao poder do capital, enquanto que a maioria está excluída de toda a participação dos prazeres. Neste caso, se houver uma revolução do proletário, será uma emancipação humana. A classe dominante ocupa o lado positivo da antítese, e no lado negativo se encontram os proletários, desumanizados.

A relação homem-natureza no trabalho e voluntária, consciente e universal, onde a natureza se torna corpo inorgânico do homem, em que a história universal é o devir da natureza para o homem. Marx utiliza o termo onilateral pela primeira vez: “o homem se apropria de uma maneira onilateral do seu ser onilateral, portanto, como homem total.” O sentido da onilateralidade em Marx corresponde ao desenvolvimento dos indivíduos em indivíduos completos. Estabelecendo um nexo recíproco pelo qual o indivíduo não pode desenvolver-se onilateralmente se não há uma totalidade de forças produtivas, ou seja, pela totalidade dos indivíduos livremente associados. Neste caso, e onilateralidade é o desenvolvimento original e livre dos indivíduos na sociedade comunista.

O homem onilateral é posto como tendência contraditoriamente posta e negada pela sociedade moderna e já passível como objetivo consciente. Sendo o trabalho onilateral a manifestação do homem. Esses homens integrados na sociedade sem relações limitadas, nenhuma moral de grupo ditará seus imperativos unilaterais. Não significa uma sociedade sem conflitos, mas uma vida em que as escolhas e os conflitos que comportam impliquem uma vontade libertada de servidões particulares.

Tornou-se visível o aparecimento de um novo tipo de escola – escolas politécnicas e de agronomias – principalmente nas escolas dos operários, um ensino tecnológico técnico e prático. Este objetivo exclusivo a técnica, de desejar uma escola orientada apenas à formação prática, sendo uma limitação da sociedade capitalista. É o capitalismo quem limita os trabalhadores ao ensino da prática.