1-    O conceito de Indisciplina

    Na escola pública ou na particular, nas séries iniciais do Ensino Fundamental ou nos últimos anos do Médio, ela pode até apresentar-se de forma diferente, mas nunca deixa de ser uma preocupação é tema de conversas em sala para os gestores e a equipe docente. Tanto que a indisciplina é uma das causas ou senão a principal do fracasso escolar brasileiro De acordo com Parrat-Dayan:

 “Em geral, o conceito de indisciplina é definido em relação ao conceito de disciplina, que na linguagem corrente significa regra de conduta comum a uma coletividade para manter a boa ordem e, por extensão, a obediência à regra. Percebe-se, portanto, que a indisciplina está ligada à quebra ou desobediência dessas regras, levando um ambiente à desordem”. (p.g 19)

  A escola vive uma situação de tensão e de conflitos que a desvia muitas vezes de seu objetivo final – a educação, preparação para a vida em sociedade. A indisciplina faz parte da sucessão do ensino-aprendizagem e pode ser considerada como obstáculo. Está presente no cotidiano da sala de aula, podendo envolver-se com a qualidade e a efetivação da prática pedagógica. Segundo Ives de La Taille, (2005):

Quanto à conceituação de indisciplina e, por consequência de disciplina, defini-la como toda ação moral executada pelo sujeito e que está em desacordo com as leis impostas ou construídas coletivamente, tendo a indisciplinada consciência ou não deste processo de elaboração. (p.g 21)

A indisciplina pode ser vista como uma manifestação de insatisfação por parte dos alunos, e leis ou regras expostas pelo educador na sala de aula, não é aceito pelos educando.

De acordo com Tiba:

A disciplina escolar é um conjunto de regras que devem ser obedecidas para o êxito do aprendizado escolar. Portanto, ela é uma qualidade de relacionamento humano entre o corpo docente e os alunos em uma sala de aula e, consequentemente, na escola. Como em qualquer relacionamento humano, na disciplina, é preciso levar em conta as características de cada um dos envolvidos: professor, aluno e ambiente. (1996, p.99):

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   Um dos conceitos de indisciplina  que os educadores apontam está relacionado com o silêncio em sala de aula. Alguns afirmam que uma sala é silenciosa, é disciplinada, se não, há indisciplina. Os educadores do ensino regular, atualmente, reclamam que na sala de aula passam mais tempo pedindo silêncio aos alunos do que ensinando. Mas para Antunes “Disciplina não pode ser confundida com silêncio e é fundamental que busquemos um conceito verdadeiro.” De acordo com Parrat-Dayan.

“Em geral, o conceito de indisciplina é definido em relação ao conceito de disciplina, que na linguagem corrente significa regra de conduta comum a uma coletividade para manter a boa ordem e, por extensão, a obediência à regra”. Percebe-se, portanto, que a indisciplina está ligada à quebra ou desobediência dessas regras, levando um ambiente à desordem. (2008, p.19)

Segundo Antunes

 “a melhor ideia sobre a indisciplina é acreditar que a mesma exista quando a ação do aluno impeça a escola de concretizar objetivos cruciais de sua existência [...] e quando essa conversa perturba e afeta o alcance da objetividade do currículo a ser desenvolvido.” (p.g 28).

È isso que vemos na fala de Parrat-Dayan

Os problemas de indisciplina traduzem-se de diferentes maneiras. Por exemplo, por meio de condutas como rejeitar a aprendizagem, faltar à aula, não levar os materiais escolares ou não fazer as tarefas. Outra forma é o desrespeito às normas elementares de conduta sem que exista necessariamente a intenção de molestar. E, ainda, os problemas de indisciplina podem se manifestar através de condutas disruptivas. Por exemplo, o aluno fica em pé frequentemente, interrompe o professor, tenta chamar a atenção etc. (2008, p.20).

   Essas situações citadas são desagradáveis  para o professor e até mesmo para os alunos, pois dificultam assim a sua aprendizagem e o bom andamento da turma. Na maioria dos casos, os comportamentos mais comuns são a falta de limite, o desrespeito que é vasto às figuras de autoridade, tumulto em sala de aula, agressividade, entre outros, são alguns exemplos.

   Há também a explicação de maneiras variadas de acordo com cada educador. Mas a maioria entra no consenso que o desrespeito estar inserido sim no ambiente escolar integra diversos aspectos, não estando restrito apenas à dimensão comportamental. De acordo com o sociólogo francês François Dubet

“A disciplina é conquistada todos os dias, é preciso sempre lembrar as regras do jogo, cada vez é preciso reinteressá-los, cada vez é preciso ameaçar, cada vez é preciso recompensar”. Isso nos coloca diante de um antônimo de indisciplina, nos lembrando que o respeito às regras dentro de uma instituição é de fundamental importância para o seu funcionamento pleno e que, consequentemente, a indisciplina representa a ameaça pela desobediência às regras estabelecidas. Dubet (P.56 1997)

   Já vimos alguns conceitos de Indisciplina através de grandes teóricos Agora vamos destacar O que Segundo a Constituição Brasileira de 1988, nos falar sobre a educação que é um direito de todos e um dever do Estado e da família. No artigo 205 diz que sua finalidade é o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para a cidadania e sua qualificação .

    Sendo assim escola é a inserção do individuo no mundo social, onde ele deve assimilar habilidades básicas como ler, escrever e assim com o passar do tempo já cabe à escola obter novas responsabilidades, muito além de e ler escrever.

   Como vimos as escolas particulares  e públicas passam por esse problema á transgressões, os exemplos são como a escola e sua estrutura, o professor e sua conduta e o aluno e a bagunça Desse modo, á indisciplina ela surge como uma das principais entraves da boa educação. É bom realçar que a indisciplina nos dias atuais não está inserida  ou associada somente no contexto escolar, pois ela também ocorre em outros ambientes sociais.

2-    O Educador e a Indisciplina

  No ambiente escolar, as principais queixas dos professores relativamente à indisciplina são através das conversas paralelas, a não participação do aluno em sala da aula , quando o aluno não traz o seu material, e o  desrespeito às figuras de autoridade da escola, e também ao patrimônio. Segundo a maioria deles, tal comportamento, apresentado por certos alunos, prejudica excessivamente o andamento do trabalho pedagógico desenvolvido na sala de aula.

Os educadores devem ser preparados para conceber a educação como um processo permanente de aprendizagem e reconstrução do conhecimento que propicie o aprender a conhecer, a fazer, a ser e a conviver em grupo. A educação assim concebida indica uma função da escola voltada para a realização plena do ser humano, alcançado pela convivência e pela ação concreta e qualificação do conhecimento. (PROGESTÃO, 2001, p.55)

   Tanto os educadores quanto aos alunos chegam à mesma concepção quanto o assunto é, principal causador da indisciplina o próprio educando. E assim surge a relação aluno e professor que vive uma situação de tensão e de conflitos que a desvia muitas vezes de seu objetivo final – a educação, preparação para a vida em sociedade. Segundo Libâneo:

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O trabalho docente nunca é unidirecional. As respostas e as opiniões dos alunos mostram como eles estão reagindo à atuação do professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos conhecimentos. Servem também para diagnosticar as causas que dão origem a essas dificuldades. (1994, p.250).

   A indisciplina escolar configura-se, em nossos dias, como um desafio aos educadores. Cansados e confusos os professores ficam desgastados, tentam várias alternativas, e já não sabendo o que fazer, chegam mesmo em algumas oportunidades a pedir ao aluno indisciplinado que se retire da sala já que ele atrapalha o rendimento do restante do grupo.Assim como Paulo Freire afirma:

“Não é certo, sobretudo do ponto de vista democrático, que serei tão melhor professor quanto mais severo, mais frio, mais distante e “cinzento” me ponha nas minhas relações com os alunos [...] A afetividade não se acha excluída da cognoscibilidade”. O que não posso obviamente permitir é que minha afetividade interfira no cumprimento ético do meu dever de professor no exercício de minha autoridade

   O comportamento inadequado do aluno não pode ser visto como uma causa da dificuldade para lecionar. Alguns educadores  tem dificuldades para expor assuntos em sala de aula e estabelecer regras a seus alunos, Segundo Libâneo

 “O professor não apenas transmite informação ou faz perguntas, mas também ouve os alunos”. Deve dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se, a expor opiniões e dar respostas. O trabalho docente nunca é unidirecional. (1994, p.250).

   As estratégias usadas atualmente por grande parte dos educadores para lidar com a indisciplina têm sido um verdadeiro fracasso o conceito quase sempre associado à obediência, o que não é a definição mais adequada, um exemplo claro é a repreensão que não funciona, ao contrario, a indisciplina não seria apontada como o aspecto da educação com a qual é a mais difícil de lidar em sala de aula.

  Antes a escola também não era um espaço agradável e os educadores não podem  agir com a rigidez de antigamente, e sentem frustrados piorando  ainda mas  com convenções que se  baseia em permissões proibições e castigos sem nenhum tipo de negociação. Se isso funcionasse as escolas estariam todas em paz. Segundo Libâneo:

A autoridade do professor não pode deixar verter-se para o autoritarismo. “A autoridade profissional se manifesta no domínio da matéria que ensina e dos métodos e procedimentos de ensino, no tato em lidar com a classe e com as diferenças individuais, na capacidade de controlar e avaliar o trabalho dos alunos e o trabalho docente”. (1994, p.252).

   Segundo Paulo Freire o professor comprometido com a produção do conhecimento em sala de aula, amantes de sua profissão, que desenvolve com seus alunos um vínculo muito estreito de amizade e respeito mútuo pelo saber, é imprescindível no processo de ensino e aprendizagem. Muitas vezes, o autoritarismo do professor, provoca a insegurança dos alunos, que por sua vez, se sentem castigados, injustiçados, cobrados a um desempenho para o qual não foram suficientemente preparados, agravando os casos de indisciplina na escola.

   A tarefa de educar, não é responsabilidade da escola, é tarefa da família, que ao docente cabe repassar seus conhecimentos O educador  deve desenvolver sua aula apresentando um objetivo de conhecimento como mediação entre ele e os educandos. Dessa forma, comenta Zabala:

“A motivação dos alunos para a aprendizagem através de conteúdos significativos e compreensíveis para eles, assim como de métodos adequados, é fator preponderante na atitude de concentração e atenção dos alunos. Se estes estiverem envolvidos nas tarefas diminuirão as oportunidades de distração e de indisciplina”. (1996, p. 253)

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   Piaget defende que temos duas alternativas: “formar personalidades livres ou conformistas”. Se o objetivo da educação for o de formar indivíduos autônomos e cooperativos, então é necessário propiciar para que ele se desenvolva em um ambiente de cooperação.(p.g 34 e 36)

   Para Fleuri (1997), os salários baixos e as péssimas condições de trabalho além de dificultar, desvalorizam a ação educativa dos profissionais que atuam na educação.

3-A Indisciplina e a Violência

   Segundo Lima um dos principais obstáculos enfrentados nas escolas é a indisciplina e consequentemente a violência. Fatores sociais vivenciados pelos alunos interferem na sua vida escolar. Muitos são os profissionais que não compreendem as situações conflitantes existentes em sala de aula, muitas vezes resultantes de influências internas, se bem que há também influências externas.

  Todos concordam que a violência é um fator presente no dia-a-dia das pessoas. A escola, não está imune a esse fator.  Diante dos acontecimentos que se têm observado nas escolas fica claro que toda a comunidade escolar pode ser percebida como sujeitos e objetos dessa violência que se processa no interior da escola. Para CHAUÍ:

A violência é o uso da força física e do constrangimento psíquico para obrigar alguém a agir de modo contrário à sua natureza e ao seu ser. A violência é violação da integridade física e psíquica, da dignidade humana de alguém. (p.g 23)

   Parece que, atualmente, o conceito de indisciplina foi naturalmente incorporado ao de violência. O termo bullying que tem sido uma preocupação constante entre os educadores em geral, tornando-se o principal assunto  das reuniões de pais e conselhos de classe, etc. Em relação ao termo bullying, FANTE (2005) estabelece que:

Bullying é uma palavra de origem inglesa, adotada em muitos países para definir o desejo consciente e deliberado de maltratar uma outra pessoa e colocá-la sob tensão. Por definição universal, bullying é um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor, angústia e sofrimento. Insultos, intimidações, apelidos cruéis, gozações que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos levando-os à exclusão, além de danos físicos, morais e materiais, são algumas das magoam profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que manifestações do comportamento bullying (p. 27 – 29).

   Segundo Fante, ao analisar esses conceitos, percebe-se que a indisciplina e o bullying que os mesmo estão interligados Aos poucos, esse termo usado tanto nos dias atuais tem tomado conhecimentos de alunos, professores, funcionários, vítimas de agressões dentro das escolas e, muitas vezes, vítimas fatais, a comunidade escolar tem assumido que a violência está fazendo parte das escolas.

   Já houve casos pontuais de depredação na escola onde trabalhei de porte de arma branca Esse quadro de conflitos escolares vem assustando. E a mídia repercute bem, com gravações dos próprios alunos e assim vem apresentando a toda população as situações violentas ocorridas no interior de inúmeras escolas, que têm se intensificado de forma alarmante. Dessa forma Ortega, afirma que.

(...) entendemos o fenômeno do conflito como um processo reversível, ou seja, como um problema complexo, que nos mostra até onde as más relações interpessoais podem nos levar quando não se está consciente da natureza social, cultural e psicológica das relações interpessoais. Porém, por sua vez, é um fenômeno suscetível de sofrer intervenção com estratégias educativas não alheias à própria cultura escolar (2002, p.27).

   Assim sendo, é importante procurar uma intervenção para resolver os conflitos através do diálogo.O papel do professor é insubstituível, e da família principalmente .Convém destacar que a escola ainda está mal aparelhada para trabalhar com alunos indisciplinados tendo que tratar a questão de forma coletiva

Dessa forma FERNÁNDEZ comenta:

Conhecer e apresentar a possibilidade de implementar ações preventivas para a melhoria das relações interpessoais na classe e no centro de ensino significa começar a tomar consciência de que existe um problema que deve ser abordado junto à coletividade com caráter educativo e não somente

punitivo (2005, p. 75).

   Buscar ações que possam fortalecer a convivência escolar é um caminho que deve ser percorrido por todas as instituições de ensino. As situações de indisciplina e de todas as formas de violência passam, em um primeiro momento, pelas questões de convivência. Por isso o seu enfrentamento necessita ter um caráter educativo, preventivo e recuperador embasado em análise e questionamentos minuciosos da ação educativa e dos objetivos da instituição de ensino.

É necessário, em um primeiro momento, analisar e compreender os tipos de ocorrências com as quais se depara avaliá-las e, em seguida, desperta uma consciência coletiva de que toda boa convivência se processa através de normas mínimas a serem seguidas por todos os participantes pois, somente assim se criará um clima relacional justo em que as condutas antissociais e agressivas possam ser controladas e onde os limites próprios de toda convivência favoreçam a função educadora da escola (,p. 80).

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   Fernández (2005) afirma que “as escolas são um acúmulo de inter-relacionamentos de pessoas vivendo em um edifício e compartilhando experiências, tempo e esforços. Comunicar-se, cooperar, ser solidário é algo que, além de ser objeto de ensino, deve constituir a estrutura da vida escolar”.

 4- O Que Gera a  Indisciplina na Escola

 

   Analisando a história da educação, quanto ao inicio da sociedade moderna, verificamos que as funções relacionadas à Educação, até então de responsabilidade das famílias, da igreja e da comunidade, foram sendo transferida para uma instituição criada pela sociedade, a escola. Segundo Pires:

A indisciplina na sala de aula se comparada à indisciplina social não é tão grave. Outro fator importante é a questão da disciplina muitas vezes, não ser exigida dentro em determinadas famílias. O comportamento de alguns pais muitas das vezes tem deixado a desejar na educação dos filhos, que por sua vez acabam por tornar rebeldes, chegando a ter atropelos entre os amigos na escola. (p.g 12 1999)

   Qual o motivo desses alunos aderirem a esse comportamento é uma forma de chamar atenção, devido a esses questionamentos, surge à questão da família na educação desses alunos e a escola é sempre inserida. A educação vem de casa?E por que então esse comportamento agressivo que se observa nas escolas. Para Aquino:

É impossível negar a importância e o impacto que a educação familiar tem sobre o indivíduo. No entanto seu poder não é absoluto e irrestrito. Neste sentido é preciso que a estrutura familiar adaptar-se às circunstâncias novas e transforme determinadas normas, sem deixar de constituir um modelo de referencial.(p.g 38 1996)

   É hora de rever conceitos, o objetivo aqui não é mostrar culpados e sim procurar a causa desse grande problema. Um dos motivos são problemas particulares de ambas as partes, que acabam descarregando dentro da sala de aula, como: valores familiares, história de vida, tipos de personalidade, professores sem metodologia, inseguros, agressivos ou rigorosos como se podem notar vários são os motivos que leva o aluno a se afastar do professor e consequentemente das aulas desse. Segundo Aquino.

“A indisciplina traduz numa espécie de efeito de inconformidade, por parte do aluno, aos anacrônicos padrões de comportamento nos quais as escolas ainda parecem inspirar-se”. Neste sentido, enquanto houver professores impondo comportamento, sempre haverá alunos protestando e procurando meios de fugir destas regras que lhes parecem ser arbitrárias. (p.g 38 2003)

   E o pior é que isso vai acabar gerando indisciplina na sala de aula. Sendo assim, o que dá a entender é que o professor fica com a principal responsabilidade do caso, ou seja, em se aproximar do aluno para tentar descobrir quais são os motivos que têm levado a agirem erroneamente.

   Outro fator importantíssimo que pode estar influenciando os alunos a se comportarem de forma errada na escola é a ausência dos pais na educação dos filhos. Dados mostram que os genitores têm negligenciado na educação ideal que deviam estar oferecendo aos filhos. Há uma ideia que os filhos devem ficar à vontade.

   Sendo assim, todos (a sociedade, a família, a escola, o professor) ajudam na formação da criança. A indisciplina não inicia na escola, vem de casa. A família que não proporciona ao filho um bom alicerce acaba sofrendo as consequências. Assim, tanto moral quanto ética pode dar ao aluno probabilidade de se tornar uma pessoa disciplinada.