O nosso país é derrotado diariamente nos mercados devido às condições financeiras e económicas miseráveis do Estado Português. As nossas vitórias remontam a períodos antiquíssimos quando Portugal detinha uma certa hegemonia. Por exemplo, devemos relembrar que durante a Época dos Descobrimentos, Portugal teve um papel fundamental e primário na descoberta do novo mundo. O passado português depara-se com vitórias e derrotas, que se vão intercalando, consoante o período e época em que se vivia. Hoje não existe uma convergência de interesses económicos entre os países europeus, logo os conflitos bélicos do passado entre potências deram lugar aos conflitos financeiros entre nações.

O desprimor da nossa economia e as consecutivas derrotas de Portugal no controlo da sua dívida pública remetem para outros períodos da história nacional, como por exemplo, para a maior derrota militar da História lusitana. Essa derrota bélica serve de termo de comparação temporal com os dias de hoje, sendo que noutro plano, ou seja, há séculos atrás combatíamos contra exércitos constituídos por guerreiros, agora, combatemos ou tentamos combater alguns grupos económicos que controlem bancos, empresas, governos e sindicatos. Alcácer Quibir foi uma batalha dura, provavelmente, a pior batalha de sempre para o exército português que saiu derrotado. A inutilidade e inexperiência de D. Sebastião condenaram Portugal ao fracasso, que perdeu a sua Independência. As consequências negativas foram imensas. Portugal viu o seu reino a ser destronado e humilhado por Espanha pois D. Sebastião não tinha descendentes, sendo que foi o seu tio-avô a subir ao trono. Como a idade já era avançada, o cardeal D. Henrique faleceu e em 1580, Portugal ficou sob a jurisdição de um rei espanhol.

Este relato histórico poderá não servir de exemplo à situação que hoje vivemos porque são épocas opostas com diferenças enormes, mas o ponto-chave mantêm-se equitativo em ambos os períodos históricos. Por um lado a ingenuidade de um rei, D. Sebastião, por outro o “vácuo político” do atual primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho; no passado tentamos ser o que nós não somos, vivemos acima das nossas possibilidades, hoje, arriscamos criar aquilo que não podemos sustentar; perdemos a nossa independência, ficamos a ser governados pelos espanhóis, agora, somos um protetorado dos Estados Unidos da América e da Alemanha; naqueles tempos monárquicos sofríamos derrotas militares, atualmente, somos aniquilados financeiramente e economicamente. Apesar do tempo, nós, portugueses, continuamos à espera do Desejado, de maneira a que nos possamos salvar da crise existente. O mito sebastianista continua a ser encarado como a possível e hipotética resolução dos problemas da nossa nação.

Sem dúvida que esta comparação entra estas duas épocas portuguesas, por um lado a Monarquia de D. Sebastião e a perda da independência, por outro Portugal moderno e democrático, serve de ideia primordial para o nosso povo e para a nossa forma de viver. As características mantiveram-se. Nós somos aquilo que o passado idealizou, o reflexo da nossa história. Desta forma a nossa Nação viveu, vive e viverá dependente dos feitos e êxitos dos antepassados porque com essa influência histórica conseguiremos criar e fomentar os nossos próprios sucessos. Contudo os nossos defeitos e derrotas marcarão sempre as gerações vindouras, tal como as gerações de hoje sofreram com os erros de outrora. Portugal sofreu com os maus olhares porque foi o primeiro país nos Descobrimentos marítimos, foi invejado por possuir colónias nos vários continentes, outras potências cobiçaram os nossos poetas e escritores, entres outros aspetos. Quem sofreu as consequências dessa cobiça e inveja foram as gerações posteriores e talvez as nossas gerações estejam a sofrer e a sacrificar-se por equívocos do passado como por exemplo as más gestões financeiras, a corrupção, o financiamento e empréstimos em excesso, a atribuição de subsídios e rendimentos em demasia e as imensas obras públicas edificadas sem necessidade.