Este insólito Eu...

Que do pó se toma

O é... ousadamente

E advém... simplório

Como mero efeito

Do excesso que tende

Na matéria urgente

Ser-me...

A ti contempla

Através do espanto

E alcanço-me traumas

Da consciêncià si...

No insensato modo

De me temer...

De tentar-me

Ao padecer o espectro

Da indecência anímica...

A esgotar-me... célere

N’óbito próprio

De toda mente

Humanamente

Humana...

Aprofundo-me... na calma

E acomodo-me

A conceder... à dor

Alguma forma

De se morrer...

E se calar

E consumar-se...

Tão logo... vã

No insuportável cume

Da quietude sã...

De tudo... ao menos

Atenuar-se

Em meu trágico descanso

De homem só

E, à sombra

Da matéria... corpo

Feito pó

Terás... por toda herança

Ao fim do teu

Lembrança...

Assopra-me... vento

Leva de mim

Que não é meu

Leva o júbilo

Das noites claras

Levà calma

Da vida’o berço

A placidez

Não mais no terço

Leva...

Como quem cobiça

Meu insólito Eu...

Todavia... leva.

Furte a vida

Que me devora

Que já é hora

De alguém dormir...

Levà dor

Que me apavora

Leva o medo de temer

Lev’aos poucos

Cada parte

Que ainda não é tarde...

Parà alma

Não morrer...

Leva...

Corpo... Alma... Ser...

O sopro que me adentra

Pelos poros

Chamei vida...

Leva...

Que nada sou

Senão... teu fortuito

A lúrida graça

Da vida que passa...

Pelo érebo de ser-me

É que me fiz

Memória...

Não te sou

Vento lúgubre

Da garganta

Do receio

Dos meus Demônios

Do espectro... da falência

Do findar... da consciência

E da catástrofe humana

Que, do corpo

M’emana

Para ser-me

Enquanto teu...

Mas... aceito-te

E já não reluto

Fado meu...

Como quem via

Todavia... Teu

Me sangro...

Mas não hesite...

E leva...

Me retira... de mim

Do meu corpo

Enfim

Este insólito Eu...

 

Autor: David Guarniery

Idade: 22 anos

Início: 15:55

Término: 16:01

Tempo Gasto: 6 minutos

Dia: Sexta-Feira

Data: 18 de abril de 2008

Classificação: Poética Lúgubre

Obra: 004

In Memorian:

*Rosana Braz Narikawa

*Renê Chiquetti Rodrigues

*Ricardo Lopes

*Hernani Pereira

*Adriano Borges

Brasil/ Paraná/Cambé