P'ròs
Publicado em 27 de setembro de 2011 por David Guarniery
Este insólito Eu...
Que do pó se toma
O é... ousadamente
E advém... simplório
Como mero efeito
Do excesso que tende
Na matéria urgente
Ser-me...
A ti contempla
Através do espanto
E alcanço-me traumas
Da consciêncià si...
No insensato modo
De me temer...
De tentar-me
Ao padecer o espectro
Da indecência anímica...
A esgotar-me... célere
N’óbito próprio
De toda mente
Humanamente
Humana...
Aprofundo-me... na calma
E acomodo-me
A conceder... à dor
Alguma forma
De se morrer...
E se calar
E consumar-se...
Tão logo... vã
No insuportável cume
Da quietude sã...
De tudo... ao menos
Atenuar-se
Em meu trágico descanso
De homem só
E, à sombra
Da matéria... corpo
Feito pó
Terás... por toda herança
Ao fim do teu
Lembrança...
Assopra-me... vento
Leva de mim
Que não é meu
Leva o júbilo
Das noites claras
Levà calma
Da vida’o berço
A placidez
Não mais no terço
Leva...
Como quem cobiça
Meu insólito Eu...
Todavia... leva.
Furte a vida
Que me devora
Que já é hora
De alguém dormir...
Levà dor
Que me apavora
Leva o medo de temer
Lev’aos poucos
Cada parte
Que ainda não é tarde...
Parà alma
Não morrer...
Leva...
Corpo... Alma... Ser...
O sopro que me adentra
Pelos poros
Chamei vida...
Leva...
Que nada sou
Senão... teu fortuito
A lúrida graça
Da vida que passa...
Pelo érebo de ser-me
É que me fiz
Memória...
Não te sou
Vento lúgubre
Da garganta
Do receio
Dos meus Demônios
Do espectro... da falência
Do findar... da consciência
E da catástrofe humana
Que, do corpo
M’emana
Para ser-me
Enquanto teu...
Mas... aceito-te
E já não reluto
Fado meu...
Como quem via
Todavia... Teu
Me sangro...
Mas não hesite...
E leva...
Me retira... de mim
Do meu corpo
Enfim
Este insólito Eu...
Autor: David Guarniery
Idade: 22 anos
Início: 15:55
Término: 16:01
Tempo Gasto: 6 minutos
Dia: Sexta-Feira
Data: 18 de abril de 2008
Classificação: Poética Lúgubre
Obra: 004
In Memorian:
*Rosana Braz Narikawa
*Renê Chiquetti Rodrigues
*Ricardo Lopes
*Hernani Pereira
*Adriano Borges
Brasil/ Paraná/Cambé