Heróis que não fogem à luta
Publicado em 07 de dezembro de 2020 por Marco Antonio Guimarães Sarmento
HERÓIS QUE NÃO FOGEM À LUTA
Entre seringas e balões de oxigênio
Eles lutam contra vírus, bactérias e escassez de
Maca, anestesia, respirador,
Fita, gazes, desfibrilador,
Eles correm, gritam, se aborrecem,
Mas também acalmam, consolam, agradecem.
Deixam seus filhos, seus pais
Para cuidar dos filhos de outros pais
E dos pais de outros filhos mais.
Sentem dor, fome, calor
Desconforto, sede, temor
Deixam casa, filhos, marido, esposa
Para cuidar de desconhecidos
Muitas vezes, maltratados, desrespeitados
São acusados e culpados de mortes ou recaídas
No lugar de políticos corruptos, que superfaturam
E nem sequer pisam em hospitais
Para conhecer a realidade, o que eles passam
São heróis, são heroínas
Descansam em qualquer canto
Que o trabalho permita
Não há cafezinho, nem marmita
Quando muito o lanchinho
De casa trazido e higienizado
As mãos cansam, as pernas bambeiam
As lágrimas caem, o coração aperta
E o presidente seu trabalho despreza
Ainda acha tempo para acusar, desinformar
E, quando são agredidos,
Defendê-los, nem pensar
E os salários? Cadê?
Adicional de heroísmo? Bônus de salva-vidas?
“Mas é obrigação”, diriam alguns.
Mas salvar sem condições? Superjornadas?
Hiperlotação? Não, não é mera obrigação.
É compromisso com a vida.
É mais que profissão. É sacerdócio. É missão.
Mas um “obrigado” ajuda. Um reconhecimento.
Chega de condecorar pseudo-policiais, milicianos.
Chega de honrar quem se aproveita do sistema.
Celebremos, condecoremos nossos profissionais de saúde.
Eles sim estão salvando famílias
Enfrentando um vírus de alta letalidade
Nas populações mais suscetíveis
Estão salvando vovôs e vovós,
Mães e pais idosos
O presidente não se importa
Se perder sua mãe, lamentará
Mas, filho que é filho,
Prolongará a vida deles ao máximo
Protegê-los-á de qualquer vírus
E, para isso, contam com esses profissionais.
Alguns acabaram de sair da universidade
E já estão diante do maior desafio profissional
Salvar, atender, curar.
Ah! Se todos entendessem!
Se pudessem se colocar no lugar.
Não reclamariam, ajudariam
Trariam equipamentos, comida, água
Ajudariam a carregar, a arrumar
Sentiriam na pele o esforço, a força física necessária
Para tudo funcionar
Hoje eu tiro o chapéu, eu presto homenagem
A esses heróis de carne e osso
Que estão em plena guerra, em pleno combate
Gasto algumas letras, alguns minutos de minha valiosa vida
Que se torna ainda mais valiosa em conhecê-los,
Em vê-los em ação, quando muitos nem se preocupam,
Esquecem máscara, distanciamento, álcool, precaução
Mas eu estou aqui, protegendo-me
Para que eles não sejam ainda mais sobrecarregados
Respeito seu sofrimento, sua condição
Os profissionais ganharam um novo status social:
Os primeiros soldados do front de batalha contra o Corona vírus
Os primeiros a se contaminar, os primeiros a sofrer,
Os primeiros a morrer.
Precisam ser reconhecidos à altura
Proporcionalmente ao número de vidas salvas
Ou às que tentaram salvar
Precisam ter seus nomes cravados na historia
E serem, para sempre, lembrados
Assim como os bombeiros mortos no Word Trade Center
É difícil? Que as autoridades máximas deste país, e em cada Estado,
Façam um reconhecimento simbólico, um ato cívico
Tal qual fazem aos militares de guerra
Pois esses homens e mulheres de branco ou verde
São os anjos que estão aliviando nossa dor e angústia
Frente a um mal que discurso bonito algum pode fazer
Nenhuma oratória nos acalmará
Se eles, os anjos, não estiverem exercendo seu sacerdócio
Com amor, temor e, por fim, coragem e mais amor.
Obrigado médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem,
Socorristas, motoristas de ambulâncias, pilotos,
Profissionais de limpeza e alimentação hospitalar
Farmacêuticos, atendentes, porteiros de unidades de saúde,
Administradores de saúde, laboratoristas
Funcionários voltados ao funcionamento
De todas as unidades de atendimento
Contra a Covid e todas as outras doenças
Porque
VÓS SOIS UM POVO HERÓICO QUE NÃO FOGE À LUTA
NEM TEME QUEM VOS ADORA, A PRÓPRIA MORTE
CONQUISTA COM BRAÇO FORTE A TUA LIBERDADE!