Propriedade privada como origem das desigualdades sociais um olhar a Moçambique

Jean jaques Rousseau, pensador Moderno escreve várias obras dentre elas, origem das desigualdades, discurso sobre o método, contrato social, etc, discute temas diferentes e diferenciados. Contudo Rousseau olha o Homem num estado de natureza como bom e que a sociedade seria a motora e promotora dos conflitos.

Propriedade privada é o direito que assegura o seu titular diversos poderes, sendo que o seu conteúdo constitui o objecto de estudo do direito civil.

Rousseau concebe duas espécies de desigualdades: desigualdade a natural ou física porque é estabelecida pela natureza e que consiste na diferença das idades, saúde, força do corpo e das qualidades de espírito e a outra é desigualdade política ou moral porque depende de uma espécie de convenção que é estabelecida pelo consentimento dos homens

Segundo Rousseau a propriedade privada é que trouxe no homem conflitos, isto é, o homem selvagem, inocente, nómada regido pelas leis na natureza era bom e feliz e os conflitos aparecem na medida em que o homem começou a ter um local que achou que poderia ser dele e procurou leis positivas que pudessem regê-lo. A partir deste momento nascem os conflitos, desrespeito pelo seu semelhante e a corrupção. Rousseau nos propõe que voltemos ao estado natural, ao selvagem, pois so assim alcançaríamos a felicidade.

Portanto proponho Rousseau para discutirmos a questão da corrupção e desigualdades sociais no nosso país.

Não precisamos de ser seguidores de Rousseau para perceber que esta calamidade ( corrupção e desigualdades ) nos assola. Basta olhar no nosso quotidiano em vários sectores de trabalho quer na função pública, quer na privada para perceber quantas não são as vezes tem havido cobranças como troca de favores. Os mídias sempre reportam conflitos sobre a terra que surgem devido a venda ilegal de terra, quando está plasmado na constituição da república que a terra é um bem do estado e por este facto não se pode alienar nem hipotecar. O homem actual movido pela árdua sede de dinheiro, bens materiais, tornou-se corrupto, inescrupuloso, imorral e egoísta.

Onde está o Homem? Quando formulo esta questão não estou a procura de localização geográfica mas talvez quer perceber o Homem altruísta, benevolente que pensa estabelece um paralelismo entre o eu e o outro em termos da promoção. Não há ou não existe este Homem, mesmo que na luz do dia eu busque uma lanterna e procure-o, não o encontraria porque este foi consumido por árdua sede de acumulação de riqueza ou seja pela corrupção e consequentemente as desigualdades socais estremas. Como exemplo olhemos ou comparemos o bairro triunfo e a cidade de Inhambane. Não encontro nenhum termo comparativo possível pois estas duas realidades distanciam-se em todos aspectos. No mesmo território enquanto existem pessoas não sabem o que comer por falta de meios financeiros, existem outros que estão preocupados em como gastar o que tem.

Como, onde e quais instrumentos a usá-los com vista a resgatar o então bom selvagem? Os nossos avós ou Ansiães seriam um veículo que nos ao alcance daquilo que são os nossos anseios? Não quero crer que este seja o melhor instrumento ou a melhor via pois estes também participam da corrupção pois nasceram e cresceram nesta sociedade.

Se este não é talvez o melhor caminho o que se pode ou deve se fazer? Desistir? Também não quero crer que desistir seria o melhor caminho porque algo tem de ser feito.

Como? Se já estamos corrompidos e a olho nú percebem-se as desigualdades sociais?

No meu primeiro ano de faculdade estudei com um colega que não tinha condições financeiras de pagar quer propinas quer para cuidar das suas vestes. Este facto para muitos era motivo para tamanha lamentação. Para alguns seria melhor que aquele colega parasse de estudar ate que criasse condições financeiras para voltar e continuar com o curso. Mas para ele aquela situação o inspirava na luta pelos seus sonhos. Hoje já é licenciado e docente de Filosofia em uma das escolas neste Moçambique.

Portanto desta atitude pôde tirar o aprendizado segundo o qual por mais difícil que sejam as coisas devemos persistir na luta por aquilo que cremos.

Mas no caso vertente é possível sonhar num Moçambique livre da corrupção? Muitos dirão isto é uma utopia, contudo é preciso que algo seja feito.

O nosso governo instituiu o gabinete de combate a corrupção cujo nos meios que tem procura usa-los mas estão muito aquém das expectativas.

Diz Rousseau e eu subscrevo por baixo, que a pior agineira que o homem fê-la é de ter constituído uma sociedade regida por normas e leis positivas. As leis consuetudinárias não são observadas. Proponho deste modo que o homem deve ser catequizado na moral cujas leis que os regem sejam consuetudinárias e que estão na mente e no coração de cada um de nos. O homem não deve deixar de praticar o mal por medo de ir preso ou condenado, mas sim porque nele não há espaço para a prática do mal. O homem moral é virtuoso e justo. E vivendo na justiça todos alcançaremos o fim ultimo do homem que é o felicidade e seremos mais altruístas e solidários.

Elaborado por:

Dr Sélio Cussumo, licenciado em ensino de filosofia pela Up- Maputo, docente na Up-Maxixe

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