Os oleiros da minha rua
Publicado em 29 de junho de 2012 por Francisco Antônio Saraiva de Farias
Os oleiros da minha rua
Eles saem bem cedo,
Andam que nem camelos,
Estrada a fora brincando,
Suas funções são oleiros.
Um adjunto de oito,
Meninos iguais nos trajes,
Saem de manhã bem cedo,
Voltam ao cair da tarde.
Eu procurava e não via,
Marmitas nas mãos oleiras,
O que os meninos comiam,
Eu interrogava à incerteza.
Um dia os acompanhei,
Por um quilômetro de estrada,
E vi que os meninos comiam:
Abios, jenipapo e goiabas.
Despreocupados e fagueiros,
Coiceando que nem jumentos,
Amassam o barro da vida,
Sem demonstrar sofrimento.
Sem garantias, sem sindicato,
Sem carteira, sem documentos,
Talvez por ventura constem
De algum recenseamento.