O sonho de uma ideologia.

Quanto a mim.

Se a vida tem ou não sentido.

É uma grande bobagem.

Metafísica, palúrdio.

Por alguns fundamentos.

Do ponto de vista químico.

Sou em síntese apenas uma partícula.

Idiossincrática.

Solúvel a realidade da natureza.

Isso significa que não sou absolutamente nada.

Heuristicamente.

Do ponto de vista espiritual.

Não existe a alma.

Se existisse.

Seria uma mônada.

E se fosse possível à ressurreição.

O suposto céu transcendental.

Ao acontecer esse fenômeno metafísico.

 Seria   Deus.

Tamanho seria a perfeição.

Phainómenon o espírito que surge.

Não poderia existir maior castigo.

Ao homo sapiens.

Que transformá-lo em Deus.

Porque seria como levá-lo ao vazio.

Delével a naturalidade comum.

Para contemplar a si mesmo.

Como algo perfeito.

Sendo que tal estado de existência.

É por natureza insuportável.

Ser Deus não significa ser nada.

Se me desse a oportunidade de ser Deus.

Por sabedoria recusaria a sê-lo.

Se tivesse que contemplar a minha perfeição.

E a imperfeição de tudo que foi realizado por mim.

Não saberia suportar a mim mesmo.

O  vazio imensurável desses antagonismos.

Leva a minha pessoa ao apavoramento.

A inelidível intuição.

 Certa  espurcícia do destino.

Entenderia como castigo.  

Imagina reencarnar.

Nada mais ilógico.

Contraria o fundamento bíblico.

O princípio da criação.

Deus fez adão e Eva.

Eles tiveram dois filhos

Abel e Caim.

Um matou o outro.

Não existiu a procriação.

Porque homem não engravida homem.

Então em quem Adão e Eva reencarnaram.

Em Abel e Caim.

Mas se eles eram homens.

Não puderam dar continuidade.

A reencarnação.

Porque não procriaram.

A vida encerou no princípio da criação.

Do mesmo modo a reencarnação.

Esses mitos não são explicativos.

Neles mesmos.

Não são apofânticos.

Reencarnar.

Seria a repetição eterna.

Do mesmo espírito.

Em cada tempo histórico.

O corpo um servo da alma.

Mas a alma não existe.

Assertoriamente.

Ela é fruto da linguagem.

Projeção representativa da mesma.

O grande filósofo Feuerbach.

Explicou com fundamento.

A imaginação a respeito de tudo.

Diante das necessidades da vida.

Todas as formas de ideologia.

E o homem comum não consegue.

Libertar das mesmas.

O mundo apolíneo de Nietzsche.

Uma grande ilusão.

O que somos, não somos.

E que não somos, somos.

Metaforicamente.

O homem diante da não finalidade da vida.

Inexoravelmente.

Na percepção que a mesma se esgota.

Acaba definitivamente.

Então criou Deus.

Como uma ideologia confortável.

A arché de uma suposta racionalidade.

Cartesiana.

Asserção do entendimento.

Sem asseidade agostiniana.

 Algo completamente sem finalidade.

Deus voltou à realidade humana.

Como se fosse  verdade.

O cérebro funciona dessa forma.

Cria mentiras.

E transforma em verdades.

E as verdades.

Transformam em realidades.

Quem questionar as mentiras mitologizadas.

Será considerado como  louco.

Antonio Damásio.

Filósofo e neurocientista.

Diz claramente o cérebro produz o homem.

Sem parcimônia epistemológica.

O homem não consegue se libertar do cérebro.

Porque o homem é o seu cérebro.

Na verdade existem milhares de cérebros.

Com seus modos de serem.

De pensarem.

Mas todos esses modos.

São invenções da linguagem.

Poucas coisas as quais entendemos.

São reais.

Não percucientes.

As demais imaginativas.

Libertar das imaginações.

É necessário ser muito culto.

Conhecer as diversidades das ideologias.

Saber construir uma segunda razão.

Para ter discernimento.

Indelével

Das  verdades dos sistemas fechados.

Nos seus aspectos particulares.

Quando um sistema é todo equivocado.

Como são os sistemas metafísicos.

Desse modo.

Libertar se das falsas razões.

Ou das razões, parcialmente erradas.

Libertar, portanto, das parcialidades.

O homem só poderá ser livre.

Inexpugnavelmente.

Quando a própria razão tiver domínio.

  Dela  mesma.

Edjar Dias de Vasconcelos.