Diálogo de Nicolau II com Lênin.

Diante de Lênin.

Nicolau com um olhar fixo.

Pediu clemência a ele.

A revolução já foi realizada.

Peço a vossa pessoa.

Senhor filósofo comunista.

Que poupe a minha vida.

E a vida da minha família.

Lênin respondeu com veemência.

Senhor imperador.

Não posso atender o vosso pedido.

Lembra quando você tinha em suas mãos.

Centenas de jovens revolucionários.

Entre eles o meu irmão.

O  mesmo pedido lhe foi feito.

A vossa pessoa.

Você os tratou como vagabundas.

E não deu a eles nenhuma clemência.

Todos foram condenados à morte.

O meu irmão disse a mim.

Lênin se um dia for realizado a revolução.

Aplique a Nicolau II a mesma pena.

Prometi a ele.

Que atenderia o seu pedido.

Não posso descumprir.

Quanto a mim.

Fui colocado no exílio pela vossa pessoa.

Sofri tanto.

Alteração do estado emocional.

Que mesmo realizado a revolução.

Não poderei ter em minhas mãos.

O poder para efetivação do Estado.

Comunista.

Mas antes de morrer.

A vossa nobreza será executada.

Todos os membros da sua família.

Você será último deles.

Essa é a minha promessa.

Para sentir a dor do sacrifício humano.

Mas também será morto.

Como um bandido da história.

A nobreza será exterminada.

Como  parte da nova burguesia.

Nicolau II, o nosso país.

Jamais será  novamente.

A  vossa pátria exclusiva.

Como sempre fez uso do Estado.

Vivemos um novo tempo.

Todas as formas de prioridades.

Serão dadas aos interesses.

Do proletariado.

Sei que devo morrer logo.

Estou muito doente.

A causa da minha doença.

Resultou da vossa perseguição.

A história está findando.

Para a vossa pessoa.

O poder será dado.

Aos novos revolucionários.

Também perdi a minha  vida.

Em defesa dos pobres.

Como você está perdendo.

Em defesa da nobreza.

E da nova burguesia.

Vamos matar cada um de vocês.

Sua mulher.

Seus filhos.

Seus parentes.

Por último a vossa pessoa.

Você sempre acreditou em Deus.

Adorava os santos.

Seguia as recomendações do patriarca.

Confessava.

Mas em toda sua vida.

Nunca teve uma atitude de misericórdia.

Agora vem pedir clemência  para  um ateu.

Não posso te dar.

O que você nunca teve.

Senhor Nicolau II.

A nobreza será exterminada.

Como você sempre procedeu.

Com os revolucionários.

Do mesmo modo com o proletariado.

Não receberá perdão.

Não terá mesmo.

Sequer direito de confessar vossos pecados.

Até porque não existem pecados.

O que existem são crimes.

Praticados pela vossa pessoa.

E são tantos.

 A sua condenação será a morte.

Edjar Dias de Vasconcelos.