AQUARELA

 [TERCEIRO ATO]

 

Têm dias que passa um filme pela nossa cabeça

Lembramos de tantos momentos simples,

Mas, de uma infinita importância, que deixamos passar..

Por nossas vidas que são tão pequenas

Diante desses lindos instantes!

Segundos que fizeram a diferença e que ainda fazem,

Pois, não se consegue desprendê-se de tais minutos.

São como fantasmas, tão doces e suaves, que imprimem

Em nossas mentes dores alegres da faisca que ensiste

Em permanecer acesa, mesmo quando tudo já não existe mais.

*

Sombras transcendentes de fagulhas reluzentes de um pôr de sol inesquecível

E um ímpeto distanciar e apraximar de pensamentos tão reais

Me mostram e fazem-me ínfimo diante da obra de arte mais original.

Não estou descrevendo aquarelas inatigíveis e nem devaneios,

Não falo de questões utópicas perjorativas,

Não vos expõe asserções geradas a partir de falácias

Ou fantasias ludibriantes de sagaz subjetividade em estado febril.

Descrevo obras completas de quadros possíveis e cheios de horizontes,

Falo de gentil paz revestida de solidez,

Expõe as afirmações de um coração que não vive mais em si

E nem vive mais por si ou para si...

Vos transmito aqui um sol nascente, que seja tosco aos “sábios”, mas tão nobre...

Aos loucos!!!!

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Passamos a viver em uma realidade metódica e, por muita vezes, pragmática

Somos até funcionais, bestiais, hediondos e sordidos...

E tantas outras vezes mórbidos ligados aos velórios de nossos raciocínios

Que implicam e complicam nossos dias peculiares!!

Temos a timidez de um fiel imaginário ético de desumanos humanizados

De monstros compostos de um misto de selvageria e barbárie.

Nem sempre nos mostramos tal como existimos,

Tal como nos sentimos, tal como nos queríamos...

Queremos a face da pureza, mas desejamos exarcebadamente os destinos extasiantes.

Como feras distintas de outras feras, escondendo o que há de mais lindo..

Mais verdadeiro em nós.. o tão moral e ardentemente imoral animal

Que mora nos nossos sentimentos mais dóceis e leves de amores despóticos.

***

Apreciemos de camarote a liquidez das almas modernas com as quais nos relacionamos.

Pois, precisamos de suas fugazes presenças e de suas bajulações..

De seus comentários que constroem e reconstroem nossas personalidades,

Nossos gostos e nossas intimidades.

Engane-se e esconda de si mesmo mas, não fuja do seu fardo escolhido por ti:

Não és quem queres ser, és o desejo do outro feio,

Do outro exagerado, do outro insignificante, do amargo, do outro...

Você nunca foi sua imagem, jamais tocou em sua substância!!

Jamais aproximou-se da essência dos seus olhos ocultos.

A verdade é que somos nada mais e nada menos que inconsciente,

Somos janelas abertas e portas fechadas,

Somos lágrimas de alegrias e risos de tristeza,

Abraços sem sentidos e sentidos sem abraços,

Chegadas festejadas e partidas também... também trazem lágrimas.

Somos além dos sentimetos por nós projetados, modelados, criados e vivificados...

Somos um “sei lá o que” da vida e da morte.. paradoxo!!!

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De tantas memórias infadônias e pitorescas de um pretérito perfeito,

Descubro-me na imperfeição de um presente confuso e de um futuro esclarecedor.

São marcas inconfudíveis que carregamos com tons de eternidade e discordância

São sussurros imortalizados por nossos medos mais indubitáveis.

Quisera eu, um dia, transparecer toda a espeficidade de gênero sólido,

De substância e substrato, sem que os conceitos pré-formados e paradigmáticos

Estigmatizem meus recônditos mais ocultos e escuros.

Mas, que desvelam os axiomas mais perfeitos da minha inerte alma.

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Toda a surrealidade que provamos digerimos-a como fatos concretos

E as histórias dos tempos sem tempo tornam-se face mistificada de ilusões.

São espelhos dispersos e hepáticos de uma borda de metal reflexivo...

Moldes de pertes e hepidemias que não se pode combater com discursos ou lógicas simples.

Distantes, como mar em alto mar, nós ficamos de nós mesmo ao experimentar o horror..

O horror das revoluções que transbordam o cálice de nossas consciências:

E cale-se então!! Imperativamente dirá nosso Super-Ego.

Tanta esperança para um mundo que nasceu sem expectativa

Sem o prazer do estar, do sendo, do ser.

As racionalidades se confudiram e se entrelaçaram de tal forma

Que o menor erro de adaptação torna-nos inconpatível com o DNA desse doentil sistema.

Pergunte-se, então, da luz e esclarecimento e verás que não passam de ideias mal interpretadas,

Não passam de uma prisão torturante que enganosamente informou liberdade.

Essas são as pedras malditas que usuram para apedrajar os inocentes.

Não somos inocentes, somos culpados... culpados pelo NADA, da omissa atitude de sujeito.

Somos sujeitos do nada, sujeitos objetos de nossas próprias criações reluzentes.

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As honras de uma vida modesta e sem resquícios de dúvidas e timidez

Jamais fora possível para os que se permitem a loucura do luar sangrento prateado,

Banhado de constelações estreladas de brilhos difusos e opacos...

São noites tardias, de um triste ato [primeiro ato]...

Quiça um real teatral. Tragédia!!!! Mas, como nas honras a Dionísio.

Visto-me, então, com minha melhor característica modelada pelo melhor artesão moderno:

O mago da imaginação, o príncipe dos mundos subjetivos,

O alquimista das montanhas longíquas... a alma, as almas, desalmadas, amadas, caladas.

Ele se chama Ser!!!!

A partícula indubitável, desprovida de contradições, o soberano monarca do inteligível!!!!

Resumos imperfeitos e cheios de traumas não lembrados é o “sábio racional” [humano] d’ante

A fronte impeceptível de tal força criadora e impetuosa,

De tal forma absoluta incontestável!!!

Vez e outra nos é propiciado segundos de contato indireto com a realidade do perfeito.

Quando nos encontramos em estado de clareira e aquele minúsculo fio de luz

Ilumina nossos medos sagrados e profanos

Levando-nos a mais bela asserção de um misto de admiração e espanto...

Caos!! Cosmo!!!

Explosões de sentidos e sentimentos que se transmudam em tons estonteantes e raros

De versos lógicos, linguíticos e atitudinais.

Não sou o que penso, nem muito menos o que de mim pensam

Sou o que sou e como sou!!! Perfeição e imperfeição. Moral e imoral [em potência].

Petulante, minha objetividade grita aos quatros cantos,

De polo à polo, com os quatros elementos [princípios], que somos esse paradoxo

Mas, que carrega a beleza, a verdade, a bondade, de o sê-lo!!!!

Que caiam as máscaras e entrem em cena os fatos [se é que existem fatos]!!!!

Que não seja acaso [ocaso]!!

Que seja devir, que seja construção, desconstrução e reconstrução!!

Que seja movimento, antagônico!!! Mas, que instigue síntese!!

Vida e morte

Amor e ódio

É a naturalidade do que se passou, se passa e passará

De certo que não se tem o tempo

Mas, o tempo se fez pelo sábio!!

Por isso, não somos nele, mas ele é porque somos.

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O universo está aí, para os que são e os que são

Para as notas, os acordes e os campos harmônicos...

O universo está aí!!!

E o que é significativo em tudo isso é, justamente, o exato instante que percebemos isso.

Podemos chamar tudo isso de amor!!

Eu tinha do meu lado a mulher mais especial do universo... não me arrependo do fim

Que proporcionei e da história incrível que interropi...

Arrependo-me do tempo que demorei para perceber o quão a amo e amei!

Os transcendentes se encontram. No entanto, se parece uma quebra em tudo...

O que foi e o que será!!

É pertinente, afirmar, que não passo de um poema gritante,

De um amor que passa...

Da finitude cheia de infinitude, cheia de existência!!

Introspecção!!!!

Apenas AQUARELA!