A Metamorfose da Escuridão.

Como se andasse.

 Por  um desses caminhos.

Vagamente a solicitude do tempo.

O término da tarde.

 Escuta  a distância.

Os últimos segredos.

 Antes  de a noite cair.

O gnosticismo das sombras.

 A  vossa temeridade.

Escuto o sino e o som.

O  rouco  do vosso falar.

A mistura mitigada.

 Pelo olhar solene festivo.

Sem a imprecação labrosta.

 A  vida comum do campo.

Não sei se ainda devo

 Refletir aos  sinais.

A magnitude das   ilusões.

 As teses folclóricas.

A vida envergonhando.

 A destinação.

Os efeitos  deletérios.

 Da imaginação.

O desengano flertando.

 As multirreferencias.

Algo além da minha pessoa.

Deixa-me profundamente.

Apavorado.

A máquina do tempo.

Os caminhos sem referências.

Esquivando as ideologias.

A majestosa e circunspecta.

Claridade.

Levou-me certa vez ao delírio.

Noosférico.

Sem poder dizer sequer uma palavra.

Restaria tão somente.

 Uma  rápida intuição.  

 Inextricável.

Apenas com a dessuetude.

 Inevidente.

Sem a ficção da tolerabilidade.

A inspeção contínua.

 Do  doloroso deserto.

A mente exausta da imaginação.

A realidade que transcende a imagem.

Da face debuxada.

 Ao  mistério do abismo.

Aqueles que tenham percebido.

 As  intuições.

Mas com o silêncio dos instantes as perderam.

Sonharia em reencontra-las.

 Aos trilhos simples.

Na apalpadela da afrodisia.

Oblívio ao tempo e suas ideologias.

A heteronomia inédita.

 A  natureza das coisas.

Ao misticismo comum do mundo.

Quem deveria descrever.

 A  pervicácia.

Do sentido comum.

 Devo  dizer duas coisas.

A permanência que  apavora.

O caminhar solerte da sabedoria.

A repetição do mesmo trilho.

Preso a ficção da ideologia.

Do eterno retorno.

O mundo é o mundo.

Seu significado.

Apofântico e extenuado.

No frívola existência  pérvia.

O cobarde pensamento petulante.

Resta então um pequeno trilho.

Ao tempo caminhado as curvas.

Depois delas montanhas intransponíveis.

 Quando superadas.

 Com o sangre da sola dos pés.

Surpreendentemente.

 O exuberante desértico.

Areia branca, sem vento.

No mais profundo silêncio.

O momento parado.

Sem realizar-se o instante.

Mas tudo vai passando.

Nessa evidente contradição.

Cuja única finalidade.

O aumento da quantificação.

Da inexistência.

Do infinito silencioso.

Presbiofrênico.   

Edjar Dias de Vasconcelos.