Adilson Motta, 10/2010

Meus poemas não são frios
Nem saíram do gelo,
São quentes como o fogo
Que toca e queima as feridas do mundo.

Meus poemas queimam na alma,
Desmontam estruturas,
Apesar de nada mudar.
Meus poemas são ínfimos e ocultos,
Como o grão de areia.

A verdade é que meus poemas,
Brotam da alma espraiada na consciência
do lençol que cobre o mundo.

Quiçá possam chamar-me de "Boca do inferno*"
Ou alcunhar minha pena de "caneta maldita"
Pelo simples compromisso,
Ou fato de não ser fria nem vazia.

Minha caneta,
Por onde pare meus poemas,
É remédio e veneno,
É veneno e remédio
É imagem de contradição da própria vida.