Compostagem com biodecompositor caseiro em escolas públicas de Teófilo Otoni

 

Camila Ribeiro de Freitas¹, Hislane Lemes Stoltzenburg¹, Leiliane Leal Marcelo Pereira¹, Pedro Henrique Rodrigues Pereira¹, Tayse Gomes Pereira ¹

¹Alunos do curso de Engenharia Ambiental da Faculdade Doctum de Teófilo Otoni, Minas Gerais

 


Introdução

O lixo orgânico é todo aquele resíduo que tem origem em um ser vivo, pode ser animal ou vegetal, e está presente em todo local, inlui restos de alimentos, folhas, sementes, madeira, dentre outros resíduos. O lixo orgânico traz uma série de transtornos, como proliferação de bactérias e insetos além de riscos de intoxicação. As escolas públicas também sofrem com esse tipo de problema, pois, ao disponibilizar a refeição para os alunos, a escola produz um lixo dessa refeição, e nem sempre  é devidamente descartado ou reaproveitado.

Uma alternativa de reaproveitamento do lixo orgânico é a compostagem, a compostagem é definida por Lima (2004), como ato ou ação de modificar os resíduos orgânicos, que através de processos físicos, químicos e biológicos, pode transformar em uma matéria biogênica mais estável e resistente à ação das espécies consumidoras.

A ausência de espaços e por continuamente exalar mau cheiro, inviabilizam o pouco a compostagem aberta nas escolas, a alternativa é usar um biodecompositor caseiro, que, por ser feito em ambiente fechado e pequeno, evita o problema do mau cheiro e espaço ao mesmo tempo.

Segundo o Engenheiro Agrônomo da Epagri ( Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural) de Itaiópolis Rogério Pietrzacka, “o biodecompositor não é apenas um equipamento para destinação do lixo orgânico. Ele está sendo apresentado nas escolas como ferramenta pedagógica, que pode auxiliar no aprendizado das crianças em conteúdos didáticos como microbiologia, ciclagem de nutrientes, educação ambiental entre outros. Tudo depende do envolvimento da comunidade escolar (pais, alunos e professores) em utilizar esta tecnologia”.

 

Objetivo Geral

Evidenciar o problema do lixo orgânico nas escolas, observar quanto à destinação do lixo e propor a solução através de compostagem usando biodecompositor. Levantar dados que comprovem o mau uso do lixo orgânico nas escolas públicas, lixo que pode ser utilizado como composto orgânico através de um biodecompositor caseiro, que auxiliará na educação ambiental da comunidade escolar, e também fornecerá material para horta da escola, canteiro de árvore, e coisas semelhantes.

            Objetivo Específico

            Este artigo busca levantar dados sobre o lixo orgânico e a compostagem com biodecompositores através de uma pesquisa feita com um questionário em algumas escolas públicas de Teófilo Otoni, não consta no presente artigo demonstrações de implantação do biodecompositor nas escolas pesquisadas.

                                                   

Materiais e Método

            Para levantamento de dados foram selecionadas sete escolas da rede pública da cidade de Teófilo Otoni no estado de Minas Gerais, para serem entrevistadas em relação ao lixo orgânico e sua destinação, as pesquisas foram feitas por método de perguntas com alternativas de escolhas nas respostas, sendo que a Escola Estadual Clotilde Onofri de Campos, a Escola Estadual Tristão da Cunha e a Escola Estadual Alfredo Sá foram entrevistadas presencialmente e a Escola Estadual São Sebastião, a Escola Estadual Doutor Waldemar Neves da Rocha, a Escola Estadual Ione Lewick Cunha Melo e a Escola Estadual Doutor Antônio Jacinto Pimenta foram entrevistadas pelo telefone. Ao todo foram utilizadas oito perguntas que estão descritas abaixo com suas respectivas alternativas de respostas.

Você sabe o que é lixo orgânico?

    •  Sim
    •  Não

Qual é a destinação do lixo orgânico da escola?

    •  Descartado com outros resíduos
    •  É Reaproveitado
    •  É descartado em qualquer lugar

Quantidade de lixo orgânico gerado por semana?

    •  0 a 15kg
    •  15kg a 30kg
    •  Acima de 30kg

Você sabe o que é compostagem?

    •  Sim
    •  Não

Você sabe o que é um biodecompositor?

    •  Sim
    •  Não

Usaria um biodecompositor caseiro para reaproveitar o lixo orgânico?

    •  Sim
    •  Não

Em que o biodecompositor seria útil em sua escola:

    •  Para educação ambiental dos alunos
    •  Na horta da escola
    •  Não seria útil
    •  Não sei

Se fosse implantar, por quanto tempo você manteria o biodecompositor depois do primeiro resultado?

    •  0 a 6 meses
    •  6 meses a 1 ano
    •  Depende do resultado

Após obtenção das repostas, os dados foram tabulados no programa de computador Microsoft Excel 2007 para obtenção dos gráficos.

Resultados e Discussão

O lixo orgânico apresenta-se hoje como um dos componentes impactantes dos lixões e mesmo dos aterros sanitários. Seu descarte indevido,  manejo sem a adoção dos critérios necessários, e mesmo a permanência por longo período no pátio de restaurantes industriais e mesmo em nível doméstico, acaba por gerar situações que contribuem para a poluição do nosso meio ambiente, além de propiciar a proliferação de bactérias e germes patogênicos, prejudiciais á saúde do ser humano. (Pedroso, 2006)

Como alternativa para reduzir o lixo orgânico gerado nas escolas da rede pública existe o biodecompositor caseiro, que pode ser feito com alguns materiais fáceis de encontrar e sem grandes custos.

O engenheiro agrônomo Fernando E. R. Figueiredo mostra alguns passos para a criação de um biodecompositor caseiro:

Biodecompositores Caseiros podem ser construídos ou adquiridos prontos de vários Modelos e tamanhos, nós preferimos apresentar para construção alguns simples, que qualquer pessoa pode construir em sua própria casa.

3.1. Material e Obtenção

A condição para construção de um Biodecompositor Caseiro, segundo o modelo que vamos apresentar é muito simples, pois vamos precisar somente de Tambores de 200 litros de preferência de plástico (adquiri-se estes facilmente em sucateiros, ferros velhos ou locais que comercializam Tambores e Bombonas usados). Podem ser confeccionados de tambores metálicos, contudo tem a desvantagem que podem ser corroídos pela ferrugem e são mais pesados para manusear.

3.2. Quantos Tambores e Qual o Tamanho

O número e o tamanho dos Tambores será dado pelas condições do espaço que dispomos em nosso quintal, assim o ideal é termos no mínimo 2 ou 3 tambores para garantir a continuidade do programa de compostagem sem interrupções. O melhor Tamanho para residências com 3 a 5 pessoas é o de aproximadamente 200 l, pois não é tão pequeno que não caiba resíduo de diversos dias de coleta e nem tão grande que dificulte o manuseio por apenas uma pessoa.

3.3. A Importância da Aeração

Adquiridos os Tambores pode-se realizar, ou não, furos ao redor dos mesmos para criar CANAIS DE AERAÇÃO. Pode-se inclusive solicitar ao vendedor, se este tiver a mão uma furadeira, que faça isso e assim já leva os mesmos prontos para casa (o diâmetro da broca pode ser de ½ a ¾ “ ou 1 a 2 cm, quanto maior melhor). Contudo um detalhe muito importante em relação a realizar furos nos tambores é que se pretendermos utilizar posteriormente os tambores também para outros fins, não vai ser possível, portanto antes de furar é melhor ter certeza que serão usados somente para a compostagem, ou é melhor deixa-los intactos. Mesmo em tambores não furados a compostagem sairá bem feita, desde que sejamos mais criteriosos nos revolvimentos.

3.4. Como Devem ser Feitos os Furos Para Aeração

Como, onde e quantos furos fazer (um Tambor de 200 l tem cerca de 87 cm de altura e 60 cm de diâmetro) portanto vamos furar a partir de 20 cm do fundo a até cerca de 70 cm ou faltando 20 cm para a borda superior, furar cada linha a cerca de 10 cm de distância uma da outra, isso vai nos dar 6 linhas de furos entre os 20 e os 70 cm do Tambor, em cada linha destas vamos fazer 12 furos ao redor do mesmo (seis em cada meia banda), procurando manter a mesma distância entre eles e alternando os furos em cada linha.

Assim foi feita uma pesquisa em algumas e escolas através do questionário citado em materiais e métodos através da pesquisa obtém-se os seguintes resultados:

 

Você Sabe o que é lixo orgânico?

Sim

Não

6

1

Tabela 1

 

Gráfico 1

Percebemos então que a maioria, quase todas as escolas tem o conhecimento sobre lixo orgânico, e que é um assunto bem comum entre eles, ao fazer essa pergunta é possivel perceber nos entrevistados uma certa segurança da resposta, e interesse pela pesquisa, evidenciando que é um problema a ser resolvido.

Qual é a destinação do lixo orgânico da escola?

Descartado com outros resíduos

5

É reaproveitado

2

É descartado em qualquer lugar

0

Tabela 2

 

Gráfico 2

Ao analisar as respostas dessa pergunta percebe-se que há algo louvável, o lixo não é descartado em qualquer lugar, isso já é um avanço, pois induz a afirmação que as escolas estão com uma educação ambiental, e mostrando isso para seus alunos, muito importante, pois, dar exemplos é uma ótima maneira de incentivar e influenciar. Mas, apesar dessa notável conquista, o lixo na maioria dos casos é descartado junto com outros resíduos, e, o reaproveitamento, é destinado a doações para pessoas que moram na zona rural e criam porcos, esse repasse é feito no horário noturno da escola, onde existem pessoas nessas condições.

O fato de a maioria do lixo ser descartado junto com outros resíduos evidencia pelo menos três pontos negativos, que devem ser observados e é necessário também buscar alternativas para sanar esses problemas. Um ponto negativo é o desperdício,  pois, uma vez descartado o lixo orgânico, ele vai parar em lixões e/ou aterro sanitário, mistura-se e não pode mais ser aproveitado. Outro ponto negativo é o acúmulo de lixo, pois, assim como um mais um se torna dois, um resíduo comum, mais outro resíduo orgânico se tornam dois resíduos, sendo que se fosse reaproveitado o resíduo orgânico seria destinado a outros fins, bem mais viável que o simples descarte. O terceiro ponto observado é a falta de conhecimento de alguns, pois, por não conhecer como acontece outra destinação de resíduos, acaba descartando o lixo orgânico e não usufrui dos seus benefícios.

Quantidade de lixo orgânico gerado por semana?

0 a 15 kg

1

15kg a 30kg

2

Acima de 30kg

4

Tabela 3

 

Gráfico 3

Esse resultado mostra claramente a grande quantidade de lixo orgânico gerado semanalmente nas escolas, se reaproveitado, todo ou quase todo o lixo poderia deixar de ser lixo, e se tornar um composto orgânico para as escolas.

Você sabe o que é compostagem?

Sim

Não

4

3

Tabela 4

 

Gráfico 4

A tabela 4 e o gráfico 4 mostram um quase empate entre o sim e não em relação em saber o que é compostagem, traduz então que muito ainda deve ser feito em relação ao conhecimento a respeito de alternativas para o descarte de lixo.

Você sabe o que é um biodecompositor?

sim

Não

3

4

Tabela 5

 

Gráfico 5

Novamente um quase empate, evidenciando também o pouco conhecimento existente nas escolas em relação a destinação do lixo, nesse caso, o lixo orgânico.

Usaria um biodecompositor caseiro para reaproveitar o lixo orgânico?

   

sim

não

     
   

4

3

     

Tabela 6

 

Gráfico 6

Esse resultado é devido apenas uma escola, qua não conhecia o biodecompositor, aceitaria utilizá-lo sem grandes explicações a respeito do assunto, mostra novamente a falta de conhecimento a respeito do descarte do lixo e um certo medo em aceitar aquilo que é novo sem ver resultados em outros locais.

Em que o biodecompositor caseiro seria útil em sua escola

Para educação ambiental dos alunos

4

Na horta da escola

2

Não seria útil

0

Não sei

1

Tabela 7

 

Gráfico 7

Muitos apoiam a educação ambiental para os alunos, e o biodecompositor caseiro aparece como uma alternativa de incentivá-los a zelarem pelo meio ambiente.

 

Se fosse implantar, por quanto tempo manteria o biodecompositor caseiro depois do primeiro resultado?

0 a 6 meses

0

6 meses a 1 ano

0

Depende do resultado

7

Tabela 8

 

Tabela 8

Evidenciado aqui a curiosidade das pessoas em relação ao assunto, pois todos preferem ver primeiro o resultado antes de tomar a decisão, sendo que, se o resultado considerado positivo é diminuindo o lixo, e, o simples fato utilizar o biodecompositor já está reduzindo o lixo, assim, quase anulando a possibilidade de um resultado negativo.

 

 

Conclusão

O lixo orgânico é um problema nas escolas, entretanto, não só o lixo, como também a educação ambiental dos alunos, funcionários e professores. O biodecompositor surgiu como uma boa alternativa para início de solução para esses problemas. Entretanto há resistências em relação a implantação, pois, é muito mais cômodo apenas descartar o lixo ao invés de reaproveitá-lo.

 

Referências

ALENCAR, M.M.M. Reciclagem de lixo numa escola pública do município de salvador. Revista Virtual, 2005 - gepexsul.unisul.br.

 

FIGUEIREDO, F.E.R. Manual Prático para aprender a construir e operar o seu próprio Biodecompositor Caseiro. EcoSigma. Disponível em <<http://pt.scribd.com/doc/58121146/ Apostila-Aprenda-a-Construir-seu-Proprio-Biodecompositor-Caseiro-v-VII-10032011>>. Acesso em: 11 de novembro 2014.

 

LIMA, Q.M.L. Lixo. Tratamento e Bioremediação, 3ª Edição revisada e ampliada

265p. 2004.

PEDROSO, M. de; SAYEG H. S; JÚNIOR, O. R; COUTINHO G. JR. Digestor de residuos orgânicos para processamento de lixo orgânico (sobras de cozinha) visando sua utilização como adubo em hortas e jardins.

PIETRZACK, R. Biodecompositores produzidos pela Epagri em parceria com a Prefeitura é forma inteligente de reaproveitar lixo orgânico. Disponível em <<http://www.clickriomafra.com.br/portal/noticias/itaiopolis/?p=3134 . 2011>>, Acesso em: 8 de novembro de 2014.