PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA IMBÚ - PA MÃE MARIA

                                                            Maria Jovelina Alves[1]

                                                      Miriam de Castro Souza [2]

                                                     Raimunda Pereira Costa [3]

 

RESUMO

O estudo da Lei 9795/99 de 27.4.1999 e do seu regulamento, o Decreto nº 4.281, de 25.6.2002, de Educação Ambiental que vem complementar a sua importância no currículo escolar. Este trabalho foi desenvolvido na Escola Municipal de Ensino Fundamental de 1º Grau Nova Suiá, Extensão Imbú, município de São Félix Araguaia-mt, no segundo semestre de 2010, teve como objetivo desenvolver atividades que envolvessem a comunidade escolar, voltadas para a sensibilização, preservação e atitudes de conservação do meio ambiente. Foram várias as estratégias, palestras, aulas audiovisuais, reconhecimento in lócus das plantas nativas e frutíferas para arborização, visita a uma nascente, preparação do adubo e do pátio da escola, coleta das sementes identificação das mesmas, preparação das mudas, plantio direto de sementes. O referencial teórico foi baseado em princípios e artigos sobre Educação Ambiental.

Palavras - chave: Escola. Comunidade. Educação Ambiental.

ABSTRACT      

The study of Law 9795/99 of 27.4.1999 and its regulation, the Decree nº 4,281, of 25.6.2002, Ambient Education that comes to complement its importance in the pertaining to school resume. This work was developed in the Municipal School of Basic Education of 1º New Degree Suiá, Imbú Extension, city of Is Felix Araguaia-TM, in as the semester of 2010, had as objective to develop activities that involved the pertaining to school community, come back toward the sensitization, preservation and attitudes of conservation of the environment. The audiovisuals strategies, lectures, lessons, recognition had been several in lease of the native and fruitful plants for arborization, visit to one spring, preparation of the seasoning and of the patio of the school, it collects of the seeds identification of the same ones, preparation of the changes, direct plantation of seeds. The theoretical referential was based on principles and articles on Ambient Education.

keywords: School. Community. Ambient education.

1 INTRODUÇÃO

 A aprovação da Lei nº 9.795, de 27.4.1999 e do seu regulamento, o Decreto nº 4.281, de 25.6.2002, estabelecendo a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), através de seu artigo 2º diz: “A Educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não - formal”. (BRASIL, 1988).

Partindo dessa idéia, como professores inseridos no processo educacional e na formação de cidadãos desenvolveram-se atividades que sensibilizou e envolveu a todos, contribuindo para a preservação do planeta.

Na escola o educador assume o papel de elemento central como mediador das atividades, participando diretamente no processo, permeando todas as disciplinas do currículo e contextualizado-as junto aos alunos e comunidade. Na busca de melhorias para o bem de todos.

A importância deste trabalho na escola “Imbú” foi de grande relevância principalmente pelo fato da escola esta localizada numa área desmatada. O projeto foi pensado a partir de observações diretas, convivências diárias de falta de sombras no pátio da escola, ambiente quente e com pouca umidade, devido à área ser da antiga fazenda suiá-missú, de pastagens para criação de bovinos onde o solo esta sofrido pela desvatação, por ser uma região de transição entre cerrado e floresta amazônica que vem a todo o momento sofrendo grandes impactos ambientais, como desmatamento e queimadas.

“Os projetos de educação popular ambiental devem levar em consideração os problemas ambientais específicos de cada região e as suas implicações econômicas, ecológicas, éticas, culturais e sociais a nível planetário” (REIGOTA, 1991).

Este trabalho é parte integrante de um projeto sobre Educação e Meio Ambiente que foi desenvolvido durante o segundo semestre do ano de 2010, sendo dividido em etapas, na Escola Municipal de 1º Grau Nova- Suiá, Extensão Imbú, localizada no Projeto de Assentamento Mãe Maria, município de São Félix do Araguaia - MT.

Foi desenvolvido com a coordenação local das professoras efetivas da escola Maria Jovelina Alves (pós-graduanda), Domingas Pereira (pedagogia) com a contribuição de duas outras professoras do Município de Alto Boa Vista, Raimunda Pereira Costa (pós-graduanda) e Miriam de Castro Souza (pós-graduanda). Assessoradas pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura de São Félix do Araguaia e ANSA[4] (Associação de Educação e Assistência Social Nossa Senhora da Assunção).

Para o desenvolvimento de algumas atividades também contamos com a participação de um engenheiro agrônomo, residente dentro do assentamento que presta serviço de assessorias em pequenos projetos.

Teve como objetivo desenvolver atividades que envolvessem a comunidade escolar (alunos, pais e funcionários) para o reconhecimento da importância com a conservação de plantas nativas e frutíferas para o equilíbrio ambiental.

Para alcançar o objetivo foram realizadas leituras bibliográficas, aulas audiovisuais, palestras sobre os problemas ambientais, reconhecimento in lócus das plantas nativas e frutíferas para arborização e visita de uma nascente, preparação do adubo e do pátio da escola, coleta das sementes identificação, preparação das mudas, plantio direto de sementes.

2  LOCALIZAÇÃO DA ESCOLA IMBÚ

O território do Baixo Araguaia está localizado na região Nordeste do Estado de Mato Grosso, fazendo divisa com os estado do Pará, Tocantins e Goiás. Está formado por 15 municípios, distantes, em média a mais de1.100 kmda capital Cuiabá. Entre estes está São Félix do Araguaia há1143 kme Alto Boa Vista há 1063 km. A colonização deu-se principalmente por empresas privadas (projetos de colonização) e pela implantação de projetos de assentamentos do Programa Nacional de Reforma Agrária (GARDIN, 2006).

O Assentamento Mãe Maria foi criado pelo INCRA através da Portaria INCRA/SR 13/Nº. 023/99 de 16.03.1999, para fins de Reforma Agrária, com área total de25.124,5867 hectares, recebeu o nome de Mãe Maria devido, este ser o nome da Fazenda Mãe Maria parte da grande extensão Suiá Missú.

Estar dividido em 484 lotes, cuja área varia de 46 a53 hectares. O Assentamento Mãe Maria faz parte da região norte Araguaia, inserido na área da Amazônia Legal. Está localizado a margem esquerda da BR 242, pertencendo aos municípios de Alto Boa Vista e São Félix do Araguaia. Dividido em 4 núcleos[5]

 A Escola Imbú, estas dentro do núcleo Imbú município de São Félix do Araguaia-mt, há124 kmda sede do município e25 kmda Escola sede Nova- Suiá, Distrito Estrela do Araguaia, esta escola foi criada em 2002 com a chegada das famílias dos parceleiros com um número considerado de crianças com idade escolar, evitando assim o deslocamento destas para cidades vizinhas. Funciona em média anual de35 a40 alunos matriculados com duas professoras que se revezam em turmas multiseriadas com o ensino de 1º grau dentro da normativa de 9 anos.

3  ATIVIDADES  DESENVOLVIDAS E DISCUSSÕES

Na primeira etapa houve a apresentação do projeto a comunidade com a participação das professoras efetivas e convidadas, junto com a assessoria da Secretaria de Educação e ANSA. Percebeu-se a grande aceitação do público presente que demonstrou interesse em colaborar com a execução do mesmo.

Seguido foi organizados grupos de estudos para discussão e debates sobre os temas: aquecimento global, desmatamento, impactos ambientais, reflorestamento, agrotóxicos, tipos de solo e degradação, queimadas, territorialidade, transgênicos, extinção de espécies. As aulas audiovisuais e as palestras foram apresentadas no decorrer em que os debates iam acontecendo de acordo com os temas apresentados.

Aproveitando as discussões sobre queimadas e vivenciando-as a todo o momento no assentamento na época da seca, o grupo de apoio Profogo[6] de São Félix também participou do projeto como convidado com palestras e demonstração de combate a incêndios florestais. O autor Miranda (2000), opina que:

O fogo tem uma influência negativa na existência das espécies, pois, elimina as que são características do cerrado e que formam este bioma de maneira convicta e que são mais sensíveis ao fogo, o que prejudica consideravelmente a constituição dessa vegetação. (MIRANDA, 2000).

Partimos depois de um longo período de estudos para a observação in lócus com os alunos, realizamos trilhas para melhor reconhecimento de nossa realidade, houve, mas discussões e socialização do conhecimento de cada um sobre as plantas nativas encontradas no decorrer do percurso, considerando sempre o nome popular.

Foi feito um levantamento do nome popular das plantas a partir dos próprios alunos juntamente com seus pais e orientação dos professores e de um agrônomo que ressaltou a importância da arborização, conservação da plantas nativas e de algumas trepadeiras na constituição dos nutrientes no solo.

Na segunda etapa visitamos uma nascente onde está acontecendo grande assoreamento, por causa do desmatamento ocorrido sem controle na formação de pastagens para a criação de bovinos. Neste local foi observada a presença de voçorocas, aproximadas de4 mde profundidade por 6m de largura e 30m de comprimento com poucas árvores no continuo do córrego, observamos a escassez de espécies animais.Comentou-se entre o grupo a falta de respeito as leis de preservação ambientais, que tem em relação às nascentes. Essas alterações estão a todo o momento acontecendo devido às interferências ambientais.

A magnitude do impacto humano decorrente do uso do espaço regional tem relação estreita com o ecossistema, induzindo processos interativos e de sucessão que modificam a paisagem. Do ponto de vista ambiental, esses processos influenciam e afeta o solo, a flora, a fauna, a hidrografia, o ar; acarretam nível insatisfatório ou de insustentabilidade, das espécies da fauna e flora, levando a sua migração ou extinção (GLIESSMAN, 2000)

Em seguida próximo a esse local foi observado à presença de espécies de fauna, flora e fungos em uma área de mata deixada pela antiga fazenda como “quebra ventos” com50 mde largura que cruzam todo o assentamento, confrontando em uma área particular de preservação da atual fazenda Rio Preto, com diversidade de seres vivos. Segundo o SENAR (2003):

Os quebra-ventos são barreiras densas de árvores plantadas ou naturais, nas bordas das áreas cultivadas com o objetivo de evitar danos ás culturas e pastagens pela ação dos ventos fortes predominantes de determinantes regiões. (SENAR, 2003.).

A partir de todas as observações realizadas no entorno escolar e de relatórios apresentados pelos grupos de estudos, houve grandes discussões sobre os mesmos com palestras e alguns textos complementares pra melhor entendimento das transformações que estão acontecendo.

Com o auxilio do agrônomo, estudamos os tipos de solo e observamos o solo local aparentemente pobre de nutrientes, impactado por ser uma área de pastagens. Sob a orientação do mesmo, efetuou o espaçamento adequado para promover o plantio das mudas e sementes. Os pais colaboraram cercando a área escolar que mede 60x100m com os materiais fornecidos pela secretaria do município.

O que deseja chamar atenção, através de todos esses exemplos e questões levantadas, é que os processos naturais, como formação dos solos, lixiviação, erosão, deslizamentos, modificação do regime hidrológico e da cobertura vegetal, entre outros, ocorrem em ambientes naturais, mesmo sem a intervenção humana. No entanto quando o homem desmata, planta, constrói, transforma o ambiente, esses processos, ditos naturais, tendem a ocorrer com intensidade muito mais violenta e, nesse caso, as conseqüências para a sociedade são quase sempre desastrosas (GUERRA  et al, 1999).

Partimos para a coleta de sementes que começou acontecer em todas as propriedades das famílias envolvidas no projeto. Essas sementes foram nomeadas e classificadas cientificamente pelos alunos com ajuda dos professores e auxilio de bibliografia especifica, em seguida preparamos os recipientes para o inicio do plantio das mesmas com adubo orgânico que já tinha sido preparado em outro momento quando estávamos estudando o solo, os próprios alunos encarregaram desse preparo

Cada educando orientado pelo grupo participou da preparação da “muvuca[7]” das sementes e preparação de mudas, adotando-as e comprometendo-se a cuidar e acompanhar seu desenvolvimento. As mudas encaminhadas pelas famílias foram plantadas, enriquecendo a nossa diversidade.

Segue abaixo a tabela de classificação das plantas nativas, segundo guia de identificação Filho (2009), e das plantas frutíferas.

Tabela: plantas nativas de região de São Félix do Araguaia – PA

Nome popular

Nome científico

Angelim do cerrado

Andira anthelmia

Bacaba

Benocarpus bacaba

Baru

Dipteryx alata

Copaípa

Copaifera spp.

Jatobá da mata

Hymenea caurbaril

Macaúba

Acronomia aculeata

Mama Cadela

Brosimum gaudichaudii

Murici

Byrsonima spp.

Miridibas

Buchenavia spp.

Ipês

Tabebuia spp.

Sucupira

Pterodon pubescens

Tingui

Magonia pubescens

Xixa

Sterculia sp.

Almescas

Pratuim spp.

Garapa

Apuleia leiocarpa

Ingás

Inga spp.

Mutamba

Guazuma ulmifolia

Imbaúba

Cecropia  spp.

Seriguela

Spondias purpurea

Abacate

Persea americana

Acerola

Malpighia emarginata

Goiaba

Psidium guajava

Tamarindo

Tamarindus indica

Limão

C. × limon

Laranja

C. x sinensis

Caju

Anacardium occidentale

Fonte: Filho, 2009.

Durante a execução do projeto houve algumas atividades extras que vieram a somar com nosso conhecimento, foi convidada pela Secretaria Municipal de Educação uma artesã para ministrar um mini-curso de confecção de bonecas de palha de milho e bucha vegetal, havendo uma participação geral de todos os alunos, com dedicação e entusiasmo confeccionando sua própria boneca. O projeto foi finalizado com plantio direto de sementes pela comunidade escolar no inicio das chuvas.

 

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho buscou interferir de maneira participativa da comunidade escolar no meio a qual esta inserida, com a realização de algumas atividades que viria a contribuir para melhoramento do próprio espaço.

Foi pensado a partir de observações diárias e da própria vivência, pelo fato da escola estas inserida numa área desmatada e que já sofreu muito e vem sofrendo ainda a todo o momento com ações humanas.

Houve envolvimento de toda comunidade, no desenvolvimento das etapas desde o inicio, nos estudos dos temas, palestras e aulas audiovisuais, pra melhor entender o que estavas acontecendo, e a partir das discussões percebemos questionamentos, reflexões, debates e também idéias de sugestões pelo próprio grupo, com ações do cotidiano, para o cumprimento das leis ambientais, que estão claras, discutidas, mas que segundo o próprio entendimento não estão sendo respeitadas.

A partir das atividades desempenhadas, os alunos passaram a valorizar respeitar e interagir, observando o ambiente que os cercam questionando atitudes de pessoas adultas que deveriam dar mais importância ao meio em que vivem.

Como educadoras e integrantes da comunidade pensamos ser necessário está buscando parcerias que envolva não só a escola em si, mas também a todos inseridos. Pois é fundamental que a Educação Ambiental seja pensada por todos formando um elo de ações que venha a contribuir para melhoria de vida para as gerações atuais e futuras, restaurando ambientes que as vezes os personagens atuais não sejam os responsáveis, mas que sofrem com ações humana passadas.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado S.A., 1988.

__________. Coleção plante as árvores do Xingu e Araguaia. Volume II guia de identificação / organização, Eduardo Malta Campos Filho. – São Paulo: Instituto Socioambiental, 2009.

GLIESSMAN, R. S. “Agroecologia, Processos Ecológicos em Agricultura Sustentável”. Porto Alegre, Editora da Universidade/UFRGS, 653 p., 2000.

GUERRA, A. J. T.; SILVA, A. S. da GARRIDO, R. Erosão e conservação dos solos: conceitos, temas e aplicações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.

MIRANDA. Queimadas de Cerrado: Caracterização e impactos na vegetação. In Plano de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais. DF- Brasília: Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. 2000.

REIGOTA, M. Fundamentos Teóricos para a realização da Educação Ambiental. Em Aberto, Brasília, v. 10, n. 49, jan./mar. 1991.

SOUZA, Caetano Marciano de. Prevenção da erosão e seus efeitos. Brasília: SENAR, 2007.


[1] Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). Pós-graduanda em Gestão e Educação Ambiental pela Faculdade de Tecnologia Darwin.

[2] Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). Pós-graduanda em Gestão e Educação Ambiental pela Faculdade de Tecnologia Darwin.

[3] Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). Pós-graduanda em Gestão e Educação Ambiental pela Faculdade de Tecnologia Darwin.

[4] A ANSA é uma organização não governamental importante para todo o território. Ligada a Prelazia de São Félix do Araguaia, a entidade atua em diversas áreas: organização comunitária, comercialização, transformação da produção e transição agroecológica. A ligação com a igreja faz com que a ANSA seja uma instituição forte no território, principalmente devido ao histórico de ocupação da região (GARBIN, 2006).

[5] Diacui, Bororos, Imbú, Farandú

[6]  Um grupo ligado ao IBAMA, que atua na região em períodos antes da seca e durante os incêndios.

[7] Misturas de várias espécies, com plantio no mesmo berçário.