RESUMO

 

ARISTÓTELES

            Este artigo possibilita a discussão de como a questão ambiental e o filme Avatar propõe uma reflexão sobre o uso de filmes nas aulas de Meio Ambiente, buscando mostrar como esse gênero textual pode constituir-se em importante recurso didático na análise e compreensão dos fenômenos ambientais.

            Segundo a professora PONTUSCHKA (2007, p. 272):

Um filme por si só não é capaz de fazer aflorar os conceitos fundadores do Meio Ambiente. Entretanto, por meio da linguagem cinematográfica, é possível que estudantes e professores sejam levados a aprofundar e ampliar, com o auxílio de outras linguagens, o conhecimento geográfico.

            Daí a importância de se estabelecer um exercício reflexivo em torno da linha narrativa do filme, procurando não apenas contextualizar a sua trama, mas situá-la a partir dos próprios referenciais que lhe serviram de base.

            Nesse sentido, a proposta deste trabalho é auxiliar na busca temática que evidencia as dinâmicas espaciais advindas dos conflitos e das contradições que perpassam a relação sociedade-natureza, considerando, sobretudo, as formas de apropriação dos recursos naturais pelo trabalho humano em diferentes tempos e espaços.  

            Segundo a crítica especializada, ao abordar a conflituosa relação que o ser humano estabelece com o Meio Ambiente e com a tecnologia que cria para mediar esse relacionamento, o diretor americano James Cameron inovou o gênero da ficção científica. Reconhecidamente, Avatar¹ é o que há de mais complexo já foi feito no cinema até hoje; várias das tecnologias empregadas para a sua realização foram concebidas especialmente para o filme, e a obstinação do diretor em superar os obstáculos para a concretização de seu projeto deixa claro que, para a atual indústria cinematográfica, o “impossível existe”.

            Assim surgem questões relevantes na reflexão do filme Avatar e o Meio Ambiente aplicados em sala de aula para os educandos:

            . Como sensibilizar para a problemática ambiental uma sociedade cada vez mais imersa nas próprias criações e desejosa de todo o avanço que o desenvolvimento tecno-científico permite obter?

            . Se, para alguns, esse filme representa a irrefreável capacidade criadora do ser humano diante dos desafios postos para a concretização de seus propósitos, para outros, ele pode funcionar como uma espécie de “avatar de nós mesmos”, levando tanto o indivíduo quanto a sociedade como ser social a questionarem de forma mais consistente a essência e os limites de nossas responsabilidades perante os problemas ambientais?

            . E, Será que os atuais projetos emancipatórios, bem como a vontade política de transformação social, assumam posições mais imperativas perante esses problemas e, com isso, passemos a compreender,, mais objetivamente, o caráter de intervenção humana no ambiente natural?

Assim, o filme Avatar, como tema gerador, para as aulas de Meio Ambiente, promove uma reflexão sobre a importância da preservação do Meio Ambiente e o que podemos e poderemos fazer para que isso se concretize. Expondo a descrição do filme aplicado, bem como comentários relacionados a reflexão do mesmo prosperando para além do cinema posicionando-se em sala de aula em seu produto final que é a reflexão. 

  1. AVATAR (termo de origem hindu): corresponde à transfiguração de uma entidade divina no corpo humano, ou em um animal, ou seja, é a materialização na Terra de uma entidade divina; nome dado às encarnações de um deus. Transpondo o termo para o universo cibernético, é a representação virtual de uma pessoa, em geral uma projeção, daquilo que alguém gostaria de ser, ou mesmo de alguma situação com a qual gostaria de conviver. No contexto do filme, é a denominação dada a um corpo criado em laboratório, por meio de uma mistura de DNA humano com o código genético Na’vi, conforme veremos adiante. (Disponível em: http://www.significados.com.br/avatar. Acesso em: 10 Jan. 2016).

2 AÇÃO DESENVOLVIDA

             A ação desenvolvida neste artigo envolve a reflexão da importância do filme Avatar como tema gerador para as aulas de Meio Ambiente em sala de aula.

            Os passos dados têm como propósito fazer com que o alunado avance em seus questionamentos e possa apropriar-se de novos conceitos e ideias acerca do filme proposto.

            A análise do filme Avatar junto às ocorrências do Meio Ambiente em que o vive ou circunda deve promover reflexões argumentativas que possam sugerir providências de preservação do Ambiente, por parte do estudante. Criando projeções positivas e solucionáveis para as questões ambientais em que o alunado vive.

            Ao final, um mapa conceitual, bem como um relatório de intervenção socioambiental deverá ser produzido com a finalidade de promover possíveis mudanças preventivas ao Meio Ambiente.

2.1 Avatar: o filme¹.

            O filme, que se passa em 2154 d.C., tem como cenário o fictício planeta Pandora – uma lua do planeta Polyphemus, no sistema de Alfa Centauro, a cerca de 4,4 anos-luz da Terra.

Sob a luz pálida e levemente amarelada da estrela Alfa Centauro A (estrela semelhante ao nosso Sol), um complexo ambiente abriga um mundo inebriante onde vivem múltiplas e peculiares formas de vida.

É nesse ambiente marcado por florestas luxuriantes (numa clara alusão à exuberância dos ambientes florestais tropicais) que encontramos os Na´vi, um povo nativo que toma a natureza como a própria essência de sua existência, premissa básica que ordena todas as ações dessa coletividade.

  1. Sinopse extraída do filme Avatar: CAMERON, James. LightStorm Entertainment. 20th. Century Fox. Ficção Científica. USA. 2009. (Disponível em: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-61282. Acesso em: 11 Jan. 2016). 

A história contada no filme tem início quando o ex-fuzileiro naval norte-americano Jake Sully é enviado a Pandora para participar de uma missão especial: “ocupar seu avatar” para, assim, penetrar no território do planeta e por ele circular livremente. O interesse dos humanos por Pandora explica-se pelo fato de que a empresa ali instalada deseja explorar as reservas de um mineral – o unobtanium, um supercondutor capaz de preservar suas propriedades à temperatura ambiente. Vale lembrar que esse recurso é encontrado apenas nesse planeta (em locais de grande atividade magnética). O problema é que a exploração do unobtainium só seria possível mediante grande intervenção no ambiente, o que certamente colocaria em risco todo o equilíbrio ali existente. Diante da iminente devastação ambiental, o povo Na´vi acaba se mobilizando contra toda e qualquer ação humana em seu território, o que desemboca num franco conflito. Em face dessa resistência, a corporação Resources Development Administration (RDA), empresa extratora do minério, emprega ex-soldados e ex-fuzileiros navais como mercenários, buscando intensificar a exploração do mineral cobiçado.   

            O embate entre o povo Na´vi e os terráqueos, conflito central do filme, entrelaça-se com a própria inserção dos humanos na trama, inserção essa dividida entre os interesses corporativo e militar, de um lado, e os interesses biológico e científico, de outro, o que denuncia as diferentes intenções do homem em relação aos recursos naturais do planeta Pandora.

            Mediante o Programa Avatar, o código genético do ex-fuzileiro Jake Sully é combinado ao de um habitante Na´vi para a criação de um “avatar”, um híbrido constituído à semelhança do povo nativo, capaz de sobreviver no ambiente de Pandora, cujo ar é tóxico para o organismo humano. A missão desse avatar é justamente a de se infiltrar entre os Na´vi para desvendar o mecanismo de seu mundo e de sua organização coletiva. A estratégia é que ele repasse informações sigilosas à RDA, auxiliando-a a conseguir os seus intentos. Assim, a aventura desse híbrido – “batizado” Jakesulty – pelo espaço de Pandora desvenda um mundo novo, marcado por um cenário de puro encantamento com suas luzes, cores e formas.

            A aproximação de Jake Sully e Neytiri, princesa do clã Omaticaya, é definitiva para o encadeamento das ações que permearão o contato dos humanos com os Na´vi: ao apresentar o seu mundo ao avatar, Neytiri partilha não apenas os segredos e encantos do espaço físico em que vive (e defende), mas também os elementos que marcam sua cultura. O encontro dessas personagens é um verdadeiro desvelamento das qualidades e dos atributos que referenciam o caráter e a índole dos Na´vi. Um desvelamento tanto de natureza do palco de lutas, conquistas, disputas territoriais, dominação, exploração e enfrentamento.

2.2 A associação do filme e o Meio Ambiente.

            A capacidade de se maravilhar com o espetáculo da natureza é uma singularidade da condição humana. O estado de espanto diante de um mundo rigorosamente ordenado e, por muito tempo, inexplicável levou o ser humano a desenvolver uma de suas qualidades mais essenciais, conforme ressalta o filósofo Álvaro Vieira Pinto: “a de refletir em ideias abstratas a realidade objetiva” (PINTO, 2005, p. 30).

            Assim, a busca pela compreensão dos mistérios de um mundo perfeito, seja em seus detalhes mais extraordinários, seja em seus aspectos mais sutis e ocultos, faz desse maravilhamento um importante referencial para a formação do pensamento racional. O maravilhar-se diante do espetáculo do mundo tem sido, portanto, essencial para o estabelecimento de uma concepção filosófica relativa não apenas à natureza, mas também à vida e à essência do próprio ser humano.

            Entretanto, ao confrontarmos o grau de espantamento humano em diferentes espaços e tempos, constatamos que o maravilhar-se atual difere bastante daquele observado em épocas passadas. Para o filósofo Álvaro Vieira Pinto, o fascínio causado atualmente pelas obras produzidas pelo ser humano surpreende muito mais que o maravilhamento causado pelas coisas da natureza, aspecto marcante da experiência humana em inúmeras civilizações.

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