O que é software livre? Como lucrar se o software é livre? Por que o governo está aderindo a essa tecnologia? Quem é o proprietário? Por que quem usa o defende com “unhas” e “dentes”? Se você se intriga com essas questões, este artigo é para você.

Começo ressaltando que “livre” ou “free” não significa “grátis”, mas “liberdade”. Todo conceito gira em torno de quatro premissas ou liberdades implementadas pela Free Software Fundation (FSF) em 1984 por Richard Stallman (EUA):
   • A liberdade de executar o programa para qualquer propósito (liberdade 0);
   • A liberdade de estudar como o programa funciona e adaptá-lo às suas necessidades (liberdade 1);
   • A liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa ajudar o próximo (liberdade 2);
   • A liberdade de aperfeiçoar o programa e liberar seus aperfeiçoamentos de modo que toda a comunidade se beneficie (liberdade 3).

Acesso ao código-fonte é um pré-requisito para as liberdades 1 e 3.

Atualmente, fala-se muito no poder da informação e nos benefícios que sua manipulação eficiente dão ao mundo corporativo, pois todos sabem que nem sempre o acesso a ela foi compartilhado. Houve uma época em que o acesso à informação era restrito.

A escrita foi criada na antiga Mesopotâmia e demorou certo tempo para que os registros manuscritos pudessem ser acessados por todos, e não só pela nobreza e pelo clero, que impediam a liberdade de expressão e comunicação.

O que quero dizer é que a sociedade, na época, era totalmente dependente de quem dominava o conhecimento – e, acredite, eram poucos. Os escribas, por exemplo, ocupavam cargos importantes nos negócios públicos e não eram obrigados a ir à guerra. Quer mais? Eles treinavam os próprios filhos para os substituírem. Sabe-se que edifícios monumentais foram construídos sob suas supervisões, atividades administrativas e econômicas eram documentadas por eles.

Será que fugimos do contexto? Não estamos aqui para falar de software livre? É que naquela época havia missionários da informação que, ao contrário do sistema atual, tentavam popularizar alguns fatos visando conscientizar a massa, compartilhando informação de forma livre, pois acreditavam nessa filosofia.

Acredito que, depois de tantos acontecimentos tecnológicos, estamos chegando a uma fase de mudanças, na qual se começa a perceber o valor da liberdade tecnológica, como a importância de dar ferramentas automáticas para que as pessoas possam usá-las no dia a dia. A comunidade de software livre acredita no conceito das quatro liberdades citadas anteriormente.

Cerca de 90% dos computadores mais velozes do mundo usam Linux. Existe uma forte tendência desse sistema se disseminar no que diz respeito ao desenvolvimento de novos produtos, os chamados sistemas embargados, que suportam TVs, rádios e celulares – o Android, usado em smartphones, roda sob o núcleo do Linux. Mais da metade dos servidores vendidos no mundo usam Linux. Os roteadores e switches Cisco, líderes mundiais no seguimento, reconhecidos por sua qualidade e segurança, usam o sistema operacional IOS, baseado em Unix.

Se você possui um e-mail, provavelmente já usou software livre, o PostFix. Se acessa páginas web, com certeza já usou o servidor Apache. Se já fez uma pesquisa com o Google, também, pois ele usa Linux como sistema operacional. O simples fato de usar a internet caracteriza-se, de forma direta, no uso de software livre, pois todos os 13 servidores-raízes de DNS que existem no mundo (dez nos EUA, dois na Europa e um na Ásia) usam o Bind para resolver IP em URL, que também é, adivinhe, um importante serviço disponibilizado de forma livre.

Portanto, as pessoas usam software livre o tempo todo. Seus desenvolvedores ganham cada vez mais status no mercado tecnológico e lucram prestando serviços das mais variadas formas.

Como já disse, estamos vivendo uma nova era, na qual os conceitos estão mudando e artistas oferecem músicas para baixar gratuitamente, como, por exemplo, a trupe Teatro Mágico, que produz música livre e independente (http://oteatromagico.mus.br).

Outro exemplo é o que está publicado na página oficial de Stallman sobre a liberdade de compartilhar obras publicadas em troca de uma taxa cobrada dos usuários de internet ao longo do tempo, no Brasil (http://stallman.org/articles/internet-sharing-license.en.html, há um link para traduzir para o português na própria página).

A real intenção deste artigo é que percebamos cada vez mais as mudanças e a quebra de paradigmas, contextualizando o cenário com dados históricos que explicam o que acontece hoje, para que aprendamos que a informação gera conhecimento, que conhecimento gera poder e poder anda de mãos dadas com a liberdade.

Seguem duas notícias interessantes sobre o tema:

• Projeto de Lei de vereador de Guarulhos que torna obrigatório o uso do software livre na administração pública municipal (http://softwarelivre.org/mslguarulhos/camara-municipal-de-guarulhos-acaba-de-aprovar-uso-do-software-livre-na-administracao-publica-da-cidade?view=true)

• O Banco do Brasil possui o maior parque de soluções em software livre na América Latina (http://www.softwarelivre.gov.br/artigos/estamos-no-caminho-certo)

Para você iniciar seus estudos:

Na área de software livre:
• http://comunidade.cdtc.org.br
•  http://www.infodicas.com.br/dicas_tuto/cursos-gratis-de-software-livre

Em diversas áreas de conhecimento:
• http://www.idealgratis.com
• http://www5.fgv.br/fgvonline/cursosgratuitos.aspx
• http://www.ead.sebrae.com.br/hotsite