A EDUCAÇÃO E A ABORDAGEM DOS MEIOS



Introdução


Na atualidade, é indispensável que a Educação incorpore em seu trabalho educativo todas as formas de produção, conservação, circulação e consumo de informações que ocorrem por múltiplos instrumentos de mediação, sobretudo as mídias.

A mídia possibilita a criação de um imaginário social e de um quadro de referência coletivo cada vez mais abrangente. Esse fato tem impactos tanto formadores quanto deformadores para os jovens, a convivência cotidiana com os meios é um fato quase inevitável, mas os avanços e retrocessos sociais oriundos desta situação também dependem do que fazemos com estes meios. Afinal não somos meros receptores passivos e podemos transformar positivamente esses efeitos. Entretanto, não podemos perder de vista a complexidade da configuração atual, na qual a socialização dos sujeitos, desde seu nascimento, se faz com a presença da mídia.


Desenvolvimento


No último século, vivemos uma transformação cultural nunca vista. Se antes da democratização e do barateamento dos eletroeletrônicos, como o rádio, a televisão, o aparelho celular, outras instituições como a família, a igreja e a escola tinham um grau de influência muito forte sobre a Educação, hoje a situação está bastante mudada. A nova geração que sofreu influência da mídia desde a sua socialização primária, não se relaciona da mesma forma com as práticas convencionais que nos formaram. As últimas gerações não dependem somente dos livros para ter acesso às informações e não precisam de pré-requisitos que os habilitem usufruírem dos diferentes meios de comunicação. Além disso, as crianças e jovens que encontramos na escola, hoje, tem contanto com as mídias eletrônicas antes mesmo de serem alfabetizadas.

Sobretudo no caso da televisão, do rádio e do telefone celular. O acesso passa pela oralidade ou pela visualidade, que parecem naturais: tem-se a ilusão de um acesso direto à realidade, mesmo que essa seja produzida por seleção e escolha de quem domina os meios de comunicação.

Não é preciso citar pesquisas sobre a utilização dos meios de comunicação. Basta observarmos com atenção a nossa própria casa, nossos grupos mais próximos, especialmente nossos alunos, analisando o que eles dizem em sala de aula, suas opiniões a partir de programas de televisão aos quais assistem, as opiniões que passam a expressar mediante as interferências dos gêneros que preferem: programas infantis, e para jovens, telenovelas, telejornais, programas de entrevista, etc. È preciso estarmos atentos, sobretudo, ao que passam a querer consumir mediante a publicidade: mercadorias, produtos, particularmente os que anunciam moda, beleza e felicidade. Por outro lado, alguns gêneros trazem conteúdos informativos valiosos para a Educação. Sem entrar no mérito da relevância ou não dos conteúdos, dos noticiários e informações.

No conjunto de práticas culturais relacionados aos meios de comunicação, podemos dizer que a televisão é o meio mais acessível, depois vem o rádio e por fim os meios impressos e digitais. A explicação para o pouco acesso a livros, jornais, revistas, Internet, é o baixo poder de compra das classes populares. O rádio e a Televisão, uma vez adquiridos, seus programas entram em casa de “graça” e fazem parte aparentemente de um lazer que não tem custo. Daí sua força de socialização.

Na escola temos um currículo formal, que é fruto de uma negociação coletiva com a toda a sua comunidade, mas precisamos repensar este outro currículo informal representado pela mídia, que tem muita força com nossas crianças e jovens, potencializando com um trabalho pedagógico voltado para que os nossos alunos não sejam receptores passivos das mensagens midiáticas que recebem, levando-os a refletirem sobre o que vê, ouve e lê.

A educação tem como objeto a transmissão e produção do saber, com a finalidade de formar sujeitos coletivos, que devem lutar pela transformação da sociedade. Assim todo processo formativo/educativo que ocorre na sociedade precisa ser pensado e analisado. E essa entrada do campo educacional na discussão sobre as mídias já está atrasada, tendo em vista o papel que elas vem exercendo na formação de referências para as novas gerações.

Por muitos anos, a Educação se preocupou em trabalhar seus aspectos curriculares e de organização geral, supondo que constituía-se como uma instituição com poder de transformar as mentalidades, transmitir cultura e promover a socialização. No entanto, há outros campos que vem se constituindo como instâncias de transmissão de conhecimento e de socialização: um deles é a comunicação. Ou seja, a informação não circula apenas nos suportes impressos convencionais e na escola, mas há inúmeros espaços e instituições que divulgam ideias, informações e normas de conduta, mesmo que não tenham a educação como função primordial.

É necessário reconhecer que o desenvolvimento tecnológico, as exigências de formação, a ampliação das agências que pretendem educar os cidadãos, as formas de comunicação de novos conhecimentos, são questões que cruzam as políticas educacionais, a sala de aula, a formação inicial e continuada de profissionais da educação, de modo que os conhecimentos e valores transmitidos pela mídia possam ser objetos de reflexão crítica.

A educação ao utilizar-se da mídia e de seus produtos passa ao reconhecimento da aproximação com a realidade dos alunos, pois fazem parte de seu cotidiano, e tal aproximação se torna importante na medida em que, altera os conhecimentos prévios dos alunos sobre vários assuntos. Num momento em que o estudo das mídias constitui um campo em expansão, e que tomá-las como objeto de análise é um desafio para a formação do usuário, seja professor ou aluno, ou outro qualquer cidadão.


Conclusão


Concluindo, diante desta situação, é preciso tomar os meios como objeto de estudo e também utilizá-los. Isto implica tomar o nosso próprio processo como usuários das mídias como objeto de reflexão.

Não se pode esquecer de que existem espaços públicos de convivência, de troca de saberes e de participação política nos quais podemos exercer nossa cidadania, e que exigem contato direto com outros sujeitos.

É por isso que os cidadãos participantes da vida pública, por outros meios, talvés tenham condições de descobrir, de questionar a qualidade das informações e das mensagens, tendo em vista que a prática social pode contrapor-se a outras formas de representação da realidade, mais amplas que a mediada por um tipo de tecnologia.

As relações entre Educação e comunicação são estreitas, e é necessário que se compreendam os modos de ser e atuar dos educadores, comunicadores, informáticos e de todos que se cruzam na produção ou consumo dos meios. Isso porque existem espaços públicos a serem conquistados na ampliação do papel educativo, das escolas e de outros meios. Essas áreas podem dialogar e produzir juntas, buscando tornar, tanto a educação como a comunicação, espaços públicos de enriquecimento cultural. Por outro lado, com seus modos e práticas diferentes também podem exercer críticas profícuas entre si.

REFERÊNCIAIS


BRUCK, M. S. Rádio e televisão. Mídia eletrônica e cultural no Brasil.VEREDAS: Formação Superior de Professores. Guia de Atividades Culturais I. Belo Horizonte: Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais, 2002.


COMENTÁRIO: O presente artigo enfatiza a necessidade de abordagem dos meios na Educação, considerando o período em que estamos vivendo. Assim conclui-se que é preciso tomar os meios tecnológicos como objeto de estudo e nosso processo de usuário das mídias como objeto de reflexão.