Em uma sociedade que passou a pautar-se em padrões de vida e beleza, não é difícil em diversos ambientes ouvir a frase “você não é (ou faz) meu tipo!”. Mas, o fato que me leva a refletir essa pequena e frágil declaração é: Qual é o tipo, ou melhor, qual o arquétipo que a sociedade atual implantou nas mentes de nossos iguais? Qual o padrão a ser seguido, sejam nos modos de vestir-se ou “viver-se”? Enfim... Qual o perfil de individuo a sociedade busca encontrar para uma vivência carismática, ou “homogênea”?

Quem somos nós, senão cidadãos de uma aldeia de mais de sete bilhões de pessoas? “Aldeia” essa que busca criar tendências que muitas vezes não passam de seus palcos, as famosas “tendências de moda”, que por se tratar de um produto de aquisição de um grupo seleto, não consegue sair de seus pressupostos teóricos. Ora, o mundo do modismo cria tendências também para os corpos, quais corpos devem ser “aceitos” e quais “não devem ser aceitos”, porém... Muitos seguem essa tendência! Fica o questionamento: Por que as peças de roupas não caem no gosto popular, mas o padrão de corpos tende a ser um perfil, que mesmo sendo quase impossível, a ser seguido? São muitos questionamentos que levantam mais uma vez a “questão” do papel da mídia na disseminação dos preconceitos contra aqueles que não seguem o padrão de beleza estabelecido pelas indústrias da moda.

O que é mais atrativo de se ver: Uma mulher magra com um corpo bem esculpido, ou uma mulher magra sem “curvas”? Mas, o que os comerciais de cerveja, que na sua maioria das vezes são encenadas em praias, mostra? O que é mais interessante de ser ver: Um homem forte, com o corpo “dividido” ou um outro que não possui sequer “divisões” no corpo, mas aquela barriguinha de shop? Então, porque aquele símbolo sexual da novela das oito – por mais velho que seja – sempre segue um arquétipo de beleza? São detalhes mínimos que visualizamos diariamente e nos faz inconscientemente projetar um padrão de beleza e atitudes para todas as pessoas, gerando até a criação de um “perfil perfeito” de homem e mulher, fazendo com que nunca encontremos – Claro! O que gera em diversos momentos da procura, aquela frase com que inicio meu texto: “Você não faz meu tipo!” E possivelmente jamais fará, a idealização desses padrões nos torna pessoas tolas.

Imaginemos um homem: Alto, forte, cabelos lisos, olhos “vivos” – Agora as “qualidades” abstratas: Inteligente, sorridente, carismático – a clássica: “que goste de crianças”, enfim... Qual seria a probabilidade de encontrar em uma única pessoa todas as características que buscamos? Nulas! Uma infame comparação com carros: Quanto mais acessórios mais caros ficam os carros certo? E a depender do modelo, se você optar por um determinado acessório, terá que abrir mão de outro! Assim ocorre em nosso processo de busca da pessoa “ideal”, ou “ficamos” com aquela que oferece a maior quantidade de acessórios (qualidades) ou morreremos na busca, “se você optar por uma mulher super inteligente, terá que abrir mão de outras qualidades, pois, os estudos para que ela seja sempre inteligente e antenada tomará boa parte do seu tempo.

Desde os primórdios da raça humana os indivíduos empreendem-se na busca de parceiros “ideais” para a reprodução, hoje, não muito distante desse ideal está o parceiro (ou parceira) perfeita para estar junto, estar perto. Mudam-se os tempos, mas o ideal de busca continua com uma finalidade adaptada a seu tempo, cada tempo e cada indivíduo que seu arque-tipo, o que torna a busca interessante é, em nossa era, a possibilidade de encontrar um pouco de nosso “tipo” em cada indivíduo que passa em nossa vida, então, o que seria nosso arquétipo, nosso padrão, senão nosso amor próprio? Nós mesmos! 


Richard Batista Silveira