UMA GRANDE URGÊNCIA PARA O TRANSPORTE COLETIVO DA GRANDE SÃO LUIS - MA

Por josé raimundo alves | 11/07/2025 | Geografia

UMA GRANDE URGÊNCIA PARA O TRANSPORTE COLETIVO DA GRANDE SÃO LUIS - MA

 

 

Por José Raimundo Alves
Professor e Pesquisador
Email: professorraimundolscb@gmail.com | WhatsApp: (98) 98425-5157

Brasil – 09 de julho de 2025.


 

RESUMO

 

A região metropolitana de São Luís enfrenta uma crise estrutural no transporte coletivo, agravada por deficiências tecnológicas, gerenciais e pela concorrência de novos modais. Este artigo propõe medidas urgentes: implantação do Bilhete Único Metropolitano, criação de um sistema de assinatura mensal e integração de tecnologias digitais. Essas ações visam revitalizar o sistema, garantir acessibilidade econômica e reforçar o papel socioambiental do transporte público.

 

Palavras-chave: transporte coletivo, mobilidade urbana, São Luís, Bilhete Único, assinatura mensal.

 

RESUMEN

 

El área metropolitana de São Luís enfrenta una crisis estructural en el transporte público, agravada por deficiencias tecnológicas, gerenciales y la competencia de nuevos modos de transporte. Este artículo propone medidas urgentes: implementación del Boleto Único Metropolitano, creación de un sistema de suscripción mensual e integración de tecnologías digitales. Estas acciones buscan revitalizar el sistema, garantizar accesibilidad económica y reforzar el papel socioambiental del transporte público.

 

Palabras clave: transporte público, movilidad urbana, São Luís, Boleto Único, suscripción mensual.

 

ABSTRACT

 

The metropolitan region of São Luís faces a structural crisis in public transport, worsened by technological and managerial deficiencies and competition from new mobility services. This article proposes urgent measures: implementation of a Metropolitan Single Ticket, creation of a monthly subscription system, and integration of digital technologies. These actions aim to revitalize the system, ensure economic accessibility, and reinforce the socio-environmental role of public transport.

 

Keywords: public transport, urban mobility, São Luís, Single Ticket, monthly subscription.

 


 


 

 

INTRODUÇÃO

 

A Grande São Luís, composta por municípios como São José de Ribamar, Paço do Lumiar, Raposa, Rosário e Bacabeira, tem enfrentado uma grave crise em mobilidade urbana que demanda atenção imediata. A frota de ônibus que opera na região apresenta um quantitativo inferior ao que foi contratado, refletindo uma realidade preocupante para os usuários do transporte público. Com o intuito de compreender melhor a gravidade dessa situação, é importante observar que a diminuição da quantidade de veículos disponível para circulação tem se intensificado ano após ano, gerando longas filas, atrasos e um serviço aquém do necessário para atender a população.

A atual crise do sistema de transporte coletivo não é apenas uma questão de desconforto para os passageiros; ela implica na deterioração das condições de vida para muitas famílias. Com a crescente falta de ônibus, o tempo gasto em deslocamentos aumenta, impactando não só a produtividade dos trabalhadores como também sua saúde e bem-estar. As consequências são ainda mais evidentes entre a população de baixa renda, que depende quase exclusivamente do transporte público para acessar oportunidades de trabalho, educação e outros serviços essenciais. Nesse contexto, o risco de comprometimento das atividades econômicas locais se torna palpável, exigindo uma resposta adequada das autoridades competentes.

A ascensão de serviços por aplicativo, embora tenha proporcionado uma alternativa de mobilidade, não serve como solução viável para a maioria da população em situação de vulnerabilidade. Os custos muitas vezes extrapolam o orçamento dos cidadãos de baixa renda, criando uma realidade paradoxal: enquanto algumas pessoas têm a opção de se locomover com maior conforto e rapidez, outras se veem excluídas de um sistema que deveria ser inclusivo e acessível a todos. A ampliação dessa desigualdade social fomenta uma grave crise de mobilidade, onde os menos favorecidos, mais uma vez, são os mais afetados.

Diante desta emergência, a reforma do transporte público não é apenas uma recomendação, mas uma urgência imposta pela realidade dos cidadãos. A reestruturação do sistema de ônibus coletivos precisa priorizar a expansão e a modernização da frota, além de garantir a operação regular de veículos suficientes para atender a demanda. É imprescindível que as políticas públicas abordem as necessidades da população, assegurando um transporte que respeite direitos fundamentais e promova a inclusão social. Essa transformação passa por investimentos em infraestrutura e na capacitação dos profissionais envolvidos na gestão do transporte urbano.

Para que a Grande São Luís possa caminhar rumo a uma mobilidade urbana sustentável e eficiente, é necessário um engajamento conjunto entre a sociedade civil, gestores públicos e o setor privado. A busca por alternativas inovadoras, como a integração do transporte público com tecnologias sustentáveis e a promoção de sistemas de bilhetagem inteligente, pode contribuir significativamente para a revitalização do setor. Assim, será possível garantir não apenas a promoção de um transporte público de qualidade, mas também a construção de cidades mais justas e inclusivas, onde todos possam exercer plenamente seus direitos e ter acesso às oportunidades que a vida urbana oferece. 


 

1. O NOVO PAPEL DO ÔNIBUS COLETIVO NA ATUALIDADE

 

A crise do transporte na Grande São Luís é um reflexo de falhas históricas que se acumulam ao longo dos anos. Atualmente, a frota de ônibus operando na região está muito aquém do que foi previsto em contratos, resultando em uma baixa frequência de veículos nas ruas. Além disso, muitos ônibus carecem de acessibilidade, e a presença de ar-condicionado é, na verdade, uma exceção que raramente é vista entre os passageiros. Esse cenário de precariedade é agravado pelo avanço da tecnologia, que, ao invés de integrar o sistema tradicional de transporte, acaba fragmentando a demanda por meio de aplicativos. Com isso, o transporte coletivo enfrenta um verdadeiro colapso, colocando em risco o direito à mobilidade para a população.

Diante desse cenário desafiador, é imperativo que o ônibus coletivo se redefina como o eixo central da integração metropolitana. Para isso, é necessário adotar estratégias que promovam a eficiência energética, uma vez que ônibus emitem menos poluentes do que automóveis particulares, representando uma alternativa mais sustentável. A eletrificação da frota é uma tendência que não apenas diminuiria a emissão de gases poluentes, mas também contribuiria para a melhoria da qualidade do ar nas cidades. Essa modernização é essencial para que o transporte público se alinhe às exigências contemporâneas de sustentabilidade e preservação ambiental.

Além da eficiência energética, a função social do transporte coletivo não pode ser subestimada. Uma grande parte das viagens realizadas por ônibus tem como destino o trabalho e a educação, conectando as periferias a oportunidades essenciais para o desenvolvimento do indivíduo e da sociedade. Sem um sistema de transporte público eficiente e acessível, a exclusão social se intensifica, prejudicando especialmente as camadas mais vulneráveis da população. Portanto, é fundamental que o poder público enxergue o transporte coletivo como um serviço essencial e promova políticas que garantam sua viabilidade.

A segurança é mais um aspecto que deve ser considerado na reestruturação do transporte público. Estudos apontam que os ônibus são responsáveis por apenas 0,32% das mortes no trânsito, tornando-se o modal mais seguro em comparação a outros meios de transporte. Essa característica deve ser mais valorizada e divulgada para que os cidadãos tenham confiança em utilizar o transporte coletivo. Investir na segurança e na eficiência do sistema pode não apenas atrair mais passageiros, mas também melhorar a percepção da população em relação ao transporte público, fazendo dele uma escolha viável e segura.

A mobilidade urbana na Grande São Luís necessita de um urgente replanejamento que priorize a eficiência, a inclusão social e a segurança dos usuários. Reformular o transporte coletivo é um passo crítico para garantir o acesso a direitos básicos, reduzir desigualdades e promover um ambiente urbano mais sustentável. Ao fazê-lo, será possível transformar a experiência da mobilidade na região, contribuindo para uma cidade mais justa e integrada, onde todos possam exercer plenamente seu direito de ir e vir. 


 

2. A NECESSIDADE DE UM BILHETE ÚNICO METROPOLITANO

 

A região metropolitana de São Luís enfrenta um desafio significativo no que diz respeito à mobilidade urbana, evidenciado pela insuficiência do Bilhete Único municipal para atender a crescente demanda de cidadãos que residem em cidades vizinhas e dependem de integrações para se deslocar. A atual estrutura de transporte não reflete as necessidades da população, que, para acessar serviços e oportunidades, muitas vezes precisa percorrer distâncias substanciais. Isso requer uma revisão profunda do modelo atual, visando a criação de um sistema de transporte metropolitano que melhore a conectividade entre as cidades vizinhas, como Bacabeira, São José de Ribamar, Raposa e Rosário.

Implementar um sistema de transporte que permita viagens mais longas a tarifas acessíveis pode impactar diretamente na inclusão territorial. Tal modelo não apenas facilitaria o acesso dos cidadãos às áreas centrais de São Luís, mas também abriria oportunidades para aqueles que vivem nas periferias, contribuindo para a redução das desigualdades sociais. Ao interligar diferentes municípios, pode-se fomentar o desenvolvimento econômico regional, tornando o deslocamento mais ágil e eficiente.

Além da inclusão social, a eficiência econômica também é uma vantagem crucial de um sistema de transporte bem estruturado. A proposta de integrar as tarifas e otimizar as rotas pode resultar na redução de custos para os usuários de baixa renda, permitindo que mais pessoas utilizem os serviços de transporte coletivo em vez de recorrer a opções particulares. A economia gerada pelo transporte coletivo também se reflete em menos congestionamento e, consequentemente, menores custos para o Estado em relação à infraestrutura viária e aos serviços de saúde relacionados a acidentes e poluição.

Outro aspecto vital para o aprimoramento da mobilidade urbana em São Luís é a gestão unificada dos dados de transporte. A implementação de um sistema integrado de gestão permitiria uma análise mais eficaz das rotas e do fluxo de passageiros, promovendo um planejamento mais inteligente e baseado em evidências. Isso facilita tanto a tomada de decisões quanto o direcionamento de investimentos para onde eles são mais necessários, maximizando o retorno social e econômico sobre cada real investido no sistema de transporte.

A recente votação da população de São Luís favorável à gratuidade das passagens estudantis é um indicativo importante da urgência em se reformular o transporte coletivo. Contudo, a ausência de um plano claro para a implementação dessa gratuidade ainda representa um desafio a ser enfrentado. A gratuidade pode fidelizar e dar importância ao sistema de ônibus, mas deve ser acompanhada por soluções sustentáveis de financiamento que garantam a operação contínua e eficiente do transporte público. Assim, é vital que as autoridades se comprometam não apenas a implementar essas mudanças, mas a encontrar formas inovadoras e eficazes de financiar a mobilidade urbana, garantindo que ela atenda a todos de forma justa e sustentável. 


 

3. A URGÊNCIA DE UM SISTEMA DE ASSINATURA MENSAL DE TRANSPORTE

 

A crescente popularidade de serviços de transporte por aplicativo como Uber e 99 está desafiando a viabilidade do transporte coletivo nas grandes cidades brasileiras. Para revitalizar e tornar o sistema de ônibus mais competitivo, é essencial implementar inovações na comercialização. Uma proposta que ganha destaque é a criação de assinaturas mensais ilimitadas, com tarifas diferenciadas para grupos como estudantes, idosos e trabalhadores. Com essa medida, não apenas democratizar-se-ia o acesso ao transporte, mas também se promoveria uma mudança dignificante no cotidiano de milhões de cidadãos que dependem desse serviço para se locomover.

Uma das vantagens mais significativas dessa nova abordagem seria a previsibilidade orçamentária que proporcionaria às famílias. Com um planejamento mais claro, os usuários teriam uma redução de até 30% nos gastos com mobilidade. Esse alívio financeiro impactaria diretamente a vida de pessoas de baixa renda, que frequentemente encontram dificuldades em equilibrar suas despesas mensais. Assim, a assinatura mensal se torna não apenas uma alternativa viável, mas uma necessidade premente para garantir que o transporte público possa atender a todos de maneira justa e equitativa.

Além do aspecto econômico, a fidelização dos usuários é um benefício que pode ser agregado a essa assinatura. Proporcionar extras, como acesso a Wi-Fi nos ônibus e pontos de recarga para dispositivos móveis, pode aumentar ainda mais a atratividade do transporte coletivo. Benefícios como esses não apenas melhoram a qualidade da experiência de deslocamento, mas também criam um senso de pertencimento e valorização do transporte público. Ao transformar a experiência de viagem, é possível incentivar as pessoas a optarem pelo ônibus em vez de recorrerem a alternativas mais caras e menos sustentáveis.

Outra vantagem de um sistema de assinatura está na geração de uma receita recorrente para as operadoras. Com um fluxo constante de recursos, as empresas de transporte podem planejar investimentos em qualidade e inovação, possibilitando a modernização da frota e a melhoria contínua dos serviços. Essa estabilidade financeira é crucial para um setor que enfrenta crises frequentes e precisa urgentemente de soluções que garantam sua sustentabilidade a longo prazo.

É preciso reconhecer que garantir acesso diário a oportunidades urbanas é essencial para o combate à pobreza. A modernização do transporte coletivo, especialmente por meio da implementação de modelos de assinatura mensal, representa não apenas uma resposta aos desafios que a mobilidade enfrenta, mas também uma ação proativa em prol da justiça social. Ao integrar os benefícios da tecnologia com a responsabilidade social, podemos garantir que o transporte público se torne a espinha dorsal do desenvolvimento urbano e social, reforçando a importância de um sistema inclusivo, eficiente e seguro para todos. 


 

4. IMPACTOS LOCAIS E METROPOLITANOS

 

A reestruturação do sistema de transporte coletivo na Grande São Luís tem o potencial de provocar transformações concretas que vão além da simples melhoria da mobilidade urbana. A implementação de corredores de Bus Rapid Transit (BRT) não apenas tornaria o transporte mais eficiente, mas também promoveria um dinamismo econômico significativo. A valorização imobiliária nas áreas adjacentes aos corredores de BRT pode impulsionar o desenvolvimento de novos empreendimentos e comércio local, atraindo investimentos e gerando empregos. Esses corredores se tornariam vetores de crescimento, conectando as diversas regiões da cidade e facilitando o acesso a oportunidades econômicas para uma parcela maior da população.

Além do impacto econômico, os ônibus se configuram como elementos centrais na identidade territorial e geográfica de São Luís. O transporte público é uma marca da conexão metropolitana, simbolizando o fluxo de pessoas e ideias que articula diferentes regiões da cidade. A revitalização do sistema de transporte coletivo ajudaria a reforçar essa identidade, promovendo uma paisagem urbana mais harmoniosa e coerente, onde os ônibus operariam como agentes facilitadores da interação social. Investir em um sistema de transporte que valorize sua função simbólica é essencial para cultivar um sentimento de pertencimento e cidadania entre os moradores da região.

A reestruturação também se coloca como uma oportunidade para a redução de desigualdades sociais. Estudos mostram que um grande número de usuários do transporte coletivo é composto por trabalhadores e estudantes, para quem a mobilidade é um fator crucial para o acesso a direitos básicos, como educação e trabalho. Ao melhorar a qualidade e a eficiência do transporte público, é possível garantir que essas pessoas cheguem a seus destinos com mais conforto e agilidade. Isso, por sua vez, pode contribuir para a inclusão social, promovendo igualdade de oportunidades e permitindo que mais cidadãos participem ativamente da vida econômica e cultural da cidade.

Outro aspecto a ser considerado na reestruturação do transporte coletivo é a integração entre diferentes modais e a adoção de políticas que incentivem o uso do transporte público em detrimento dos veículos particulares. Um sistema de ônibus bem estruturado e interligado poderia servir como solução viável e sustentável para a mobilidade urbana. A mudança na percepção social sobre o transporte coletivo é necessária, mostrando que ele pode ser uma alternativa segura e eficiente, reduzindo a dependência de aplicativos e veículos individuais. Tais medidas, no longo prazo, podem gerar uma diminuição nas emissões de poluentes e um aumento da qualidade de vida na cidade.

Assim, a reestruturação do sistema de transporte coletivo em São Luís deve ser encarada como uma prioridade. É urgente que se desenvolvam soluções que abordem não apenas a eficiência do transporte, mas que também considerem seu papel social, econômico e cultural. O ganho na mobilidade, a valorização de áreas urbanas e a redução de desigualdades são aspectos que se interligam e que, juntos, podem propiciar uma transformação significativa na vida dos cidadãos. Ao investir nesse tipo de reestruturação, estaremos trilhando caminhos que promovem o desenvolvimento sustentável e um futuro mais justo para todos os habitantes da Grande São Luís. 


5. DESAFIOS E CAMINHOS

 

O planejamento integrado do transporte público é uma diretriz essencial para transformar a mobilidade urbana em regiões metropolitanas. Para isso, é fundamental revitalizar os contratos com as empresas de transporte, exigindo o cumprimento de metas relacionadas à frota, acessibilidade e conforto, como a implementação de ar-condicionado em ônibus. Essa revitalização não apenas melhora a qualidade do serviço prestado, mas também contribui para elevar a satisfação do usuário, promovendo uma experiência de viagem que se encaixa nas expectativas da população.

Além disso, deve-se alinhar as políticas de uso do solo com as estratégias de transporte, criando corredores exclusivos que seguem o modelo dos Bus Rapid Transit (BRT). A implementação desses corredores é crucial, pois permite uma circulação mais eficiente dos ônibus, reduzindo os congestionamentos e proporcionando um transporte mais rápido e confiável. Os corredores de BRT têm a capacidade de revitalizar áreas urbanas ao redor, estimulando o comércio local e incentivando investimentos em infraestrutura, o que resulta em desenvolvimento econômico e social.

A tecnologia do século XXI oferece ferramentas valiosas que podem ser aproveitadas para otimizar o transporte coletivo. A priorização semafórica para ônibus é uma inovação que pode reduzir significativamente o tempo de viagem, melhorando a confiança dos usuários no sistema. Além disso, a introdução de frotas elétricas, que utilizam pontos de recarga solar, representa um passo importante em direção à sustentabilidade ambiental, diminuindo a emissão de poluentes e os custos operacionais. A utilização de aplicativos de monitoramento em tempo real também é essencial, permitindo que os usuários integrem suas opções de transporte, como ônibus, bicicletas e serviços de compartilhamento, em uma plataforma única e prática.

A governança multissetorial é outra peça-chave para a implementação bem-sucedida de um sistema de transporte integrado. A criação de um Conselho Metropolitano que inclua prefeituras, governo estadual, operadoras e representantes dos usuários é fundamental para garantir que todas as vozes sejam ouvidas e que as decisões sejam feitas de forma colaborativa. Esse conselho pode facilitar a discussão de políticas, planejamento de novas rotas e a alocação eficiente de recursos, promovendo um olhar mais abrangente sobre as necessidades de mobilidade da população.

O estabelecimento de subsídios tarifários cruzados, vinculados a um fundo de desenvolvimento urbano, pode ajudar a garantir a sustentabilidade financeira do sistema de transporte coletivo. Essa estratégia permite que as tarifas sejam mais acessíveis, especialmente para usuários de baixa renda, ao mesmo tempo em que garante a continuidade e a qualidade do serviço. Com um planejamento integrado que engloba melhorias nas operações dos transportes, a adoção de tecnologia moderna e um modelo de governança eficaz, é possível criar um sistema de transporte coletivo que atenda às demandas da população e contribua para um futuro mais sustentável e igualitário nas cidades.


 

CONCLUSÃO

 

A crise do transporte na Grande São Luís revela uma desarticulação preocupante entre as políticas de mobilidade e a realidade vivida pelos cidadãos. A região, que abriga um número crescente de habitantes e municípios interligados, enfrenta desafios significativos, principalmente em relação à eficiência e à acessibilidade do transporte público. A medida que a população cresce, a infraestrutura de transporte deve acompanhar essa dinâmica, mas, lamentavelmente, isso não tem ocorrido. A necessidade de um planejamento integrado e eficaz se torna cada vez mais urgente, e as soluções propostas, como o Bilhete Único e a implementação de assinaturas mensais, se configuram como ferramentas essenciais para restabelecer a conexão entre transporte e cidadania.

A proposta do Bilhete Único municipal, por exemplo, é uma iniciativa que busca simplificar e tornar mais acessível o sistema de transporte. Entretanto, sua atual insuficiência para atender a uma população que se desloca entre municípios vizinhos limita sua eficácia. O que se faz necessário é uma reestruturação que contemple um modelo metropolitano de transporte, permitindo que as tarifas sejam ajustadas e integradas, como os modernos sistemas de BRT. Isso garantiria inclusão territorial, proporcionando aos moradores da Grande São Luís a possibilidade de se deslocar entre áreas urbanas e periféricas com mais facilidade e justiça.

Ainda mais crucial é a questão da acessibilidade e a necessidade de inovação tecnológica. Para competir com aplicativos de transporte como Uber e 99, o sistema de ônibus precisa mudar sua abordagem, combatendo não apenas a exclusão socioeconômica, mas também a percepção de que o transporte coletivo é uma opção inferior. Isso pode ser alcançado por meio da implementação de frotas de ônibus elétricos, que não só reduzirão a emissão de poluentes, mas também trarão um aspecto moderno e sustentável ao sistema. A adoção de tecnologia, como a priorização semafórica para ônibus, pode acelerar o tempo de viagem e otimizar a experiência do usuário.

Além das inovações tecnológicas, a criação de um Conselho Metropolitano que reúna prefeituras, governo estadual, operadoras de transporte e usuários é fundamental para uma governança multissetorial eficaz. Esse espaço permitiria a discussão e o direcionamento de políticas de transporte de maneira colaborativa, evitando que as decisões sejam tomadas isoladamente. Tal gestão participativa é essencial para que as soluções de transporte sejam realmente integradas e eficazes, contribuindo para o desenvolvimento de uma infraestrutura urbana coerente com as necessidades da população.

Por fim, investir em transporte público é um passo viável para criar sociedades mais equitativas e economicamente robustas. A transformação dos ônibus em verdadeiros eixos de integração metropolitana, juntamente com a revisão de contratos com empresas operadoras e a criação de corredores exclusivos, é o caminho para reconstruir a confiança da população no sistema de transporte coletivo. Somente assim, a mobilidade urbana poderá ser efetivamente um direito garantido, proporcionando a todos os cidadãos o acesso a oportunidades e serviços essenciais, e contribuindo para a construção de uma Grande São Luís mais justa e acessível para todos.


 

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