Um Sonho de Educação

Caetano Luiz Foroni

Conceituar educação não é fácil, trata-se de um conceito complexo, que apresenta várias definições, não só a de simples transmissão de conhecimento.  Sabe-se do equívoco dessa rotulação, e, uma vez desmantelado esse conceito pueril, identifica-se a educação como desenvolvedora da capacidade de promover o protagonismo do educando como autor de sua própria trajetória de vida. Encerrando, de vez, os arcaicos modelos de educação bancária, largamente discutidos e criticados nas bancas pedagógicas.

A educação, deve-se fundamentar em formar cidadãos conscientes, pleno de direitos e deveres, com capacidade de exercer sua cidadania de forma objetiva, propiciando seu crescimento profissional, familiar e social.

É isso que se quer, uma educação integradora, libertadora, formadora. A escola tem que exercer sua função disruptiva e romper com padrões educacionais “receitas de bolo”, pois o bolo desandou. A educação tem que respeitar a individualidade, valorizando o coletivo. Não se tem mais espaço para uma escola com preconceitos de qualquer natureza, seja de origem, de etnia, de convicções políticas e religiosas ou socioeconômicas.

A escola pública, hoje, exerce um novo papel na sociedade, uma função assistencialista. Muitas crianças vão à escola para receber cuidados médicos, atenção, carinho e comida. Temos que aproveitar essa oportunidade e alimentá-las de cultura, informação e esperança.

A escola inovadora tem que atuar como facilitadora de aprendizagem e na interpretação de conteúdo. A tecnologia propiciou o acesso indiscriminado a informação, com uma velocidade não imaginável há alguns anos, o que transformou a figura do professor, de dono do saber, para agente de aplicação do conhecimento.

Segundo Alves (2002, p.114) o objetivo da educação é ensinar a pensar, um dos maiores desafios da educação contemporânea é a de se adaptar a seu novo papel. Subtraiu-se da escola o papel de detentora do conhecimento, de guardiã do saber. A instituição escola, como senhora absoluta de todas as verdades é contestada, enfrentada, questionada e muitas vezes desnecessária e em outras, desqualificada. Em alguns momentos acredita-se até mesmo que a educação domiciliar tem mais importância que ela.

 

Segundo Freire (1997, p.64): “a visão “bancária”, anula o poder criador dos educandos”, o que já nos permitia refletir o quanto da importância do se ensinar a pensar no processo educacional. Acredita-se ser o maior desafio da educação, nesta década, ensinar a pensar e desenvolver nos educandos as habilidades socioemocionais para enfrentarem os desafios de um mundo robotizado e que será muito diferente do que foi nas décadas passadas.

De acordo com Moram (2007), a escola é pouco interessante para os jovens, o que é facilmente comprovado uma vez que ela se apresenta totalmente desarticulada com as novas formas de comunicação e linguagem, assim como não supri as necessidades, cada vez mais inovadoras do mercado de trabalho.

Portanto, conclui-se que a escola desejável, ou a escola sonhada, tem dois lados. Um romântico e social que transforme, de fato, jovens e crianças em cidadãos conscientes de seus deveres e direitos, atuantes e participantes em uma sociedade democrática de direitos e um outro em que a escola se modifique e se molde numa incubadora de novas ideias e soluções inovadoras, gerando oportunidades de emprego, trabalho e renda. Porém, as duas vertentes se convergem em um ponto, dar subsídios para que nossas crianças tenham um futuro mais feliz.

 

Referências

ALVES, Rubem. Por uma educação romântica. Papirus Editora, p 114, 2002.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. Brasiliense, 2017.

FREIRE, Paulo. Educação “bancária” e educação libertadora. Introdução à psicologia escolar, v. 3, p. 61-78, 1997.

MARTINS, Rosilene Maria Sólon Fernandes. Direito à Educação: aspectos legais e constitucionais. Rio de Janeiro: Letra Legal, 2004.

VERASZTO, Estéfano Vizconde et al. Tecnologia: buscando uma definição para o conceito. Prisma. com, n. 8, p. 19-46, 2009.

VIANNA, Carlos Eduardo Souza. Evolução histórica do conceito de educação e os objetivos constitucionais da educação brasileira. Janus, v. 3, n. 4, p. 129-138, 2006.

MORAN, José Manuel. A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá. Papirus Editora, 2007.