UM DESFIO D’APRENDIZAGEM EM MOCUBA E INHASSUNGE: Os Papeis Da Historiografia Local E As Suas Contextualizações Em Moçambique, Na África.

Por Tubias Capaina | 24/01/2022 | Educação

Resumo:

O presente artigo aborda sobre a necessidade para a implementação de História Local nos Processos de Ensino e Aprendizagens de História em Moçambique, na áfrica. Pretende-se com o artigo dar a conhecer alguns factores que contribuem para o desconhecimento da História Local. Em algumas Províncias Moçambicanas são ricas em valores histórico-culturais, facto que devia ser utilizado para a leccionação nas Escolas Secundárias de forma a conhecer os seus povos guerreiros, sua cultura, seus heróis e tantos outros aspectos importantes. Entretanto, existem números alarmantes de escolas e professores de História se deparam com uma realidade pouco plausível de grande parte dos alunos que não conhece a história de sua comunidade, pretendendo-se apenas a História nacional desvinculada da sua realidade local e de seu contexto histórico local. Esse problema causa o desinteresse dos alunos pela História pelo facto destes não se sentirem inseridos no processo histórico a qual essa História se constrói.

O artigo por um lado oferece aos professores a possibilidade de refletirem para a correlação da matéria que lecciona com a realidade da comunidade em que estão inseridos, assim como da sua província com vista a proporcionar aos alunos uma compreensão mais simples dos conteúdos a abordar e revesti-los de um espírito crítico e transformá-los em alunos activos. Por outro, aos alunos ao fazerem esta interligação da História patente nos manuais de ensino com o das suas comunidades vão desenvolvendo uma mentalidade cada vez mais aberta para as questões relacionadas com as vivências sociais, evidências políticas e económicas de diferentes sociedades incluindo as suas.

Palavras-chave: Cultura, História Local, Aprendizagens e Consolidações.

Introdução

O estudo histórico desempenha um papel importante na medida em que contempla pesquisa e reflexão da relação construída socialmente e da relação estabelecida entre indivíduo, grupo e o mundo social. Nesse sentido, o ensino de História poderá abrir espaços de escolha pedagógica capaz de possibilitar ao aluno reflecções sobre seus valores e suas práticas cotidianas e relacioná-los com a problemática histórica inerente ao seu grupo de convívio, à sua localidade, à sua região e à sociedade nacional e mundial. Entretanto, o ensino de história local apresenta-se como um ponto de partida para a aprendizagem histórica, pela possibilidade de trabalhar com a realidade mais próxima das relações sociais que se estabelecem entre educador, educando, sociedade e o meio em que vivem e actuam. Nessa perspectiva, o ensinoaprendizagem da História Local configura-se como um espaço-tempo de reflexão crítica acerca da realidade social e, sobretudo, referência para o processo de construção das identidades destes sujeitos e de seus grupos de pertença. Em Mocuba por ser corredor e porta de entrada para os vigentes e Inhassunge particularmente por estar pouco isolada, tratando-se de uma pequena ilha, essa realidade é ainda mais complicada, uma vez que a boa parte da população nestes locais é oriunda de outras regiões do país, onde a migração é constante entre Distritos e cidades vizinhas. Isso se reflecte em sala de aula onde a maioria dos alunos desconhecem, ignoram e desrespeitam suas origens e as origens das regiões que hoje habitam, o resultado dessa realidade é um ensino de História desprovido da participação e do engajamento dos alunos que se sentem desmotivados e segregados do contexto e processo de construção do seu conhecimento histórico regional com a abordagem da História Local os alunos passam gradativamente a observar e perceber o significado de outras matérias construídas no passado; a compreender que as realidades históricas de determinada localidade e de seus habitantes no tempo não se dão isoladas do mundo, mas como parte do processo histórico em que populações locais constroem suas identidades culturais e sociais; que estas identidades são diversas, mas todas merecem respeito. Entretanto, apesar da riqueza histórico-cultural é possível verificar que nas Escolas, alunos que não têm conhecimentos sobre o seu passado, sobre a sua identidade Histórica, sobre a História dos seus bairros, bem como a história do distrito na qual estão inseridos, professores que não conhecem a História do bairro onde a Escola está inserida e dos bairros 4 circunvizinhos, o que faz com que estes não interliguem a história temática a leccionar com os das suas comunidades ou bairros. Existência de alunos que não sabem responder questões ligadas a História Local, sobre os locais de interesse Histórico nacionais, em particular nestes dois distritos, assim como a hierarquia sócio-política dos seus bairros, bem como a origem do nome dos Distrito, isto acaba contrastando com o que esta patente no actual Programa Intermédio do Ensino Básico, que preconiza o estudo da História Local durante as aulas de História. É preciso introduzir políticas educativas locais com vista a impulsionar o estudo da História Local, para se produzir documentos Históricos locais e sua posterior leccionação. Para isso, deve haver encontros entre os anciãos ou secretários dos bairros com os alunos e jovens, para transmitir o legado histórico do bairro ou comunidade onde vivem. O entendimento e o conhecimento da história local tem o poder de proporcionar ao educando reconhecer-se como agente participativo e transformador da sua História Local e nacional e consequentemente gera o interesse e a valorização da mesma facilitando a aprendizagem. Diante desse contexto, os alunos e a escola devem fazer da história local uma ferramenta de facilitação no processo de ensino aprendizagem da História nacional, sendo que o entendimento das origens e raízes dos alunos como membros de uma comunidade ou um grupo social faz com que eles se interessem mais pelo aprendizado da História, fazendo com que eles se sintam realmente agentes participativos do processo histórico. [...]

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