1 INTRODUÇÃO

Ao se ponderar historicamente sobre as ações inclusivas na rede regular de ensino no Maranhão é possível observar como esse público se manteve por um longo período afastado das prioridades das políticas educacionais do estado maranhense. Por outro lado, esse afastamento acarretou no surgimento de inúmeras ações pertinentes, desafiadoras e corajosas impulsionadas por um movimento marcado por lutas e conquistas em pró de uma educação capaz de atender a pessoa deficiente. Por vários anos, as atenções na área da educação pública inclusiva transitaram as margens das prioridades do poder estadual, constituindo-se e alinhada a estratégias triviais, políticas viciadas e ações contraditórias, fortemente influenciadas por práticas clientelistas e particularistas amplamente difundidos, defendidos e praticados, nas quais insistiram em persistir no Estado até a metade da década de 2010.
Distante geograficamente e periférico no protagonismo político educacional de importantes decisões do governo federal, o Maranhão se posicionou tardiamente em priorizar a educação como problema emergencial, levando-o para uma inépcia tanto na qualidade como na oferta de escolas para sua população. Entretanto, as precariedades da rede de ensino aliado à escassez do atendimento educacional acabaram reforçando significativamente o quadro de exclusão social, consequentemente corroborando no posicionando do estado no final do ano de 2015 entre aqueles com os piores índices de desenvolvimento humano do país (IDH).
A pesquisa realizada por Carvalho (2004) já alertava para esse problema ao apresentar dados preponderantes sobre o quadro de exclusão social presentes na amostragem do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na qual verificou que mais de 35% dos municípios maranhenses possuíam o maior grau de exclusão social do país, ou seja, grande parcela da população, principalmente do interior não tinham acesso à educação ou pelo menos, uma educação de baixa qualidade. Nesse mesmo sentido, os estudos realizados por Raposo (2004) reforçam esse entendimento, mas também constata a ineficácia do estado em efetivar durante muitos anos, politicas educacionais significativas constatando que mesmo havendo um enfrentamento para redução dos índices de analfabetismo e aumento da escolaridade, os referentes à pobreza e a exclusão social permaneceram quase inalterados aos longos das ultimas décadas. A conjuntura envolvida por políticas superficiais e viciadas não conseguiram garantir à maioria da população maranhense as necessárias condições de sobrevivência, inclusive acabaram apresentando alterações negativas em seus índices. É evidente que, aquelas voltadas para educação especial acabam sucumbindo pelas necessidades prioritárias do ensino regular, que há muitos anos no estado, não vem conseguindo êxito em oferecer o mínimo de qualidade no atendimento educacional.
É frente a essas questões que a proposta deste ensaio é produzir não apenas um delineamento de acontecimentos históricos, mas uma correlação em contextos específicos, entendendo sua concepção frente às conjecturas políticas do estado maranhense. Não se trata de fazer um recorte simplesmente histórico ou até definir a evolução da educação inclusiva no
Maranhão por entender que o campo além de vasto, necessita cada vez mais da atenção de estudiosos sobre o tema.
A intencionalidade se baseia em responder questões importantes que apesar de serem já mencionadas em outras pesquisas, precisam ser revividas para a continuação e perpetuação das memórias inclusivas delineadoras das políticas educativas do estado como: Como podem ser entendidos os desafios enfrentados pelas ações individualizadas e as políticas inclusivas no estado do Maranhão entre as décadas de 1950 a 2010? Quais as prioridades das políticas inclusivas no estado nesse mesmo período? Quais os deficientes que mais se beneficiaram com as ações do estado voltadas para o atendimento especializado?
Frente a esses questionamentos, o objetivo é realizar um panorama das ações que mais se destacaram no atendimento a pessoa deficiente entre as décadas de 1950 a meados de 2010 no intuito de contribuir com subsídios importantes no auxilio de pesquisas e futuros trabalhos científicos para aqueles, de forma direta ou indireta, busquem informações ou inspirem propostas numa área que ainda carece de atenção. Assim, especificamente procura analisar ações inclusivas visando correlacionar com a realidade social e histórica de cada contexto; averiguar as principais conquistas das pessoas com deficiência no Maranhão para o atendimento educacional; e compreender o papel da capital maranhense como impulsionador das ações inclusivas na rede estadual e municipal de ensino.
Neste percurso, as contribuições teóricas e históricas de Cardoso (2010), Carvalho (2000), Quixaba (2011), Cabral (2009a; 2009b) e outros autores forneceram direta e indiretamente, subsídios importantes para a construção histórica da educação inclusiva no Maranhão. Entretanto, foi necessário obter informações em trabalhos monográficos, obras, artigos e documentos eletrônicos que acabaram influenciaram consideravelmente nesse percurso. Assim, a pesquisa documental e de referências se alinharam fortemente, mas os avanços nas diversas frentes de coletas de dados ajudaram a desvelar contextos que se encontravam obscuros para o entendimento de certas circunstâncias singulares ao atendimento educacional a pessoa deficiente no Maranhão.