Sandy

Raul Santos

 

Se eu pudesse levar ao papel o que sinto no peito,

Quem me dera dizer com palavras o que me atormenta:

É meiguice, é ternura, é calor, é uma coisa sem jeito,

É meu barco nos mares da vida, ao sabor da tormenta.

 

São retalhos de doces momentos, se vejo os teus olhos,

Mas, em fúria, rugindo no peito, me explode um vulcão,

Muito longe da praia, meu barco navega entre escolhos

E a borrasca revolve terrível no meu coração.

 

Busco paz, raciocino, medito, mas já não é hora,

Meço o tempo, te sinto distante, já estou muito além,

Nem por sonho vislumbro uma sombra da verde esperança:

 

Mas, meu Deus, que fiz, pra encontrar-te tão somente agora?

Sem futuro, vazio, o amanhã tão distante não vem...

... mas, reflito, te afasto da mente, afinal, ainda és criança!...

São João do Paraíso/BA, junho de 1992.