Resumo do documentário “Pro dia nascer Feliz”

Autor: Elionai Dias Soares Professor de OMF - Anatomia Humana – Cesmac/AL Acadêmico de Educação Física – Claretiano/SP Contato: [email protected]

O documentário “Pro dia nascer feliz”, de João Jardim, demonstra a realidade escolar em diversas regiões do Brasil. O filme destaca momentos de desafios e transformações de escolas menos favorecidas – trazendo à tona as dificuldades econômico-sociais - assim como estruturas pedagógicas precárias do corpo docente. No entanto, o documentário também chama a atenção para projetos escolares realizados com sucesso, ainda que com poucos recursos e descasos das políticas públicas educacionais.

Introdução

Os contrastes demonstrados entre realidades distintas, por exemplo, entre cidades do nordeste x capitais do sudeste brasileiros, apontam para os reflexos diretos das conjunturas familiares (dificuldades ou regalias) no processo de ensino x aprendizagem no trajeto escolar básico / fundamental. Porém, estudiosos da pedagogia histórico-crítica destacam a necessidade de contextualizar a vivência social com o aprendizado em si. Assim, urge que a educação seja repensada a todo momento, indo muito adiante da necessidade de atender aos apelos do mercado capitalista.

Considerações sobre o documentário

Segundo o documentário, mesmo após 44 anos da produção do filme, 97% dos estudantes entram para a escola (idade escolar), sendo que 41% não completam a 8a série. A evasão escolar alta chega a um terço do total dos que se matriculam. Concomitante ao estudo do documentário, ao acessar o site do INEP, pode-se verificar informações referentes às escolas da rede estadual (RE) e escolas municipais (RME) do Estado de Alagoas e

município de Maceió, que oferecem anos iniciais, anos finais e ensino médio. As informações atuais do portal demonstram taxas de abandono nos cinco primeiros anos do ensino fundamental na ordem de 12,4%, na rede municipal e 19,5%, na rede estadual (quadro 1).

Ainda nesse entendimento, Ronsoni (2008) afirmou que os indicadores nacionais apontam que, das crianças em idade escolar, 3,6% ainda não estão matriculadas. No entanto, entre aquelas que estão na escola, 21,7% estão repetindo a mesma série e apenas 51% concluirão o Ensino Fundamental, fazendo-o em 10,2 anos em média. Assim, a evasão é tema constante de preocupação dos gestores, cabendo análise crítica dos diversos aspectos político-sociais-econômicos que incidem na vida da criança e de sua família. Na matéria exibida, verifica-se em diversos momentos a busca dos educadores em transformar as dificuldades em deficiências de fases, com valorização do aspecto temporário de cada momento.

Outro desafio apresentado é a relação de muitos alunos para um único professor, em sala de aula. Também destaca-se a responsabilização do docente pela instituição, em um modelo industrial de educação. Segundo os dados do INEP, pode-se verificar 10.166 alunos matriculados na rede de ensino municipal contra 195.040 alunos, na rede estadual, totalizando 205.206 estudantes ingressos no ensino fundamental, em 2016. É importante destacar que desse total, 36.151 alunos estão localizados na capital do estado (quadros 1 e 2).

Ao mesmo tempo em que se analisa o número de alunos em sala x a quantidade de professores, a análise crítica do espaço sala-de-aula também é abordado na matéria de João Jardim, pois esta deverá ser apenas um dos dispositivos para que o processo de ensino-aprendizagem possa ocorrer. Com isso, transforma-se a relação mútua entre o tradicional ensinante e o tradicional aprendente, num contexto bem mais amplo, sem barreiras físicas institucionalizadas.

Conclusões

A reflexão proposta pelo documentário e a análise dos dados no estado de Alagoas e município Maceió, trás à tona a educação como instrumento de transformação da sociedade, sempre no coletivo. Paradoxalmente, a matéria também vem demonstrar que muita das ações instituídas, fora da zona de conforto dos gestores, independem de recursos financeiros das políticas públicas e recursos materiais. Nesse contexto,

criatividade e diversidade são atributos nesse desafio de recriar a relação educacional. Por fim, há diversas vezes no documentário assistido a constatação de que a escola, com sua liberdade de autogoverno, possui sua própria forma de se expressar nos seus próprios caminhos de acolhimento, ainda que com todas aquelas dificuldades.

Anexos

Quadro 1: Painel educacional estadual sobre o estado de Alagoas quanto às escolas das redes estadual (RE) e municipais (RME) e anos iniciais, finais e ensino médio.

Quadro 2: Painel educacional municipal com informações consolidadas sobre o cenário educacional da cidade de Maceió / AL:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRUEL, Ana Lorena de Oliveira. Políticas e legislação da educação básica no Brasil. Curitiba: InterSaberes, 2012.

CORRÊA, R. A.; SERRAZES, K. E. Políticas da Educação Básica. Batatais: Claretiano, 2013.

INEP. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Anísio Teixeira. Ministério da Educação. Disponível em: . Acesso em: 03 mar. 18.

JARDIM, João. Pro dia nascer feliz. Youtube, 08 abr. 2014. Disponível em . Acesso em: 03 mar. 18.

RONSONI, Marcelo Luis. Ensino Fundamental de nove anos. Desafios políticos e pedagógicos em sua implantação. Disponível em: . Acesso em: 04 mar. 2018.