O artigo de Bernardo Mançano Fernandes, registra uma trajetória da luta pela terra e a resistência camponesa nos 500 anos de Brasil. A luta pela terra já é uma característica estabelecida desde a chegada dos colonizadores há 500 anos, principiada com os índios nativos e que vem se estendendo desde então, passando pela exploração escravocrata, e pelos trabalhadores. Ainda no século XVI e XVII diversas lutas indígenas Tamoios e Guaranis, foram registradas, contra a invasão dos territórios. O momento foi de substituição da exploração indígena pela escravidão que contou com mais de 15 mil escravos nos engenhos. A resistência negra, contava com apoio dos quilombos, uma terra de negros buscando liberdade. Palmares, foi o maior deles. Muitos Quilombos foram destruídos, mas logo, outros eram erguidos. A partir de meados do século XIX, foi criada a propriedade da terra em função do avanço capitalista. Os escravos passaram a trabalhadores dos ex-escravocratas e foi mantida a separação entre trabalhadores e meios de produção. O processo da propriedade da terra, levaram os escravos ao trabalho livres, mas sem-terra. Os senhores de terra desenvolvem o sistema de grilagem que dominaria todas as terras. As explorações e expulsões. Nascia os posseiros, que pelos sistema de grilagem que subornavam, falsificavam e assassinavam trabalhadores. Assim os camponeses sem-terra passaram a formar fazendas apropriadas por coronéis. Quase 40 anos depois, após a instituição do cativeiro da terra chegava o fim do cativeiro humano e, a maioria dos trabalhadores deram início à categoria conhecida no final do século XX como os sem-terra, que vem delinear o processo de formação camponesa do século XIX. Na Bahia, camponeses sem-terra terminaram uma peregrinação no arraial de Canudos. Era um movimento social messiânico não submetido à ordem de coronéis e latifundiários, tornando-se inimigos de guerra. Todavia, Canudos fora o maior exemplo de organização de resistência. Todos com direito à terra, se organizaram economicamente, iniciando a formação de um fundo popular por meio do trabalho cooperado e reprodução da comunidade. Os camponeses acabaram destroçados em diversos movimentos espalhados no Brasil, opondo-se à república dos coronéis e da miséria e combatiam a insurreição dos pobre do campo. No iniciar do século XX, no nordeste surgiu em virtude das perseguições um novo movimento em forma de banditismo social marcado pelo cangaço, onde camponeses rebeldes atacavam fazendas e vilas. Tais movimentos foram divisores, para a demarcação de espaços políticos.