RELATÓRIO DE ATIVIDADES DO ESTÁGIO ESPECÍFICO EM PROCESSOS INSTITUCIONAIS E DE SAÚDE II
Publicado em 19 de julho de 2022 por Marcio Honorato de Sousa Filho
INSTITUTO LUTERANO DE ENSINO SUPERIOR DE ITUMBIARA CURSO DE BACHARELADO EM PSICOLOGIA
MÁRCIO HONORATO DE SOUSA FILHO
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DO ESTÁGIO ESPECÍFICO EM PROCESSOS INSTITUCIONAIS E DE SAÚDE II
Relatório de atividades apresentado ao Curso de Bacharelado em Psicologia, do Instituto Luterano de Ensino Superior de Itumbiara- Goiás, como requisito parcial para aprovação na disciplina Estágio Específico em Processos Institucionais e de Saúde II ministrada pela Prof. Fausto Rocha
1.INTRODUÇÃO
O atual relatório final descreve as atividades durante o Estágio Específico em Processos Institucionais e de Saúde II, do 10º semestre do curso de Psicologia do Instituto Luterano de Ensino Superior de Itumbiara – Goiás. As atividades ocorreram no período do mês de junho de 2022, sob supervisão do Professor Especialista Fausto Rocha, no âmbito de atividades de atuação profissional organizacional.
O objetivo geral das atividades é propiciar ao aluno conhecimento acerca da prática do Psicólogo em Organizações e possibilitar o contato do aluno com a cultura e a realidade do ambiente de trabalho no contexto organizacional.
O objetivo específico das atividades foi a realização de uma pesquisa de clima organizacional. Segundo CODA (1993, apud BISPO), o clima organizacional é aquilo que indica o quão satisfeitos estão os colaboradores de uma empresa com relação a diversos aspectos da cultura e realidade aparente da organização. Deste modo, a pesquisa propõe a análise do clima organizacional em uma empresa do ramo sucroalcooleiro do estado de Goiás.
Este relatório apresentará o referencial teórico utilizado, onde será discutido o modelo de pesquisa adotado. Em sequência, detalha-se informações sobre a empresa, quantos colaboradores foram entrevistados e como os dados foram coletados. Posteriormente, expõe-se as informações obtidas com os membros da organização, aliadas a uma interpretação sobre esses conteúdos. Por fim, são feitas considerações finais sobre as atividades e os resultados da pesquisa.
2.REFERENCIAL TEÓRICO
- – Clima Organizacional
Segundo MARTINS (2008), clima organizacional é um conceito que permite a compreensão da influência do contexto de trabalho no comportamento e atitudes das pessoas membros de uma organização, bem como sua qualidade de vida e o desempenho da própria organização. Schneider e Reichers (1983, apud MARTINS) apontam que as percepções dos trabalhadores de uma mesma organização tendem a ser similares, e constituem a base do clima organizacional.
O conceito de clima organizacional se desdobra de definições postuladas por pesquisadores da psicologia de grupos, como Kurt Lewin, que propôs o conceito de Campo Grupal. Como vemos em MINICUCCI (2002), o campo grupal para Lewin seria uma extensão do conceito de campo de um indivíduo, aplicado a um grupo. Enquanto o campo de uma pessoa é seu espaço de vida, constituído pela pessoa e seu meio psicológico como existe para a pessoa, o campo grupal consiste em elementos de um grupo e de um meio tal como existe para o grupo naquele momento.
É, portanto, natural querer afirmar que o clima organizacional seria o clima psicológico de uma organização. No entanto, como aponta MARTINS (2008), é necessário fazer uma distinção entre esses conceitos. Segundo a autora, o clima organizacional é constituído por elementos cognitivos. Em contrapartida, o clima psicológico é constituído por elementos afetivos.
Ademais, cabe fazer outra diferenciação para que se tenha bastante claro os limites daquilo que inclui o clima organizacional. Um dos construtos relacionados ao contexto de organizações é a satisfação no trabalho. Esta é definida por Siqueira e Gomide Junior (2004, apud MARTINS) como o vínculo do indivíduo trabalhador com o seu trabalho. Esse vínculo é constituído por aspectos cognitivos e afetivos. Já o clima organizacional é formado por percepções partilhadas pelos trabalhadores sobre a ausência ou presença de aspectos do ambiente de trabalho (MARTINS, 2008). Essas percepções são desenvolvidas através das relações dos colaboradores com as políticas, práticas e procedimentos organizacionais (TORO, 2001, apud MARTINS, 2008).
O estudo do clima organizacional é relevante porque as percepções dos membros sobre os aspectos do ambiente de trabalho são a base da formação de opiniões acerca da realidade do trabalho. Essas opiniões são fundamentais podem provocar impactos
importantes nas organizações, uma vez que determinam o comportamento das pessoas que as compõem (MARTINS, 2008).
2.2– A Escala de Clima Organizacional
A Escala de Clima Organizacional (ECO) tem por objetivo avaliar as percepções do colaborador sobre os aspectos do ambiente de trabalho (MARTINS, 2008). O conjunto dessas percepções compartilhadas por todos os trabalhadores, como dito anteriormente, é o que define o clima organizacional. A ECO é uma escala multidimensional, uma vez que é avalia 5 fatores através de 63 itens. Esses fatores são: apoio da chefia e da organização, recompensa, conforto físico, controle/pressão e coesão entre colegas (MARTINS, 2008).
A aplicação da ECO pode ser feita individual ou coletivamente. É necessário que a aplicação ocorra em condições favoráveis, em um ambiente tranquilo e confortável. O aplicador deve garantir que todos tenham compreendido as instruções. Não existe limite de tempo para a aplicação da ECO (MARTINS, 2008).
Como a ECO é uma escala multifatorial, seus resultados devem ser interpretados por fator. O objetivo é a obtenção de uma média fatorial para cada um dos fatores, o que implica em um diagnóstico que se baseia nos 5 aspectos citados acima. Para cada fator, soma-se, para cada respondente, o resultado de cada um dos itens correspondentes a tal fator e divide-se esse resultado pela quantidade de itens. Em sequência, soma-se as médias obtidas de cada respondente para o mesmo fator, e divide-se pelo número de respondentes. O valor obtido é a média fatorial daquele determinado aspecto. Esse valor deve ficar entre 1 e 5 (MARTINS, 2008).
A interpretação dessas médias fatoriais considera que quanto maior for seu valor, melhor é o clima organizacional. Valores maiores que 4 indicam um bom clima, enquanto valores menores que 2,9 apontam um clima ruim. Isso só não se aplica no fator “controle/pressão”. Aqui, quanto menor o valor, melhor o clima.
3.PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL
A pesquisa foi realizada com um total de 23 colaboradores de uma empresa do ramo sucroalcooleiro, localizada no estado de Goiás. Cada um dos entrevistados recebeu um documento que os solicitava a avaliar 63 itens relacionados a sua experiência como trabalhadores da empresa (Anexo A).
Os itens, conforme proposto por Martins (2008), eram relativos a cinco fatores da vivência organizacional. O primeiro fator, composto de 21 itens, avaliava o Apoio da Chefia e da Organização. O segundo era avaliado através de 13 itens relacionados à Recompensa. Quanto ao Conforto Físico, os entrevistados avaliaram 13 itens, e 9 itens eram relativos ao Controle/Pressão. O último fator, a Coesão Entre Colegas, era analisada em 7 itens.
Cada sujeito deveria atribuir um número entre 1 e 5, sendo 1 para aquelas afirmações com as quais discordava completamente e 5 para as que concordava completamente.
Para avaliar o clima organizacional, é preciso obter a média de cada fator. Para tanto, soma-se a resposta de cada sujeito para um determinado item e divide-se o resultado desse somatório pela quantidade de colaboradores que responderam a avaliação. Isso deve ser feito para todos os itens. Em sequência, soma-se a média de cada item e divide-se pela quantidade de itens. O valor obtido é a média do fator.
Quanto maior a média, melhor o clima organizacional relativo àquele aspecto, com exceção do fator Controle/Pressão. Quanto ao Apoio da Chefia e da Organização, a empresa foi avaliada em 3,89 (Anexo B), o que indica um bom clima organizacional. A média do fator Recompensa foi 3,61 (Anexo C), o que também indica que há satisfação entre os trabalhadores. A média do fator de Conforto Físico foi de 4,23 (Anexo D), o que representa um excelente resultado, já que, segundo Martins, valores acima de 4 para quase todos os fatores representam um ótimo clima organizacional.
Já o fator Controle/Pressão obteve uma média de 3,24 (Anexo E). Isso significa que esse fator merece atenção, uma vez que, ao contrário dos outros fatores, quanto menor a média, melhor o clima. O ideal seria que essa média ficasse próxima ou inferior a 2,9. Por fim, o fator de Coesão obteve média de 3,71 (Anexo 6), o que indica um resultado satisfatório.
4.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com as atividades realizadas, foi possível compreender melhor o que é o clima organizacional e ver na prática a efetividade do uso da Escala de Clima Organizacional. Para que isso fosse possível, o uso da literatura recomendada foi imprescindível, e esta serviu como bom referencial teórico para a pesquisa.
O formulário preenchido pelos membros da empresa foi preciso e útil para a coleta das informações necessária para avaliar o clima da organização. Para a análise dos dados coletados, foram elaboradas tabelas que serviram para que fossem feitos os cálculos necessários para a obtenção das médias de cada fator que avalia o clima organizacional.
Através da análise das médias obtidas, foi possível concluir que a empresa oferece um bom clima organizacional, uma vez que todos os valores ficaram acima de 2,9, e no fator Conforto Físico, a média indica que a experiência dos funcionários é excelente.
No entanto, cabe reforçar que no quesito Controle/Pressão, a empresa não recebeu uma média tão satisfatória, uma vez que o ideal seria, nesse caso específico, que a média ficasse abaixo de 2,9.
Conclui-se então que, apesar de oferecer um clima organizacional positivo num geral, os colaboradores sentem-se muito pressionados no ambiente de trabalho.
5.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BISPO, Carlos Alberto Ferreira. Um novo modelo de pesquisa de clima organizacional. Production, v. 16, p. 258-273, 2006.
MINICUCCI, Agostinho. Dinâmica de grupo: Teorias e Sistemas. 5. ed. São Paulo: Atlas, p. 26-34, 2002.
MARTINS, M. do C. F. Clima Organizacional. In: SIQUEIRA, M. M. M. (org.). Medidas do Comportamento Organizacional: ferramentas de diagnóstico e de gestão. Porto Alegre: Artmed, 2008. cap. 2, p. 29-38.