CHARMAZ, Kathy. Studying Lived Experience Through Grounded Theory: Objectivist and constructivist methods. Ontario, Canada: University of Waterloo, 1993, p. 509 - 535.

LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. 13 reimpressão. São Paulo: EPU, 2011, p. 11 - 24. (Temas básicos de educação e ensino).

José Paes de Santana[1]

 

A pesquisa etnográfica, ou antropológica, utilizada em educação, no Brasil, a partir da década de 70, busca descrever um sistema de significados culturais de um determinado grupo (LÜDKE E ANDRÉ, 2011), e em educação deve pensar o ensino e a aprendizagem dentro de um contexto cultural amplo.

Lüdke e André (2011) citando Wilson (1977) afirmam que ela se fundamente em dois conjuntos de hipóteses. A primeira hipótese naturalista-ecológica para a qual o homem é significativamente influenciado pelo seu contexto circundante, enquanto a segunda qualitativo-fenomenológica busca interpretar o comportamento humano dentro de um quadro de referências, onde pensamentos, sentimentos e ações têm seus significados interpretados através da coleta de dados por um pesquisador que exerce o papel subjetivo de participante e objetivo de observador, buscando documentar, monitorar, e encontrar significados culturais dados pesquisados, enfim buscando pesquisar a realidade de um grupo a partir de sua cultura.

Apesar de nenhum método ser recomendado em específico, pode-se utilizar e entrevista e a observação participante, além de análise documental e fotográfica, entre outros (LÜDKE e ANDRÉ, 2011). Já quanto a hipótese, esta não deve estar fechada obrigatoriamente no início da pesquisa.

Com respeito à Teoria Fundamentada em dados, ela é indutiva e baseada na análise sistemática dos dados que não se submete necessariamente à dogmática técnica de teses hipotético-dedutivas, mas defende o estudo dos fenômenos sociais baseados na pesquisa qualitativa “qualitative research” (CHARMAZ, 1993).

Assim, ao confrontarmos a subjetividade com a realidade, desconstruímos e reconstruímos nossa própria realidade, razão porque o problema original da pesquisa vai sendo recriado ao longo do seu desenvolvimento, de modo que o Método Construtivista na Teoria Fundamentada em dados se baseia em tal reconstrução, a caminho do que se procura, para responder o que se indaga, enquanto método objetivista “objectivist method” (CHARMAZ, 1993), que se baseia nesse confronto com a realidade, sem contudo mergulhar apenas no tradicional método científico das ciências naturais.

            Em suma, “A Teoria fundamentada objetivista aceita a suposição positivista de um mundo externo que pode ser descrito, analisado, explicado, e previsto,” segundo Charmaz (1993, p. 524), de modo que esta ponte entre abstrato e concreto é o modo como se pode fazer pesquisa baseada na Teoria Fundamentada, dividindo espaços com estudos etnográficos em que se compreende o fenômeno do modo como ele emerge dos dados, com o desejo de entender determinada situação e não de reafirmar ou comprovar as bases teóricas do pesquisador.



[1] Mestre em Educação. Graduado em Ciências, Matemática, Bacharel em Direito e atualmente é Diretor do Centro de Ensino Fundamental 02 do Guará - Secretaria de Estado de Educação do DF - Brasil. Trabalha com  Educação, com ênfase em Educação Matemática, Mediação de Conflitos, e Direito. [email protected]