PEDAGOGIA DO AMOR NO PROCESSO EDUCATIVO DOS ALUNOS COM SURDEZ

PEDAGOGY OF LOVE IN THE EDUCATIONAL PROCESS OF STUDENTS WITH DEAFNESS

 

Tânia Mara de Souza Sampaio¹

 

RESUMO

 

Este estudo visa reunir a discussão de novos modos de pensar e novas práticas para escolas e professores, baseado na relação emocional entre docentes e discentes. Esses novos relacionamentos sugerem mudanças gerais de comportamento, buscando trazer respeito mútuo e a importância do afeto, amor no trabalho educativo com a mediação do conhecimento voltada para a pedagogia do amor na educação dos alunos com surdez.

Os resultados bibliográficos da pesquisa certamente atrairão leitores e educadores em uma reflexão profunda, sobre os conceitos de planejamento no dia a dia da escola, como vital para a vida do aluno com surdez, propondo emoção, conhecimento e promovendo construção da existência humana mais feliz.

De acordo, com o princípio emocional na relação de mediação entre ensino e aprendizagem, a implementação da prática educacional está vinculada às relações interpessoais, e os professores que trabalham com surdos devem buscar alcançar um aprendizado efetivo relacionado à existência emocional, pensando de forma sistemática e abrangente, levando em consideração as necessidades da criança com surdez.

É preciso educar com emoção, paixão, entusiasmo, alegria, acreditar no potencial de cada aluno surdo e lhes permitir alcançar seus objetivos, superando limitações e condições de realizarem sonhos com orientação a superar a subjetividade e a integrar-se à sociedade.

 

PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagem. Educação. Emoção.

 

                                                                            ABSTRACT                                                               

 

This study aims to bring together the discussion of new ways of thinking and new practices for schools and teachers, based on the emotional relationship between teachers and students. These new relationships suggest general changes in behavior, seeking to bring mutual respect and the importance of affection, love in educational work with the mediation of knowledge aimed at the pedagogy of love in the education of students with deafness.

The bibliographic results of the research will certainly attract readers and educators in a profound reflection, about the concepts of planning in the daily life of the school, as vital to the life of the student with deafness, proposing emotion, knowledge and promoting the construction of a happier human existence.

According to the emotional principle in the mediation relationship between teaching and learning, the implementation of educational practice is linked to interpersonal relationships, and teachers who work with deaf people must seek to achieve effective learning related to emotional existence, thinking systematically and comprehensive, taking into account the needs of the child with deafness.

It is necessary to educate with emotion, passion, enthusiasm, joy, believe in the potential of each deaf student and allow them to reach their goals, overcoming limitations and conditions to make dreams come true with an orientation to overcome subjectivity and integrate into society.

 

KEYWORDS: Learning. Education. Emotion

 

 

INTRODUÇÃO

 

Para educar os alunos com surdez é preciso estabelecer uma relação de ensino baseada em emoção, atenção, respeito, despertando o processo autônomo de aprendizagem, dar atenção ao desenvolvimento, talentos e necessidades, a fim de inspirar o ensino.

O educador deve entender a existência de emoções, expressões e garantir que o conhecimento da escola não seja acumulado para descoberta, mas a inteligência como um grupo de funções, atitudes e habilidades que constituem um indivíduo.

A educação baseada no amor é um caminho de transformação, unidade e educação com emoção, paixão, entusiasmo, alegria e acreditar no potencial de cada aluno surdo lhes permitindo alcançar seus objetivos e condições de transformar sonhos em realidade.

 

PEDAGOGIA DO AMOR NO PROCESSO EDUCATIVO DOS ALUNOS COM SURDEZ

 

Este artigo possui metodologia bibliográfica e visa a teoria que integra as emoções na sala de aula como capacidade de despertar o processo de aprendizado autônomo da criança com surdez.

A escola deve não apenas ser uma extensão da família, mas também ser inspirada no ambiente familiar para proporcionar uma atmosfera íntima, segura e que o amor leve aos indivíduos surdos de obterem satisfação moral completa.

A emoção desempenha um papel central no trabalho dos pensadores que lançaram as bases da pedagogia moderna que aponta que a principal função do ensino é permitir que os educandos desenvolvam suas habilidades naturais, inatas e o amor desencadeia o processo de auto-educação no indivíduo com surdez.

O processo educacional deve incluir três aspectos humanos: cabeça, mãos e coração. O objetivo final da aprendizagem também deve ter três aspectos: inteligência, corpo e moralidade. Com as ferramentas obtidas dessa maneira, os alunos com surdez poderão encontrar liberdade e autonomia moral em si mesmos.

Podemos comparar a profissão dos docentes com a profissão de jardineiro, que deve fornecer às plantas as melhores condições externas para se adaptar ao crescimento natural.

Dessa forma, o aprendizado será realizado principalmente pelos próprios alunos surdos, com base em experiências e conhecimentos reais, experiências sensoriais e emocionais. O método deve passar do conhecido para o novo, do concreto ao abstrato, com foco no movimento e na percepção dos objetos. O que importa não é o conteúdo, mas o desenvolvimento de habilidades e valores em cada aluno surdo.

Os professores devem respeitar as etapas de desenvolvimento vivenciadas por seus alunos com surdez e dar atenção de acordo com seus diferentes tempos, seu desenvolvimento, seus talentos e necessidades, para que o ensino seja inspirador.

Dessa forma, o aprendizado será baseado principalmente nos próprios alunos com surdez, onde as experiências devem ser vistas em práticas e conhecimentos, sentidos e emoções. Assim, o indivíduo com surdez aprenderá fazendo e enfatizando nas ações e percepções do desenvolvimento, habilidades e valores.

É preciso acreditar que as crianças com surdez podem se tornar mais autônomas em resolver problemas da vida e participar da sociedade através da interação com o meio utilizando a língua de sinais.

O professor é um intermediário no processo de desenvolvimento da aplicação das emoções como ferramenta no promover do aprendizado, deve acreditar na importância das emoções no desenvolvimento humano e no estabelecimento de boas relações sociais. O movimento é a base dos pensamentos e emoções que são a base do assunto.

Sob essa perspectiva, a educação não se trata apenas de transmitir informações, mas também de ajudar as crianças surdas que precisam estar conscientes de si mesmas, dos outros, da sociedade em que vivem e o seu papel nele.

Com um pequeno gesto, sorriso, observação, atitude respeitosa, o docente torna-se combustível necessário para a adaptação, segurança, e com objetivo principal fazer com que os alunos com surdez se sintam importantes e valorizados.

O compromisso pessoal de educadores e profissionais vai muito além da amizade e carinho. O docente atuante com alunos surdos deve apreciar sua prática de ensino, desempenhando demonstrar efetivamente respeito ilimitado pelos alunos e se apresentar como um mediador que procura todas as emoções que o inspiram a exercer essa função social, com meios de buscar e criar a partir de suas crenças em uma abordagem justa e reflexível sobre os valores e emoções que afetam a dinâmica escolar.

É possível entender os sentimentos, atitudes dos discentes com surdez, pois as reações estabelecidas com o mundo permitem que os sujeitos deem o retorno das relações mútuas vividas.

Cabe aos educadores entender a existência das emoções, expressões e fazer com que os saberes escolares não sejam acumulados para descobertas e sim notar que a inteligência é um conjunto de funções, atitudes e habilidades, que compõem os indivíduos.

Os docentes atuantes com as crianças com surdez, podem melhorar as habilidades das crianças surdas de alguma maneira, para que elas construam seu próprio domínio emocional. E relacionado a esse assunto, os educadores têm uma compreensão exata em promover estágios para progredir e para que essas atividades ocorram, a criança deve sentir-se inserida no grupo educacional.

As relações estabelecidas nas atividades de ensino, além de compreensão, aceitação e entendimento, deve ser sempre cheia de boas-vindas, simpatia, respeito, apreciação, doçura, sinceridade, ajudar os alunos surdos a fazer novas amizades, valorizar o convívio, ser prestativo, oferecer ajuda e agradecer.

Se olharmos mais de perto o que acontece, podemos observar que a emoção está relacionada ao sentimento, pensamento e comportamento. São estados emocionais de situações externas ou experiências internas que nos mobilizam e produzem reações fisiológicas, pensamentos e ações. As emoções estão relacionadas à razão, à tomada de decisão e ao aprendizado, positivas ou negativas.

No processo do comportamento emocional a relação entre sujeito e objeto é fator decisivo, porque quando vemos o que aprendemos estabelecemos um relacionamento emocional com o sujeito, e a partir daí a maneira como lidamos com as emoções tem um grande impacto na qualidade dos relacionamentos que construímos, comportamento social, acadêmicos, desempenho profissional e saúde física e mental.

Conectando a implementação de práticas educacionais aos relacionamentos interpessoais, baseado em princípios de emoções na relação de mediação ensino aprendizagem, é preciso o docente atuante com os surdos, buscar alcançar um aprendizado efetivo relacionados pela existência das emoções.

O docente deve ser apaixonado pela ciência que tem como objeto de estudo a educação no processo ensino aprendizagem dos educandos com surdez. Devendo atuar, considerando as condições de ensino, o conteúdo a ser ensinado e sua relevância, clareza, como organizar o conteúdo, e proporcionar atividades que promovem a qualidade na motivação de cada ação educativa mediada em sala de aula.

A capacidade emocional nos alunos com surdez pode ser treinada e desenvolvida para promover uma melhor saúde emocional, que pode ser traduzida em mais recursos internos para lidar com os desafios da vida e maior resiliência, ou seja, a capacidade de superar as dificuldades encontradas.

Os vínculos e conexões estabelecidos na escola envolvem não apenas as relações sociais que ali ocorrem, mas também os vínculos com os quais as crianças surdas e os adolescentes surdos aprendem, e a escola representa como uma instituição dedicada à construção do conhecimento. Portanto, é necessário considerar ações deliberadas organizadas para cuidar da qualidade das relações entre colegas, estudantes, professores e outros agentes educacionais e entre adultos, ou seja, entre professores e outros adultos que trabalham nas escolas. Todas essas relações afetarão o ambiente emocional e de relacionamento da escola. Quanto mais popular, ativa, cooperativa, inclusiva e segura for essa atmosfera, mais benéfico será a promoção de uma escola envolvida na Pedagogia do amor.

Os espaços abertos para o diálogo e a participação, bem como as ações decisivas diante das dificuldades de aprendizagem, ajudam os alunos com surdez a se verem como membros da escola e fortalecem suas conexões com a unidade educacional.

Os educadores que mantêm contato próximo com os alunos com surdez todos os dias e estão em uma posição privilegiada para observar, descobrir sinais precoces de problemas e podem desempenhar um papel efetivo na promoção da saúde mental.

A escola deve buscar um espaço seguro e se tornar um local onde os alunos surdos possam aprender a interagir com as pessoas de maneira moral e civilizada, o que é uma referência positiva.

Na atuação junto aos alunos com surdez em sala de aula, é preciso usar vários recursos visuais no desenvolvimento das atividades que promovam o aprendizado, como pôsteres, fotos, apresentações em PowerPoint, vídeos  que forneçam explicações interpretadas em Língua de sinais, suporte e imagens relacionadas ao tema são essenciais para que haja o conhecimento, compreensão do tema, explorar o uso de imagens para relacionar conteúdo ao contexto, expandir a experiência linguística e usar legendas poderão apoiar os responsáveis dos estudantes com surdez durante as ações.

A educação baseada no amor é uma estrada com transformação, solidariedade, educa com emoção, paixão, entusiasmo, alegria, acredita no potencial de cada aluno com surdez e capacita os mesmos no atingir dos objetivos, superando limitações e condições para realizar sonhos.

O método de ensino da pedagogia do amor tem as características de cuidar de toda a pessoa e de cuidar dos outros, valendo ressaltar que os profissionais da educação não farão um diagnóstico, essa é a capacidade dos profissionais de saúde / médicos. Mas eles podem conhecer e identificar sinais e indicadores de possíveis problemas que precisam ser avaliados com profissionais externos qualificados.

Os educadores devem adicionar algumas atividades educacionais aos seus projetos para educar os alunos surdos sobre o desenvolvimento geral de atividades de entretenimento, para que possam entender seu verdadeiro valor na sociedade, enfatizando a socialização e a criatividade, pois elas podem garantir um bom relacionamento entre as pessoas do jogo e a alta sociedade.

Quando ainda há emoção e diversão, o aprendizado do aluno pode ser garantido, visando desenvolver a capacidade de aprendizado dos alunos através da compreensão do mundo e do conhecimento com foco na inteligência como fator básico de socialização, assim a fusão de diversão e emoção se torna valiosa no processo educativo dos alunos com surdez.

O processo de desenvolvimento deve ocorrer em uma interação projetada para atender às necessidades básicas e o estabelecimento de novas relações sociais, na qual, a interação emocional deve ser guiada pela qualidade, ampliando os horizontes da criança surda, orientando-as a superar a subjetividade e a integrá-las à sociedade.

A escola é a primeira mídia social fora do círculo familiar da criança surda e se torna a base para o aprendizado. Portanto, não resta dúvida de que a existência de um educador que percebe sua importância é necessária não apenas como reprodutora da realidade atual, mas como reformadora com uma perspectiva de realidade socialmente crítica.

Atitudes democráticas facilitam o aprendizado, e ao perceber o gosto da criança com surdez, o docente deve fazer pleno uso de suas habilidades e incentivá-las.

Pelo contrário, autoritarismo, hostilidade e tédio farão com que os alunos percam a motivação e o interesse em aprender. Como esses sentimentos são o resultado da aversão dos alunos surdos, eles acabarão conectando o professor ao assunto e terão uma reação negativa ao docente.

O professor precisa estar ciente do fato de que as ações realizadas por seus alunos têm muitos significados e tentar verificar qual deles melhor traduz a intenção original. Além disso, ao interagir com a sala de aula, o professor precisa entender sua personalidade, desejos, preocupações e valores que afetarão seu comportamento.

Em um mundo distante dos adultos, os espaços escolares deverão ser proporcionadores de oportunidades de privacidade e refúgio, permitindo que se conectem ou estabeleçam comunicação com seus pares em um momento de introspecção dos indivíduos surdos.

É preciso proporcionar práticas metodológicas de ensino da segunda língua, estimular a formação, opinião e pensamento crítico, avaliação diferenciada, considerando a interferência de aspectos estruturais da língua de sinais.

Os professores precisam habilitar o mecanismo de estabelecimento e estratégias de ensino que promovam a integração, especialmente para os alunos surdos, trazendo esse conhecimento para a sala de aula e tornando a Libras ferramenta para comunicar e adquirir conhecimento.

Organizando atividades que utilizem recursos visuais de comunicação e sirvam de apoio a informação mediada, com um trabalho significativo ao saber do educando com surdez.

Remodelar o processo educacional tem como pré-requisito, uma reflexão sistemática e abrangente, que leva em consideração as necessidades da criança surda, por experiências sensíveis, sentidos, vínculos, descobertas e aprendendo que o amor pode acalmar emoções, acalmar o pensamento, estimular a motivação, romper obstáculos e tornar a vida uma aventura agradável sem se sentir entediada, dolorosa ou sozinha.

Como todos sabemos, emoção é uma palavra quase extinta na sociedade. Algumas pessoas não sabem mais o que é. As novas tecnologias mantêm as pessoas afastadas e é preciso se dar importância para socialização, sentimentos, regras, valores e limites aos alunos com surdez, para que haja contato físico, socialização com outras crianças, aprendizado, e ressaltar que as crianças precisam ser crianças reais, não robôs programados.

Tomar ações afirmativas para melhorar a cultura e a identidade das pessoas surdas e sempre assumir a responsabilidade de promover a cidadania, portanto, seremos capazes de criar oportunidades para os direitos de todos na construção de uma sociedade mais igualitária com gentileza, carinho, sabedoria  e com base na Pedagogia do amor no processo educativo do incluir os indivíduos com surdez.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

O presente estudo nos permitiu verificar que, durante o desenvolvimento deste trabalho, observamos a importância das emoções como ferramenta para facilitar o processo de ensino aprendizagem e o professor desempenha um papel mediador, ajudando os educandos com surdez a alcançar o sucesso.

Concluímos que é importante refletir sobre a importância das emoções para que os alunos com surdez possam ser entendidos, aceitos, respeitados e os professores possam entender suas ideias e ter a sensibilidade de se comunicar com eles. Acreditando que crianças surdas possam usar a língua de sinais para interagir com o ambiente, resolver problemas de vida de maneira mais autônoma e participar de atividades sociais.

Ações em melhorar a cultura e a identidade dos surdos, assumindo sempre a responsabilidade de promover a cidadania e que possamos criar oportunidades para os direitos de todas as pessoas, construindo uma sociedade mais igualitária com simpatia, bondade, sabedoria e com uma Pedagogia baseada no amor na mediação do processo educacional.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ALMEIDA, Ana Rita Silva. A emoção na sala da aula. Ed. Papirus, Campinas, SP, 2012

 

AYALA, Walmir. Antologia poética, Mário Quintana. Rio de Janeiro; Nova fronteira Editora, 2015.

 

BRASIL, Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil.1998.

 

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Saberes Necessários à Prática Educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra Editora, 2015.

 

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra Editora, 2013.

 

GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. 2ª Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.