Tubias Capaina

Resumo

O presente estudo explora discursos sobre os Ritos de iniciação como uma forma de controlo Social. Esse artigo permite perceber a interação entre os ritos e iniciação o controlo social, a partir dos Macondes da Zona Militar em Maputo. Existem sim os Macondes, mas dentre estes Macondes há várias características por exemplo: num primeiro momento os rituais praticados pelos Macondes do planalto de Moeda eram por finalidade manter a segurança do grupo em momentos de guerras, por isso, a formação dessas pessoas eram tidas fora da povoação, ou seja, distante das famílias.
Sugerindo-se a capacidade de gerência nos conflitos e coragem para enfrentar qualquer situação, mas, com o decorrer dos tempos essas praticas foram adquirindo novos moldes devido os contactos que este grupo étnico teve com outros grupos e ainda hoje existem alguns autores que continuam a afirmar que é a partir dos rituais de iniciação que-se concedem a autoridade e a legitimidade do estatuto social quando estruturam e organizam as posições de certas pessoas desde os valores morais até as visões do mundo, porque cada ritual é um manifesto contra a indeterminação através da repetição e da formalidade elaboradas pelos grupos sociais, (Lopes: 2011).

Palavras-chave: Estatuto Social, Etnia, Controlo Social, Cultura, Macondes ou Makondes, Ritos de Iniciação.

Introdução

O artigo aborda em torno dos rituais de iniciação como forma de controlo social, para além de nos trazer subsídios de análise sobre os estatutos sociais. Os Macondes da zona militar situam-se ao redor da província de Maputo especificamente entre o hospital militar e os quartéis da polícia militar, comandos e centro do recrutamento. Trata-se de um grupo étnico com característica específica, apesar de este grupo for constituído por migrantes da província de Cabo Delgado e hoje residentes em Maputo há mais de dois anos eles apresentam características reconhecidas naquele meio Urbano.
A presente investigação de carácter explorativo abre linhas que podem ser aprofundadas futuramente como por exemplo a compreensão dos critérios usados para selecionar as pessoas que entram para os ritos de iniciação.
Estatuto Social
De acordo com (Jorge, 2008:09), o conceito de estatuto social pode-se definir como o lugar que um dado indivíduo ocupa num dado sistema e num dado momento. Para alguns autores os ritos de iniciação são também designados por ritos de passagem. Visto que a definição de criança como categoria social é divergente e não obedece referências cronológicas.
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Etnia
Historicamente a palavra etnia significa gentio é uma palavra proveniente do adjetivo étnico que deriva do substantivo etnos cujo significado é gente ou nação estrangeira. A noção de étnica foi criada no início do século: XIX, pelo antropólogo Vacher de la Pauge em 1886, este termo estava associada às noções de povo, raça e nação.
Considerando-se que a etnia é o fator fundamental da história pois tem como característica básica a submissão da seleção social do que a seleção natural. De acordo com (Roseiro 2013: 01) a seleção social é o fator que faz com que os elementos culturais superiores ou inferiores se combinassem em determinadas populações e assim determinando o crescimento e o declínio das nações.
Com isso inventou-se o conceito etnia para evitar a confusão deste conceito com o de raça que estaria ligado a associação das características morfológicas e qualidades psicológicas. Segundo (Roseiro 2013: 04) a etnia é um conceito eficaz para análise de vários contextos porque é dentro da etnia a que pertence o que o indivíduo construi a sua identidade visto que o mesmo conceito se resume em parentesco, religião, língua, território compartilhando símbolos e nacionalidades, além da aparência física.
Assim podemos sustentar que a etnia se configura no âmbito social e o grupo étnico vem a ser uma comunidade humana definida por afinidades linguísticos, culturais e semelhanças genéticas e essas comunidades geralmente estabelecem para si uma estrutura social, politica e um território.


Controlo Social


Percebe-se como a limitação de agir individual e exigida a vida em sociedade, (Azevedo 2009: 26) cit. Por isso para (Alves 2015), o controle social é também entendido como uma estratégia para democratizar o poder, o espaço, e o canal de manifestação de participação coletiva regularizada no Aparelho do estado, nessa perspetiva o controle social percebe-se a partir dos interesses individuais.
Para (Alves 2015), o controle social é entendido como uma estratégia para democratizar o poder, o espaço, e o canal de manifestação de participação social regularizada no Aparelho do estado, nessa perspetiva o controle social percebe-se a partir dos interesses individuais reivindicando interesses coletivos e intervir na melhoria das políticas públicas.
Neste artigo uso o conceito controle social proposto por (Alves 2015), para explicar o mecanismo difuso e democrático interiorizado pelas pessoas como um compartimento de responsabilidades sejam elas positivas ou negativas.


Cultura


Define-se cultura como um complexo unitário que inclui o conhecimento, a arte, a moral, a lei e a todas as capacidades e hábitos adquirido pelo homem enquanto membro da sociedade (Damatta 1987:52), parte deste ponto para referir que a cultura funciona sempre como formas puras, que permite se ajustar ou não a sua reprodução concreta por meio da sociedade, a ideia das realizações e realidades concretas. Já na visão de (Bernardi 1995:12), estes fenómenos devem distinguir-se claramente dos fatores da cultura por que estes estabelecem-se entre si como causa e efeito além da tradição e da inovação.Com isso classifica os fenómenos culturais em algumas categorias nomeadamente:
 

Aculturação
É o fenómeno da transformação cultural que resulta do encontro de duas ou mais culturas, por isso num dado momento o conceito referia-se somente ao aspeto passivo de assimilação de elementos culturais de uma cultura dominante. Mas na observação de (Bernardi 1995:12), hoje o conceito aplica-se ao fenómeno que pode ser considerado normal do encontro e do intercâmbio que se estabelece entre as culturas. Por Ex. Há pessoas que saem dum distrito para o outro em missão de trabalho ou escola. Com isso concordamos com (Damatta 1987:34˗54), ao sustentar que não deve se olhar para a cultura e a sociedade como planos distintos por que a relação das duas aparece no âmbito dialético onde a invenção da cultura parte do conhecimento do homem em si e a sociedade bem como a satisfação das suas necessidades mediante as suas capacidades cognitivas para materializar a ideia que é abstrata.
Embora as alterações que advêm do processo de aculturação podem afetar uma cultura em todos os seus sistemas: desde a língua que assimila e conjuga novos vocabulários e variações numa mesma sintaxe. Por exemplo: a estrutura da família e do parentesco existe um modo comum de produção e consumo onde o pai e a mãe têm o papel social de velar pelos filhos bem como os avos pelos netinhos, (Bernardi 1995:14). Por isso, o processo de alteração sugere maior perceção nas causas comum e frequente no processo de aculturações são as trocas comerciais o turismo, com isso diz-se que o fluxo cultural não tem um só sentido porque dá-se e recebe-se é uma dádiva se quisermos sintetizar as palavras no processo de dar e receber.


Enculturação


Percebe-se como sendo um processo educativo pelo qual os membros duma cultura se tornam conscientes e comparticipantes da própria cultura, por isso este processo cultural acontece de maneira formal e informal embora esta distinção não pode ser considerada absoluta. Na enculturação informal prossegue-se continuamente ao longo da vida das pessoas, e já na formal o processo acontece quando a formação das pessoas não é deixada a simples iniciativa de imitação da pessoa e aos cuidados ocasionais ainda que atentos a incessantes da família ou do grupo espontâneo mas é confiada de maneira especifica a um ou mais responsáveis e nela permanece o aspeto normativo e obrigatório, nesse ponto enquadra-se a ideia de que as mossas devem estar sempre ao cuidado das tias mais próximas por que são fáceis de se desviar dos princípios de casa por que pelo caminho podem encontrar varias pessoas com tendências diferentes, (Idem).


Inculturação


Entende-se como o processo de aprendizagem através dos quais uma pessoa ou mesmo um grupo assimila as concessões e as regras de vida própria do grupo ou das comunidades a que pertence, e por consequência se torna paciente ativo e passivo. Embora o fenómeno não termina com o atingir da idade adulta ou da plena autonomia individual, mas perante a todas as idades e no decurso da vida individual.
Este fenómeno diferencia-se da socialização no sentido de que na inculturação dá-se maior ênfase a ação do indivíduo. Exemplo do emigrante que deixa sua zona de origem na tentativa comercial, lazer, desporto, etc., mas do que para tal, ele deve inserir-se na nova sociedade para dela se tornar parte ativa sob o processo de aprendizagem da nova língua a associação ao grupos a que lhe colhem no local onde esta e a adequação aos novos modelos de vida que as distinguem da antiga comunidade. (idem)


Desculturação


Trata-se dum processo em que a pessoa em algum momento deixa de se identificar com os seus traços culturais de origem e passa a assumir aquela em que esta inserida na nova comunidade visto que é através das trocas culturais que surgem novos desenvolvimentos alterando as conceções e os modos de vida das pessoas e por esta razão advém a perda de alguns elementos da sua tradição tratando-se de trocas culturais visto que, um elemento é aceite e introduzido como novo porque responde a exigência precisas do mesmo modo será abandonado quando deixa de satisfazer as exigências, por isso muitas vezes o reconhecimento da utilidade de um sistema pode limitar-se a simples adesão a tradição paterna ou materna, a ideia de que os nossos pais fizeram assim e nós também fomos ensinados desta forma. Evitando a desorganização social de considerável importância (Bernardi 1995:119).
Como exemplos destes princípios temos os rituais de iniciação que se faz na zona militar por pessoas que vêm de zonas rurais e estão na zona urbana mas mesmo assim mantêm-se conectados aos princípios da sua história para não falar de tradição. Por isso (Rivière 1995:175), defende a ideia de que mesmo se tratando de espaços urbanos ou rurais em cada sociedade pode ser observada na sua maneira de ser em termos de manifestações culturais sobre a forma de organização e este é o papel do antropólogo com isso diz-se que as conceções religiosas, embora se relacionem com o aspeto da realidade humana ligado ao mistério e ao abstrato, incidem profundamente sobre o comportamento e dão lugar a estrutura e sistemas rituais.


Macondes ou Makondes
Macondes é um povo de África Oriental, descendentes de originários dos povos Bantu que fixaram-se numa zona a Sul do lago Niassa. Mas sustenta-se que a hipóteses desta origem é reforçada pelas análises das semelhanças culturais com os povos chewa, que até essa altura habitava numa vasta zona a sul e Sudoeste do lago Niassa. No entanto os macondes teriam pertencido a grandes grupos marave em tempos remotos e teria a iniciado a sua migração para Nordeste do lago Lugenda em tempos passados.
Os macondes eram povos constituídos por grupos familiares que só reconheciam a autoridade e o poder do chefe da sua povoação embora tivesse havido chefes que os seus poderes e estendiam para várias povoações (Roseiro 2013: 38). Apesar da identidade, das condições naturais e da explicação mais ou menos lógica, que os Maconde dos planaltos de “Aquém e Além Rovuma” a cerca da origem do seu nome existem um certo etnocentrismo a impedir que esse nome seja generalizado.
Os Maconde da Tanzânia chamam Mavia (Maviha) aos de Cabo Delgado, não lhes reconhecendo o direito à designação de Maconde. Presume-se, assim que a designação Maconde só pode ter começado a ser usada depois de um grupo de indivíduos se ter fixado no planalto de Moeda, seja qual for a sua origem. Maconde refere-se a um certo tipo de paisagem e fecundidade da terra, tornando-se a identificação do indivíduo que a habita. Makonde escrito com K significa terra fértil, (Kumakonde Kukonda Vinu) portanto: terra dos Makonde Kukunda Vinu (Roseiro 2013: 45).


Os Ritos de Iniciação ou de Passagem


Os ritos de iniciação ou de passagem são entendidos por Lévi-Strauss (1997) como princípios de conservação e preservação das regras matrimoniais, religiosas, de arte, ciência, relações económicas, baseadas nas relações das pessoas.
Com uma reflexão diferente de Lévi-Strauss (1997), Turner [1974] define os rituais de passagem como todos os eventos que acompanham qualquer mudança de lugar, estado, posição social ou idade. A explicação de Turner [1974] permite compreender que as pessoas transmitem os modos de vida de uma geração para outra. Entretanto, ao apresentar essa abordagem perde de vista os modos de vida dos iniciados apôs o ritual de passagem.
Da análise de Turner [1974] percebemos que o autor entende que todas as ações de mudança do espaço e da posição das pessoas em interação ou aos eventos que acompanham qualquer mudança de lugar, estado, posição social ou idade das pessoas e do meio em que se encontram são ritos de passagem.
Nesta pesquisa uso o conceito de ritos de passagem proposto por Turner [1974] para referir os eventos que acompanham a mudança de lugar, estado, posição social ou idade feita de forma estruturada.
Os exemplos dos ritos de iniciação como forma de controlo social no meio urbano
Da literatura analisada percebemos que, certas pessoas inscrevem os seus filhos e filhas para os ritos de passagem. E em alguns casos as crianças são inscritas por serem rebeldes e preguiçosas para o caso das raparigas, assim, quanto mais a criança for rebelde no caso do rapaz sob informação ou queixa dos seus parentes, essas crianças ficarão maior tempo na palhota como forma de castigo ou punição para receberem instruções sobre formas de comportamentos, perante os de mais é por esta razão que as famílias trazem as suas crianças para participar nesta ritos de iniciação, porque lá se aprende a cuidar de si e dos outros de tal forma que há pessoas que não vivem na zona militar mais trazem seus filhos para serem iniciados e corrigir os seus comportamentos em forma de continuidade da socialização primaria ou aquela de casa.
Tal como em (Malinowski 1978) as faixas etárias variam de uma sociedade para outra, seja no número de anos que abarcam, ou em relação ao número de graus etários, onde a firma que, de qualquer maneira, nas sociedades tradicionais há alguma forma de diferenciação, como se nota na descrição ocidental.
A potencialidade esperada do indivíduo é parte importante e constituinte do ritual, mas não representa sua totalidade. Restringir-se à ideia de funcionalidade do sofrimento é uma tolice. Se agir de determinado modo induz a pensar de determinado modo, a acção ritual significa conter o pensamento dentro da ordem do universo.
Assim, (Chiavinato s/ano), abordando sobre os métodos de socialização organizacional, percebeu que existem vários processos seletivos por onde as pessoas iniciadas aprendem a cultura organizacional antes de ser contratadas. Por isso, sustenta que a socialização inicia desde o ambiente do trabalho, os colegas do trabalho, a cultura predominante, os desafios, recompensas em vista e os conteúdos dos cargos em essas pessoas desempenham que são tarefas gradativas e desafiadoras pois o principiante quando é colocado em tarefas fáceis não tem esperanças de experimentar sucessos e nem motivações dele decorrente por isso é necessário um supervisor entendido como a figura que representa a imagem da organização.
Num outro exemplo narrou-se também que existiu um rapaz que antes de passar pelos ritos de iniciação, insultava os pais e levava o material dos colegas na escola então perante esse comportamento a mãe lhe inscreveu para participar nos ritos de iniciação e ficou lá 50 dias como forma de punição e quando saiu dos ritos, ele já não se comportava do mesmo jeito, porque o mestre da cerimónia lhe disse que se não cumprir o que foi ensinado nos ritos de iniciação, ele vai desaparecer.
Turner [1974] diz que, nos rituais os iniciados aprendem novos ensinamentos, que determinam e estruturam o modo de vida das pessoas. Procuramos algumas dessas pessoas iniciadas para conversar com elas e algumas delas afirmaram que entraram porque eram crianças e precisavam aprender tanto que uma delas disse-nos que, nunca levou nada dos amigos ou colegas da escola, mais empresta os materiais que não tinha. Exemplo: lápis de cor, borracha. Mas em algum momento perdia e quando pedia a sua mãe para devolver ela zangava, então foi inscrito na cerimónia para evitar esses problemas e se controlar melhor.
O outro caso que presenciamos foi a questão do garantir respeito no seio das famílias, algumas pessoas afirmaram que inscrever os seus filhos e filhas é garantir um espaço respeitoso dentro das suas famílias, por que certas crianças quando saem para outros lugares seja para estudar ou passeio quando voltam, depois de alcançarem seus objetivos tanto da escola como de outra actividade, eles casam-se lá e por esta razão podem voltar com outros comportamentos.
Por vezes contra os princípios da família, visto que, lá onde ele esteve aprende outras formas de vida, mas depois de passar pelos ritos de iniciação, ele pode ir onde quiser e ao seu regresso será sempre bem recebido, porque não deixara desse comportar como foi ensinado nos ritos de iniciação e sempre manterá o respeito com outros e a sua família principalmente. Exemplo: ele pode ir para onde quiser mas se quiser casar lá, ele ou ela ira chamar alguém da família para presenciar o seu casamento lá onde estiver.
Assim, de acordo com Balandier (1999) os ritos de iniciação constituem uma passagem de um estágio para outro, na qual os meninos adquirem uma nova identidade onde passa da fase de adolescência para a fase adulta. E durante as conversas eu perguntamos do quê que os meninos se alimentavam durante a cerimónia lá dentro da casinha designada palhota uma vez que, quando entram só saem no fim da cerimónia de iniciação e nunca antes, um dos meus amigos respondeu que eles se alimentam daquilo que os padrinhos ou madrinhas trazem de casa, porque esses padrinhos ou madrinhas tem o dever de levar alimentação para os seus afilhados ou afilhadas pois eles também passaram a ser pai ou mais dessas crianças a partir do dia em que foi inscrever as crianças.
Mas também há algumas frutas e comidas proibidas no decorrer da cerimónia por exemplo: arroz com feijão, banana, abacate, etc. Essas frutas são proibidas, e o arroz com feijão é proibido porque entende-se que podem criar problemas de mordeduras na barriga dos meninos ou meninas. Quando assim acontece eles ou elas não poderão entender e cumprir com todos ensinamentos que vão aprender durante os ritos de iniciação. Mas, podem comer xima com peixe e uma maçã por semana até terminar a cerimónia. Cuche (1999), sustenta que, as pessoas são ensinadas a interiorizar os modelos culturais, no período da sua iniciação, de tal modo que se identifiquem com o seu grupo de origem. Essa forma de agir é entendido como uma maneira de controlo e prevenção de dores no estômago e na barriga pois quem tudo come não conta com os outros e terá varias consequências por que não terá que lhe suportar pois é necessário contar com os outros o que tivermos, principalmente quando se trata de comida. De acordo com UNICEF (1988) a partir do diálogo nos ritos de iniciação os indivíduos aprendem a respeitar as prioridades familiares, tais como o modo de vida que os iniciados devem seguir. Esta análise permite perceber que as pessoas são ensinadas a interiorizar o modo de vida da sociedade em que está envolvida, mas fica por compreender formas de consolidação da identidade dos iniciados nas suas famílias.

Conclusão


Com o artigo, percebemos que os ritos de iniciação ou de passagem são eventos culturais, praticados como forma de controlo social e de preservação dos ensinamentos estabelecidos dentro das famílias. Mas, para além dos exemplos acima citados, existem também pessoas ou famílias que inscrevem seus parentes para os ritos de iniciação como forma de prevenir ou adquirir certas identidades, visto que o ser maconde implica conhecer e reconhecer os princípios deste grupo social e não apenas nascer de um parente maconde.
Por exemplo houve alguém que afirmou que inscreveu o filho por que ele é maconde mas a mulher é de Maputo então sem querer perder sua identidade originária ele inscreveu o filho para aprender os princípios maconde e o filho saiu dos ritos de iniciação satisfeito. Porque aprendeu a fazer escultura, a dançar o mapiko e alguns termos swuhai. Do mesmo modo (Alfane 1995) sustenta que, os ritos de iniciação são elementos fundamentais para os indivíduos e as representações dos seus princípios culturais pertencente e que apesar das pressões exercidas pela ocupação colonial a igreja católica e a independência os ritos de iniciação continuam a existir mesmo com alguns dinâmicas relativas a tradição.

Referencias Bibliográficas:


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