RESUMO

O objetivo desse artigo é definir o conceito sobre orientalismo, pensar como as dinâmicas de representação asiática funcionam e são estruturadas no cinema estadunidense. Mostrar também como cinema ocidental retrata os personagens do oriente. Revelar o crescimento do cinema no oriente bem como a tentativa dos produtores orientais desfazerem o estereótipo negativo criado pelo cinema e mídia ocidental em relação aos orientais.

Palavras-chave: orientalismo; asiáticos; cinema; estereótipo negativo.

INTRODUÇÃO

Said, um estudioso do Orientalismo, em ralação ao conflito árabe- israelense, declarou: Passei boa parte da minha vida nos últimos 35 anos defendendo o direito do povo palestino à autodeterminação, mas sempre procurei fazê-lo, mantendo-me totalmente atento à realidade do povo judeu e ao que ele sofreu em matéria de perseguição e genocídio. Mais importante que tudo é dar ao conflito pela igualdade na Palestina e em Israel o sentido de perseguir um objetivo humano, ou seja, a coexistência e não o aumento da supressão e da denegação. Não por acaso chamo a atenção para o fato que o orientalismo e o antissemitismo moderno têm raízes comuns. Assim sendo, considero uma necessidade vital que os intelectuais independentes apresentem sempre modelos alternativos aos modelos redutivamente simplificadores, baseados na hostilidade mútua que há tanto tempo prevalecem no Oriente Médio e em outras partes do mundo. (SAID, Orientalismo [edição de 2004], p. 20). Segundo André da Silva Bueno(2012)o orientalismo pode ser entendido como uma visão eurocêntrica do oriente, a qual o ocidente, em especial a Europa entende que os povos do oriente podem ser considerados inferiorizados, em sentido racial e cultural. É imperativo afirmar que esta visão se amplia à medida que percebemos o aumento do alcance da expansão colonial, pois a mesma teve como ferramenta de legitimação do orientalismo, que foi pautada também no ensejo de uma tentativa de redenção das nações do oriente ao eurocentrismo. É válido destacar, que o orientalismo verdadeiro deve transcender o conceito eurocentrista dos séculos passados, pois somos capazes de desenvolver um estudo mais aprofundado do Oriente, apesar da distância, de uma forma que possamos conhecer o Oriente segundo os preceitos deste Oriente e não segundo os dos ocidentais, porque a busca por respostas tanto humanas como científicas devem estar desprovidas de preconceito ou de ocidentalismo. É preciso melhorar os procedimentos metodológicos na busca de um melhor entendimento que está inserido na cultura desta região, esses procedimentos precisam ser desprovidos de todo o preconceito, desta forma ter-se-á a dimensãode quanto esforço sedespende para compreender melhor o mundo não ocidental. Assim, será percebido que não é necessário estabelecerestereótipos negativos, repensando asdinâmicas de melhor entendimento daquela região. É válido mencionar que a relação do ocidente com o oriente já existe há um bom tempo, o período Alexandrino pode ser visto comoum indício do processo de helenização dos territórios asiáticos, bem como o contato posteriormente dos romanos com os asiáticos. Um pouco mais à frente na corrente do tempo histórica, pode ser mencionado o contato de Marco Polocom os asiáticos ficando três anos na China e tendo a oportunidade de conviver com o neto de Gengis Khan, chamado deKublai Khan em Catai (China) em sua jornada de três anos na Ásia, culminando com sua saída da China entre 1290 e 1291 aproximadamente, retornando para Veneza. Esse contato continuou com a descoberta de uma nova rota marítima para às Índias quando Portugal contornou o Cabo da Boa Esperança no Sul do continente africano, permitindo assim o acesso dos países ibéricos, e também dos Países Baixos ao oriente sem pagar o “pedágio” por Veneza. Essa dinâmica de contato com os europeus foi ampliada no processo de colonização no final do século XVIII e início do século XIX com a chegada à Ásia do Império Britânico, por conta da Revolução Industrial, que buscava novas fontes de matérias primas, bem como um novo mercado consumidor. Pode-se dizer que este último período mencionado é o mais crítico do contato do oriente com ocidente porque os europeus impuseram aos asiáticos a aceitações de acordos desiguais e também passaram a desrespeitar as tradições religiosas dos asiáticos; alie-se a este fato o racismo científico tendo em vista que os europeus não reconheciam os asiáticos como conhecedores da ciência e seus preceitos. Tendo em vista os acontecimentos destacados anteriormente, notou-se então um choque cultural entre sociedades diferentes no qual o preconceito e a desconfiança tornaram-se prementes. Situação essa que foi agravada no século XIX porque o a racismo e o imperialismo foram acentuados em relação àquela região. Já o século XX demonstrou ser um período de mudança da visão eurocêntrica e estadunidense para o continente asiático em virtude do reconhecimento dos erros cometidos pelos orientalistas, em especial, a partir da segunda metade do século XX que se tornou evidente os esforços de especialistas nativos na intenção do resgate e reconstrução da História dos povos asiáticos de forma comumentemente científica, não obstante, vale notar que as técnicas ocidentais não foram abandonadas nesta busca de reestruturação, o destaque nesta busca da verdadeira identidade asiática ficou focada em duas correntes: acadêmica, no século XIX e a exotérica. Não obstante, apesar de todo esforço empenhado, é importante lembrar que este processo e reconhecimento ainda não aconteceu de forma completa, diante disso temos a chamada “terceira via” como opção de entendimento do orientalismo sem preconceitos, pois o mesmo ainda pode ser considerado, levando em consideração que ainda encontramos no ocidente muitos preconceitos, tanto acadêmicos, bem como outros tipos em relação a cultura asiática. Onde isso pode ser evidenciado? O assunto pode ser tratado inicialmente referenciando-se os estereótipos estabelecidos pelo mundo de Hollywood. Esse estereótipo pode ser destacado em virtude de que o conceito de Hollywood caracteriza o asiático como um ser de natureza muito limitada, mostra também que existe pouco interesse sobre eles no mundo “Hollywoodiano”, pois é mister afirmar que consigamos contar nos dedos quantos atores asiáticos tiveram o privilégio de serem usados e se destacado em filmes, tais como: Jet Li, Jackie Chan, Noriyuki "Pat" Morita e Lucy Liu, pois na maioria dos casos, e por incrível que apreça, os atores que são contratados para representar os asiáticos geralmente são caucasianos. Aqui no Brasil este preconceito também é evidenciado, sendo que esta discriminação é de característica um pouco mais “sutil”. Ela ocorre através de bullying. E igualmente aos estadunidenses, no Brasil, a representação midiática feita dos asiáticos é de natureza pífia e sem expressividade e representatividade, pois atores asiáticos geralmente só atuam em papel secundário ou que estereotipa o asiático como trabalhador de feiras, de pastelarias, que são especialistas em artes marciais e especialistas em tecnologias; às vezes são também retratados como samurais. Corrobora-se através de filmes bem recenteseste estereótipo asiático, que sofre em demasia com o preconceito. Tanto que um filme que chama a atenção neste sentido é o “Reino Proibido”, produção estadunidense de 2012 estrelado por Jet Li e Jackie Chan que atualmente pode ser encontrado na plataforma streaming Netflix ou similares. Onde pode ser percebido o preconceito contra os asiáticos neste filme? No geral uma das características preconceituosas estabelecida para os asiáticos está evidenciada no entendimento deque todo senhor asiático é dotado de sabedoria milenar e possui um poder místico. Logo no início do filme mencionado, aproximadamente com seis minutos, ocorre uma cena na loja de penhores de um velho chinês que possui um cajado de ouro. Por conta do cajado recebido do velho sábio, o jovem rapaz retorna ao passado, na China antiga. [...]