Qual Foi a Influência de Gengis Khan na Geografia da Terra? Qual o Papel da Mongólia no Descobrimento de Uma Nova Geografia? Por Que Alguns Mongóis se Converteram ao Cristianismo?

 

Em meados do século XIII as esperanças de converter os Tártaros ao cristianismo foram alimentadas por acontecimentos recentes. A conquista tártara dos turcos muçulmanos transformou os tártaros em aliados da cristandade ocidental e, boatos de que Gengis Khan fora convertido, pareciam confirmados pela notícia de que suas mulheres e mãe tinham abraçado o cristianismo e pelo fato de numerosos cristãos espalhados pelo reino tártaro estarem autorizados a praticar sua religião livremente. 

Frades franciscanos se tornaram pioneiros geográficos e, ao mesmo tempo em que Deus mandou os Tártaros para as partes orientais do Mundo, também mandou para o Ocidente os seus fiéis servos a fim de esclarecerem, instruírem e fortalecerem a Fé. Após sua eleição em 1243, o Papa Inocêncio IV organizou a cristandade contra a nova ameaça da invasão tártara. 

Ele convocou um Concílio da Igreja a fim de encontrar um remédio para os Tártaros e outros desdenhadores da Fé e perseguidores do povo de Cristo. Inocêncio exortou os cristãos a bloquearem todas as estradas pelas quais os invasores pudessem vir, abrindo trincheiras, construindo muralhas e erguendo outros obstáculos. A própria Igreja contribuiria para o custo dessas despesas. 

Ao mesmo tempo, o Papa resolveu cortar o mal pela raiz e enviou um emissário para convencer Khan na Mongólia. Sem se deixar atemorizar pelo fato de nenhum europeu ter ido à capital tártara e regressado para contar que se passara, Inocêncio pôs o seu emissário a caminho em abril de 1245, antes mesmo de o conflito explodir. Sua escolha foi o frade franciscano João Del Pian, que nasceu em Perússia e ocupava seu cargo na Ordem Franciscana de Colônia. Frei João mostrou ser o homem ideal para a missão. 

O outro franciscano (Frei Benedito) tornou-se seu companheiro de viagem à Mongólia. Esses dois frades franciscano pioneiros sofreram – na sua jornada através da Europa Oriental e da Ásia Central – as torturas dos fortes ventos, do frio entorpecente, da neve profunda e do forte calor do deserto de Gobi. 

Ao longo do caminho, Frei João teve de persuadir seus anfitriões a fornecerem-lhe guias e montarias para apressar a viagem. Em Agosto, quando os 2 chegaram à Mongólia, os chefes tártaros tinham-se reunido para eleger seu novo imperador e, nesse momento, foi dada aos franciscanos a oportunidade de transmitirem a mensagem que traziam do Papa, declarando seu desejo de que “todos os cristão fossem amigos dos Tártaros e, que os Tártaros, fossem poderosos com Deus do Céu”. Mas, para isso, os Tártaros teriam de abraçar a fé do Senhor Jesus Cristo. O Papa instigava-os a se arrependerem do que haviam feito e a escrever-lhe o que tencionavam fazer a respeito de todos esses assuntos. 

 

Khan correspondeu, fornecendo a Frei João duas cartas para serem entregues ao Papa, embora elas não tivessem muita importância pois o tártaro não se deixou persuadir à fé cristã. Mesmo assim, Frei João não desanimou, pois alguns cristão lhe disseram que Khan estava prestes a se tornar cristão. 

Quando Khan propôs enviar embaixadores ao Papa, Frei João protelou, pois ele receava que os tártaros vissem as desavenças entre os cristãos e que isso o encorajasse a marchar contra eles. Daí, em novembro de 1246, Khan autorizou Frei João a partir. 

Mas, este não foi o fim do papel representado por Frei João no encontro do Oriente com o Ocidente, pois quando Luís IX (rei da França) se preparava para ir a Chipre na 1ª etapa da Cruzada, o Papa Inocêncio IV tentou convencê-lo a ficar em França a fim de proteger o reinado contra os Tártaros e, por isso, o Papa enviou os dois experimentados frades a Paris. Porém, nessa missão eles falharam. 

Quando o rei Luís partiu em Cruzada levou consigo outro frade franciscano (Frei Guilherme) e, pouco depois de chegar à Chipre, um homem se apresentou como emissário de Khan trazendo a mensagem animadora de que Khan estaria ansioso por fazer uma aliança contra o Islã. Três anos antes, o próprio Khan seguindo o exemplo de sua mãe se tornara cristão – assim como todos os seus príncipes – e, por esse motivo, todos estavam ansiosos a lutar contra os sarracenos. 

O rei Luís enviou como embaixador o frade dominicano André de Longumeau, o qual sabia falar arábico. Este esperava ser abraçado e iniciar uma grande aliança, mas o imperador morrera e o império se encontrava nas mãos de uma regente que não era cristã. Esta o despediu rapidamente com algumas cartas insolentes endereçadas ao seu soberano. 

A viagem de regresso por terra durou um ano e Frei André trouxe notícias de que os Tártaros tinham fugido há muito da muralha de montanhas (seria a Muralha da China?). Contou que o avô de Khan se convertera ao cristianismo após uma visão em que Deus lhe prometera a supremacia sobre Preste João (seu pior inimigo) e, além disso, trouxe boatos animadores de um chefe mongol que também se tornara cristão. 

O rei Luís estava na Terra Santa quando recebeu este relato otimista e tinha de novo a seu lado Frei Guilherme que, pelos padrões da época, estava preparado para essa longa expedição pois tinha vocação para línguas e falava tártaro. Então, rei Luís deu-lhe uma Bíblia, uma quantia em dinheiro, algumas cartas para o Grande Khan e a rainha Margarida deu-lhe algumas vestes religiosas. 

Frei Guilherme trouxe para a Europa um tesouro de fatos sobre o lado oposto da Terra. Ele descreveu o curso dos rios Don e Volga, demonstrou que o Cáspio não era um golfo mas um lago e, pela primeira vez na literatura europeia, observou que Catai era a mesma coisa que Seres (descrita pelos romanos como “seda”). 

Quando Frei Guilherme recebeu autorização para ir ao encontro do rei em Paris, encontrou o cientista inglês (e franciscano) Roger Bacon que era suspeito de heresia pela Ordem Franciscana. Frei Bacon – que tinha sido confinado a Paris – teve tempo de estudar os relatos de Guilherme e depois incorporou as descobertas deste na enciclopédia que preparou para o Papa Clemente IV. Daí, através das obras de Bacon, as descobertas de Frei Guilherme chegaram ao Ocidente cristão. 

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