OS DESAFIOS PEDAGÓGICOS NO CONTEXTO HOSPITALAR 

 

 Carla  Carvalho da Silva

 Rosaria Maria de Castilhos Saraiva 


 

RESUMO 

 

O artigo foi desenvolvido à partir de análises, apurações e discussões acerca do tema, com o objetivo geral de analisar os desafios vividos pelo pedagogo no contexto hospitalar, buscando verificar como o ofício didático é realizado nos espaços não escolares. Preliminarmente fez-se o levantamento de referências teóricas com o intuito de constatar a importância do pedagogo no contexto hospitalar. Para elaboração do trabalho foram utilizados embasamento teórico de autores que são referências no tema. A pesquisa contribuiu para a reflexão de que é necessário mais espaço no ensino superior tratando à respeito da importância do pedagogo no contexto hospitalar, e que esta, contribui consideravelmente para que os alunos participantes das classes hospitalares sintam-se mais acolhidos, e satisfeitos com a estadia no hospital.


Palavras chave: Pedagogia hospitalar, Prática pedagógica, Classe hospitalar.


INTRODUÇÃO:


A sociedade vem se transformando e lutando por um cenário onde políticas públicas assistencialistas ganhem espaço. 

          “Pedagogia” e “Hospital” são sentenças de maneira distintas. 

A urgência em juntar os dois termos fez-se considerável no sentido em que jovens enfermos não tem condições de prosseguir os estudos em salas de aula tradicionais. 

O tema do artigo, deu-se em virtude de uma disciplina na faculdade chamada Educação e Saúde em contexto hospitalar. Nessa disciplina foi realizado um trabalho em grupo, onde optou- se por entrevistar a mãe de um discente que esteve internado na classe hospitalar. A entrevistada forneceu informações sobre a vivência dos jovens que integram este regime, e como é realizado o trabalho. 

 O principal motivo pessoal para a escolha do tema é a ciência  de que a pedagogia no contexto hospitalar tem um papel fundamental na vida dos jovens hospitalizados.  

Por este motivo, fica definido o seguinte problema de estudo: Quais os desafios pedagógicos no contexto hospitalar?

Para auxiliar a pesquisa foram elaborados o objetivo geral e específicos. 

Objetivo geral: 

• Analisar os desafios vividos pelo pedagogo no contexto hospitalar. 

Objetivos específicos: 

          • Caracterizar a pedagogia hospitalar: história, atuação pedagógica, função e legislação; 

• Identificar a função do pedagógica na aprendizagem dos alunos internados: História, formação do pedagogo, e relação com a instituição de origem do aluno; 

• Analisar os desafios vividos pelo pedagogo na pedagogia  hospitalar segundo a literatura. 

Com isso, surgem as seguintes questões:  O que é a pedagogia hospitalar, qual sua função e legislação? Qual o papel do pedagogo na aprendizagem dos alunos internados? Qual a formação necessária para atuar como pedagogo hospitalar? Como é realizado o contato com a instituição de origem do aluno enfermo? Quais os desafios da docência no contexto hospitalar? 

Quanto à metodologia trata-se de um estudo com base em uma revisão bibliográfica, que segundo Gil (2008), trata-se de “um levantamento bibliográfico atualizado fundamentado  em materiais já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. 

Foram definidos como autores principais que embasaram o trabalho,  Matos e Mugiatti, Fonseca, entre outros, proporcionando exame aprofundado sobre o tema e a compreensão do fenômeno estudado.

Os dados serão interpretados em uma perspectiva didático- pedagógica.  

Enfim, este trabalho será destinado aos graduandos de Pedagogia, e todos que se interessarem pela atuação e desafios enfrentados pelo pedagogo na Pedagogia hospitalar. 

Com o presente artigo, pretende- se mostrar que o campo de atuação para o exercício pedagógico é vasto, sendo uma dessas possibilidades a pedagogia no hospital, um método diferenciado de didática, que transcende técnicas rotineiras das escolas regulares, trazendo novas possibilidades de auxiliar o aluno enfermo no hospital, visando práticas de exercício diversificadas. 

Espera- se que a leitura chame atenção sobre os principais desafios vividos pelo pedagogo no contexto pedagógico hospitalar, onde o perfil pedagógico requer uma coleção de habilidades básicas importantes para articular a relação da equipe com a família, escola, e  aluno- enfermo.  

O ensino nas casas de saúde é um avanço para a sociedade, mas ainda necessitam de maior reconhecimento na formação universitária dos pedagogos. Os investimentos em infraestrutura e materiais pedagógicos nos ambientes hospitalares é acima de tudo maior capacitação para os profissionais desta área.  

 Entretanto, a prática dos especialistas que atuam na comunidade hospitalar apresenta algumas dificuldades. Infelizmente os cursos de Pedagogia enfatizam o exercício do magistério no espaço não escolar, mas não dão o suporte necessário para preparar os profissionais para atuarem no hospital. Neste sentido, os pedagogos chegam aos hospitais com poucas bagagens e experiências.  

Por isso, justifica- se este estudo, na condição de apresentar e colaborar para a transformação deste cenário tão caótico. 

Diante deste contexto, a educação hospitalar dispõe de uma atribuição  importante na vida do jovem hospitalizado, se configura como humanização do aluno enfermo. 

 As dificuldades enfrentadas pelos pedagogos atuantes no hospital, tanto de sua formação quanto das dificuldades técnicas e materiais serão diminuídas, conforme vão se ampliando os lugares para reflexão das políticas que regem as iniciativas educacionais e escolares. 


           A CONTRIBUIÇÃO DO EDUCADOR NA PEDAGOGIA HOSPITALAR :

Criada aproximadamente no século vinte, na França, após o segundo conflito mundial, por Henri Sellier, pedagogia no hospital tinha o intuito de prosseguir a aprendizagem de jovens em anos escolares que ficaram feridos e mutilados, possibilitando a elas um pouco acolhimento e empatia. 

Inaugurou- se, a primeira classe hospitalar no Brasil em agosto de 1950 no Hospital menino Jesus, localizada no estado do Rio de Janeiro. 

A proposta de pedagógica no hospital surge com o destino de que jovens no momento de sua hospitalização, devem ter assegurados o  progresso cognitivo com qualidade tanto na saúde quanto na educação.

A Resolução Número 2, de 11 de Setembro de 2001, diz no Art. 13 diz que:

Os sistemas de ensino, mediante ação integrada com os sistemas de saúde, devem organizar o atendimento educacional especializado a alunos impossibilitados de frequentar as aulas em razão de tratamento de saúde que implique internação hospitalar ou permanência prolongada em domicílio.

§ As classes hospitalares e o atendimento em ambiente domiciliar devem dar continuidade ao processo de desenvolvimento e ao processo de aprendizagem de alunos matriculados em escolas da Educação Básica, contribuindo para seu retorno e reintegração ao grupo escolar, e desenvolver currículo flexibilizado com crianças, jovens e adultos matriculados nos conjuntos Educacionais locais, facilitando seu posterior acesso à escola regular.


O ensino no contexto do hospital trata-se de possibilidades de amparo legal, concebendo que, jovens enfermos não sejam penalizados pelo afastamento do ginásio. 

Entretanto, não deve tratada como o caminho mais adequado para garantir o acesso ao êxito escolar do paciente doente, deve se considerar um elo que contribui com a possibilidade do progresso de escolarização.         

A pedagogia no  hospital é  um método de inserção necessário, contribuindo  com a cura e bem estar do paciente enquanto aluno, possibilitando o resgate da humanização e cidadania.  

Segundo a publicação do MEC, Brasil 2002, tem direito ao atendimento escolar:

Tem direito ao atendimento escolar os alunos do ensino básico internados em hospital, em sérvios ambulatoriais de atenção integral à saúde ou em domicilio; alunos que estão impossibilitados de frequentar a escola por razões de proteção à saúde ou segurança abrigados em casas de apoio, casas de passagem, casas-lar e 

residências terapêuticas.


  A pedagogia no hospital auxilia aos pacientes internados, considerados diferentes pela experiência particular da internação que se tornem capazes de acreditar nas suas potencialidades.

A pedagogia no hospital possui muitas metas, dentre elas, está tornar o hospital um ambiente mais agradável. O aluno enfermo pode apresentar diversos sintomas como depressão, angústia, solidão. Neste contexto, o educador deverá atuar junto com os médicos e familiares do aluno para encontrar soluções que amenizem seus problemas. 

O prestígio do professor para a sociedade é indiscutível, pois ele é um agente ativo na formação integral do cidadão. 

A descontração deve tornar-se o foco para a prática educativa ser menos dolorosa ao discente, neste sentido, faz- se a ponte entre o jovem hospitalizado e o ambiente fora do hospital. 

Para atuar  no contexto hospitalar é fundamental a Licenciatura no magistério ou pós- graduação em docência Hospitalar. Neste contexto, o educador precisa compreender a particularidade e a subjetividade de cada educando, pensando em atividades diversificadas que auxiliem seu desenvolvimento intelectual.

Matos e Mugiatti (2014), vão para além desse papel quando descrevem: 

o educador como partícipe da equipe de saúde, tem, portanto, a incumbência de retomar esse papel na sociedade, como agente de mudanças, mediante ações pedagógicas integradas, em contexto de educação informal, com vistas à formação de consciência crítica de todos os envolvidos, numa atuação incisiva, na reestruturação dos sistemas vigentes para uma nova ordem superior.


Neste sentido, o instrutor necessita desenvolver o trabalho didático com a o aluno internado, de forma lúdica que alivie as tensões que o mesmo carrega como irritabilidade, desmotivação e estresses, causados pelo confinamento do hospital. 

Matos e Mugiatti (2014), ressaltam que a docência no contexto hospitalar é uma instigação ao pedagogo que aprimora uma função socializadora no auxílio aos discentes afetados na escola devido ao prazo que o aluno precisa ficar internado. 

Desta forma possuí essencial utilidade na comunidade, com isso, deve-se possuir entendimento de sua ação porque os alunos incluídos na metodologia de ensino hospitalar necessitam de compreensão e solidariedade.   

A pedagogia no hospital se diferencia da educação das escolas em geral, pois ocorre em ambiente diferente, no caso da pedagogia hospitalar, o aprendizado busca colaborar com a satisfação do corpo e da mente do educando.  

Segundo Matos e Mugiatti (2014):

Pedagogia Hospitalar é um processo alternativo de educação continuada que ultrapassa o contexto formal da escola, pois levanta parâmetros para o atendimento de necessidades especiais transitórias do educando, em ambiente hospitalar e/ou domiciliar.


Quanto ao atendimento pedagógico no âmbito hospitalar, o mesmo pode ocorrer em diversos ambientes diferentes, como enfermaria, quarto, ou  até mesmo ao ar livre.    

Em primeiro lugar, o contato do educador com o aluno é feito através do formulário médico, onde o pedagogo irá compreender a enfermidade do aluno. Em seguida é realizado uma entrevista com o educando e seu familiar para recolher as informações necessárias para ser realizar o assistência pedagógica. . 

Fontes (2014) mostra que o docente carece estar atento, conhecendo o contexto e as peculiaridades de cada educando, interagindo com os outros profissionais que estão em contato direto com o jovem, com os familiares, conhecendo a narrativa de vida dos alunos, procurando favorecer um trabalho eficiente de no ato de educar.   

Os pedagogos chegam nos hospitais para atuarem sem muitos conhecimentos e  capacitação, o dever de um ofício pedagógico de boa qualidade em hospital nasce atrelado ao movimento de humanização que tem por objetivo um atendimento mais igualitário e menos excludente em hospitais, capazes de enxergar o paciente como sujeito integral, que possuem necessidades e direitos.

Moraes e Kohn (2011, p.165) afirmam que:

É inconcebível pensar a educação dentro do hospital sem pensar numa formação específica para o pedagogo que deixa a sala de aula, de onde vem grande parte de sua formação e aporte teórico, para lidar com crianças que, por motivo de doença ou suspeita desta, passam por um processo de hospitalização, mudando por inteiro sua rotina.


Um treinamento para aperfeiçoar a prática dos pedagogos, esclarecendo rotinas, dinâmicas e funcionamentos do regime hospitalar  ajudaria os professores, pois o magistério não dá base para estes profissionais. 

Fonseca (1999), relata que:

o atendimento de classe hospitalar precisa ser estudado e discutido mais profundamente, dentro e fora do seu grupo profissional imediato, para que o papel e propostas do professor diante de crianças com idades, habilidades e necessidades sejam mais efetivamente implementados.


No ano de 1995, foi publicada a Resolução nº 41, pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, que trata à respeito do direito de jovens hospitalizados. Apoiado no item 9, todo aluno hospitalizado tem direito a usufruir de alguma forma de lazer, estimulando o bem-estar, acompanhado de um bom  curriculum escolar, durante sua permanência no hospital. 

É fundamental que o professor atuante na modalidade hospitalar esteja preparado para desenvolver com eficiência suas práticas educativas, permitindo que o educando seja estimulado a novas competências e habilidades para o atendimento pedagógico no hospital.

Segundo Fonseca  (1999):

Uma das didáticas utilizadas é a de atividades nas áreas de linguagem (narrativa de histórias, problematizações, leitura de imagem, comunicação através de atividades lúdicas), estas atividades podem auxiliar numa prática humanizada no atendimento Escolar / Hospitalar.“ Ser diferente e por isso, ter de ficar de fora é muito doloroso, vencer os obstáculos impostos pela doenças, ao contrário é vitória, aprendizagem e desenvolvimento. E as classes hospitalares podem ter esse mérito.


Jovens no hospital, envolvidos em atividades lúdicas e prazerosas, mostram-se mais felizes e satisfeitos contribuindo com a evolução para a cura. Por isso é importante que os estímulos oferecidos pelo pedagogo ao aluno, proponham atividades diversificadas que envolvam jogos, escrita, leitura possibilitando o desenvolvimento intelectual do aluno.

Apoiado em MEC Brasil (2002):

O pedagogo é quem coordena a proposta pedagógica tanto na  classe hospitalar ou em atendimento pedagógico domiciliar. Portanto, o  mesmo deve conhecer a dinâmica e o funcionamento peculiar dessas modalidades, e sua atuação é de total importância para o paciente. 


O educador que atua no hospital trata de questões relacionadas ao ensino, e contribui com o social e afetivo de cada jovem hospitalizado.

A docência no contexto hospitalar deve tornar-se  um ambiente que favoreça possibilidades de aprendizado apropriado para cada faixa etária de aluno. 

Comin (2009), ressalta que no contexto  hospitalar, existem alunos de diferentes faixa etária, possuindo necessidades diferenciadas, e muitas vezes, distúrbios distintos, o que exige do professor um olhar diferenciado para cada educando.

Neste sentido, o educador procura saber sobre a particularidade de cada educando para encontrar a melhor forma de atendê-lo e iniciar o atendimento pedagógico ao jovem hospitalizado.

Matos 2009, p 47, relata: 

O papel da educação no hospital e, com ela, o do professor, é propiciar à criança o conhecimento e a compreensão daquele espaço, ressignificando não somente a ele, como a própria criança, sua doença e suas relações nessa nova situação de vida. A escuta pedagógica surge, assim, como uma metodologia educativa própria do que chamamos pedagogia hospitalar. Seu objetivo é acolher a ansiedade e as dúvidas da criança hospitalizada, criar situações coletivas de reflexão sobre elas, construindo novos conhecimentos que contribuam para uma nova compreensão de sua existência, possibilitando a melhora de seu quadro clínico.


Deve ocorrer parceria entre a classe hospitalar e a instituição de origem do aluno enfermo, para que ambos observem a evolução da criança. Desta forma, quando o aluno retornar para escola regular, consegue acompanhar os demais alunos. 

Quando ocorre a alta hospitalar, Esteves (2003)  afirma que:

Após alta hospitalar, é enviado relatório descritivo das atividades realizadas, bem como do seu desempenho, posturas adotadas, dificuldades apresentadas. Para que este seja legitimado, é necessário o carimbo e assinatura do diretor (escola da Rede Regular Estadual) a fim de encaminhá-lo à escola de origem.


O pedagogo precisa entender a real situação na qual o discente se encontra e  adaptar  os espaços disponíveis para efetuar práticas pedagógicas.

Quanto maior o recurso oferecido para estimular o cognitivo do discente, mais interessante e significativa será o processo a metodologia de ensino para o paciente. 

Os cursos de formação em pedagogia deveriam focar mais na questão da Pedagogia hospitalar,  pois a prática do professor em relação a sua forma de transmitir seus conhecimentos depende da sua formação inicial e continuada. Por existirem poucos cursos de formação continuada referentes à Pedagogia no hospital a identidade do pedagogo acaba se constituindo durante o exercício do trabalho.

A classe hospitalar atende educados em diferentes níveis de aprendizagem, ela é multisseriada, e centrada no alcance de objetivos de curto prazo. 

Multisseriação é uma palavra derivada de multisseriado, segundo o Dicionário Aurélio significa: 1-  tem  categoria, fileira, etapa, ou classe. 2- Classe multisseriada: diz-se à respeito das salas em que os discentes encontram-se  em variados níveis de aprendizado, mas são auxiliados pelo mesmo educador. 

Uma escola no hospital permite à criança doente conservar os laços com sua vida anterior à internação. É um lugar neutro, resultado de um projeto de futuro, pois a criança, depois de sua hospitalização, retomará sua vida normal de criança. A classe agrupa crianças de idades diferentes: o professor desenvolve com elas uma pedagogia tendo em conta ao mesmo tempo a capacidade psíquica das crianças doentes e seus diferentes níveis de escolaridade . (Reiner-Rosenberg, 2003, p. 21)


A literatura vem mostrando que trabalhar em classes multisseriadas é desafiador, causa excesso de trabalho e falta de tempo para o pedagogo. 

Para Freitas (2003),em muitos casos o pedagogo não tem informações de como atuar numa classe multisseriada, o que acarreta em dificuldades para elaborar seu planejamento, gerando trabalho duplicado, em função da variedade de alunos na mesma classe.

A multisseriação é um dos principais desafios para o Pedagogo que atua na classe hospitalar.

 Além da multisseriação, o atendimento pedagógico acaba sendo prejudicado por outros fatores, falta de recursos e falta de estrutura adequada para o atendimento pedagógico. 

Fonseca (1999), menciona que nem todos os hospitais que possuem classe hospitalar tem espaços exclusivos ao atendimento pedagógico, muitas vezes este atendimento acaba ocorrendo em enfermarias e leitos do hospital.

Sem um ambiente propício à aprendizagem, o foco pedagógico acaba se perdendo, prejudicando todos os envolvidos neste processo.

É importante que o educador hospitalar atue junto aos parentes do enfermo para melhor atender o aluno, mas em tese, existe a recusa de informações dos familiares. 

Quando o adolescente ou criança hospitalizada possui doença crônica com baixa chances de vida ou prognóstico fechado, os familiares ficam apreensivos quanto a necessidade de ensino para o aluno enfermo. 

O tratamento clínico para o paciente segundo os familiares acaba sendo traumático, por conta disso, a família acredita que o atendimento pedagógico não é necessário, desta forma, o pedagogo não recebe o apoio familiar para sua atuação. 

Outro grande problema encontrado, segundo a literatura é a falta de conscientização dos familiares e outros profissionais no hospital sobre a necessidade da classe hospitalar.

Em outras circunstâncias como afirma Alves (2010), os familiares e agentes de saúde acabam reconhecendo o pedagógico nas classes hospitalares de forma equivocada, acreditando ser apenas uma terapia para o aluno, e acabam não levando o  exercício pedagógico com seriedade.

Entanto, muitas vezes não se tem o conhecimento necessário das legislações, favorecendo o não cumprimento da mesma, “o atendimento pedagógico para muitos é visto como forma terapêutica e não como continuidade do processo ensino-aprendizagem [...]” (ALVES, 2010, p. 75).


O pedagogo não deve se sentir frustrado diante dos desafios que cercam sua prática pedagógica, deve sempre encontrar formas de superar os desafios vividos e auxiliar na aquisição de conhecimentos do discente de forma positiva.

A pedagogia no hospital possibilita o aluno enfermo a prosseguir seus estudos, desta forma, os índices de defasagem  e evasão escolar diminuem. 

Em sua prática pedagógico-educacional diária, as classes hospitalares visam a dar continuidade ao ensino dos conteúdos da escola de origem da criança ou adolescente e/ou operam com conteúdos programáticos próprios à faixa etária das crianças e jovens hospitalizados o que os leva a sanar dificuldades de aprendizagem e/ou à oportunidade de aquisição de novos conteúdos intelectivos. (FONSECA, 1999).


  Segundo o autor Fonseca (1999), quando não é possível contatar a escola de origem do educando por diversos motivos, são utilizados o material didático da própria classe hospitalar para dar continuidade à aprendizagem. 

 Outro desafio vivido pelo pedagogo atuante na classe hospitalar encontra-se na morte do aluno em estado terminal, segundo a literatura, o pedagogo não é preparado suportar com a morte dos mesmos. 

O silenciamento das questões relacionadas à terminalidade também pode ser observado no processo de formação dos profissionais de saúde, de modo que este tema tem sido negligenciado nas instituições de ensino que, quase sempre, enfatizam o tratamento curativo e as novas tecnologias, mas não preparam os profissionais para lidarem com a morte (Kübler-Ross, 2008).


 A humanização do educador deve ser fundamental nestes casos, mas na prática torna-se bem difícil. 

Diante da falta de preparo durante sua formação,  lidar com o aluno em estágio terminal provoca angústia e sofrimento para o Pedagogo. Seu psicológico fica comprometido, influenciando para que sua conduta pedagógica não seja adequada, transparecendo seu sofrimento aos demais pacientes e família dos enfermos.

Segundo a PNHAH, humanizar é:

[...] garantir à palavra a sua dignidade ética. Ou seja, para que o sofrimento humano e as percepções de dor ou de prazer sejam reconhecidas pelo outro. É preciso ainda, que esse sujeito ouça do outro palavras do seu reconhecimento. [...] é pela linguagem que fazemos as descobertas de meios pessoais de comunicação com o outro. Sem isso, nos desumanizamos reciprocamente. Em resumo: sem comunicação não há humanização. A humanização depende da nossa capacidade de falar e de ouvir, depende do diálogo com nossos semelhantes (PNHAH 2002, pag 15).

  

 Para Hohendorff e Mello (2009), lidar com a perda faz parte do desenvolvimento humano, e relacionam educação com a morte.  Os autores destacam que a relação da educação com a morte pode ser explicada por Piaget, mencionando que as fases do desenvolvimento humano influenciam na forma como o jovem compreende a terminalidade. 

Apesar dos desafios impostos na Pedagogia hospitalar, acredita-se  que o educador deve respeitar o tempo e a limitação de cada paciente, já que para o aluno hospitalizado, em muitos casos, o hospital faz com que a mesma se sinta com medo, fragilizada e desconfortável. 

O educador que escolhe atuar no contexto do  hospital deve estar preparado para os diversos desafios que irá enfrentar, mas estes, serão diminuídos conforme os ambientes de debate  e discussão sobre o tema vão se ampliando.



CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Ao desenvolver a pesquisa, fez-se a avaliação entre os referenciais teóricos dos peritos em educação no contexto hospitalar.

Observou-se como ofício didático neste âmbito precisa de maior reconhecimento perante à sociedade, levando a reflexão de que a pedagogia no contexto hospitalar vai muito além que do ensino, e se constitui como um meio de auxiliar a cura do jovem hospitalizado.

 Constatou-se que Pedagogia no hospital possui muitas finalidades desconhecidas pela população em geral, dentre elas propiciar ao discente hospitalizado um pouco de refrigério no contexto hospitalar. 

Nota-se que apesar de inúmeras dificuldades encontradas pelo educador hospitalar, atuar nesta área é gratificante.

Considera-se que os objetos propostos para a aquisição do artigo, foram alcançados com êxito, visto que foi abordado a pedagogia no contexto hospitalar, função, legislação, importância pedagógica na aprendizagem dos alunos internados, formação necessária para atuar no âmbito hospitalar, o contato  realizado com a instituição de origem do educando e os desafios pedagógicos no contexto hospitalar.

Identificou-se como necessário um treinamento mais completo na formação do licenciado em pedagogia para a atuar no  contexto hospitalar, pois o curso de  Pedagogia não dá base suficiente para atuação nos  espaços não escolares. 

Contudo, compreende-se que o estudo da Pedagogia no contexto hospitalar tem extrema importância e relevância no âmbito acadêmico e que as interpretações deste artigo, poderão orientar futuros pesquisadores e estudiosos, a trazer novas reflexões sobre o assunto. 



LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO:


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